Revista Brasileira para Cegos Ano LXXIV, n.o 540, janeiro/março de 2016 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Publicação Trimestral de Informação e Cultura Editada na Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação Impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1942 pelo Prof. José Espínola Veiga Av. Pasteur, 350/368 -- Urca Rio de Janeiro-RJ CEP: 22290-240 Tel.: (55) (21) 3478-4458 E-mail: ~,rbc@ibc.gov.br~, Site: ~,http:ÿÿwww.ibc.~ gov.br~, Livros Impressos em Braille: uma Questão de Direito Diretor-Geral do IBC João Ricardo Melo Figueiredo Comissão Editorial Daniele de Souza Pereira João Batista Alvarenga Leonardo Raja Gabaglia Raquel Chagas de Araújo Regina Célia Caropreso Revisão Paulo Felicíssimo Ferreira Colaboração Jade da Silva Maria Luzia do Livramento Distribuição gratuita de acordo com a Lei n.o 9.610 de 19/02/1998, art. 46, inciso I, alínea *d*. Arquivo da revista disponível para impressão em Braille: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ~ ?itemid=381~,

¨ I Sumário Editorial ::::::::::::::: 1 Brincadeira ::::::::::::: 4 Dom Pedro II e o telefone ::::::::::::::: 10 Berço da palavra :::::::: 13 Contra o racismo :::::::: 16 Pensamentos ::::::::::::: 20 No Mundo das Artes Carlos Drummond de Andrade ::::::::::::::: 21 Maravilhas do Mundo A história de Conservatória ::::::::: 26 Direitos de Todos :::::: 43 Nossa Casa ::::::::::::: 52 Vida e Saúde ::::::::::: 56

Culinária ::::::::::::::: 66 Humor ::::::::::::::::::: 70 Espaço do Leitor ::::::: 73 Editorial É inegável que as tecnologias digitais, sobretudo aquelas já submetidas ao crivo dos processos adaptativos, trouxeram novas e mais amplas perspectivas às pessoas com deficiência visual, abrindo-lhes, largamente, as portas de acesso à informação e ao conhecimento. Todavia, vários fatores, alguns dos quais resumimos abaixo, têm dificultado, ou mesmo impedido, o aproveitamento de tais ferramentas por considerável parcela das pessoas cegas e de baixa visão. Ei-los: 1º preços dos computadores e dos celulares com programas de voz bastante desproporcionais aos minguados salários da maioria; 2º desinteresse na aquisição de algum destes instrumentos comunicacionais, por desconhecimento da extensão de sua utilidade; 3º receio de incapacidade para lidar com eles; 4º falta de instrutores bem preparados e pacientes, comprometidos com a transmissão dos conteúdos básicos de cada dispositivo e jamais esquecidos das habilidades individuais no aprendizado de qualquer coisa. Diga-se, a propósito das considerações anteriores, não pretenderem elas sobrepor qualquer das tecnologias digitais adaptadas à escrita/leitura em relevo, pois estas não são excludentes, mas complementares, no processo de autonomia das pessoas cegas e de baixa visão. Na verdade, grandes estudiosos já demonstraram que, tal como sucede aos que leem pelo sistema comum, a leitura dos pontos Braille também le-

va a imagem de cada letra ao córtex visual do indivíduo cego, facilitando-lhe o aprendizado e a fixação da grafia de uma palavra e, por consequência, do sistema ortográfico de qualquer língua. No entanto, o alto custo das transcrições e a falta de espaço físico não nos permitem ter em casa sequer um bom dicionário em Braille. Ressalte-se, a partir daqui, a utilidade dos dispositivos adaptados em computadores e celulares, os quais, além de possibilitarem a comunicação escrita entre pessoas cegas e videntes, garantindo a privacidade de ambos, também podem armazenar em suas memórias, sem que requeiram espaço físico adicional, milhares de livros e/ou músicas, que podem ser ouvidos em qualquer lugar. Vocabulário Crivo: s. m. Exame ou apreciação minuciosa; prova. Minguados: adj. Muito pequenos. Excludentes: adj. Que ex- cluem. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Brincadeira Começou como uma brincadeira. Telefonou para um conhecido e disse: -- Eu sei de tudo. Depois de um silêncio, o outro disse: -- Como é que você soube? -- Não interessa. Sei de tudo. -- Me faz um favor. Não espalha. -- Vou pensar. -- Por amor de Deus. -- Está bem. Mas olhe lá, hein? Descobriu que tinha poder sobre as pessoas. -- Sei de tudo. -- Co-como? -- Sei de tudo. -- Tudo o quê? -- Você sabe. -- Mas é impossível. Como é que você descobriu? A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam em seguida: -- Alguém mais sabe? Outras se tornavam agressivas: -- Está bem, você sabe. E daí? -- Daí, nada. Só queria que você soubesse que eu sei. -- Se você contar para alguém, eu... -- Depende de você. -- De mim, como? -- Se você andar na linha, eu não conto. -- Certo.

Uma vez, parecia ter encontrado um inocente. -- Eu sei de tudo. -- Tudo o quê? -- Você sabe. -- Não sei. O que é que você sabe? -- Não se faça de inocente. -- Mas eu realmente não sei. -- Vem com essa. -- Você não sabe de nada. -- Ah, quer dizer que existe alguma coisa para saber, mas eu é que não sei o que é? -- Não existe nada. -- Olha que eu vou espalhar... -- Pode espalhar que é mentira. -- Como é que você sabe o que eu vou espalhar? -- Qualquer coisa que você espalhar será mentira. -- Está bem. Vou espalhar. Mas dali a pouco veio um telefonema.

-- Escute. Estive pensando melhor. Não espalha nada so- bre aquilo. -- Aquilo o quê? -- Você sabe. Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurrava: -- Você contou para alguém? -- Ainda não. -- Puxa. Obrigado. Com o tempo, ganhou uma reputação. Era de confiança. Um dia, foi procurado por um amigo com uma oferta de emprego. O salário era enorme. -- Por que eu? -- quis saber. -- A posição é de muita responsabilidade -- disse o amigo -- recomendei você. -- Por quê? -- Pela sua discrição. Subiu na vida. Dele se dizia que sabia tudo sobre todos

mas nunca abria a boca para falar de ninguém. Além de bem-informado, um *gentleman*. Até que recebeu um telefonema. Uma voz misteriosa que disse: -- Sei de tudo. -- Co-como? -- Sei de tudo. -- Tudo o quê? -- Você sabe. Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento repentino. Investigaram. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia remota. Os vizinhos contam que uma noite vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram na casa. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que a voz que mais se ouvia era a dele, gritando: -- Era brincadeira! Era brincadeira!

Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o conheciam não têm dúvidas sobre o motivo. Sabia demais. Fonte: VERISSIMO, Luis Fernando. *Comédias da vida privada*. Porto Alegre: L & PM, 1995. p. 189-91. Vocabulário Discrição: s. f. Qualidade de quem é discreto, de quem sabe guardar segredo. *Gentleman* (inglês): Homem de boa educação, de modos finos; perfeito cavalheiro. Remota: adj. Distante. ::::::::::::::::::::::::

Dom Pedro II e o telefone Quando o imperador salvou a carreira de Graham Bell É quase folclórica a história de como nosso bonachão imperador se aproximou do estande de Alexander Graham Bell, testou um aparelho e exclamou: "Meu Deus, isto fala!". Foi uma imensa mão para o inventor. Era a Exibição Internacional Centenária, na Filadélfia, em 1876, e o telefone estava concorrendo, entre outras invenções, com a lâmpada elétrica, um telégrafo musical, a máquina de escrever e o *ketchup Heinz*. Ninguém tinha ouvido falar de Bell, e seu estande acumulava poeira. Dom Pedro o cumprimentou efusivamente, em bom inglês. Dias antes, eles se haviam encontrado na universidade de Boston. O brasileiro teve a honra de ligar o motor a vapor, que provia a exposição de eletricidade, o que tirou Bell da sombra. Com a amizade, menos de um ano depois o Brasil se tornaria o segundo país do mundo a ter telefone, o primeiro ligando a residência imperial às dos ministros de Estado. O elegante aparelho do imperador, cuja réplica está no museu das telecomunicações do Rio de Janeiro, não era o único. Em 1878, não havia telefonista ainda, muito menos disco. As linhas eram instaladas de ponto a ponto, e um aparelho se comunicava apenas e diretamente com o outro. O imperador tinha um aparelho para cada ministro. O telefone tinha uma grande bateria para as ligações, mas não havia energia suficiente para a campainha -- daí a manivela conectada a um magneto, que

acionava o sino do outro lado. Esse aparelho primitivo já era uma grande evolução, comparado ao que Dom Pedro vira nos Estados Unidos. Os primeiros telefones comerciais, que não chegaram ao Brasil, eram uma caixa que servia tanto de fone quanto de microfone. O usuário gritava numa abertura e, depois, punha o ouvido nela, para ouvir a resposta. Também não tinha campainha -- o grito era o "toque de chamada". A central telefônica e as telefonistas chegariam em 1879, permitindo falar com mais de um aparelho. A ideia de passar o emprego às mulheres também havia surgido nos primeiros meses da telefonia -- telegrafistas homens, como experiência, foram contratados primeiro. Mas, como estavam acostumados a só se comunicar por escrito, eram demasiado

informais, usavam linguajar impróprio e faziam piadinhas. Fonte com alterações: *Revista Aventuras na História* -- n.o 147 -- outubro de 2015. :::::::::::::::::::::::: Berço da palavra Aviso aos navegantes Até alguns anos atrás, lá pela década de 1960, a Marinha ocupava um espaço num pro- grama radiofônico diário, então chamado "Hora do Brasil", hoje "Voz do Brasil", sob o título de "Aviso aos Navegantes". Nele se apresentavam as condições de navegação em águas brasileiras. Aliás, na época, o popular cantor Jorge Veiga se dirigia aos aviadores falando das condições meteorológicas. Entrava assim no ar, sem hora marcada: "Alô, alô, senhores aviadores que cruzam os céus do Brasil, aqui quem fala é Jorge Veiga, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Estações do interior, queiram dar seus prefixos para guia de nossas aeronaves", e seguia em seu benemérito serviço de utilidade pública. Voltemos ao "Aviso aos Navegantes". O locutor oficial comunicava aos ouvintes que o farol tal estava aceso ou apagado e dava informações destinadas à atualização de publicações náuticas brasileiras, segundo as Regras de Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar. A expressão virou filme em 1950, estrelado por Oscarito, Grande Otelo e Eliana, dirigido por Watson Macedo, com destaque para números musicais interpretados por Emilinha Borba, Ivon Cúri, Francisco Carlos (chamado de "Namoradinho do Brasil", veja você!), Ruy Rei e o pianista Bené Nunes. O filme, restaurado no ano 2000, foi a primeira chanchada a sair em DVD. Para os que já estão na quarta idade, vale a pena conhecer esse precioso exemplo de arqueologia cinematográfica... Fonte: ~,www.marciocotrim.~ com.br~, Vocabulário Arqueologia: s. f. Ciência que estuda a história da humanidade, os costumes e a cultura de povos antigos através de seus monumentos, documentos e de objetos encontrados em escavações. Benemérito: adj. Que merece honras; digno de louvor e homenagem. Chanchada: s. f. Filme cinematográfico ou televisivo de pouco ou nenhum valor, com predomínio da vulgaridade ou da pornografia. Condições meteorológicas: Condições do tempo (temperatura, umidade relativa do ar, vento e pressão atmosférica). :::::::::::::::::::::::: Contra o racismo Um gesto memorável nas olimpíadas do México Um protesto silencioso de dois atletas norte-americanos contra a discriminação racial nos Estados Unidos marcou os jogos Olímpicos da Cidade do México. Em 17 de outubro de 1968, Tommie Smith e John Carlos, respectivamente medalhistas de ouro e bronze nos 200 metros rasos, de luvas negras e punhos cerrados ao alto, permaneceram com as cabeças inclinadas durante a execução do hino nacional de seu país. O gesto remetia aos Panteras Negras, partido fundado em 1966 que defendia o armamento dos negros como forma de defesa, além de indenizações pelo período da escravidão. Colegas da equipe de atletismo na Universidade de São José, na Califórnia, Smith e Carlos cogitaram não participar dos jogos, por sugestão do amigo sociólogo Harry Edwards. O grupo de Edwards, batizado de Projeto Olímpico para os Direitos Humanos (OPHR, na sigla em inglês), ganhou o apoio de esportistas e líderes dos direitos civis, mas o boicote total não se materializou. Inspirados pelas palavras do sociólogo, porém, os corredores planejaram a manifestação. Na cerimônia, Smith ergueu o braço direito, para representar o poder negro nos EUA, enquanto Carlos levantou o esquerdo, simbolizando a unidade da raça. Ao lado dos colegas, o ganhador da prata, o australiano Peter Norman, solidarizou-se usando o símbolo OPHR em seu uniforme. Mas naquele conturbado final dos anos 1960, nem todos aprovaram o ato: os competidores foram vaiados e, em poucas horas, condenados pelo Comitê Olímpico Internacional -- que proíbe aos participantes dos jogos o uso de símbolos relacionados a qualquer facção ou movimento político. “Sabíamos que o que íamos fazer era muito maior do que qualquer façanha atlética”, disse Carlos em entrevista coletiva após a solenidade. Já Smith relatou o que sig- nificava, à época, fazer parte de uma equipe com atletas brancos. “Na pista você é Tommie Smith, o homem mais rápido do mundo. Mas nos vestiários você não é mais do que um negro sujo.” Fonte: *Revista Aventuras na História* -- n.o 126 -- janeiro de 2014. Vocabulário Cogitar: v. Considerar. Sociólogo: s. m. Aquele que se dedica ao estudo da Sociologia, ciência que tem por objeto a organização das sociedades humanas, seus padrões culturais, suas relações de produção e de consumo, suas instituições, seu dinamismo interno.

