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IBC promove discussões sobre transexualidade a partir de exibição de documentário

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O debate foi depois da exibição do documentário “Trans” - uma produção da Globonews e exibida, com o recurso de audiodescrição, em duas sessões.

  • Publicado: Sexta, 23 de Junho de 2017, 12h57
  • Última atualização em Sexta, 23 de Junho de 2017, 14h31
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As duas exibições foram realizadas no Teatro Benjamin Constant. A primeira, na tarde de quarta-feira (21), reuniu professores e pais de alunos da Instituição; a segunda foi no dia seguinte, exclusivamente para alunos com mais de 11 anos de idade.

No final de ambas as sessões, foram formadas mesas-redondas para tirar dúvidas e discutir questões relacionadas à transexualidade que ainda são desconhecidas e desrespeitadas pela sociedade de uma forma geral. Participaram delas as diretoras do documentário Renata Baldi (no dia 21), Fernanda Dedavid (dia 22); a psicóloga Carina Tomaz (no dia 22); a autora e narradora do roteiro de audiodescrição, Georgea Rodrigues; o artista plástico e pesquisador de gênero Vermelho; a advogada e professora universitária Giowana Cambrone. O professor Rodrigo Agrellos, representou o IBC nas duas sessões.

O documentário foi bastante aplaudido nas duas ocasiões. A professora e consultora de audiodescrição Aparecida Pereira Leite, que é cega, fez questão de agradecer em público a iniciativa da GloboNews de produzir o filme com audiodescrição, legendas e tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Depois, ela manifestou sua inquietude sobre o conceito de androginia e como se daria a percepção deste sujeito pela pessoa com deficiência visual.

Vermelho esclareceu que o andrógino é aquele que nós, baseados nos padrões estéticos e culturais de feminino e masculino, não conseguimos saber imediatamente se é homem ou mulher. O especialista aproveitou para explicar que é um erro supor que o andrógino é, invariavelmente, uma pessoa homoafetiva. Ele reconheceu sentir-se intrigado com a pergunta, imaginando, pela primeira vez, a situação do observador da androginia que não tenha o sentido da visão.

O professor Vitor Alberto também elogiou a iniciativa da emissora de usar o recurso da audiodescricao. Sobre o documentário, ele questionou a situação dos transexuais das classes mais pobres economicamente, realidade diferente daqueles personagens do filme.

A advogada Giowana Cambrone, uma das entrevistadas no documentário, respondeu que a rejeição da família é enorme e que instituições religiosas muitas vezes praticam e fomentam diversas formas de violência e em escala bem maior que todas as demais. “A pobreza e a baixa escolaridade, somadas ao preconceito na área trabalhista, empurram os transexuais para a prostituição”, disse a advogada, segundo a qual 90% dos transexuais vivem na prostituição.

As denominações de gênero, que tanto costumam confundir as pessoas, também foram tratadas na conversa entre os convidados e as duas plateias. O pesquisador e artista plástico Vermelho, por exemplo, explicou que o termo queer abrange todos os comportamentos desviantes representados pela sigla LGBTTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Intersexos), em oposição à heteronormatividade. "O movimento queer não aceita a imposição de estereótipos masculinos e femininos, por entender que eles não representam a pessoa em toda a sua complexidade, com todas as característica que ela pode e quer ter”, explicou o artista que também se autodefine como queer. “Sou vermelho na vida, preto na pele e rosa no desejo”, concluiu.

Essa mesma curiosidade sobre o universo trans também ficou patente no segundo dia de exibição do documentário. Desta vez, foram os alunos que fizeram perguntas aos integrantes da mesa – a maior parte delas sobre as diferenças entre os conceitos de homossexualismo e transexualidade e sobre o preconceito que essas pessoas ainda sofrem em todas as camadas da sociedade.  Segundo a psicóloga Carina Tomaz, esse estranhamento em relação ao próprio corpo e os traumas vividos pelas pessoas transexuais é um dos principais problemas tratados no seu consultório".  Segundo ela, essas pessoas costumam viver uma vida de depressão, fobias - todos esses problemas causados pela inadequação delas aos padrões sociais e os preconceitos que sofrem.  

Ao ser indagada por uma aluna como se manifesta o respeito na forma de tratar  a pessoa transexual, Giowana disse que a primeira coisa a fazer é tratá-la pelo nome social.  "Isso é a principal forma de aceitação da pessoa como ela é, como um ser que tem o direito de ser chamado por um nome que o representa, como acontece com todas as demais pessoas", respondeu.

A aluna Maria Paula dos Santos Mesquita, do quinto ano, fechou a participação da plateia manifestando sua admiração pelas pessoas que, como os personagens do documentário, têm a coragem de lutar contra o preconceito para exercerem sua sexualidade. " Chega de preconceito sem sentido. O fato de alguém ser diferente da gente não quer dizer que seja melhor ou pior; o fato de alguém ser homossexual ou transexual não quer dizer que não possa conviver com crianças. Eu adoro essas pessoas porque elas são como eu, como nós", concluiu emocionando os integrantes da mesa e da plateia.

Para o professor Rodrigo Agrellos, as duas sessões atenderam ao objetivo de fomentar a reflexão sobre questões importantes, como o respeito à diversidade na escola.  Segundo ele, o tema faz parte do currículo escolar, mas costuma ser neglicenciado por falta de informação. "A participação do público foi muito boa. Os estudantes receberam bem o documentário, a audiodescrição é uma ótima ferramenta de inclusão. Na minha opinião, ações desse tipo que o Departamento de Educação do IBC está promovendo são importantes para promover o pensamento crítico dos alunos em relação aos assuntos contemporâneos, concluiu.

 

O documentário

A produção mergulha na história de quatro pessoas que se readequaram sexualmente ou que ainda não se definiram para mostrar como se sente e como é a vida de quem nasce com um corpo que não corresponde ao que se é.

Um deles é João W. Nery, autor do livro Viagem Solitária – Memórias de um Transexual 30 Anos Depois. João nasceu Joana se readequou aos 27 anos. Já a professora de Direito, Giowana Cambrone, se assumiu mulher só quando completou 30. “O processo foi muito rápido, toda a transformação aconteceu em seis meses. Foi libertador”, conta.

Diferentemente de João e de Giowana, Wallace Ruy não se define homem ou mulher desde 2010. “Transito nos dois universos ou em nenhum”, afirma a atriz. O quarto personagem é o jovem Luan, 16, que está vivendo há pouco tempo os desafios de mudar de gênero. “Não conseguia explicar o que sentia, mas sempre soube que alguma coisa estava errada”, diz o jovem, que nasceu Luana.

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