Comunidade do IBC perde uma de suas mais atuantes servidoras
A professora Rosane de Menezes Pereira faleceu no final da noite ontem (17) , por complicações provocadas pela infecção por Covid-19.
Foi mais de um mês de sofrimento, sendo que 27 dias de internação no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Casa de Saúde Pinheiro Machado, em Laranjeiras. Na última semana, chegou a manifestar um quadro de franca melhora que deixou todos os seus parentes e amigos felizes com a perspectiva de tê-la de novo perto, participando de tudo, conforme era do seu feitio. Porém, no domingo passado uma reviravolta no quadro surpreendeu a todos, que amanheceram hoje (18) com a notícia do seu falecimento. Para os servidores, funcionários terceirizados e alunos do Instituto Benjamin Constant, esta terça-feira foi de tristeza pela partida da colega, amiga e sobretudo de uma grande batalhadora da causa da inclusão da pessoa com deficiência visual que, infelizmente, não resistiu aos estragos provocados no seu organismo pelo coronavírus.
Carioca, Rosane tinha 52 anos de idade — metade deles devotada à família e ao IBC, as duas coisas mais importantes para ela. "Eu sinto que ela nos amava muito — não só seu marido e filho, como a todos nós, seus três irmãos, sobrinhos, pais, sogros. Quanto ao IBC, aquele lugar era tudo para ela também", contou o irmão Armando, inconsolável.
Casada com Dalton Pereira. e mãe de Matheus, de 24 anos, Rosane era nora dos professores Maria de Lourdes e Dilson Mattos Pereira — a primeira falecida no ano passado e, o segundo, voluntário da oficina de piano do IBC, o que contribuía para que o vínculo da família com o Instituto fosse tão forte, na avaliação de seus amigos mais próximos.
Trajetória profissional no IBC
O primeiro contato de Rosane com a instituição começou em 1994, na gestão do prof. Jonir Bechara Cerqueira. Ela ingressou como professora contratada sem vínculo estatutário e foi trabalhar na Reabilitação, ensinando um pouco de tudo, como datilografia, escrita cursiva, orientação e mobilidade. Em 1998, com o fim do contrato de trabalho como professora, Rosane foi trabalhar como secretária da Associação dos Servidores do IBC, onde ficou por sete anos até voltar a atuar como professora temporária em 2005.
Em 2006, finalmente ela realizaria o sonho de entrar para o serviço público federal, como professora concursada da instituição que ela já conhecia tão bem. Assumiu o cargo no início do ano letivo seguinte, indo trabalhar na alfabetização. "Independentemente de ser servidora ou não, Rosane sempre foi muito participativa, trabalhadora. Fazia um excelente trabalho nas turmas do CA, atual 1º ano. Tanto era assim que, quando eu assumi a direção do Departamento de Educação (DED), em 2011, fiz questão chamá-la para assumir a chefia da Divisão de Ensino (DEN)", lembra o diretor-geral do IBC, João Ricardo Melo Figueiredo, contemporâneo da colega no concurso de 2006.
Rosane ficaria apenas um ano e meio no DED, saindo de lá para assumir a supervisão da Divisão de Reabilitação, Preparação para o Trabalho e Encaminhamento Profissional (DRT), ligada ao Departamento de Estudos e Pesquisas Médicas e de Reabilitação (DMR). Lá ela, desenvolveu um trabalho pedagógico relevante, tendo tido uma participação bastante ativa na elaboração do projeto pedagógico do Curso Técnico de Massoterapia, desenvolvido em parceria com o Instituto Federal do Rio de Janeiro, durante a gestão da Sra. Maria Odete Santos Duarte.
Por causa do excelente trabalho desenvolvido no DMR, ao assumir a Direção-Geral do IBC, em 2015, o professor João Ricardo designou-a como diretora do departamento. "Foi um período difícil, em que ela enfrentou diversos problemas para manutenção da Residência Médica e a continuidade de um trabalho de gestão pedagógica junto à DRT, tendo conseguido, apesar de tudo isso, desenvolver, de novo, um ótimo trabalho. Tanto foi assim que ao assumir meu segundo mandato, quis aproveitar as habilidades agregadoras, o perfil empreendedor e sobretudo o profundo conhecimento da Instituição dela no Gabinete, onde ela passou a trabalhar como assessora", complementou João Ricardo.
Apesar de, como sempre, ter se mostrado disponível para assumir outras funções na Instituição, ela sempre reconheceria o amor pelo trabalho na Reabilitação, do qual se despediu emocionada no final de 2018 (foto à esquerda).
Luto
O isolamento social não impediu a formação de uma corrente de oração entre os servidores do IBC pela recuperação da colega e amiga. Foram dias de oração, sempre às 18 horas, que vinham mantendo as pessoas esperançosas. Hoje, à medida que a notícia da morte de Rosane se espalhava nos grupos de WhatsApp, o clima passou a ser de tristeza e de muita preocupação, em especial o filho Matheus, em estado de isolamento total determinado pelos médicos e com o pai em estado grave no hospital.
"É uma situação, impensável, nunca vi coisa igual e, o pior, a gente pode fazer muito pouco para ajudar, porque ele precisa ficar isolado, num momento tão difícil. Que Deus dê muita força a ele", disse a professora Glorinha, também assessora do gabinete. "Que Deus conforte o coração de toda a família e de todos nós que tivemos o privilégio de conhecer e de trabalhar com ela", disse a chefe de gabinete da Direção-Geral, Érica Deslandes. Em suas páginas nas mídias sociais, servidores, alunos e pais manifestaram seus pesares pelo falecimento da professora (fotos abaixo do texto).
A morte de Rosane foi lamentada também fora do IBC. O secretário executivo do Ministério da Educação, Victor Godoy Veiga, e o diretor do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), Paulo André Martins Bulhões, enviaram notas de condolência aos familiares e amigos dela.
"Enfim, estamos todos bastante abalados por perdermos uma pessoa tão especial para nós e para o IBC. Só nos resta nos unir à família neste momento de dor e de nos colocarmos à inteira disposição sobretudo do marido, do filho e do professor Dilson, seu sogro, para o que estiver ao nosso alcance fazer para ajudá-los a superar este momento tão difícil", concluiu o diretor-geral do IBC.
O enterro do corpo da professora foi realizado hoje, às 16h30, no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
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