Conturbado: adj. Movimentado, agitado. Facção: s. f. Grupo de indivíduos partidários de uma mesma causa em oposição à de outros grupos. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Pensamentos “O que transforma qualquer ato em algo extraordinário é o fato de fazermos aquilo com o coração, e o que transforma qualquer vida numa existência extraordinária é o fato de ser vivida com amor." Mark Sanborn (1976) "Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que deixei de lutar." Desconhecido "Se você for paciente em um momento de raiva, irá escapar de cem anos de arrependimento." Provérbio Chinês

"Quanto mais suor derramado em treinamento, menos sangue será derramado em batalha." Dale Carnegie (1888-1955) õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo No Mundo das Artes Carlos Drummond de Andrade Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 1902. Após estudos em sua terra natal e Belo Horizonte, foi interno no Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, em 1918. No ano seguinte, foi expulso devido a um incidente com o professor de português. Em Itabira, apesar de formado em farmácia, vivia das aulas de português e geografia. Tornou-se funcionário público em 1929, e, em 1934, o cargo que iria ocupar no Ministério da Educação obrigou-o a transferir-se para o Rio de Janeiro. Em 1945, foi coeditor do jornal comunista *Tribuna Popular*, a convite de Luís Carlos Prestes. A partir da década de 50, dedicou-se apenas à literatura, escrevendo novos livros de poesias e contos. Além de intensificar a produção de crônicas, fez também traduções. Carlos Drummond morreu no Rio de Janeiro em 1987. Fonte: ~,http:ÿÿwww.nilc.~ icmc.usp.brÿnilcÿ~ literaturaÿ~ carlosdrummonddeandrade.~ htm~, Mãos dadas Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considere a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história. Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela. Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida. Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente. Fonte: ~,http:ÿÿwww.~ jornaldepoesia.jor.brÿ~ drumm#c.html~, Vocabulário Serafins: s. m. pl. Para os cristãos, anjos da mais alta hierarquia. Taciturnos: adj. Tristes. Poesia Gastei uma hora pensando em um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira. Fonte: ~,http:ÿÿnoticias.~ universia.com.brÿdestaqueÿ~ especialÿ2011ÿ10ÿ31ÿ~ 883898ÿ20-poemas-carlos-~ drummond-andrade.html~,

