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Falta de enfermeiros adia retomada das cirurgias e gera insatisfação entre os médicos residentes do IBC

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Para pressionar o governo federal a resolver de forma definitiva os problemas de pessoal do centro cirúrgico, eles decidiram paralisar o atendimento ambulatorial.

  • Publicado: Quarta, 21 de Outubro de 2020, 11h38
  • Última atualização em Terça, 25 de Mai de 2021, 07h57

Ontem (20), os residentes encaminharam um documento à Direção-Geral do IBC condicionando a retomada das atividades à contratação de profissionais em número e qualificação adequados para que as cirurgias sejam realizadas de forma regular, sem novos riscos de interrupção, entre outras providências.

A atual crise do serviço médico foi causada pelas licenças legais concedidas às únicas três servidoras enfermeiras da Instituição. Mesmo sem poder contar com elas, o IBC é impedido legalmente de contratar profissionais da área terceirizados. “A legislação nos impede de contratar funcionários terceirizados para uma profissão já contemplada no nosso quadro de servidores. Se isso fosse possível, teríamos resolvido este problema imediatamente”, explicou o diretor-geral da Instituição, João Ricardo Melo Figueiredo.

O diretor foi hoje (21) a Brasília para participar de uma audiência já programada com o ministro da Educação Milton Ribeiro e disse que aproveitará a oportunidade para tratar desse assunto. “Espero conseguir sensibilizar o MEC para que nos seja permitido contratar enfermeiros terceirizados enquanto nossas servidoras não voltarem ao trabalho, sob pena de prejudicar o atendimento médico à população”, disse.

Antecedentes da crise

O problema da falta de profissionais de enfermagem de nível superior no IBC começou em agosto, assim que a instituição retomou o atendimento médico-ambulatorial, depois de cinco meses paralisado respeitando o isolamento social, aguardando a chegada dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e realizando obras de adequação das instalações do serviço médico às normas de biossegurança determinadas pelas autoridades de saúde durante a pandemia. Foi quando a primeira enfermeira se autodeclarou impedida de voltar ao trabalho para cuidar dos filhos menores durante o período de afastamento social.

Apesar de contar com um membro a menos na equipe, o esquema de trabalho foi reorganizado para garantir a retomada das cirurgias assim que os insumos comprados pela instituição chegassem, o que estava previsto para o final de setembro. Mas antes mesmo que isso acontecesse, no dia 18 de setembro, a segunda enfermeira do quadro adotou duas crianças e requereu a licença-maternidade. Dez dias depois, foi a vez da terceira enfermeira entrar com pedido de licença médica — primeiro de 15 dias, renovado por mais 30. Com isso, o reinício das cirurgias foi inviabilizado também em outubro.

Para os médicos residentes, a instabilidade das condições de realização de cirurgias no IBC prejudica a formação deles. “O médico residente necessita de formação clínica e cirúrgica. Os residentes atuais do IBC estão impossibilitados de adquirir os conhecimentos cirúrgicos básicos para a formação oftalmológica, que requer, no mínimo, a realização de 50 cirurgias por ano para cada um”, argumentam os residentes no documento encaminhado à Direção-Geral.

O diretor-geral do IBC reconhece que a situação é difícil, mas que, como sempre tem feito, vai tentar de todas as formas revertê-la. “Caso não se abra uma exceção que nos permita contratar enfermeiros terceirizados teremos de fazer a última coisa que desejamos, que é suspender o atendimento médico à população por tempo indeterminado”, concluiu João Ricardo.

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