Revista Brasileira para Cegos Ano LXXIII, n.o 538, julho/setembro de 2015 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Publicação Trimestral de Informação e Cultura Editada na Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação Impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1942 pelo Prof. José Espínola Veiga Av. Pasteur, 350/368 -- Urca Rio de Janeiro-RJ CEP: 22290-240 Tel.: (55) (21) 3478-4458 E-mail: ~,rbc@ibc.gov.br~, Site: ~,http:ÿÿwww.ibc.~ gov.br~, Livros Impressos em Braille: uma Questão de Direito Diretor-Geral do IBC João Ricardo Melo Figueiredo Comissão Editorial Ana Paula Pacheco da Silva Daniele de Souza Pereira João Batista Alvarenga Leonardo Raja Gabaglia Regina Célia Caropreso Revisão Karine Vieira Pereira Paulo Felicíssimo Ferreira Colaboração Larissa Lima Barcellos Maria Luzia do Livramento Marlene Maria da Cunha Sabrine Tonasso Assis Transcrição conforme as Normas Técnicas para a Produção de Textos em Braille, MEC/SEESP, 2006.

¨ I Distribuição gratuita consoante a Portaria Ministerial n.o 504, 17 de Setembro de 1949. Arquivo da revista disponível para impressão em Braille: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ~ ?itemid=381~,

¨ III Sumário Editorial :::::::::::::: 1 Louis Braille na história de todos nós ::::::::::::::::::: 3 Pensamentos :::::::::::: 15 No Mundo das Artes Benedicta de Mello :::: 17 Mayá Devi de Oliveira ::::::::::::: 21 Virgínia Vendramini ::: 26 Maravilhas do Mundo Jericoacoara ::::::::::: 30 Memória Dorina Nowill e a escada da vida :::::::: 35 Direitos de Todos ::::: 70 Acessibilidade e Inclusão ::::::::::::: 77 Nossa Casa :::::::::::: 84 Vida e Saúde :::::::::: 89 Culinária :::::::::::::: 93 Humor :::::::::::::::::: 99 Espaço do Leitor :::::: 102 Vocabulário :::::::::::: 102 Editorial Para o deficiente visual, o simples ato de ir e vir, direito constitucional assegurado a todos os indivíduos residentes no Brasil, esbarra em seriíssimos problemas de acessibilidade, tais como: calçadas desniveladas e cheias de obstáculos; ruas esburacadas e com vazamentos de esgoto (algo desagradável sob todos os aspectos); ausência de sinalização sonora e pisos táteis. Apesar de a Lei n.o 10.098, específica sobre acessibilidade, existir desde 19/12/2000, este assunto de inegável relevância ainda não foi exaustivamente discutido e, desta forma, as ações para tal fim têm sido pouco efetivas e, não raro, ineficientes. É verdade que as pessoas se têm mostrado, no dia a dia, mais bem informadas acerca de como lidar com o deficiente visual, tanto nas ruas e nos transportes públicos, quanto no ingresso aos prédios e na saída deles, mudança de comportamento originada, sobretudo, na luta ininterrupta do próprio segmento, para que todos sejam reconhecidos como cidadãos participativos da sociedade. Mas é importante nos manifestarmos continuamente, através das ouvidorias de instituições públicas e privadas, dos "fale conosco", dos serviços de atendimento aos clientes, dos conselhos ou secretarias municipais e estaduais da pessoa com deficiência, das defensorias públicas, etc., a fim de que a inacessibilidade desapareça, e o acesso aos es-

paços seja total, assegurando-nos ampla autonomia. Revisado por Paulo Felicíssimo Ferreira õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Memórias do Instituto Benjamin Constant Louis Braille na história de todos nós “Salve, espírito forte, eterno exemplo santo! Aos míseros que vão curvados sob a cruz! Salve, Braille imortal! tu conseguiste tanto, Que foste o redentor de teus irmãos sem luz!” Augusto José Ribeiro Trajando nossos elegantes uniformes de gala, ouvíamos o professor Francisco José da Silva proferir um discurso que sempre concluía com a declamação do poema de Augusto José Ribeiro, A Louis Braille, cuja última estrofe está na epígrafe deste texto. As solenidades comemorativas do aniversário da instalação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atual Instituto Benjamin Constant (IBC), eram longas, cansativas... e, no momento em que o diretor preparava-se para anunciar seu encerramento, a voz -- muito peculiar -- de nosso velho mestre, uma das pessoas mais humanas que tive o orgulho de conhecer, surgia-nos aos ouvidos: Peço a palavra!, com ele bradando de algum ponto da plateia. E pronunciava seu indefectível discurso. Já cansados, ansiosos por deixar o auditório, suportávamos, com a impaciência tão costumeira quanto à fala de seu Silva, aquela "lenga-lenga chata". Em seguida, nossa banda de música, formada por alunos e ensaiada por um professor igualmente cego, excelente compositor e arranjador, que todos estimávamos e admirávamos, executava o Hino à Instalação do Instituto, composto no século XIX, com letra de Augusto José Ribeiro, e finalmente podíamos retirar-nos, aliviados. Às vezes, em nossas brincadeiras de adolescentes, alguém, remedando seu Silva, ironizava: "Peço a palavra!", ou "Salve Braille imortal!", e ríamos escancaradamente. Eu ainda não tinha consciência do que, no futuro, as palavras de seu Silva representariam para a formação de minha concepção de mundo. O significado da história dos cegos, de Louis Braille e do sistema de leitura tátil criado por ele, a conquista mais importante para nosso processo de emancipação da tutela da sociedade, ainda hoje muito atrasado, era incompreensível para mim. Ingressei no jardim de infância do IBC em maio de 1945, com a idade de seis anos. As atividades do educandário, interrompidas em 1937 para as obras de conclusão do prédio em que ainda hoje ele funciona, reiniciaram-se em 1944, com elas ainda não concluídas, dada