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Álvares de Azevedo, o disseminador do Braille no Brasil

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Publicado: Sexta, 11 de Mai de 2018, 12h25 | Última atualização em Segunda, 06 de Dezembro de 2021, 09h41 | Acessos: 7598

 

alvares de azevedo

 

José Álvares de Azevedo nasceu no dia 8 de abril de 1834,  filho de Manuel Álvares de Azevedo, de uma família abastada do Rio de Janeiro, então capital do Império. Cego de nascença, porém muito assistido pelos pais, que lhe eram totalmente dedicados, o menino desde cedo manifestou uma inteligência acima da média, além de uma curiosidade infindável de conhecer e investigar tudo o que suas mãos pudessem alcançar. 

Na busca por dar ao filho as melhores condições de se desenvolver e seguindo os conselhos do  Dr. Maximiliano Antônio de Lemos, velho amigo da família, os pais de José decidiram enviá-lo para estudar na única escola especializada na educação de cegos que havia no mundo naquela época - o Instituto Real dos Jovens Cegos de Paris. O menino frequentou a escola, na condição de interno, dos 10 aos 16 anos de idade, obtendo aproveitamento máximo em todas as disciplinas, de acordo com o relato de João Pinheiro de Carvalho, ex-aluno da escola de Paris e que viria mais tarde a lecionar no Instituto Benjamin Constant.

Além da inteligência, José teve a sorte de estar no lugar e na época certos para adquirir um conhecimento que iria ampliar enormemente os seus horizontes: o sistema de leitura e escrita inventado pelo francês Louis Braille e que estava em fase de experimentação no Instituto de Paris.  Concluído o curso,  o jovem Azevedo adquiriu regressou ao Brasil em 1850 com um ideal: disseminar esse sistema a todos os cegos que conseguisse, com a criação de uma escola semelhante àquela que havia tido o privilégio de frequentar.

Para alcançar o seu objetivo, José passou a fazer palestras em todos os lugares  possíveis, como casas de família e os salões da Corte Imperial.  Escreveu e publicou também artigos sobre a importância do braille para a educação dos cegos brasileiros, até então condenados ao analfabetismo e a uma vida de total isolamento social.  Dava a si mesmo como exemplo de como a inclusão não só era possível como relativamente fácil, desde que fossem dados os meios para educar essas pessoas. Mais do que isso: José Álvares de Azevedo, com apenas 16 anos de idade, passou a trabalhar incansavelmente para ensinar o sistema a outros cegos, tornando-se não só a primeira pessoa cega a atuar como professor, como também o primeiro professor especializado no ensino de cegos no Brasil. E foi como professor que ele teve a oportunidade de  se aproximar da única pessoa com poder suficiente para transformar seu sonho em realidade: o Imperador D. Pedro II.

Entre os seus alunos havia uma moça cega, Adélia Sigaud, filha do Dr. Francisco Xavier Sigaud, médico da Corte Imperial.  Impressionado com o desenvolvimento da filha, Xavier Sigaud - com o auxílio do Barão do Rio Bonito - conseguiu para José uma audiência com o imperador.  Nela, José não só fez uma demonstração de como o braille poderia acabar com o analfabetismo entre os cegos como propôs ao monarca a criação de uma escola especializada dos mesmos moldes do Instituto de Paris. Impressionado e sensibilizado pela apresentação, D. Pedro II decidiu abraçar a causa do professor, dando início ao processo de criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos - hoje, Instituto Benjamin Constant.

Álvares de Azevedo participou intensamente das providências iniciais e decisivas para a fundação da escola, mas não chegou a ver seu sonho ser realizado -  no dia 17 de março de 1854,  seis meses antes da inauguração, o jovem morreu, vítima de tuberculose, aos 20 anos de idade.  

Por sua imensa contribuição para a inclusão social da pessoa cega brasileira,  José Álvares de Azevedo recebeu o título de  “Patrono da Educação dos Cegos no Brasil” e o dia do seu nascimento, 8 de abril, foi declarado oficialmente Dia Nacional do Braille.

(Fonte: LEMOS, Edison Ribeiro. José Álvares de Azevedo: Patrono da Educação dos Cegos no Brasil. Revista Benjamin Constant. Rio de Janeiro, Instituto Benjamin Constant, nº 24, abril de 2003).

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