A Incapacidade de Ser Verdadeiro Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois Dragões da Independência (**) cuspindo fogo e lendo fotonovelas. A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas :::::::::::::::::::::::::::::: (**) Soldados que acompanhavam Dom Pedro I no momento do Grito da Independência. da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça: -- Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia. Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. et al. *Deixa que eu conto*. [S.l.]: Ática, 2002. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Maravilhas do Mundo A história de Conservatória Conservatória cresceu e prosperou durante o ciclo do café da economia brasileira, a partir do século XIX. A cidade, hoje Distrito do Município de Valença no Estado do Rio de Janeiro, foi um importante elo na produção e circulação do produto, abrigando mais de 100 fazendas, que plantavam o café e o escoavam pelo antigo caminho ferroviário vindo das Minas Gerais e ia para a Corte, no Rio de Janeiro, de onde seguia para o porto e outras cidades do país. O primeiro registro da localidade data do final do século XVIII, a partir de um relato de 1789, em que Conservatória era reserva dos índios Araris, "elegantes e desembaraçados", segundo o naturista Saint Adolph, um dos primeiros historiadores a registrar o fato. Diversas histórias justificam a origem do nome, sendo que a mais corriqueira diz que o lugar era conhecido como "Conservatório dos índios", de excelente clima e protegido por montanhas, onde os Araris se recolhiam para se recuperar de doenças que dizimavam as tribos e resolveram se instalar definitivamente. Em 1826, existiam cerca de 1.400 índios aldeados na reserva, vivendo felizes no lugar onde seriam exterminados pelos desbravadores colonialistas. Vestígios dos Araris, como artefatos em cerâmica e algumas ossadas, já foram encontrados em escavações feitas em diversos locais da região. Com a colonização, o povoado ganhou inicialmente o nome de Santo Antônio do Rio Bonito, em homenagem ao pa- droeiro da cidade e ao rio que atravessa a região. Mas a tradição dos índios falou mais alto, e o nome Conservatória ficou marcado para sempre. A prosperidade e riqueza vieram com a expansão da cultura do café, que utilizou largamente o trabalho escravo. As centenárias construções da vila, em estilo colonial, algumas do século XVIII, até hoje preservadas, evidenciam sua origem e outras, inclusive, ainda ostentam telhas de época, feitas nas coxas dos escravos. As ruas principais mantêm as pedras de pé de moleque originais da construção. O estilo colonial inspirou vários romances famosos, alguns transformados em novelas, como: “Escrava Isaura”, “O Feijão e o Sonho”, “Sinhazinha Flô”, “Cabocla”, “Aquarela do Brasil”, entre outros. O braço escravo também está presente em outros monumentos da cidade, como a Ponte dos Arcos -- construída para dar passagem a um dos trechos da antiga Rede Mineira de Viação, Conservatória-Santa Isabel do Rio Preto (e daí até Santa Rita do Jacutinga, em Minas Gerais) --, exemplo histórico da engenharia da época, com traços perfeitos e utilização de óleo de baleia nas ligas das pedras. Ou “O Túnel Que Chora”, com 100 m de extensão, cavado na pedra bruta à mão pelos escravos, por onde trafegava a Maria-Fumaça, assim conhecido por conta das gotas vindas da nascente sobre ele e em função de uma das canções de amor por Conservatória, com- posta pelo seresteiro José Borges de Freitas ("...dizem que é de saudade que o túnel vive chorando..."). O fim do ciclo do café resultou na decadência da agricultura na região, e muitas das centenárias fazendas foram abandonadas. Algumas estão preservadas, inclusive mantendo uma pequena produção de café; outras mudaram sua atividade produtiva, e hoje desenvolvem a pecuária leiteira. Mas a beleza do lugar, sua deslumbrante paisagem, composta por vales e cachoeiras, as relíquias históricas preservadas no tempo e a tradição das serenatas abriram outros caminhos de sucesso para Conservatória. Um dos símbolos da história do lugar, a antiga Maria-Fumaça, da Rede Mineira de Viação, que puxava os vagões de passageiros e também o trem com a produção de café, hoje estacionada em frente à antiga Estação Ferroviária de Conservatória, atual rodoviária, está localizada na entrada da cidade. A linha ferroviária e a estação, inauguradas por Dom Pedro II em 21 de novembro de 1883, foram extintas após a instalação da indústria automobilística no Brasil e da política de construção de rodovias para privilegiar o transporte rodoviário de cargas, nos anos 60. Por aquela ferrovia, o vilarejo se interligava ao Rio e Minas, partindo de Barra do Piraí -- município do qual Conservatória foi distrito de 1943 a 1948, quando passou a pertencer a Valença -- chegando até Baependi, após Santa Rita do Jacutinga, em Minas. Outro ponto procurado por turistas e frequentado por moradores, antes da estrada que leva a Valença, conhecido como “Cachoeira da Índia”, por ter no meio do lago formado pela cachoeira uma escultura em bronze, que evoca uma mistura de índia com sereia, é o balneário municipal João Raposo. Alguns quilômetros no sentido de Valença fica “O Ronco d'Água”, ponto turístico com quedas de água, que descem por uma encosta artificial, formando uma escadaria e fazendo com que seu barulho

seja ouvido a quilômetros de distância. Com o fim da ferrovia, Conservatória ficou isolada dos grandes centros. O acesso precário, por Barra do Piraí, Santa Isabel, Valença ou São José do Turvo, era de 30 quilômetros por estradas de terra, muitas vezes interditadas na época das chuvas. Nem mesmo essas dificuldades, no entanto, afastaram os amantes das serestas e da cidade, que permaneceram fiéis à tradição, frequentando e divulgando o lugar. Nos anos 80, teve início a pavimentação do trecho ligando Barra do Piraí à Ipiabas, facilitando o trajeto até a cidade. Em 1998, finalmente, foi inaugurada a pavimentação por asfalto do trecho de 15 km entre Ipiabas e Conservatória, reforçando o desenvolvimento turístico da cidade e abrindo novas perspectivas econômicas para a região. Além das atividades econômicas ligadas à pecuária e ao turismo, Conservatória é conhecida, sobretudo, por suas manifestações musicais e de artesanato, produzidas por seus moradores. Mas o que melhor caracteriza Conservatória, nesse aspecto, talvez seja a transfiguração de comerciantes, fazendeiros, peões, colonos em cantadores e violeiros, que se juntam em festa seresteira com os de outras localidades, tornando a pequena Conservatória palco importante de expressão musical. Conservatória e a serenata A história conta que, no período de 1860 a 1880, com o desenvolvimento de Conservatória, devido às grandes lavouras de café e ao escoamento das produções de Minas Gerais, a influência da Corte trouxe para a vila alguns professores de música, principalmente de piano e violino, instrumentos que a alta sociedade desfrutava àquela época. Os artistas da Corte vinham periodicamente a Conservatória fazer saraus, quando alegravam as famílias dos nobres que habitavam aquelas paragens. Esses artistas, em noites enluaradas, reuniam-se nos bancos da Praça da Matriz, ao lado do poste de luz e do chafariz, fazendo uma verdadeira serenata aos fazendeiros, barões e suas famílias, e o povo se postava à distância assistindo e aplaudindo. De 1880 a 1890, havia os tropeiros, que traziam as cargas de café de Minas Gerais e cantavam suas modinhas acompanhados de violas e violões. Segundo o saudoso Paulo Tapajós -- grande compositor, cantor e seresteiro -- os membros da alta sociedade criaram a Moda, um misto de música clássica, do fado português e da música crioula. Assim, o povo de classe mais pobre criou a Modinha, que ficou sendo a música do povão, tornando-se estilo da música brasileira. No período de 1890 a 1900, a música popular brasileira era cantada e divulgada em todo o país, havendo algumas, até mesmo de autores desconhecidos, que se tornaram de domínio público, como é o caso de “Casinha Pequenina”, destaque nas serenatas de Conservatória. De 1900 a 1910 -- início do novo século --, começaram as primeiras serenatas de rua em Conservatória, principalmente em frente ao Casarão, que pertenceu ao rico proprietário João Ribeiro de Carvalho e atualmente foi cedido para a instalação da Casa de Cultura. De 1910 a 1920, os seresteiros foram aparecendo, e as serenatas repercutiam entre o povo conservatoriense. As serenatas se incorporaram aos costumes do lugar. Novos seresteiros desfilavam pelas ruas até alta madrugada cantando canções sentimentais em frente às janelas das casas coloniais, em homenagem às pessoas queridas ou namoradas. De 1920 a 1930, a serenata se tornou popular. Já havia os seresteiros tradicionais: Cândido Barra, Florêncio, José Miguel (Indiça) e outros. Naquela época houve um fato pitoresco que ficou na história das serenatas de Conservatória. O fazendeiro Antônio Castelo Branco colocou um piano num pequeno caminhão e fez serenata para senhorita Lindóca, em frente a sua casa, na rua Direita, atual Luiz de Almeida Pinto. Esta serenata, ao som do piano, acordou toda a rua e foi comentada por muito tempo. Em 1938 aconteceu a chegada de dois jovens estudantes do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, José Borges de Freitas Netto e Joubert Cortines de Freitas, que começaram a frequentar Conservatória em suas férias. Chegaram de calças curtas, cheios de ilusões e energia. Começaram a viver e sentir tudo que aqui existia e, sem planejar coisa alguma, conseguiram, de maneira espontânea e simples, eternizar as canções cantadas nas serenatas e cultivar o amor. Hoje Conservatória é o que é graças a eles e aos seresteiros que compreendem e levam para as ruas esse amor que não tem limites.