a preocupação do corpo docente com a demora do retorno das crianças às aulas. Mudanças na política educacional brasileira no Estado Novo, pela necessidade de preparar os trabalhadores para o modelo de substituição das importações, além de valiosas conquistas obtidas pelos cegos e os avanços tecnológicos dos recursos empregados na produção de livros em braille ocorridos no início do século XX, impuseram ao então diretor significativas alterações, tanto em seu projeto arquitetônico quanto em sua organização funcional: -- foi modernizado e ampliado seu parque gráfico; -- construíram-se os edifícios onde funcionariam sua imprensa braille e seu jardim de infância; -- seu curso foi equiparado ao das demais escolas brasileiras -- antiga reivindicação de ex-alunos, que desejavam matricular-se em escolas convencionais para dar prosseguimento aos estudos; -- criaram-se cursos de caráter profissionalizante. Foi a partir do Estado Novo que trabalhadores cegos começaram a obter colocação em oficinas de autarquias federais. Nos anos 1950, eles chegariam às linhas de produção de grandes indústrias. O Brasil buscava desenvolver sua economia, e suas instituições educacionais precisavam preparar-se para um novo papel. Nosso instituto ajustava-se à nova realidade do país. Vivia, portanto, uma fase de transição, talvez a mais importante de sua história. Testemunhei a realização de algumas obras, ainda por fazer; a instalação de cursos profissionalizantes, que, embora nem sempre adequados às necessidades do mundo do trabalho, nos preparavam para ele e contribuíam para o crescimento de nossa autoestima; o ingresso dos primeiros ex-alunos em cursos sequenciais ao antigo ginásio e sua chegada às universidades; a partida de colegas adultos, que ingressaram no Instituto com idade acima da regulamentar em razão de seu período de inatividade, para a vida profissional. Participei de nosso grêmio estudantil desde sua fundação. Lembro com saudade nosso serviço de alto-falantes, com sua programação semelhante à de uma rádio-emissora, incluindo programas de auditório e rádio-teatro, toda produzida e apresentada por nós, então responsáveis pelo serviço de som da escola. Orgulho-me de nosso conselho de representantes, que, em diversas oportunidades, obteve da direção medidas significativas para nossos interesses. O Grêmio Benjamin Constant filiou-se à União Metropolitana de Estudantes Secundários e, em março de 1960, teve seu apoio, juntamente com o da União Brasileira de Estudantes Secundários, para o movimento grevista que obteve do Ministério da Educação (MEC) a substituição de um diretor do IBC. Convivendo com colegas cegos, como eu, sentia-me livre para brincar, estudar e pensar a vida sob a orientação de professores, em sua quase totalidade também cegos, que, mesmo sem a hoje tão exigida e ansiada formação acadêmica, tinham a experiência das dificuldades que seus alunos enfrentariam ao deixar a escola. Os próprios trabalhadores videntes, acostumados a conviver conosco, já não achavam tão extraordinário que alguém fosse capaz de fazer alguma coisa sem o apoio da visão. Reunindo crianças de variadas origens étnicas, condições econômicas, procedências regionais e convicções religiosas para estudar juntas, o IBC oferecia-nos a oportunidade de conhecer pessoas com formação diferente da nossa, confrontar ideias e valores, romper com preconceitos. Em muitos casos, o afastamento de uma criança cega de sua família, desde que esta não a abandone, é uma medida de grande eficácia para levá-la a compreender que sua vida pode ser tão ou mais produtiva que a de seus pais e a de seus irmãos videntes. Se os antigos tiflocômios foram criados para livrar-nos da mendicância, as escolas especializadas para cegos surgiram para estimular-nos a tornarmo-nos independentes. E foi um aluno do Instituto Nacional dos Jovens Cegos, de Paris, a pioneira dessas escolas, menino de 16 anos, o criador da leitura tátil que contribuiu decisivamente para nosso ingresso nas universidades e no mundo do trabalho. Ainda adolescentes, entre as paredes do IBC, meus colegas e eu ouvíamos as notícias dos resultados de nossos companheiros mais velhos. Um dia, deixaríamos o Instituto e teríamos de lutar para superar as mesmas dificuldades que eles enfrentavam. Certamente, servir-nos-íamos do Sistema Braille e de nossa experiência no IBC para isso. Sentado ao computador, revolvendo minhas lembranças para produzir este artigo, recordo minha trajetória no IBC e não posso esquecer seu Silva e seu indefectível discurso nas solenidades dos dias 17 de setembro. O presente é o futuro do passado e parte do passado do futuro. Assim é a história. Entendendo o passado, podemos projetar o futuro. E era essa a lição que, ainda que inconscientemente, nosso velho mestre buscava transmitir-nos com suas palavras. Piegas, sim, proferidas em momento que julgávamos inoportuno, o que nos levava a ironizá-las, mas ricas em exemplos de ideal e dignidade. As escolas especializadas para nós e o Sistema Braille integram-se em uma célula indivisível na trajetória de nossa educação. Em 2009, tive a honra de redigir o editorial do número da revista *Benjamin Constant* comemorativo do bicentenário daquele que considero o mais importante de nossos companheiros; nosso primeiro grande líder mundial, que ainda hoje permanece vivo em tudo o que realizamos. Louis Braille não nos presenteou com uma varinha de condão nem nos abriu as portas do paraíso terrestre. Mas sua vida e obra, muito bem descritas na edição especial da *Benjamin Constant* comemorativa de seu