Essa pagina depende do javascript para abrir, favor habilitar o javascript do seu browser! Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Últimas Notícias > IBC manifesta pesar pelo falecimento da prof.ª Luzia Villela
Início do conteúdo da página
Notícias

IBC manifesta pesar pelo falecimento da prof.ª Luzia Villela

Avaliação do Usuário: 5 / 5

Estrela ativaEstrela ativaEstrela ativaEstrela ativaEstrela ativa
 

Ela faleceu ontem (15) pela manhã, em decorrência de uma pneumonia contraída há três meses.

  • Publicado: Quarta, 16 de Junho de 2021, 16h48
  • Última atualização em Quinta, 17 de Junho de 2021, 08h45
Sobre fundo marrom, em letras beges, lê-se à esquerda: "O adeus à grande mestra; Luzia Villela Pedras; nascida em 18/10/1933 e falecida em 15/6/2021".  Ao lado, foto de três mulheres: uma ruiva, outra cega, usando bengala e óculos escuros, e outra loira.  Abaixo da foto, a legenda:" prof.ª Luzia, entre a prof.ª Ulda Rachel e a então diretora-geral do IBC, Érica Deslandes Magno Oliveira, na inauguração da brinquedoteca Luzia Villela Pedras (foto de 2006)".

A prof.ª Luzia Villela teve uma atuação decisiva na mudança de paradigma na educação de crianças cegas e com baixa visão nos seus primeiros anos de escolarização.  Todos os seus 37 anos de atividade profissional no IBC foram absolutamente focados nesse público ao qual dedicou os estudos, a produção acadêmica e a vontade inabalável de fazer a diferença na forma de ensinar a esses alunos. Fez o mestrado nos Estados Unidos, voltando de lá cheia de ideias para implantar no IBC.

8B5166A6 E9FA 402B A94A A5343C4FFAB4 1 201 a"E foi efetivamente o que ela fez.  Trouxe materiais novos que na época não havia aqui e também uma visão diferente de como educar crianças com deficiência visual.  Com ela, a ênfase deixou de ser o desenvolvimento de habilidades, o treinamento puramente mecânico de tarefas, passando a ser o desenvolvimento de competências, o que na época foi uma concepção de ensino pioneiro no IBC ", conta a professora Maria da Glória de Souza Almeida, que trabalhou com Luzia por 16 anos (foto à esquerda).

Segundo Glorinha, entre as grandes contribuições da professora, foi a criação da Sala de Recursos, na década de 1970 — um lugar para estimular a criança ainda pequena, trabalhando o sentido do tato e preparando o seu corpo para aquisição da leitura e da escrita no Sistema Braille.  "Tínhamos uma quantidade imensa de materiais especializados, da maior qualidade, para todos os usos que se pudesse pensar na educação de um aluno cego na época.  Tive o privilégio de trabalhar seis meses lá como voluntária antes de ingressar no IBC como servidora.  Um período riquíssimo, que ajudou a me formar professora e que me valeu como uma verdadeira pós-graduação", completou.  

Além da sala de recursos, Luzia Villela implantou as Atividades da Vida Diária (AVD) na rotina escolar dos alunos do jardim e da alfabetização, chegando a montar um ambiente conhecido como "copinha"  para que eles desenvolvessem a autonomia que as crianças videntes da mesma idade já podiam em suas casas.  A incumbência de orientar os alunos era de todos os professores, fossem eles videntes ou cegos.  "Com a professora Luzia não tinha essa história de dizer que eu sou professor disso ou daquilo.  Todos nós dávamos nossos conteúdos de sala de aula mas também orientávamos as crianças para as situações práticas da vida", lembra Maria da Glória.

Outro campo de atuação dela foi o da  formação de professores,  dando aula de alfabetização braille no prestigiado curso de formação de professores do IBC, conhecido como "cursão", no qual os alunos, todos docentes, faziam uma imersão total nos conteúdos específicos para o ensino de pessoas com deficiência visual (o curso tinha uma carga horária de 600 horas e foi ministrado com diferentes formatos, mas sempre de forma bastante concentrada).

Luzia dedicou-se também à produção de obras que se tornaram referência no IBC e em outras instituições especializadas na educação de pessoas com deficiência visual.  Uma das principais, adotada até hoje, é o livro Dedinho Sabido (foto ao lado), para introduzir a criança no aprendizado do braille.  Mas não foi só esse: em coautoria com a prof.ª Mayá Devi de Oliveira, escreveu "A cartilha que eu esperava"; com outra colega, a prof.ª Diva Rodrigues Quintiliano, escreveu um livro de AVD específico para crianças da educação infantil, entre outros trabalhos publicados em seminários e congressos dentro e fora do Brasil.

Na luta para melhorar as condições de ensino para os pequenos, Luzia conseguiu os recursos e promoveu a ampliação e remodelação total do Jardim de Infância, dando a ele a configuração que tem hoje, bem diferente da que ela recebera, com salas apertadas e um ambiente muito pouco lúdico.  Em reconhecimento pelos serviços prestados nessa etapa educacional, em 2006, na gestão da diretora-geral Érica Deslandes Magno Oliveira, foi escolhido o nome da professora para batizar o novo espaço dedicado à estimulação sensorial das criancas cegas: a Brinquedoteca Prof.ª  Luzia Villela Pedras (foto acima).

"A professora Luzia Villela Pedras foi uma daquelas pessoas que trouxeram uma lufada de ar novo, de energia boa e criativa ao Instituto Benjamin Constant. Por isso, é com enorme pesar que recebemos a notícia de seu falecimento, desejando aos familiares, amigos, ex-alunos e ex-colegas de trabalho os nossos mais sinceros pêsames", declarou o diretor-geral do Instituto, João Ricardo Melo Figueiredo.

Luzia Villela era solteira.  Depois do falecimento da mãe, passou a morar sozinha, tendo apenas um sobrinho no Rio de Janeiro.  O restante da família mora em São Paulo.  O sepultamento foi hoje (16) de manhã, no Cemitério do Caju, Rio de Janeiro.

 

Saiba mais

Para conhecer a história de vida e trajetória profissional da prof.ª Luzia Villela, acesse a entrevista que ela deu em 2010 ao prof. Jonir Bechara Cerqueira e que faz parte dos depoimentos em áudio do Projeto Memória IBC.

 

 

 

 

registrado em:
Fim do conteúdo da página