É uma constante a harmonia e o lirismo que acontecem nas vielas sonoras de Conservatória. Na década de 70 surgiu o projeto das plaquinhas de metal colocadas nas esquinas, das quais constavam, além do nome da música, o do compositor. O intuito era imortalizá-lo. Era o início do projeto "Em cada Esquina uma Canção" (frase criada para sentir a opinião da população local com relação às plaquinhas), idealizado pelos irmãos Freitas. Os moradores se interessaram e quiseram uma plaquinha com o nome de sua música preferida fixada em suas residências. E cada vez mais, num crescente constante, Conservatória passou a respirar música, amor e poesia, tornando-se a "Vila das Ruas Sonoras", e o projeto inicial

tornou-se "Em toda Casa uma Canção". O substancial número de turistas todos os finais de semana provocou modificações na serenata, que evoluiu do canto à janela da amada, no silêncio da madrugada, até a emocionante confraternização musical que acontece atualmente, pelas ruas do centro urbano, nas noites de sextas e sábados e, mais recentemente, nas manhãs de domingo. Fiéis à tradição, os "cantadores" e "violeiros" apresentam-se sem qualquer ajuda de equipamento eletrônico, contando exclusivamente com a participação dos visitantes, para acompanhar na cantoria, ou para fazer silêncio, de forma que todos possam ouvir. Ao visitar Conservatória, descobre-se a diferença entre seresta e serenata: a primeira refere-se ao canto em ambiente fechado; a segunda, ao canto sob o sereno, à luz das estrelas e do luar. É a serenata que diferencia Conservatória de qualquer outro lugar do país. No entanto, divulgações equivocadas referem-se a Conservatória como "Cidade das Serestas" quando o mais correto seria "Cidade das Serestas e Serenatas", ou simplesmente "Capital da Serenata", no dizer do jornalista Gianni Carta, em publicação na Inglaterra. Fonte com alterações: ~,http:ÿÿwww.conservatoria.~ tur.br~, Vocabulário Desfrutar: v. Apreciar, deliciar-se com. Dizimar: v. Exterminar. Escoar: v. Levar produtos comerciais ao mercado consumidor. Evocar: v. Lembrar. Intuito: s. m. Intenção, objetivo. Lirismo: s. m. Maneira apaixonada e poética de sentir e viver. Paragens: s. f. Lugares. Pitoresco: adj. Inusitado; engraçado; curioso. Precário: adj. Ruim; em má condição. Repercutir: v. Ecoar; refletir. Saraus: s. m. pl. Reuniões noturnas, de caráter musical ou literário. Substancial: adj. Considerável; grande. Transfiguração: s. f. Transformação. Tropeiros: s. m. Aqueles que conduzem tropas de animais. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Direitos de Todos Testamento P: O que é o testamento? R: O testamento é uma declaração unilateral, que representa a manifestação de última vontade do testador, através do qual este estabelecerá o destino dos bens do seu patrimônio, designará seus herdeiros testamentários e legatários, sem necessidade de mencionar aqueles que, por previsão da lei, já são herdeiros necessários (ascendentes, descendentes e cônjuge), com efeitos produzidos após o seu falecimento. P: O testamento pode ser utilizado para disposições não patrimoniais? R: Sim. É possível fazer através de testamento o reconhecimento de um filho, a instituição de uma fundação, o reconhecimento da existência de uma união estável, a emancipação de um filho com 16 anos, etc. P: Quais são os tipos de testamento? R: O Código Civil Brasileiro apresenta três tipos de testamentos ordinários, que são: Testamento Público: Aquele escrito por Tabelião de Notas em seu livro, na presença do testador, de acordo com as declarações feitas por este, de viva voz e na língua nacional, perante duas testemunhas, as quais não podem ser parentes do testador nem do beneficiário. Esta é a forma mais segura de testamento, porque, além de ficar arquivado no livro do tabelião, tam- bém passa a constar do Ofício de Registro de Distribuição local. O testador fica completamente protegido e tem segurança de que a sua vontade

será realmente cumprida após a sua morte. Testamento Particular: Elaborado pelo próprio testador ou por terceiros a seu pedido, sem a intervenção do Tabelião, sendo necessário que seja lido e assinado na presença de três testemunhas para a sua validade. A grande desvantagem é sua fragilidade, uma vez que pode conter irregularidades que o tornem nulo, ser extraviado ou destruído ou sequer ser mencionado no inventário, não gerando os efeitos pretendidos pelo testador. Testamento Cerrado: Documento também escrito pelo testador, ou por alguém a seu rogo, e só tem eficácia após o auto de aprovação lavrado pelo tabelião, na presença de duas testemunhas. O tabelião não tem acesso ao conteúdo, tam- pouco arquiva cópia do testamento, apenas lavra o auto