bicentenário, mostram-nos um importante exemplo de luta e solidariedade a seus companheiros. Segundo Edgar Guilbeau, escritor cego que viveu no século XIX, "um fato curioso têm notado aqueles que estudam atentamente a história dos cegos. É que todos os passos da evolução social têm, ainda que lentamente, sido acompanhados por eles". Não existimos à parte da história dos humanos. É isso que a obra de Braille mostra ao mundo. Ainda hoje, os 63 sinais produzidos com apenas seis pontinhos, ordenados segundo um critério lógico e na medida da poupa do dedo indicador de uma criança, são o recurso mais adequado para nossa compreensão do que é uma letra, uma sílaba, uma palavra, uma frase. Permitindo-nos a criação de diversos códigos, favorecem-nos a leitura e a escrita em todos os idiomas, além da música, da matemática, da física, da química, com independência. O surgimento da leitura tátil, criada por um cego, demonstra-nos de maneira eloquente e definitiva que muito mais importante que perguntar o que podemos fazer é investigar como o podemos. E ninguém melhor que nós mesmos para respondê-lo. Autor: Hercen Hildebrandt, ex-aluno e ex-professor do Instituto Benjamin Constant. Fonte: *Revista Benjamin Constant* -- Ano 20 -- Edição especial -- novembro de 2014. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Pensamentos "Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito: um se chama ontem, e o outro se chama amanhã; portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e, principalmente, viver." Dalai Lama (1935) "Seja a mudança que você quer ver no mundo." Dalai Lama (1935) "Às vezes ouço passar o vento; e, só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido." Fernando Pessoa (1888-1935) "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo." Nelson Mandela (1918-2013) "Se você quer ser bem-sucedido, precisa ter dedicação total, buscar seu último limite e dar o melhor de si." Ayrton Senna (1960-1994) "Saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar." Rubem Alves (1933-2014) "Suba o primeiro degrau com fé. Você não tem que ver toda a escada; só precisa dar o primeiro passo." Martin Luther King (1929-1968) Revisado por Paulo Felicíssimo Ferreira õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo No Mundo das Artes Benedicta de Mello Benedicta foi registrada como nascida no Rio de Janeiro, mas é natural de Vicência, Pernambuco. Membro de uma família numerosa, viveu os primeiros anos nessa pequena cidade pernambucana. Começou a fazer versos, ainda na infância, inspirada nos repentistas de sua terra natal. Determinada, saiu de Pernambuco e superou muitos obstáculos até chegar ao Instituto Benjamin Constant em 1920, onde se instruiu, se educou e fez-se professora. Dedicou-se com empenho à melhoria da qualidade de vida de crianças e jovens cegos de Pernambuco, trazendo-os para se educarem no Instituto Benjamin Constant. Em 1935, publicou seu primeiro livro: *Lanterna acesa*. Seguiram-se: *Sol nas Trevas, Luz da Minha Vida, Luz Interior* e *Lâmpadas Coloridas*. Dominava a arte do soneto. Seu nome foi cogitado para a Academia Brasileira de Letras, face à qualidade, força e beleza de seus versos. Morreu em 1991. Alma Ferida Eu era pequenina e não esqueço que no auge do brincar me machucava; e; por causas que agora só conheço, apenas minha mãe eu procurava. Fingindo dar-me aos gritos grande apreço ao ver tola a razão por que eu chorava, lembro-me bem -- e como lhe agradeço! --, ela soprava leve... e a dor passava. Hoje quando um ingrato me atormenta, pisando-me com pés que eu hei lavado, toda a minha alma em chagas se arrebenta. E terei de sofrer muito na vida, pois não existe sopro delicado capaz de me curar a alma ferida.

A gravata Fui encontrar no chão, abandonada, certa gravata que te dei outrora e que, por estar feia e desbotada, deitaste a um canto, quando foste embora. Ela foi como eu fui: a ti ligada por um abraço já desfeito agora; foi como eu fui: um dia desprezada. Não tive jeito de jogá-la fora. Gostaste dela e dela desgostaste... Guardo-a comigo então, pois em verdade, tornei-me coisa que tu rejeitaste.

¨ Hoje não sou mais uma; somos duas e valemos nas horas de saudade, pobres gravatas que já foram tuas. :::::::::::::::::::::::: Mayá Devi de Oliveira Nasceu em 01 de janeiro de 1929 no Rio de Janeiro. Matriculou-se no Instituto Benjamin Constant em 1948, habilitando-se para seguir a carreira acadêmica. Em 1955, tornou-se professora do IBC. Formada em História e Filosofia, lecionou a disciplina de História por mais de 25 anos. Ao aposentar-se, continuou a atuar como voluntária no IBC, mediando as visitas guiadas na Instituição. Prestou, também, serviço voluntário durante vários anos no Centro de Valorização da Vida (CVV). Atuou, ainda, como docente na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, no projeto Universidade da Terceira Idade. A poesia sempre foi sua paixão. Publicou quatro livros entre 1963 e 1998: *Suspiros da Madrugada, Mensagens da Madrugada, Alvorada* e *Amanhecer*. Mayá faleceu em 10 de setembro de 2007, deixando em todos a saudade da mulher que nos presenteou com seus poemas de grande sensibilidade e beleza. Desejos Quisera que teu olhar se incandescesse E amornasse as mãos frias do sereno,

Quando o sol se escondesse atrás da noite. Quisera! Quisera que as suas mãos se agigantassem E ficassem prendendo a lua cheia, Quando um poeta em sombras se perdesse. Quisera! Quisera que os lábios teus se entreabrissem E beijassem as flores desmaiadas, Que as loucuras do vento carregassem. Quisera! E quisera bem mais, Se pudesse querer!

