Simpósio discute a importância da integração dos saberes nas áreas da educação e da saúde na vida do estudante
O I Simpósio Saúde e Educação: saberes e práticas foi realizado na última sexta-feira (26), como trabalho de mestrado da fisioterapeuta do IBC, Isabella Blanco.
Isabella atua há quatro anos no Instituto, como fisioterapeuta contratada da empresa Nova Rio e está concluindo o mestrado profissonal em Diversidade e Inclusão, da Universidade Federal Fluminense (UFF). O programa do curso exige, além da defesa da dissertação, o desenvolvimento de um produto relacionado com o projeto de pesquisa desenvolvido pelo mestrando. "A constatação de que a integração dos profissionais da área da saúde que atuam no IBC com os professores tem dado resultados bastante positivos, me fez decidir pela organização de um evento que estimulasse a troca de informações entre esses profissionais", explicou a organizadora do simpósio.
O evento, aberto ao público externo, contou com a participação de diversos especialistas que trabalham diretamente com a inclusão de pessoas com deficiência visual no sistema regular de ensino.
Fizeram parte da mesa de abertura os professores: João Ricardo Melo Figueiredo, diretor-geral do Instituto Benjamin Constant; Rosane de Menezes Pereira, diretora do Departamento de Estudos e Pesquisas Médicas e de Reabilitação (DMR); Ivan Finamore Araújo, supervisor do Departamento de Educacão (DED), e Diana Negrão Cavalcante, coordenadora do Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão da Universidade Federal Fluminense.
A professsora do IBC Maria da Glória de Souza Almeida fez a palestra de abertura, em que defendeu enfaticamente a necessidade de se garantir o atendimento especializado precoce às criancas cegas, com baixa visão e surdocegas para que elas tenham condições de desenvolverem todo o pontencial delas. "Criancas que, na maioria das vezes, não têm nenhum outro problema além da deficiência visual, precisam apenas de uma intervenção segura e severa que lhes dê os instrumentais necessários para se desenvolver. Se esta intervenção não acontecer, aí sim, ela acumulará problemas que a impedirão de ter uma vida autônoma e realizada", explicou Maria da Glória, para quem cabe ao professor desempenhar essa funcão interventora, conduzindo o processo de aprendizagem do aluno.
O evento prosseguiu ao longo do dia com a formação de quatro mesas-redondas: na primeira, Escola para Todos? , foram discutidas as dificuldades que impedem a inclusão das pessoas com deficiência de uma forma geral no ambiente escolar; na segunda, A Deficiência Visual Associada a Outras Deficiências, o foco foi a importância do desenvolvimento neuropsicomotor da criança com deficiência visual para o atingimento do seu pleno potencial , assim como as perspectifvas educacionais das pessoas com múltiplas deficiências e o papel da fisioterapia no dia dia delas; a terceira mesa, com o tema Saúde e Educacão: diálogos possíveis, foi dedicada ao relato de experiências no processo de inclusão da criança om deficiêncisa visual associada a outras deficiências, aos aspectos relativos à saúde que envolvem esse processo e as consequências funcionais da deficiência visual da infância à idade adulta; por fim, a quarta mesa - Tecnologia Assistiva: múltiplos enfoques - tratou exatamente do uso da tecnologia para superar as barreiras impostas pela deficiência visual ao conhecimento e à integração social das pessoas cegas, com baixa visão e surdocegas.
A palestra de encerramento - Os Novos Desafios da Inclusão -foi proferida pela professora Rosana Silva dos Santos (UFRJ). Em seguida, todos puderam conferir as apresentações em poster expostos no saguão do Teatro Benjamin Constant.
Programação para os pais
Os pais e responsáveis mereceram um espaço especial por parte dos organizadores do Simpósio para se informarem e tirarem dúvidas sobre os atendimentos recebidos pelos filhos com deficiência visual associada a outras deficiências no Instituto Benjamin Constant.
Pela manhã, das 10 h ao meio-dia, eles ouviram as apresentações dos profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar encarregada de conduzir o processo de aprendizagem dos alunos, como o fisioterapeuta Thiago Sardemberg, o terapeuta ocupacional Josué Domingos, o assistente social Victor Elias, a fonoaudióloga Juliana Gilan, a psicóloga Andréia Santos, a musicoterapeuta Daysi Mouta e as professoras Bárbara Braga e Patrícia Pinho.
Para Ana Paula Oliveira, mãe do aluno Lucas, do 5º ano, eventos como esse são extremamente importantes. “Ainda há muito desconhecimento, por parte dos pais e responsáveis, sobre os atendimentos prestados pelo IBC e esse desconhecimento atrapalha muito o desenvolvimento das crianças. E não é por falta de iniciativa dos professores e técnicos do Instituto. O desinteresse e ,principalmente, o cansaço físico de muitos desses pais e mães que levam uma vida extremamente difícil para trazer o filho pra cá e voltar com eles para casa também pesam muito, o que é uma pena”, disse.
Ana Paula contou que a partir do dia em que o filho foi matriculado no IBC, com sete meses de nascido, a vida dela se transformou. A vontade de colaborar com o trabalho realizado na escola fez com que ela se capacitasse de todas as formas para dar o suporte necessário ao filho em casa. Ela aprendeu Braille e fez diversos outros cursos que despertaram nela a vontade de ir além. Hoje, estudante de pedagogia, é também estagiária no setor reabilitação do IBC e uma fã incondicional do Instituto. “Eu não tenho palavras para definir a importância que este instituto tem na minha vida e na vida do meu filho”, concluiu emocionada.
Uma iniciativa inédita
"A promoção de um evento como este para compartilhar o trabalho desenvolvido durante um programa de pós-graduação, foi uma iniciativa muito positiva que deveria ser seguida pelos demais servidores e funcionários da Instituição", disse a diretora do DMR, Rosane de Menezes Pereira.
"Parabenizo Isabella pela oportunidade que ela nos deu para refletirmos sobre como podemos avançar ainda mais na integração entre os prorfissionais da saúde e da educação daqui do Instituto de forma a contribuirmos de forma mais efetiva para a inclusão de nossos alunos na escola e na sociedade", elogiou também o diretor-geral do IBC, João Ricardo Melo Figueiredo.
Para Isabella, o simpósio superou todas as suas expectativas. "Eu fiquei muito feliz pelo resultado, pelas trocas de informação e agradeço a todos que tornaram o evento possível: os integrantes da comissão organizadora e da Direção-Geral do IBC, os palestrantes e à minha orientadora, a professora Ruth Maria Mariani Braz, que veio de Portugal apenas para prestigiar o meu trabalho e a defesa da minha dissertação", disse. A partir de agora, ela disse que vai se dedicar aos últimos ajustes da dissertacão, que será submetida à banca já em dezembro próximo, sob o título "O fisioterapeuta como facilitador no processo de inclusão da criança com deficiência visual associada a outras deficiência".
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