Evento discute a inserção da pessoa com deficiência visual no mundo do trabalhho
O I Fórum Instituto Benjamin Constant Trabalho e Deficiência Visual foi realizado pelo Núcleo de Capacitação e Empregabilidade do IBC (Nucape), na última sexta-feira (27) e reuniu representantes do setor público, de empresas e dos trabalhadores.
O diretor-geral do IBC, João Ricardo Melo Figueiredo, abriu a programação falando sobre a missão institucional e o atendimento proporcionado pelo Instituto às pessoas cegas, surdocegas e com baixa visão - do momento em que elas ingressam, ainda bebês, na Educaçao Precoce, passando pelo ensino fundamental e das atividades da Reabilitação para os jovens e adultos que perderam ou estão em processo de perda visual.
João Ricardo falou também das dificuldades que essas pessoas têm para superar as barreiras impostas pela deficiência visual e pelo total desconhecimento da sociedade de suas potencialidades. "A inclusão social das pessoas com deficiência no Brasil só vai se efetivar quando elas tiverem a oportunidade de colocar em prática aquilo que aprenderam na escola, na universidade, nos cursos que fizeram, sendo capazes de contribuir para o desenvolvimento do País. Por isso, eventos como este são tão importantes para que as empresas tomem conhecimento do potencial de trabalho desses cidadãos que precisam e têm o direito de ser verdadeiramente incluídos no mundo do trabalho", disse o diretor.
A diretora do Departamento de Pesquisas Médicas e de Reabilitação (DMR), Rosane de Menezes Pereira, foi representada pela supervisora da Divisão de Reabilitação, Preparação para o Trabalho e Encaminhamento Profissional (DRT), Mércia Ferreira de Souza, que agradeceu a toda equipe envolvida na organização do Fórum, em especial aos servidores do Núcleo de Capacitação e Empregabilidade do IBC (Nucape).
A palestra de abertura foi proferida pela psicóloga do IBC, Sônia Gomes da Rocha, que deu um panorama da inclusão da pessoa com deficiência visual no Brasil. Ela citou dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho, segundo os quais em 2010 apenas 17.710 pessoas com deficiência visual estavam inseridas regularmente no mercado de trabalho - o que significava menos de 0,5 % de um universo de 3,6 milhões de brasileiros que faziam parte, na época, da população economicamente ativa. Ela ressaltou, no entanto, que esta participação vem aumentando significativamente. "Entre os anos de 2015 e 2016, o número de pessoas cegas e com baixa visão que possuíam emprego com carteira assinada aumentou quase 14%, chegando a 53.438 trabalhadores. Dentre as categorias de deficiências, a visual foi a que teve o aumento mais expressivo na força de trabalho brasileira. Porém, as pessoas com deficiência visual ainda são as que menos têm acesso aos empregos formais", informou a psicóloga.
Os outros palestrantes convidados foram: o coordenador do Projeto de Inserção da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, Marcelo Freitas; a perita médica do INSS, Carolina Guimarães; a gerente do Eixo de Produção, Trabalho e Atenção ao Cidadão da Subsecretaria da Pessoa com Deficiência da Prefeitura do Rio, Flávia Rocha; o diretor da Calina Projetos Culturais e Sociais, Luiz Calina; o coordenador de Meio Ambiente do BNDES, Rodrigo Casella; a integrante do Grupo Pró-Equidade de Gênero e Valorização da Diversidade do BNDES, Célia Azevedo; a empresária do ramo de Chair Massage, Renata Gazotto; o coordenador da exposição Diálogo no Escuro, do Rio de Janeiro, Rogério Mello, e a presidente da Associação dos Deficientes Visuais do Estado do Rio de Janeiro, Cinthya Freitas.
O funcionário da Companhia Nacional de Abastecimento, Renan José do Nascimento, falou sobre sua experiência como trabalhador com deficiência visual e as barreiras enfrentadas no dia a dia no exercício de suas atividades laborais. Sem poder estar presente ao evento por se encontrar cumprindo um programa de Doutorado na Espanha, o advogado da União, Cláudio Panoeiro, cego e ex-aluno do Instituto Benjamin Constant, gravou seu depoimento em vídeo, exibido logo no início da programação. O evento contou ainda com a apresentação musical do Grupo Ponto de Vista, formado por alunos da Reabilitação do Instituto.
O evento contou com 187 inscritos, dentre eles os alunos do Curso Técnico em Massoterapia que o IBC oferece em convênio com o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) apenas para alunos com deficiências visuais. Empresas como o Laboratório Lafe, a Sul América Seguros, os Supermercados Mundial, além do Jardim Botânico do Rio de Janeiro enviaram seus profissionais de Recursos Humanos para conhecerem um pouco mais das necessidades especiais das pessoas com deficiência visual no ambiente de trabalho.
" A falta de qualificação profissional das pessoas cegas é um dos principais problemas enfrentados pelas empresas para o cumprimento da cota estabelecida para as pessoas com deficiência. Mas sinto que este problema vem melhorando de uns três anos para cá", disse Laís Pedrosa, assessora de RH da Sul América Seguros. Ela e a colega Juliana Assunção vieram ao evento como parte de um esforço de capacitação que estão fazendo para conseguirem aumentar a presença de trabalhadores com deficiência visual na empresa, dando a eles melhores condições de exercer suas atividades.
Para a coordenadora do Nucape e organizadora do evento, a professora Vanessa Zardini, a realização do Fórum foi relevante tendo em vista a atual conjuntura sócioeconômica do País. "Alguns pontos abordados na primeira mesa foram muito esclarecedores e as mesas seguintes tiveram um cunho motivacional, tanto para os empregados quanto para os empregadores", avaliou a professora. Segundo ela, o Nucape pretende fazer outros eventos como esse. "O retorno de alguns alunos da Reabilitação foi gratificante, o que nos motiva a pensar em outros fóruns ou mesas de debates com esta temática", concluiu.
Confira a galeria de fotos do evento.
Redes Sociais