Diferença Tudo ficou igual depois da diferença. O azul do céu, O vinho do bar, O verde das folhas, A inspiração dos artistas. Tudo ficou igual depois da diferença. Ninguém perguntou, Ninguém respondeu, Ninguém lamentou, Ninguém compreendeu. Tudo ficou igual depois da diferença. Não mudaram verdades, Não mudaram mentiras, Não mudaram preconceitos. Tudo ficou igual depois da diferença. ¨ Só eu fiquei de tudo diferente. Só eu senti de modo diferente. O azul do céu, O vinho do bar, O verde das folhas, A inspiração dos artistas. Tudo ficou igual depois da diferença. Só eu fiquei de tudo diferente. Para manter bem viva a diferença Que, nesse igual banal, de nós tão diferente, Deixaste ao me deixar, por seres diferente. ::::::::::::::::::::::::

Virgínia Vendramini Nasceu em Presidente Prudente-SP em 1945. Aos 16 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, matriculando-se no Instituto Benjamin Constant, escola especializada na educação de cegos e amblíopes. Sempre gostou de escrever, tendo publicado cinco livros de poemas: *Rosas não, Primavera urbana, Hora do arco- -íris (prêmio Murilo Mendes, no concurso Livros Inéditos, da Ed. Alba), Matizes* (prêmio Blocos de Poesia) e *Trajetória*. Seu trabalho com tapetes começou em 1973, mas apenas na década de 1990 sentiu-se segura para expor suas tapeçarias, que idealiza e executa segundo técnica por ela mesma desenvolvida. Totalmente cega desde os 16 anos, usa a memória de cores e formas em suas telas, que vem expondo desde 1994, em mostras individuais e coletivas. Buscando novas formas de expressão, começou, em 2000, a trabalhar com tinta acrílica, pintando com as mãos. Em 2003, a escultura em cerâmica passou a fazer parte do seu dia a dia, com forte tendência para formas abstratas. A escultura em bronze foi seu próximo passo na busca do belo. O principal objetivo de sua obra é mostrar que grandes barreiras podem ser vencidas, quando existem determinação e um pouco de talento. Magia das mãos Mãos são seres quase à parte. Têm mistérios, têm segredos... São fontes do bem e do mal.

Há mãos que pedem e há mãos que doam, Que acariciam e ferem, Mãos que mutilam, que curam, Que assinam sentenças de morte. Há mãos que colhem os frutos, Que preparam o alimento, Que rejeitam, que acolhem, Que fazem do silêncio música, Que aprisionam o belo Em cada obra de arte. Mãos são seres quase mágicos. Senhoras de tantos talentos, Dádiva ao homem concedida Para que mostre sua alma. Mãos, ferramentas de Deus, Espelho de sentimentos. Todas as mães Mães não são criaturas perfeitas. São apenas mulheres Com defeitos e qualidades, Traumas, desgostos e desejos, Como qualquer ser humano. As mães não se tornam santas Só porque geraram um filho, Nem se modifica por isso A essência de seu caráter. Às vezes é difícil amá-las, Entendê-las ou simplesmente aceitá-las. Outras vezes é preciso perdoá-las. Esquecê-las, porém, é impossível. Podem ser anjos que velam, Algozes ou carcereiras, Podem ser cumplicidade, Compreensão, tolerância, Doce presença que afaga, Que também tolhe e cerceia. Mães não são criaturas perfeitas. Erram, acertam, dizem tolices, Abandonam e são abandonadas... Não são exemplos de amores perfeitos. Mas quando se tornam ausência, Aquela ausência que nada preenche, Todas elas viram saudade. Fonte: *A voz da mulher na poesia do Instituto Benjamin Constant*. Benedicta de Mello, Mayá Devi de Oliveira, Virgínia Vendramini. Rio de Janeiro: Instituto Benjamin Constant, 2014. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Maravilhas do Mundo Jericoacoara A pacífica vila de pescadores de Jericoacoara fica na costa oeste do Estado do Ceará, aproximadamente 3 graus abaixo da Linha do Equador, com 320 dias de sol por ano. Eleita, em 1994, pelo jornal americano "*The Washington Post Magazine*", como uma das 10 praias mais belas do mundo, “Jeri”, como é chamada amigavelmente pelos moradores e nativos locais, está cercada por lagoas de água doce e morna, cristalinas e azuis, mar calmo e transparente, com enormes dunas, de onde é possível admirar o pôr do sol mais bonito do Ceará e provavelmente do Brasil. Há apenas 20 anos, Jericoacoara era uma pequena, aconchegante e simples aldeia de pescadores, sem qualquer contato com a civilização moderna. A energia elétrica chegou à vila somente em 1998. Grande parte das casas de Jericoacoara está estruturada e construída com madeira, rodeada por flores e plantas tropicais e as ruas ainda são de areia, o que gera um clima mágico para seus visitantes. Jericoacoara está localizada numa APA -- Área de Proteção Ambiental, desde 1984. Em 2002, o IBAMA transformou toda a região num Parque Nacional, trazendo muitas restrições para novas construções e maior controle em sua preservação. O Parque Nacional tem uma área de 6.850 hectares, e se estende nos municípios de Jijoca de Jericoacoara e Cruz, onde se localiza a Praia do Preá. Os ventos, sempre constantes de julho a dezembro, propiciam um dos melhores lugares do mundo para a prática de esportes náuticos como: *windsurf, kitesurf, surf* e *vela*. O Kitesurf é praticado, principalmente, na vizinha Praia do Preá, situada a 12 quilômetros da vila. Jericoacoara é, basicamente, um lugar para relaxar e caminhar pelas belas praias que circundam a região do Parque Nacional, praticar esportes, *sandboard* nas dunas, passear a cavalo, fazer yoga e massagens terapêuticas, passear de bicicleta, explorar as dunas e as lagoas em *buggy* ou quadriciclo. Todos os dias, no final da tarde, visitantes e nativos se dirigem à Duna do Pôr do Sol de Jericoacoara para apreciar o espetacular pôr do sol. O Parque Nacional tem uma localização particular no nordeste do Ceará, sendo um dos poucos lugares do Brasil onde é possível ver o sol cair diretamente no mar. A Duna do Pôr do Sol fica logo ao lado da aldeia central, e oferece uma vista panorâmica para Jericoacoara, o Serrote (a região rochosa de Jeri) e as dunas. Jericoacoara possui uma rede de pequenas e excelentes pousadas, bons hotéis, restaurantes, bares e cafés onde é possível ouvir