de aprovação, lacra e costura o instrumento. Este testamento apresenta o inconveniente de ser reputado inválido se apresentado em juízo com o lacre rompido, além de poder ser extraviado ou desaparecer pela ação dolosa de algum herdeiro, pois não fica arquivado nos livros do tabelião, mesmo constando do Ofício de Registro de Distribuição local o procedimento de abertura, de registro e de cumprimento do testamento cerrado (vide art. 1.125 do Código de Processo Civil). P: O que é preciso para se fazer um testamento? R: A parte interessada deverá comparecer ao Cartório e preencher o formulário no qual constam as informações necessárias à elaboração do Testamento. Após o preenchimento e a entrega deste, o solicitante marca o agendamento, com o funcionário do Cartório, para a leitura do Testamento. No dia e hora marcados, deverá a parte interessada comparecer ao Cartório, com duas testemunhas, que não sejam parentes do testador ou dos beneficiários do Testamento (vide art. 228, inciso IV, e arts. 1.801 e 1.802 do Código Civil), todos munidos de suas identidades e de seus CPF~s originais, bem como das informações completas dos herdeiros e dos bens dos quais pretende dispor para que, enfim, seja o Testamento lido e assinado na presença do Tabelião (art. 1.864 do Código Civil). P: Quem pode fazer um testamento? R: Qualquer pessoa, maior de 16 anos, que esteja em plena capacidade e em condições de expressar a sua vontade, pode fazer um testamento público. P: O testamento pode ser modificado ou revogado? R: Sim. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado ou simplesmente revogado, a qualquer tempo e quantas vezes forem necessárias. Somente a cláusula de reconhecimento de filho em testamento é irrevogável. P: Uma pessoa pode, em testamento, deixar todos os seus bens para outra pessoa? R: Sim, desde que o testador não tenha herdeiros necessários, ou seja, descenden- tes (filhos, netos, bisnetos...), ascendentes (pai e mãe) e cônjuge. Caso os tenha, o testador somente poderá dispor de metade dos seus bens. P: O testador pode estipular quais os bens que seus herdeiros irão receber? R: Sim, desde que nenhum herdeiro receba menos do que

tem direito por força da sucessão legítima. P: De acordo com o Código Civil de 2002, a pessoa que é casada pelo regime de separação de bens (separação obrigatória e com pacto antenupcial) é considerada herdeira necessária? R: Independentemente do regime de bens, o cônjuge, nos termos do art. 1.845, do Código Civil de 2002, passou à condição de herdeiro necessário. O regime de bens somente terá relevância quando se tratar de sucessão onde haja concorrência de descendente com o cônjuge. P: É necessária a comprovação da propriedade dos bens imóveis que serão objeto do Testamento? R: Não. O Testamento é realizado com base na simples declaração do testador. A comprovação somente será obrigatória, quando já falecido o testador, no seu respectivo inventário. P: O inventário dos bens do falecido que deixou testamento pode ser feito pela via extrajudicial? R: Não. Se existir testamento, o inventário será necessariamente judicial. Fonte: ~,http:ÿÿwww.~ cartorio#ae.com.brÿ~ conteudoÿtestamento-e-~ planejamento-sucessorioÿ~, Vocabulário Ação dolosa: s. f. Ato consciente para obtenção de resultado criminoso; má-fé. Extraviado: adj. Perdido. Inventário: s. m. Relação dos bens deixados por alguém falecido. Lavrado: adj. Registrado em cartório pelo tabelião.

Legatário: s. m. Aquele a quem, embora não sendo herdeiro legal, o testador haja deixado algum bem (legado). Pacto antenupcial: Contrato celebrado entre os noivos sobre a divisão futura de seus bens, válido apenas se registrado em cartório, com escritura pública, desde que o casamento se realize. Patrimônio: s. m. Conjunto dos bens de uma família. Reputado: adj. Considerado; julgado. Revogado: adj. Tornado sem efeito. Rogo: s. m. Pedido. Tabelião: s. m. Escrivão público que reconhece assinaturas, autentica documentos, faz escrituras, etc. Testador: s. m. Aquele que faz um testamento; testante. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Nossa Casa Sal é muito mais do que tempero Limpar manchas de vinho, tirar marcas da madeira e manter o tom de roupas coloridas são alguns de seus poderes Este ingrediente barato, mas indispensável na cozinha, também é um grande aliado em diversas tarefas da sua casa. Leia a seguir alguns exemplos que farão você ver o sal de uma forma completamente nova. õo Para eliminar o mau cheiro das mãos -- Cortar alho e cebola é fatal: as mãos ficam com um cheiro forte por bastante tempo. Na próxima vez, tente esfregar os dedos com sal para se livrar do odor. Apenas tome cuidado para não fazer isso se a sua

mão estiver com algum corte ou machucado. õo Para retirar a gordura das panelas -- Espalhe um pouco de sal na panela de ferro e deixe descansar por alguns minutos. Depois, é só usar um papel toalha para retirar o excesso e prosseguir com a lavagem normalmente. õo Para limpar manchas de vinho -- Retire o máximo de líquido possível do tecido onde o vinho foi derramado. Aplique o sal na mancha e espere cerca de 15 minutos. O sal ganhará uma cor rosa, porque absorveu a bebida. Termine de limpar o local com uma solução de vinagre e água, com a mesma medida para os dois. õo Para espantar formigas -- É só espalhar um pouco de sal em alguns cantos da casa para evitar a visita indese-

jada das formigas. Use em janelas e armários por exemplo. õo Para a limpeza -- Renove o brilho de peças feitas de materiais como bronze, prata, cobre e estanho, fazen- do uma mistura, em partes iguais, de sal, farinha de trigo e vinagre. Aplique na peça e espere alguns minutos. Logo após, remova a mistura usando uma escova macia e depois use um pano seco para finalizar. õo Para lavar roupas -- Peças coloridas e pretas acabam desbotando após muitas lavagens. Acabe com isso misturando uma colher de sopa de sal para cada 10 li- tros de água na hora de lavar esse tipo de roupa. õo Odor ruim -- Para acabar com este problema em potinhos ou garrafas de plástico e térmicas, coloque uma co-

lher de sal dentro do recipiente e aguarde alguns minutos. Em seguida lave o item normalmente com água e sabão. Na limpeza da geladeira, misture uma colher de sopa de sal e uma de bicarbonato de sódio com um litro de água. Essa solução ajudará a retirar o odor forte. õo Para acabar com manchas -- Retire as manchas de copo na madeira misturando duas medidas de óleo de cozinha para uma de sal. Crie uma pasta com esses ingredientes e aplique no local em que a mancha foi criada. Em seguida, limpe o móvel com um pano bem seco. Já para eliminar aquelas de mofo em tecidos, faça uma mistura com partes iguais de sal e suco de limão. Aplique essa pasta sobre o mofo e deixe o

tecido secar ao sol. Depois é só lavar a peça normalmente. Fonte: Adaptação do *Jornal Extra*, de 16 de fevereiro de 2016. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Vida e Saúde Mastigar devagar ajuda na digestão dos alimentos e até emagrece Você costuma comer hambúrguer, cachorro-quente e salgados? O problema desses alimentos não é apenas o excesso de calorias e gordura, mas também o fato de serem ingeridos na pressa, muitas vezes em pé ou até mesmo no carro. E o modo como se come pode ser tão prejudicial para a saúde quanto o que se come, alertam especialistas.

