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Arte e ciência: alunos do IBC celebram o Dia da Poesia aprendendo um pouco mais sobre as transformações do planeta Terra

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As atividades começaram ontem (21) e se estenderam até a manhã de hoje (22).

  • Publicado: Sexta, 22 de Março de 2019, 14h33
  • Última atualização em Sexta, 22 de Março de 2019, 16h14
Descrição da foto: alunos e professores posam no Teatro Benjamin Constant lado a lado.  ã prente, um homem sentado ao chão segurando uma réplica de dinossauro.
A mostra itinerante do Museu de Ciências da Terra partiu da poesia de um dos mais famosos cordelistas brasileiros para despertar o interesse dos alunos nas geociências.

 

Neste ano, os professores contaram com a parceria de profissionais e estagiários do Museu de Ciências da Terra, da Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais (CPRM), que fica ao lado do Instituto Benjamin Constant, na Avenida Pasteur, no bairro da Urca. 

A organizadora do evento, professora Thalita Nilander, explicou que a ideia foi aproveitar a data para,  simultaneamente à exploração dos elementos do texto poético, trabalhar conteúdos de ciências, utilizando como mote não só os objetos trazidos pelo pessoal do Núcleo de Educação do Museu, como também as informações repassadas pelos responsáveis pela mostra sobre as transformações do planeta — da pré-história até hoje.  

Para que as atividades pudessem ser realmente aproveitadas pelos alunos, os organizadores do evento levaram em consideração a faixa etária deles, apresentando a mostra em horários diferentes para cada turma.

Os alunos da educação infantil e do primeiro segmento do ensino fundamental foram apresentados ao livro "Meu Amigo Dinossauro", da escritora Ruth Rocha.  Além de escutarem a história, eles ouviram e cantaram músicas com esta temática e puderam manusear as réplicas de um dinossauro e de pegadas deste animal, assim como pedaços de meteoritos verdadeiros.  Os alunos do 3º ao 5º anos exploraram mais o tema com pesquisas sobre esses elementos, sempre com a mediação dos especialistas do Museu.

Já os alunos dos três últimos anos do segundo segmento se debruçaram sobre o estudo do poema "A Saga da Pedra do Bedengó", do poeta, escritor, compositor, autor, cantador, romancista, cordelista, roteirista e biógrafo  Aidner Mendez Neves, que assina seus cordeis como "Luar do Conselheiro".  Foi baseada nesse texto que a equipe do museu escolheu as peças que compuseram a mostra realizada nos últimos dois dias aqui no Instituto. 

"O nosso objetivo ao propor esta atividade no Dia da Poesia, foi o de despertar o interesse das crianças pelas geociências, estimulando a criatividade delas com uma ampla quantidade de recursos educacionais e com o próprio acerto de fósseis e rochas do Museu de Ciências da Terra", explicou o paleontólogo Rodrigo Machado que, juntamente com o geólogo Filipe Modesto e os estagiários Yan Gomes, Isabela Zappa, Thais Felipe e Livia Barbosa que atuam como mediadores, compõem a equipe que tem realizado mostras itinerantes como esta em várias escolas do Rio de Janeiro. 

Acesse a galeria de fotos do evento.

 

A saga da pedra do Bendegó

Autor: Luar do Conselheiro

A obra: A pedra do Bendegó, ferida latente no povo catingueiro, o maior meteorito encontrado no Brasil, roubado pelo Império e levado ao museu Nacional no Rio de Janeiro é o tema deste cordel de protesto.
Que traduz a insatisfação popular e o descaso das autoridades brasileiras em preservar nosso patrimônio.