música suave à luz de velas. Fogueiras são feitas na praia nas noites de luau, é imperdível. O Parque Nacional de Jericoacoara não tem iluminação pública, então, o céu de Jeri está repleto de estrelas. Ao anoitecer, dezenas de barracas são montadas na praia, no final da rua principal, e servem uma grande variedade de coquetéis preparados com frutas tropicais. Fonte: ~,http:ÿÿwww.jeri-~ brazil.orgÿ~, Revisado por Karine Vieira Pereira õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Memória Dorina Nowill e a escada da vida “Na escada da vida, os degraus devem ser feitos de livros.” Dorina de Gouvêa Nowill Na noite cálida do domingo 29 de agosto de 2010, depois de um período relativamente curto de enfermidade, Dorina de Gouvêa Nowill exalou seu último suspiro. Dona de uma inteligência brilhante, de um dinamismo sem tréguas e, acima de tudo, de um espírito visionário, aquela mulher de 91 anos partia deixando para as pessoas cegas de todo o mundo uma herança incalculável. Esse legado, construído ao longo de mais de 60 anos de trabalho e dedicação incansáveis, tem sido nosso guia nos momentos de luta, nossa força nos momentos de desânimo e não pode ser esquecido nos momentos de júbilo, como este, em que comemoramos os 160 anos de fundação do Instituto Benjamin Constant (IBC), marco incontestável do pioneirismo do Brasil na educação de crianças e jovens cegos na América Latina. Nossa proposta de, nestas páginas, resgatar parte do legado da professora Dorina tem como objetivo mostrar que tanto ela como José Alvares de Azevedo (inspirador da criação do IBC), ainda que em épocas e de maneiras diferentes, lutaram por um ideal nobre: a dignidade, a autonomia e a independência das pessoas com deficiência visual. E por ainda ser o Sistema Braille um recurso imprescindível para a concretização desse ideal, vamos abordar sua trajetória desde a década de 1940 até os nossos dias, período em que é impossível desvinculá-lo da trajetória de Dorina de Gouvêa Nowill. Filha de pai português e mãe italiana, Dorina nasceu em São Paulo no dia 28 de maio de 1919. Com a ajuda da professora de piano de sua irmã mais velha, foi alfabetizada aos quatro anos de idade e, já em idade bem avançada, dizia lembrar-se perfeitamente da figura que ilustrava o livro no qual aprendera a ler. Logo depois de completar 17 anos, uma doença não diagnosticada afetou seriamente sua visão e, embora muitos oftalmologistas fossem consultados e diversos tratamentos fossem aplicados, a cegueira total não pôde ser evitada. Apesar da grande perda, procurou seguir sua vida normalmente, buscando instruir-se cada vez mais e distraindo-se com trabalhos manuais de que tanto gostava e para os quais tinha grande talento. Para isso, a ajuda da família e dos amigos foi inestimável. Romances, jornais e revistas (em português, francês e italiano) eram lidos em voz alta pela mãe e pela madrinha, e a primeira menção ao Sistema Braille ela ouviu de um dos oftalmologistas que a atenderam. Esse médico, que ela chamava de "tio Chiquinho" por ser tio de uma de suas amigas, contou-lhe que Louis Braille, um jovem cego francês, havia inventado um alfabeto para as pessoas cegas. Apesar de não ter dado importância à informação, contava ela que o nome e o fato haviam ficado gravados em sua memória. A certeza de que a cegueira era irreversível só chegou por volta de 1939, quando Dorina tinha pouco mais de 20 anos, e a aceitação dessa nova condição de vida foi marcada pelo desejo de aprender a ler e a escrever por meio do sistema mencionado por tio Chiquinho. A decisão de aprender o braille foi entusiasticamente apoiada por sua madrinha de crisma, D. Carmen Santos Meira de Vasconcelos, que a levou ao Instituto de Cegos Padre Chico, escola especializada na educação de crianças cegas, situada no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Ali, foram recebidas pela irmã Alves, madre superiora responsável pela direção do colégio, que lhes falou sobre as dificuldades para a transcrição de livros em braille, principalmente em consequência da guerra. Contou-lhes que o Instituto tinha alguns livros vindos da Europa e que as cartilhas utilizadas na alfabetização dos alunos eram transcritas com regletes pelos próprios professores. Disse a Dorina que, depois de aprender o braille, ela poderia pegar emprestados livros da biblioteca do IBC, situado no Rio de Janeiro. Depois, pediu a uma irmã chamada Vicência que orientasse Dorina no aprendizado do Sistema Braille. Muito simpática e dedicada, mas sem dispor de muitos recursos materiais, a jovem freira entregou à aprendiz uma reglete, um punção, papel e um alfabeto braille, orientando-a para que fizesse alguns exercícios em casa. A grande força de vontade, um dos muitos atributos de Dorina Nowill, permitiu que em pouco tempo ela voltasse ao Instituto Padre Chico para buscar o primeiro livro que leria em braille: *Histoire de ma vie*, de Helen Keller, escrito em francês. Algum tempo depois, incentivada por uma amiga da família, Dorina retomou seus estudos de piano. Valendo-se do código de musicografia braille, copiava exercícios e partituras ditados pela professora e contava, com orgulho, que chegou a executar peças de Bach, Lizt e Chopin. O tempo passava e, embora ainda alimentasse uma tênue esperança de recuperar a visão, aquela jovem bonita, inteligente e destemida continuava enfrentando os desafios que mudariam sua vida e a vida de milhares de outras pessoas cegas por todos os cantos do Brasil. Certa vez, enquanto, em companhia da mãe, passava uma temporada em Lindóia, soube, por intermédio de outro hóspede do hotel, que havia uma edição em braille da revista *Seleções Reader's Digest*. Imediatamente, pediu à mãe que enviasse uma carta aos EUA solicitando a assinatura da publicação. Algum tempo depois, veio a resposta, informando que ela receberia a revista, mas que, para lê-la, precisaria aprender o código de abreviaturas braille em inglês. Quando o material chegou, ela estava internada em um hospital, recuperando-se de mais uma cirurgia no