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NAEPS cria estratégia de atendimento a alunos surdocegos na pandemia

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Nos últimos 14 meses, os profissionais do Núcleo de Atendimento Educacional à Pessoa com Surdocegueira adaptaram seus conteúdos ao ensino remoto para não prejudicar o processo de reabilitação dos seus alunos.

  • Publicado: Quinta, 20 de Mai de 2021, 10h09
  • Última atualização em Quarta, 09 de Junho de 2021, 14h09
Descrição:sobre fundo cinza com ilustracão de pontos e linhas característicos de conexão eletrônica, duas mãos, cada qual de uma pessoa diferente, uma no canto esquerdo e outra no canto direito da imagem, se estendem uma em direção a outra, remetendo à distância que as impede de se tocarem.  Sobre a imagem, em letras pretas, lê-se: "distantes,  porém juntos"; abaixo, em letras brancas, lê-se: "O desafio de ensinar remotamente a quem depende do toque para aprender".

O núcleo faz parte da Divisão de Reabilitação, Preparação para o Trabalho e Encaminhamento Profissional (DRT), cujo objetivo é auxiliar na reabilitação de pessoas com surdocegueira que, ao contrário do que muita gente pensa, não é simplesmente a soma de duas deficiências distintas, sendo considerada pelos especialistas como uma outra deficiência.

“A surdocegueira é uma deficiência que compromete, em diferentes níveis, os sentidos da visão e audição. Temos alunos totalmente surdos e cegos e alunos que apresentam resíduos auditivos e/ou visuais. Alguns possuem surdocegueira congênita (quando a pessoa nasce com as duas perdas ou adquire na tenra infância, antes da aquisição de uma língua, oral ou sinalizada); outros, nasceram ouvintes e videntes, somente surdos ou somente cegos, tornando-se surdocegos ao longo da vida”, explica a professora Flávia Miranda, coordenadora do Núcleo, que atende hoje remotamente oito alunos do setor.

Além de Flávia, o NAEPS conta com outra professora, Thaís Bigate, além do apoio de profissionais de outras áreas da Instituição. Hoje, a equipe é composta pelos professores de orientação e mobilidade  (OM) Thiago Sardenberg e Vanessa Zardini; a professora de teatro e expressão corporal (DED) Arheta Andrade, e a intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) Indira Cardoso. A equipe conta ainda com o auxílio e a orientação da psicóloga Sônia Rocha.

Nos primeiros meses da pandemia, os profissionais do Núcleo mantiveram contato com seus alunos por meio de aplicativo de mensagem instantânea. Aqueles com resíduo visual e/ou auditivo conseguiram se comunicar diretamente com os professores; já os demais, com surdocegueira total, receberam auxílio de seus familiares. No segundo semestre do ano passado, quando o Instituto retomou as atividades pedagógicas remotamente, os profissionais do NAEPS reuniram-se para discutir e articular ações que se adequassem ao contexto da pandemia da Covid-19.

O primeiro passo foi convidar os familiares para um diálogo virtual em que fosse possível verificar a necessidade de cada aluno durante este período de isolamento social, ouvir sugestões e saber sobre a disponibilidade e viabilidade de mediação nas atividades propostas pela equipe. Também foram realizados encontros virtuais com os alunos que se comunicavam diretamente com os professores para que opinassem sobre os atendimentos.

Finalizada essa etapa, as aulas foram divididas e intercaladas entre síncronas e assíncronas. Dessa forma, em uma semana os alunos recebem vídeos e áudios acessíveis e, na semana seguinte, participam de atividades pedagógicas virtuais individualizadas com as professoras do NAEPS, sempre pelo aplicativo Whatsapp (recurso mais acessível a todos).

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Na foto, o aluno Pedro Dulcino dos Santos (acima, à esquerda) é atendido pelas professoras Flávia e Thaís e pela
intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) Indira Cardoso, com mediação da própria mãe, D. Ionise.               

Os atendimentos remotos

Diante da impossibilidade de dar aulas remotas de orientação e mobilidade (OM), Vanessa e Thiago passaram a desenvolver um trabalho conjunto, dividindo os alunos em dois grupos: para aqueles com resíduo auditivo e autonomia para mexer com o celular foi enviado material adaptado em áudio, com os conteúdos dos podcasts sobre os conceitos de OM. Esses alunos também participam dos encontros síncronos, onde os conteúdos são aprofundados e as dúvidas, esclarecidas por meio de fala ampliada, entre outras adaptações.

Já para atender os alunos do outro grupo, com perdas sensoriais mais severas, é necessário a presença de um mediador — e esta é a importância da parceria com os familiares, fundamental neste contexto de aulas remotas. “Para esse grupo foram preparados vídeos com atividades de alongamento e relaxamento, visando à necessidade de cada aluno, principalmente, no que se refere à postura e ao reconhecimento corporal. Trata-se de um trabalho interdisciplinar realizado pelos professores de OM com a professora de teatro. Demos a ele o nome de Corpo e Movimento, que expressa bem a proposta desses encontros”, explica a professora Flávia. 

As atividades de Corpo e Movimento dialogam perfeitamente com o atendimento prestado pela professora do NAEPS, Thaís Bigate que, entre outras atividades, dedica-se a aulas voltadas à expansão da comunicação tanto dos alunos como de seus familiares. Já Flávia concilia a coordenação do setor com as aulas de braille e soroban.

Mesmo com a divisão dos alunos em grupos, foi criada uma rotina específica para cada um, devido à heterogeneidade que existe entre as pessoas com surdocegueira — desde os diferentes graus de surdez e cegueira, como de referências e memórias que permitam a compreensão daquilo que não veem nem escutam — uma estratégica que, segundo Flávia, vem dando certo.

“Para nós, da equipe que fazemos o atendimento aos alunos surdocegos, a experiência do ensino remoto tem sido desafiadora, com tentativas e constantes reformulações. No entanto, esse processo vem demonstrando novas possibilidades para o fazer pedagógico e evidenciando que uma ação conjunta entre profissionais, alunos e familiares é fundamental para a continuidade ao trabalho que está sendo realizado”, concluiu Flávia.

 Desafios

Apesar dos resultados positivos, o Núcleo enfrenta o desafio de incluir todos os alunos, o que ainda não está sendo possível. “Temos uma aluna com surdez profunda e perdendo o resíduo visual que não tem ninguém que possa fazer a mediação das aulas para ela. Ou seja, nessas condições, o atendimento remoto é impossível”, lamenta a professora que, no entanto, vem tentando achar uma forma de acessar esta aluna enquanto os atendimentos presenciais não retornam.

A boa notícia é que o IBC está se preparando para poder retomar o atendimento presencial dos alunos que não conseguem acompanhar os atendimentos remotos. Este é o caso de surdocegos e das crianças da educação precoce, que necessitam do contato físico com os profissionais que os atendem para se desenvolverem. “São trabalhos realizados com excelência e que precisam ter continuidade. Estamos nos empenhando para retomar o atendimento presencial no segundo semestre para que os danos de tantos meses de afastamento social possam ser revertidos”, disse o diretor-geral do IBC, João Ricardo Melo Figueiredo.

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