 

Todos conhecem a Caaba,
A pedra dos muçulmanos
Fica no templo de Meca,
Protegida dos profanos
A pedra que veio do céu,
É a crença dos puritanos


Agora vocês imaginem,
Como este povo é valente
Se roubassem a pedra santa,
A guerra seria iminente
Preparavam munição
Para lutar ferozmente


Outra pedra incandescente
Oriunda do espaço
Foi a que guiou a rota
De Cristo, aos três Reis Magos.
Os meteoros fazem parte
De objetivos sagrados


Igualmente ocorreu
No meu sertão da Bahia
A pedra caiu do céu,
Trazendo a profecia
Da vinda do Conselheiro
Que a todos libertaria


Em mil setecentos
e oitenta e quatro
No riacho Bendegó,
Numa fazenda de gado
Bernadino da Motta Botelho,
Descobriu o rochedo sagrado


O povo todo fez festa
Por conta da pedra santa
Pois ela veio do céu
Pra trazer esperança
Além do profeta da gente
Riqueza e temperança


É claro que estava certo
O que pensava o povo
Logo, logo haveria,
Pessoas do mundo todo
Injetando muito dinheiro
Pra quem vive de tão pouco


Ledo engano, sonho ingênuo,
A esperança do povão
Mas é claro que a riqueza
Não seria do sertão
Pois era o maior meteorito
Que o Brasil tinha na mão


Pesando cinco mil
Trezentos e sessenta quilos
A pedra já atraia
Pessoas de vários estilos
Pensadores, penitentes,
E Caçadores de mitos


O governo como sempre
Pensando no estrangeiro
Decidiu levar a pedra
Para o Rio de Janeiro
Melhor ir à capital
Que na terra do Conselheiro


Em mil setecentos
E oitenta e cinco
Foi a primeira tentativa
De profanar nosso recinto
A magia ia reinar
Contra nossos inimigos


O governador geral da Bahia
Com usura indisfarçada
Ordenou esta tentativa
Pensando ser ouro e prata
Doze juntas de boi,
Buscar a pedra sagrada


E pela primeira vez,
Fazendo a vontade divina
A pedra do Bendegó,
Escolheu sua própria sina
Há cento e oitenta metros,
Caiu ao virar a esquina


A pedra caiu às margens
Do riacho Bendegó,
Estava claro era um sinal
De Deus na terra do sol
Ficaria cento e dois anos
Sem mover-se a um metro só


Depois de tanto tempo
De fé e procissão
A pedra do Bendegó
Sofreu nova traição
Pois Dom Pedro Segundo
Mandou nova expedição


Chefiada pelo tenente
José Carlos de Carvalho
O que ele não sabia
Teria muito trabalho
A pedra queria ficar
Em terra seca e cascalho


A carreta teve o eixo
Quatro vezes partido
Foram 108 kilômetros
De puro sacrifício
O governo não entendia
Deus tentava impedi-lo


A pedra dos Conselheiristas
Caiu três vezes no chão
O inimigo não deu importância
Caiu mais três vezes então
Só ai são sete quedas
De pedra no Riachão


Cada vez que ela caia,
Mostrando que queria ficar
Era a maior dificuldade
Pra voltar a carregar
Pois a nossa pedra sagrada
Tinha o peso pra dificultar


Mas os homens de má fé
Estavam resolutos
Levariam a pedra santa
De uma vez a qualquer custo
O dinheiro fala mais alto
Neste meu Brasil injusto


Prolongada a estrada
De ferro do São Francisco
Facilitava o trabalho
Maldito do inimigo
A pedra ia pro Rio
Pra evitar mais sacrifício


O trem levou ao porto
A nossa pedra bonita
De navio a pedra foi
À quinta da Boa Vista
Foi à mão dos cientistas
Numa atitude egoísta


Assim que a pedra chegou
As mãos que não crêem em mitos
Cortaram logo um pedaço
De uns bons sessenta quilos
Se achares que exagero
Vejam o meteorito


Pegaram o pedaço
Que eles cortaram primeiro
Em quatorze partes iguais
Re-dividiram ligeiro
Só pra doar à quatorze
Museus pelo mundo inteiro


A pedra do Bendegó
A pedra da profecia
Está no Rio de Janeiro
Exposto pra burguesia
Facilitando pro estrangeiro
Que tanto a pedra queria


O povo do meu sertão,
Da região Conselheirista
Frustrado com o roubo
Debaixo de suas vistas
Clamariam por respeito,
Contra essa ação imperialista


A pedra constituída
De Ferro, Níquel e encanto.
Até o dia de hoje
Provoca tristeza e encanto
Queremos nossa pedra de volta
De volta pro nosso canto


Advirto ao senhor Presidente
Devolva nossa Tradição
A pedra do Bendegó
Faz parte da religião
O Povo do Conselheiro
Reclama seu coração!

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