olho. Enquanto fazia o repouso necessário, dedicou-se a aprender o código de abreviaturas e em pouco tempo já conseguia ler o *Reader's Digest* sem dificuldades. O grande desafio viria, porém, nos primeiros anos da década de 1940, quando Dorina conheceu Regina Pirajá da Silva, inspetora de alunos da Escola Normal Caetano de Campos, uma das mais tradicionais e conceituadas instituições de ensino do estado de São Paulo. Filha do grande cientista Manuel Pirajá, responsável pela identificação do verme causador da esquistossomose, Regina era uma pessoa muito sensível e logo reconheceu o grande potencial da jovem Dorina, que lhe falou sobre a importância dos livros em braille para a educação das crianças cegas. A convite da nova amiga, Dorina foi visitar a Escola Caetano de Campos, onde foi apresentada à diretora, a professora Carolina Ribeiro. Impressionada com a inteligência e a desenvoltura daquela moça cega, a professora Carolina perguntou-lhe se ela gostaria de prosseguir seus estudos frequentando aquela Escola Normal. Dorina sabia que aquele seria seu grande desafio, mas não se atemorizou e tornou-se a primeira aluna cega a frequentar um curso regular no Brasil. Mesmo sendo cega e um pouco mais velha, foi aceita com naturalidade pelas colegas de classe. A nova aluna dedicou-se intensamente aos estudos, tendo as aulas de metodologia, ministradas pela professora Zuleika de Barros Martins Ferreira, como o maior incentivo naquela nova etapa da vida. No transcorrer do 3º ano do Curso Normal, Dorina integrou um grupo formado por oito alunas, que, com o apoio da professora Zuleika, desenvolveu um método para a educação de crianças cegas. O grupo realizou estágios, elaborou cartilhas e tinha como proposta promover a educação das crianças cegas dentro da própria comunidade. Ao concluir o curso, Dorina, incentivada pela professora Carolina Ribeiro, procurou o Departamento de Educação do Estado de São Paulo e, apresentando um minucioso relatório sobre a experiência realizada por ela juntamente com suas colegas, solicitou que fosse reconhecido o Curso de Especialização de Professores de Cegos da Escola Normal Caetano de Campos. Submetido a uma banca examinadora, o grupo teve seu experimento aprovado, abrindo-se, assim, caminho para a instalação do primeiro Curso de Especialização da América Latina. Em 1947, quando a Escola Normal onde Dorina estudara transformou-se no Instituto de Educação Caetano de Campos, o Curso de Especialização de Professores foi incorporado aos demais cursos, e esse foi o primeiro passo para a integração de crianças cegas no processo regular de ensino, concretizada em 3 de setembro de 1953 com a assinatura da lei que "instituía as classes braille e o ensino itinerante" no estado de São Paulo. Em 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estendeu esse direito a todos os alunos com deficiência visual do Brasil. Em 1946, quando foi para os EUA, Dorina pôde constatar, com satisfação, que muitas das propostas de seu grupo para a educação de crianças cegas eram semelhantes às que já vinham sendo adotadas com sucesso naquele país. Além de preocupar-se com o aspecto educacional, o grupo de jovens professoras liderado por Dorina preocupava-se também com o desenvolvimento cultural das crianças e jovens cegos. Pouco antes do término da Segunda Grande Guerra, graças aos esforços da professora Carolina Ribeiro e da própria Dorina, a Cruz Vermelha Brasileira, então presidida pela Sra. Isabel Gown, cedeu uma sala para que voluntárias aprendessem e treinassem a escrita por meio do Sistema Braille com o objetivo de transcrever livros destinados à formação de uma biblioteca para cegos. A transcrição era feita por meio das poucas regletes existentes e da chamada "pauta braille", desenvolvida por Regina Pirajá da Silva. A pauta braille constava de uma folha de cartolina totalmente preenchida com celas braille (os seis pontos em relevo que constituem a base do Sistema Braille) que, quando pressionada sobre uma camada de mata-borrão, flanela ou lã, permitia a produção dos caracteres desejados em papel. Aos poucos, o grupo de voluntários foi aumentando e, na tentativa de solucionar o problema da falta de regletes, Dorina buscou a ajuda do embaixador José Carlos de Macedo Soares (à época, interventor do estado de São Paulo). Ela havia conhecido o diplomata alguns anos antes em uma estação de águas e ele a presenteara com uma máquina de datilografia braille que ganhara na Suíça e que havia sido muito útil para ela enquanto estudava. Sensibilizado pelo trabalho desenvolvido pelas copistas voluntárias, o embaixador conseguiu que a Companhia Paulista de Estradas de Ferro colaborasse para a produção das primeiras regletes brasileiras, que, segundo contava Dorina, eram de ótima qua- lidade. Em breve, os livros produzidos pelo grupo de copistas voluntárias foram organizados em um espaço cedido por Lenira Fracarolli, diretora da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, que passou a ser frequentado regularmente pelos alunos do Instituto Padre Chico. Posteriormente, o espaço transformou-se na Sala Braille daquela biblioteca, e hoje seu acervo, enriquecido por outros acervos, constitui a Biblioteca Louis Braille do Centro Cultural São Paulo. Aos poucos, o exemplo da capital paulista foi sendo seguido e atualmente existem espaços acessíveis para pessoas com deficiência visual em praticamente todas as bibliotecas públicas do país. O trabalho de Dorina e de suas colaboradoras, porém, não conhecia tréguas nem limites. Para ampliar a produção de livros e desenvolver atividades de apoio à educação de crianças e jovens cegos, era necessário criar uma organização que pudesse receber recursos públicos e particulares. Para realizar esse novo sonho, uma vez mais Dorina contou com a colaboração de sua madrinha, Carmen Santos Meira de Vasconcelos, que a apresentou a Adelaide Reis de Magalhães, uma jovem inteligente e de espírito empreendedor. Depois de aprender o Sistema Braille e trabalhar para a expansão do grupo de copistas