IBC promove II Colóquio Múltiplos Olhares Sobre a Surdocegueira
O evento, realizado na última terça-feira, reuniu 70 pessoas no Teatro Benjamin Constant e foi acompanhado, ao vivo, por 28 alunos do Campus Cruz Alta da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).
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O II Colóquio Múltiplos Olhares sobre a Surdocegueira foi promovido pelos grupos de Estudos e Pesquisa na Surdocegueira (GPESC) e de Pesquisa em Tecnologias Educacionais e Tecnologia Assistiva na Deficiência Visual, Surdocegueira e Deficiência Múltipla (GPTec). A coordenação ficou a cargo da professora do Instituto Benjamin Constant Márcia Noronha de Melo, que também coordena o GPESC.
Esta segunda edição do Colóquio trouxe como tema a criação e o fortalecimento dos laços das pessoas surdocegas com aquelas que as rodeiam, seja em casa ou fora dela e, em especial, na escola. Entre os participantes estavam profissionais da educação de vários municípios do Rio de Janeiro e de instituições e organizações especializadas no atendimento a esse tipo de público, como o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) e a Associação Brasileira de Surdocegos (Asbrac).
A realização anual do Colóquio tem como objetivo ampliar as discussões e o intercâmbio de informações sobre as técnicas de acolhimento e atendimento educacional integral às pessoas surdocegas, principalmente diante da "invisibilidade das políticas públicas e das pesquisas em prol desse sujeito", conforme justificou a professora Ester Silva, mestre de cerimônia do evento.
O chefe da Divisão de Pós-Graduação e Pesquisa (DPP), Luís Paulo da Silva Braga, deu as boas-vindas a todos os participantes e palestrantes, representando o diretor-geral do IBC, João Ricardo Melo Figueiredo, que se recuperava de uma cirurgia. Ele ressaltou a importância dos colóquios sobre a surdocegueira para incentivar e disseminar a produção acadêmica sobre esse assunto ainda tão pouco estudado no Brasil.
Além dos estudantes do Rio Grande do Sul, que assistiram a todas as palestras pelo Youtube, o colóquio foi também acompanhado por membros da comunidade do IBC no Facebook, que puderam inclusive enviar perguntas para os palestrantes.
As Mesas-Redondas
O colóquio foi estruturado em duas mesas-redondas intermeadas por uma vivência sensorial. Guias intérpretes de Libras garantiram a plena participação das pessoas surdocegas presentes.
Na primeira composição, coordenada pela professora Kelli Penello (IBC), a professora Shirley Rodrigues Maia, da Associação Educacional para Múltipla Deficiência (AHIMSA) e a enfermeira Ionise Santos, da empresa Natocare Assistência Pediátrica, abordaram a importância da família para o desenvolvimento da pessoa com surdocegueira. Ionise, que também é mãe de um aluno surdocego do IBC, fez um relato pessoal sobre as situações vividas por ela na busca por assistências médica e educacional para o filho; já Shirley apresentou as expectativas, dificuldades e dúvidas das famílias sobre o acolhimento e a assistência adequada à pessoa surdocega.
A segunda mesa-redonda abordou a construção da identidade da pessoa com surdocegueira. A professora do IBC Vanessa França, fez a mediação do debate, que contou com a participação das professoras Eli Rosemar Assis da Silva, do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) e Claudia Sofia Idalécio Pereira, da Associação Brasileira dos Surdos e Cegos (Abrasc). Eli falou sobre a evolução dos alunos surdocegos percebida durante as trajetórias escolares. Em seguida, a professora Claudia, falou sobre as possibilidades e potencialidades da pessoa com surdocegueira que recebe liberdade e meios para praticar a sua autonomia e construir a sua identidade – assunto do qual fala com propriedade, já que ela mesma é surdocega e um exemplo do que a inclusão por meio da educação é capaz de fazer pelas pessoas com deficiências sensoriais, mesmo as mais severas.
O Circuito Sensorial
O ponto alto do colóquio foi o circuito sensorial, montado especialmenten para a ocasião com piso tátil de várias texturas e relevos de formatos diversos. As paredes foram revestidas também com diferentes materiais e sobre as mesas foram disponibilizados diferentes objetos para que fossem explorados tátil, olfativa e auditivamente. O circuito foi vivenciado pelos interessados, sob a orientação das professoras Simone Lopes, Elisabeth Ferreira, Kátia Ribeiro, Flávia Miranda e Thaís Bigate – todas do IBC.
A Campanha Vermelho e Branco
O evento contou também com a participação da ONG Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial . A ONG busca o reconhecimento da surdocegueira como condição única, promovendo debates sobre políticas públicas e apoio às pessoas com surdocegueira, seus familiares e educadores. O vermelho e branco são as cores impressas na extremidade das bengalas longas, usadas pelas pessoas surdocegas para se distinguirem das pessoas cegas, permitindo uma abordagem mais apropriada por parte das pessoas videntes e ouvintes que precisem se comunicar com elas.
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