Jesuíno da Silva Mello
Nascido no dia 15 de janeiro de 1851 em Paraisópolis (MG), Jesuíno da Silva Mello era agrimensor, mas também um homem dedicado às letras e, principalmente à atividade jornalística, colaborando com diversos jornais dos lugares em que morou, como Rio Claro, onde se estabeleceu como prestador de serviços a empresas ferroviária a começar da cidade de Rio Claro, onde foi nomeado comissário do prolongamento da estrada de ferro de São Paulo a Mato Grosso, além de diretor de uma escola .
Mas foi em em Barretos que ele teve uma produção literária mais abundante, sendo hoje reverenciado na cidade por sua contribuição à história local, por meio de sua coluna “Tradições de Barretos” do jornal O Sertanejo. Escrevia também sobre pecuária, indústria e recursos naturais, assunto que dominava até mesmo pelo exercício profissional.
Pouco tempo depois, com cerca de 30 anos foi para o Rio de Janeiro onde trabalhou como professor do Instituto Benjamin Constant até ser convidado para assumir a função de contador da Câmara Municipal de São Paulo. Continuou com a atividade docente na capital paulista, ao mesmo tempo que aprofundava seus estudos sobre educação de cegos, chegando a representar o Brasil em um congresso internacional sobre o assunto.
Em 1902 volta ao IBC para ocupar a função de diretor da Instituição. Entre suas primeiras medidas como diretor foi a construção de uma lavanderia e de um passeio de cantaria ao longo do lado leste do edifício e a renovação de toda a iluminação do prédio, que passou a ser parte a gás e parte com eletricidade. Mandou também importar da Europa uma série de materiais pedagógicos, instrumentos musicais adaptados para o uso por cegos e um piano Pleyel de cauda para concertos.
A fundação da Biblioteca Louis Braille
Uma coisa que incomodava Jesuíno como diretor do IBC era a pouquíssima quantidade de títulos de livros em tinta. Assim, em 1905, no final do seu primeiro mandato ele criou a Biblioteca Louis Braille, com um acervo inicial de 300 livros, incorporado ao acervo literário pessoal de José Álvares de Azevedo, doado pelo pai dele, Manuel Álvares de Azevedo, logo após a morte do filho, em 1854.
Constatando a imensa carência de livros em Braille, o então diretor pediu ao governo a criação do cargo de leitor permanente no quadro funcional do Instituto, no que foi atendido. Uma das obras raras da Biblioteca Louis Braille é um dos livros escritos pelo próprio Jesuíno, intitulado “A pecuária no Brazil”.
Encerrou o primeiro mandato em 2006, dando continuidade à fase de alternância na direção do Instituto entre ele e seu antecessor, João Brasil Silvado, até o ano de 1909, quando Jesuíno assume e inicia seu último mandato de 11 anos como totalizando, completando 20 anos à frente da instituição.
Talvez Jesuíno continuasse na função por mais tempo caso não tivesse sido destituído dela no dia 16 de janeiro de 1920 por causas de denúncias de irregularidades e ilegalidades na gestão, como desvio de gêneros alimentícios, subsistência indevida a funcionários e pessoas estranhas ao estabelecimento que não tinham direito a essa regalia, a começar dele próprio. Em 1924, requereu na Justiça a anulação do ato de exoneração e o ressarcimento de todas as verbas trabalhistas devidas no período. Obteve ganho de causa, de acordo com o juiz que analisou o recurso, por não ter sido colhidas provas suficientes que comprovassem os atos ilícitos que constavam na peça de denúncia.
Em 1925, já perto de completar 80 anos, o velho diretor foi homenageado pela comunidade acadêmica do IBC com a aposição do seu retrato no salão de honra do Instituto, na galeria de ex-diretores.
Referências:
IRREGULARIDADES no Instituto Benjamin Constant. O Paiz, Rio de Janeiro, 17 jan. 1920. Disponível em: <http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=178691_05&pasta=ano%20192&pesq=%22As%20irregularidades%20no%20Instituto%20Benjamin%20Constant%22&pagfis=199>. Acesso em: 4 set. 2020.
RODRIGUES, Débora de Almeida. O processo de institucionalização do museu do Instituto Benjamin Constant: presenças e ausências. 2015. 247 f. Tese (Doutorado em Museologia e Patrimônio). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
PERINELLI NETO, Humberto. Nos quintais do Brasil: homens, pecuária, complexo cafeeiro e modernidade – Barretos (1854-1931). 2009. 463 f. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de História, Direito e Serviço Social da Unesp. Universidade Estadual Paulista, Franca.
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