Ana de Lourdes Barbosa de Castro
A professora Ana de Lourdes nasceu em Santarém, no Pará, filha de Antônio Maciel de Castro e Joanna Barbosa de Castro. Solteira, é bacharel e licenciada em história pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara (UEG, atual UERJ); mestre em educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, 1976) e doutora na mesma área pela Universidade Autônoma de Bellaterra, Madri, Espanha (1982) e pela Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED, 1988).
Servidora pública federal, inicialmente lotada no Centro Nacional de Educação Especial, que funcionava no Rio de Janeiro, estava terminando o doutorado na Espanha quando o órgão em que trabalhava fora transformado em Secretaria de Educação Especial e transferido para Brasília. Ao retornar ao Brasil, teve que se mudar para a capital para reassumir suas funções na nova secretaria.
Em 1990, o então ministro da Educação do governo Collor, Carlos Chiarelli (foto ao lado), designou-a para assumir a direção de um dos dois institutos de educação especializada — o Instituto Benjamin Constant e o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) — que, segundo o relato da própria professora dado em vídeo ao Projeto Memória, passariam por uma reestruturação.
A nomeação de Ana de Lourdes aconteceu em um clima muito tenso na instituição causado pelo movimento liderado pelas associações de servidores docentes e técnico-administrativos, que queriam a substituição do então diretor-geral, o professor Victor Mattoso, que estava na metade do seu segundo mandato.
Além do descontentamento com a gestão, pesavam sobre o diretor-geral acusações de irregularidades na gestão. Mas o mal-estar provocado pela atitude do ministro da educação de sair de Brasília para via ao IBC, mandar reunir todos os servidores no teatro da escola para exonerar o professor Victor Mattoso intempestivamente e sem aviso prévio, diante de toda a comunidade acadêmica contribuiu para aumentar a animosidade contra a nomeação da professora Ana de Lourdes na condição de interventora.
A gestão
Como se não bastasse o contexto de sua chegada ao IBC, a professora Ana de Lourdes viria a enfrentar forte oposição dos professores e técnicos administrativos cegos, que eram contrários a uma das principais medidas tomadas pela nova gestão, dentro da nova política de inclusão das pessoas com quaisquer tipos de deficiência nas escolas: a criação e implantação do atendimento aos alunos com deficiência múltipla. Para este grupo, isto significava mudar o foco e a missão do IBC de educar crianças e adolescente cegos, colocando em risco um projeto pedagógico já conhecido e prejudicando os alunos que estavam lá para adquirir os conteúdos necessários para prosseguirem nos estudos. Mesmo sob críticas, o novo atendimento foi efetivado definitivamente.
Além desta medida, destacam-se as seguintes:
1 - assinatura de convênio com o Colégio Pedro II para atender prioritariamente os alunos do instituto que terminavam o ensino fundamental para continuarem lá os estudos, no segundo grau.
2- regulamentação da residência médica através de um convênio com uma universidade pública federal (UNIRIO);
3- criação de uma equipe de manutenção das instalações do Instituto;
5- reestruturação do setor de alimentação;
6- criação do primeiro curso de especialização para capacitar docentes para atuarem na educação de deficientes visuais;
8- implementação de ações que facilitassem o processo de inclusão do IBC na estrutura dos sistemas de ensino;
9 - desenvolvimento de estudos e pesquisas nos departamentos do IBC;
Duas outras medidas merecem um destaque especial: a primeira foi incorporação do sobrado que servia de residência para os diretores-gerais ao patrimônio do IBC. O imóvel corria o sério risco de ser incorporado ao patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), que pretendia ali instalar uma de suas coordenações. A direção-geral foi incansável na luta para convencer o MEC da impropriedade de se ter um prédio de outra instituição dentro do terreno do IBC, com todos os riscos para o público extremamente vulnerável atendido pelo Instituto.
A outra medida foi a inserção do Instituto Benjamin Constant no orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Afinal, se ele era também uma escola de ensino fundamental, deveria ter direito de acesso aos recursos que eram repassados para as demais escolas que atuavam na mesma faixa de escolarização. Graças a este reforço no orçamento foi possível modernizar a Imprensa Braille.
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