voluntárias, Adelaide empenhou-se na criação da organização sonhada por Dorina. E foi assim que, em 11 de março de 1946, foi registrado em cartório o primeiro estatuto da Fundação para o Livro do Cego no Brasil, instituída com um fundo de 100 mil cruzeiros doado pela própria Adelaide Reis de Magalhães, a quem coube a primeira presidência da nova organização. A Fundação para o Livro do Cego no Brasil, hoje Fundação Dorina Nowill para Cegos, tinha como principal objetivo a produção e a distribuição de livros em braille, mas seu estatuto previa o desenvolvimento de outras atividades voltadas à educação e à reabilitação de pessoas com deficiência visual. O início das atividades da Fundação coincidiu com a ida de Dorina para os EUA, juntamente com Regina Pirajá da Silva e Neith Moura (uma de suas colegas da Escola Normal). Contava Dorina que, certo dia, enquanto esperava o bonde no largo São Francisco, na volta da escola, havia encontrado a amiga Conchita Carvalho, que lhe entregara um cartão com o nome e o endereço do Dr. Robert Irwin, diretor executivo da *American Foundation for the Blind*, a quem ela solicitara uma bolsa de estudos para Dorina e suas duas amigas. Sem muita esperança de ser atendida, ela escreveu ao Dr. Irwin, uma das pessoas cegas de maior influência nos EUA, e, algum tempo depois, recebeu a comunicação de que, caso elas conseguissem o apoio de autoridades brasileiras, a bolsa de estudos seria concedida. O apoio foi obtido e, em maio de 1946, Dorina, Neith e Regina partiram para a América do Norte, onde tiveram a oportunidade de estudar e estagiar nos mais conceituados institutos e universidades estadunidenses, adquirindo conhecimentos valiosos sobre educação, reabilitação e produção de livros em braille. Dorina levava consigo uma procuração que lhe permitiu assinar importantes documentos e receber equipamentos de inestimável valor para o desenvolvimento das atividades da Fundação. As três amigas passaram o Natal de 1946 em companhia da família Irwin, em sua casa de campo situada no estado de Nova Jersey. No dia 25, o Dr. Irwin comunicou que elas seriam recebidas na *Kellog Foundation*, e que ele tinha certeza de que Dorina, com sua desenvoltura e seu poder de persuasão, seria capaz de obter daquela organização a doação dos equipamentos necessários para a instalação de uma imprensa braille em São Paulo. A previsão do Dr. Irwin se concretizou e, alguns dias depois de enfrentar uma árdua entrevista com a diretoria da Kellog Foundation, Dorina recebeu a notícia de que a organização concederia os 10 mil dólares necessários para a instalação da imprensa braille, exigindo-se, porém, uma contrapartida das autoridades brasileiras para a manutenção dos serviços. Enquanto Dorina e Neith partiam para um curso no *Teachers College*, na Universidade de Columbia, Regina dirigiu-se a Louisville (Kentucky), onde realizaria o treinamento que lhe permitiria dirigir a imprensa braille da Fundação para o Livro do Cego no Brasil. De volta a São Paulo, Dorina iniciou, juntamente com a diretoria da Fundação, as gestões necessárias para a obtenção de um local onde pudesse funcionar a imprensa braille. A sede da Fundação localizava-se na rua da Quitanda, em duas pequenas salas nas quais o espaço era suficiente apenas para abrigar os livros da biblioteca circu- lante. Graças à intervenção de D. Pérola Byington, uma mulher sensível, solidária e bastante influente, Dorina chegou até o então governador Adhemar de Barros, que mostrou muito interesse em ajudá-la, mas disse que seria difícil encontrar um espaço adequado para abrigar tais equipamentos. Em razão da demora nos trâmites de importação, os equipamentos demoraram a chegar e, quando isso aconteceu, foram instalados na rua Prates, no bairro do Bom Retiro, em uma pequena sala situada ao lado do depósito de lixo da Prefeitura de São Paulo. Muitos anos mais tarde, Dorina ainda falava da emoção e da alegria que sentira ao tocar o primeiro livro produzido pela imprensa braille, que ela lembrava chamar-se *Minha pátria*. Depois de algum tempo, graças à intervenção do prefeito Armando de Arruda Pereira, a imprensa braille foi transferida para a parte baixa do Parque Trianon, o que permitiu a contratação de transcritores e auxiliares para o início efetivo da produção de livros em braille. Em 1951, com a construção, no Trianon, de um prédio que abrigaria a Bienal de São Paulo, a parte baixa começou a ruir, abalando as instalações da imprensa braille e colocando em risco funcionários e equipamentos. Verificou-se que o que parecia ser colunas de sustentação eram apenas canos de água revestidos de papelão. Dorina, que recentemente dera à luz seu primeiro filho, logo ao saber do lamentável acontecimento procurou novamente o prefeito Armando de Arruda Pereira, que, sensibilizado, solicitou a seus assessores que fossem em busca de um terreno onde pudesse ser construído um prédio destinado à instalação da sede da Fundação para o Livro do Cego no Brasil e que pudesse também abrigar sua imprensa braille. Em 1953, foi inaugurado, na Vila Clementino, o prédio no qual funciona até hoje a Fundação e que foi cedido pela Prefeitura no regime de comodato pelo período de 99 anos. Nessa ocasião, também foi assinado um convênio municipal no valor de 1 milhão e 200 mil cruzeiros, o que permitiu a aquisição de outros equipamentos e matéria-prima para a continuidade do trabalho da Fundação. Instalada em um local adequado e sob a direção competente e dedicada de Regina Pirajá da Silva, a imprensa braille da Fundação expandiu-se rapidamente e, dentro de alguns anos, já produzia livros e revistas que eram lidos em todas as regiões do Brasil e também em outros países da América Latina e em Portugal, além de partituras musicais que foram instrumentos valiosos para a formação e a realização profissional de muitos músicos cegos. Ao mesmo tempo que realizava seu sonho de tornar-se esposa e mãe, Dorina prosseguia em sua luta incansável pela ampliação dos horizontes das pessoas com deficiência visual. Em 1953, conseguiu que