Comunidade do IBC comemora os 60 anos da Revista Pontinhos
O primeiro número da revista foi publicado em setembro de 1959, como suplemento da Revista Brasileira de Cegos.
Foi uma manhã de muita emoção para os servidores e funcionários terceirizados do Departamento Técnico-Especializado. No palco, o servidor João Batista Alvarenga, cego, revisor de textos em braille do Instituto, foi o mestre de cerimônias de uma festa que resgatou fatos, dados e nomes de pessoas ligados à história da única revista recreativa para crianças e adolescentes cegos do Brasil. O principal homenageado foi o professor e ex-diretor-geral do IBC, Renato Monard da Gama Malcher que, enquanto responsável pelo setor de publicações para cegos do Instituto, teve a inspiração de criar uma especialmente para o público infanto-juvenil.
De 1959 até hoje, a Pontinhos tem cumprido ininterruptamente sua função de "Recrear educando; instruir divertindo e esclarecer convencendo" — o lema impresso pelo professor Malcher na sua edição de estreia. Mas, outros ex-servidores com fortes laços com a Imprensa Braille foram lembrados durante o evento pelo diretor do DTE, Jefferson Gomes de Moura. Dentre eles, o ex-diretor-geral, Jonir Bechara; a professora aposentada e ainda colaboradora da Imprensa Braille, Regina Caropreso, e a ex-diretora do Departamento Técnico-Especializado, Ana Luísa Mello de Araújo — todos presentes ao evento.
O professor Heverton Bezerra da Silva, falou sobre os planos para aumentar a participação dos alunos na publicação, dentre outras novidades. "A ideia é incluir os alunos nas reuniões de pauta da revista para que eles proponham matérias para serem feitas, inclusive por eles mesmos", disse Héverton, que é coordenador da revista. Ele foi enfático na defesa do uso do braille por todas as pessoas cegas, independentemente do acesso que tenham às novas tecnologias. A mesma defesa foi feita pela professora Carla Maria de Souza. "O braille faz parte da nossa identidade como pessoa cega. Ele é a base para a formação do nosso conhecimento. Usar os recursos do computador, dos smartphones é muito bom, mas esses não substituem, pelo menos por enquanto, o sistema de leitura e escrita que nos dá autonomia para nos expressarmos, por escrito, na língua portuguesa", completou a professora.
A defesa do braille também foi feita pelo aluno Yago Eduardo de Carvalho, do 9º ano, leitor assíduo da revista Pontinhos. "A leitura em braille é o que nos permite dominar a escrita. A saber a forma correta de pontuar o texto e de escrever as palavras, sem falar na autonomia como leitor, que é fundamental. Espero que vocês gostem da Pontinhos tanto como eu e descubram como ela é legal", disse o estudante, desejando boa leitura a todos.
A supervisora da Imprensa Braille, Fabiana Moura Arruda, explicou à plateia como é o processo de produção de uma revista em braille e agradeceu a todos os envolvidos nesse processo. "São professores, transcritores, revisores, impressores e encadernadores que tornam possível a produção e entrega da revista a seus 2.400 assinantes dentro e fora do Brasil", disse Fabiana.
À professora Maria da Glória de Souza Almeida coube homenagear o professor Malcher, resgatando suas memórias de criança e adolescente, quando foi aluna de matemática dele. "Era um homem de uma delicadeza, de uma sensibilidade sem par e que, quando responsável pela publicação da Revista Brasileira para Cegos, compreendeu a importância de se oferecer ao público infanto-juvenil uma opção de lazer em braille. Uma publicação pensada para elas, como tantas que haviam para as crianças videntes. Uma publicação que, 60 anos depois, continua a seguir a orientação primeira dele: "recrear educando, instruir divertindo e convencer esclarecendo", completou Glorinha, como a professora é conhecida.
Os alunos dos ensinos fundamental e médio assistiram a tudo com atenção, uma vez que as informações ali repassadas seriam o assunto do quiz conduzido, ao final das falas e do vídeo. E assim aconteceu. A professora Geni Abreu conduziu a dinâmica, fazendo com que — exatamente como preconizava o professor Malcher — a história da Pontinhos fosse absorvida de forma lúdica e divertida.
Para encerrar, os servidores e funcionários terceirizados deram um show de afinação e entrosamento, cantando três músicas ensaiadas especialmente para a ocasião, acompanhados, ao piano, pela ex-aluna e atual revisora da Imprensa Braille, Caroline Erdi. Nessa hora, o mestre de cerimônias e um dos organizadores do evento João Batista trocou o microfone pelo violão, integrando o grupo.
"A festa foi muito bonita. O DTE como um todo está de parabéns não só pelo que vimos aqui hoje, mas por todo o trabalho que realiza para a disseminação do braille às crianças. Isto é fundamental para contermos o processo de desbrailização tão nocivo para o cego. Esperamos que esses 60 anos se repitam continuamente e que a Pontinhos continue viva, divertindo e ensinando seus leitores", disse o diretor-geral do IBC, João Ricardo Figueiredo.
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