Comer sem pressa, sentado, aproveitando o momento, faz uma grande diferença para o organismo. Apesar de ser difícil fazer uma pausa na correria do dia a dia, se você se permitir ao menos uma hora de sossego no almoço, isso já faz maravilhas para desestressar e recarregar as energias. Sem contar que, quando se come sem pressa, é possível saborear e aproveitar melhor os alimentos. E não é só: comer lentamente também pode ajudar até mesmo a emagrecer. Em todo o processo da alimentação, a mastigação tem um papel crucial. "A digestão se inicia na boca, onde os alimentos são misturados a enzimas presentes na saliva. A mastigação, a sensação do sabor dos alimentos, tem papel na saciedade e participa da regulação do apetite, porque existem conexões neurais entre os receptores de sabor presentes na língua e no tubo digestivo e as regiões que regulam o equilíbrio energético (calórico) no cérebro", explica Márcio Mancini, chefe do grupo de obesidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). Pressa e estresse Se muitas vezes nem prestamos atenção no que estamos engolindo, quanto mais em como degustar os alimentos. A mastigação torna-se automática, acelerada, sem que se percebam os sabores e as texturas dos alimentos e se aproveitem todos os seus benefícios. Para promover uma absorção de nu- trientes de forma satisfatória, é preciso auxiliar o tubo digestivo a produzir mais enzimas e movimentos intensos. Isso se faz com mastigação adequada e longa, sem contar que a pressa contribui para o estresse como um todo. "Comer apressadamente favorece a má digestão, o empachamento gástrico (barriga estufada) e, principalmente, aumenta o estresse do organismo -- ou seja, é um tipo de agressão física e psicossocial ao organismo humano", afirma Durval Ribas Filho, médico, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). A mastigação correta beneficia o tônus muscular da boca e da língua e a saúde dos dentes, evitando alterações nas arcadas dentárias. "Já a inadequada pode levar a uma série de problemas no aparelho digestivo, como gastrites, dispepsias, úlceras, duodenites e doenças de refluxo, isso porque, quando engolimos pedaços grandes e mal mastigados de comida, o estômago tem que fazer um maior esforço para triturá-los e digeri-los”, alerta Ribas Filho. Mastigando para emagrecer Mastigar adequadamente é também um grande aliado para a perda de peso. Um dos principais motivos é: quando se come lentamente, come-se menos. A explicação para isso é que mastigar várias vezes e em ritmo lento contribui para saciar o organismo com ingestão de uma quantidade menor de comida. A mastigação lenta proporciona uma comunicação efetiva entre estômago e cérebro, fazendo com que haja maior liberação de hormônios de saciedade e aumentando a percepção de quando se está realmente satisfeito. Com isso, há uma menor ingestão de alimentos

durante a refeição e, consequentemente, o controle do peso. "Quanto mais tempo (...) o alimento ficar na cavidade oral é melhor, porque a movimentação dos músculos envolvidos no processo de mastigação é o início da sinalização aos núcleos hipotalâmicos para a saciedade", explica Ribas Filho. "O nosso organismo leva cerca de 15 a 20 minutos para avisar ao cérebro que está saciado", aponta Bruna Chagas Petrungaro, nutricionista do Centro Estético Naka. Ao comer muito rápido, mastigando pouco e engolindo o alimento mal triturado, o ponto de saciedade se dará de modo errado. O estômago fica dilatado e com sobrecarga de comida, além do fato de que a quantidade de calorias consumidas se torna muito maior do que a necessária. Uma boa dica é iniciar-se a refeição com um prato de salada e mastigar lentamente as verduras e legumes, dando tempo para que a mensagem de saciedade chegue ao cérebro e reduza a chance de repetir o prato quente", afirma a nutricionista. Quantidade {" qualidade A recomendação dos especialistas é que cada porção de alimento seja mastigada de 30 a 50 vezes, dependendo de sua consistência. "No caso de alimentos muito sólidos, principalmente carnes bovinas, o ideal é mastigar pelo menos 30 vezes antes de engolir", diz Petrungaro. Além da quantidade de dentadas, o modo como se mastiga também contribui para uma melhor digestão e para aplacar ou fomentar o apetite. Segundo a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, o padrão ideal de mastigação é usar os dois lados da boca, de forma simultânea ou alternada, com movimentos verticais e de rotação da mandíbula. Para quem tem dificuldade de comer devagar, uma boa dica é colocar o garfo e a faca no prato. Essa atitude simples obriga a que se faça uma pausa entre cada bocado mastigado e engolido, desacelerando o ritmo da mastigação. Também ajuda bastante escolher um local tranquilo e não fazer ou- tras atividades durante a refeição (como assistir à televisão, usar o celular ou acessar a internet). Quando se presta atenção ao que se está comendo, é possível saborear melhor os alimentos, comer mais devagar e aproveitar o momento, tornando-o, além de mais saudável, mais prazeroso. Sólidos e líquidos Para facilitar a digestão, o excesso de líquidos, durante as refeições antes e depois delas, é contraindicado, porque se encher de bebidas nestas horas acaba diluindo o suco gástrico, dificultando a digestão. Além disso, beber "ajuda a comida a descer", o que inibe o tão precioso ritual da mastigação. O ideal é que, durante a refeição, assim como 20 minutos antes e 40 minutos depois, não seja ingerido mais do que meio copo de líquido para não atrapalhar o processo. "Além de atrapalhar a digestão, o excesso de bebida no almoço ou jantar pode aumentar o volume do estômago, fazendo com que a pessoa consuma uma

maior quantidade de alimentos", explica Petrungaro. Fonte com alterações: ~,http:ÿÿnoticias.uol.com.~ brÿsaudeÿultimas-noticiasÿ~ redacaoÿ2012ÿ11ÿ19ÿ~ mastigar-devagar-nao-so-~ ajuda-na-digestao-dos-~ alimentos-como-ate-~ emagrece.htm~, Vocabulário Agressão psicossocial: Aquela que atinge os aspectos psicológicos e sociais de um indivíduo. Aplacar: v. Diminuir. Crucial: adj. Muito importante; fundamental. Dispepsia: s. f. Sensação de desconforto digestivo após as refeições; má digestão. Duodenite: s. f. Inflamação do duodeno, a primeira porção do intestino delgado. Fomentar: v. Estimular. Núcleos hipotalâmicos: Localizam-se na base do cérebro, onde se encontram numerosos centros do sistema nervoso simpático e parassimpático, reguladores do sono, do apetite, da temperatura corporal, etc. Refluxo: s. m. Porção de alimento que retorna do estômago para o esôfago; regurgitação. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Culinária Batata rosti nutritiva de agrião e cebola Ingredientes: 4 batatas grandes; 1 xícara de chá de agrião (só as folhas); 1 cebola roxa pequena; 1 colher e meia de sopa de azeite; 1 pitada de noz-moscada ralada na hora; sal a gosto. Modo de preparo: Cozinhe as batatas por 15 minutos. Retire-as, deixe esfriar, descasque, passe no lado grosso do ralador e as tempere com noz-moscada. Reserve. Pique o agrião e a cebola. Numa frigideira antiaderente, refogue a cebola com azeite em fogo médio. Acrescente o agri- ão, tempere com sal, misture bem e reserve. Leve outra frigideira antiaderente ao fogo médio por 1 minuto. Coloque 1 colher de sopa de azeite e espalhe metade da batata ralada. Acrescente o agrião e a cebola e cubra com a outra metade da batata ralada. Regue com o restante do azeite e deixe fritar por 10 minutos ou até que embaixo se forme uma casquinha dourada. Para virar a batata, transfira-a com uma espátula para um prato. Coloque a frigideira de cabeça para baixo sobre ele, segure os dois juntos com um pano e vire. Leve a frigideira de volta ao fogo baixo e deixe o outro lado da batata dourar por mais 15 minutos. Passe a rosti para uma travessa e corte-a em quantas porções desejar. Fonte: *Revista Assist* -- ano 15 -- edição 75. Vocabulário Batata rosti: Tradicional prato da região do Cantão, de Berna, parte alemã da Suíça. Filé de tilápia com batata-doce Ingredientes: 600 g de filé de tilápia; 1 kg de batata-doce; 1 pimentão amarelo picado; 1 pimentão vermelho picado; 1 pimentão verde picado; 3 dentes de alho picados; 200 g de requeijão cremoso; 100 g de queijo parmesão ralado; 1 colher de sopa de molho *shoyu*; sal e azeite a gosto. Modo de preparo: Cozinhe as batatas-doces e amasse-as até formar um purê, adicione o requeijão e reserve. Tempere o filé de tilápia com alho, sal e molho *shoyu*. Leve ao forno por 10 minutos. Depois de pronto, salpique os pimentões por cima do filé de tilápia e regue com o azeite. Faça uma camada do purê de batata-doce e finalize com o queijo parmesão ralado por cima. Leve ao forno por 15 minutos. Rendimento: 4 porções. Vocabulário Tilápia: s. f. Nome de um peixe de água doce. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Humor O príncipe desencantado O primeiro beijo foi dado por um príncipe numa princesa que estava dormindo encantada há cem anos. Assim que foi beijada, ela acordou e começou a falar: -- Muito obrigada, querido príncipe. Você por acaso é solteiro? -- Sim, minha querida princesa. -- Então, nós temos que nos casar, já! Você me beijou, e foi na boca, afinal de contas não fica bem, não é mesmo? -- É..., querida princesa. -- Você tem um castelo, é claro! -- Tenho..., princesa. -- E quantos quartos tem o seu castelo, posso saber? -- Trinta e seis. -- Só?! Pequeno, hein! Mas não faz mal, depois a gente faz umas reformas... Deixa eu pensar em quantas amas eu vou ter que contratar... Umas quarenta, eu acho que dá! -- Tantas assim?! -- Ora, meu caro, você não espera que eu vá gastar as minhas unhas varrendo, lavando e passando, não é? -- Mas quarenta amas?! -- Ah, eu não quero saber! Eu não pedi para ninguém vir aqui me beijar! E já vou avisando: quero umas roupas novas! As minhas devem estar fora de moda; afinal, passaram-se cem anos, não é mesmo? E quero uma carruagem de marfim, sapatinhos de cristal e... e... joias, é claro! Eu quero anéis, pulseiras, colares, tiaras, coroas, cetros, pedras preciosas, semipreciosas, pepitas de ouro e discos de platina!

-- Mas eu não sou o rei das Arábias, sou apenas um príncipe!! -- Não me venha com desculpas esfarrapadas! Eu estava aqui dormindo, você veio e me beijou. E agora vai querer que eu ande por aí como uma gata borralheira?! Não, não, não! E outra vez não! E mais uma vez não! Tanto a princesa falou que o príncipe se arrependeu de ter ido até lá e tê-la beijado. Então teve uma ideia: Esperou a princesa ficar distraída, se jogou sobre ela e deu outro beijo, bem forte! A princesa caiu imediatamente em sono profundo, e dizem que até hoje está lá, adormecida. Parece que a notícia se espalhou, e os príncipes passam correndo pela frente do caste-

lo onde ela dorme, assobiando e olhando para o outro lado. Fonte: ~,http:ÿÿjoselitopedagogo.~ blogspot.com.brÿ2012ÿ05ÿ~ o-principe-desencantado-o-~ primeiro.html~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Espaço do Leitor Leitor amigo, este espaço é exclusivamente seu. Participe enviando suas criações (crônicas, pequenos contos, poesias, cantigas, curiosidades de sua região e dicas de temas a serem abordados pela sua revista). õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra

Transcrição: Lidiane Jansen Gomes Revisão Braille: João Batista Alvarenga e Elvis Filgueiras