o governo federal patrocinasse a vinda de Helen Keller ao Brasil a fim de que a brilhante educadora e pensadora proferisse uma série de palestras para a comunidade. Como resultado de uma dessas conferências, realizada para dezenas de empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foi criado, junto ao Senai, o Serviço de Colocação de Cegos, que, sob a direção competente do professor Geraldo Sandoval de Andrade, promoveu, durante muitos anos, o emprego de pessoas cegas em diversos setores industriais paulistas. Posteriormente, esse serviço expandiu-se para outros estados da Federação. Foto: Na visita de Helen Keller ao Brasil, em 1953, Dorina foi a seu encontro. Na imagem, Helen toca o rosto da amiga Dorina. Na década de 1960, Dorina dirigiu a Campanha Nacional para a Educação de Cegos, instituída pelo Ministério da Educação, deixando como marca inesquecível de sua gestão a modernização das escolas especializadas, a capacitação de inúmeros professores que passaram a atuar em salas de recursos e no ensino itinerante e a integração de centenas de alunos com deficiência visual no sistema regular de ensino. Ao mesmo tempo, o espírito visionário da professora Dorina, aliado à sua capacidade de aglutinar pessoas competentes e dedicadas, levavam a Fundação para o Livro do Cego a expandir suas atividades nas áreas da educação, reabilitação/profissionalização e produção de livros em braille e falados. Os conhecimentos e a experiência dos profissionais da organização foram, inclusive, colocados a serviço de instituições de outros países. Teresinha Rossi (que fora colega de Dorina na Escola Normal Caetano de Campos) promoveu cursos de especialização de professores em Portugal; Joaquim Lima de Moraes ajudou na instalação de oficinas de trabalho para cegos no Chile e no Peru; e Regina Pirajá da Silva colaborou na organização de imprensas braille no Uruguai e também no Chile. Em 1974, a professora Dorina, já bastante atuante no movimento nacional e internacional de pessoas cegas, comandou um exército de centenas de voluntários que a ajudaram durante a organização e a realização do Congresso Mundial e da V Assembleia Geral do Conselho Mundial para o Bem-estar dos Cegos. Os dois eventos, realizados em São Paulo, contaram com representantes de 63 países, e algumas sessões do Congresso foram assistidas por mais de mil pessoas. Em 1979, por ocasião da VI Assembleia Geral, realizada na Antuérpia (Bélgica), Dorina foi eleita presidente do Conselho Mundial para o quinquênio 1979-1984. Durante esse período, visitou países de todos os continentes e em muitos deles impulsionou fortemente o atendimento às pessoas com deficiência visual. Mesmo durante o longo período em que se dedicou intensamente às atividades políticas em instituições nacionais e internacionais de cegos, Dorina jamais deixou de se preocupar com a produção de livros acessíveis para as pessoas com deficiência visual. Sempre que, por ocasião de reuniões e congressos, visitava os países desenvolvidos, procurava conhecer as imprensas braille e os centros de produção de livros falados. No final da década de 1960, quando, uma vez mais, visitou a imprensa braille de Louisville, verificou que ali toda a produção de livros em braille já estava sendo automatizada. Voltando ao Brasil, procurou a IBM, responsável pela modernização da imprensa braille norte-americana, e obteve o apoio da empresa para que a informatização começasse a ser implantada na Fundação. O primeiro computador doado pela IBM era muito grande, e a produção de livros por seu intermédio era bastante dispendiosa, sendo logo abandonada, mas Dorina não desistiu de seu objetivo. A partir de meados da década de 1980, a Fundação buscou a consultoria de especialistas do *Royal National Institute for the Blind* (Inglaterra) e, com o apoio de outras organizações internacionais (Organização Nacional de Cegos Espanhóis [*Once] e Latin American Zentrum* -- Alemanha) e de empresas e universidades brasileiras (Escola Politécnica da USP, Banco Itaú, IBM etc.), adquiriu impressoras, computadores e *softwares* de última geração que permitiram que sua imprensa braille se tornasse, já a partir dos anos 1990, uma das mais modernas do mundo. Em 1991, em uma iniciativa pioneira, a editora *Makron Books* do Brasil forneceu os disquetes para a produção, em braille, do livro *Introdução à informática*. Preocupada em oferecer o melhor às pessoas com deficiência visual no Brasil, Dorina esteve sempre atenta às novas tecnologias e aos benefícios proporcionados por elas. Nesse sentido, no início da década de 1970, inaugurou na Fundação um moderno centro de produção de livros falados e uma biblioteca circulante que permitia que pessoas de todo o país pudessem receber esses livros. Inicialmente, as gravações eram feitas em cassetes de seis pistas, que eram reproduzidas em aparelhos especiais. Mais tarde, passaram a ser feitas em cassetes comerciais e, posteriormente, em CDs. Atualmente, os livros e revistas produzidos pela instituição são disponibilizados em MP3 e continuam circulando entre leitores de todo o país. Há cerca de oito anos, a Fundação iniciou a produção de livros digitais, tendo como principal objetivo o atendimento às necessidades de estudantes universitários com deficiência visual. Atualmente, as tecnologias desenvolvidas pela instituição nessa área despertam o interesse e a atenção de diversos países integrantes do Consórcio Daisy. Já a imprensa braille da Fundação Dorina é hoje a maior da América Latina e uma das maiores do mundo. Além de obras didáticas e literárias, partituras musicais e atlas geográficos, produz livros infantis no formato tinta/braille, destinados a crianças cegas e com baixa visão e que facilitam a interação entre essas crianças e seus familiares, amigos e colegas. Quatro anos são passados desde que Dorina deixou de existir fisicamente, mas seus ideais continuam vivos na mente e no coração dos dirigentes e colaboradores da Fundação, que, desde 1991, leva seu nome. Antes, porém, de fechar este texto, peço licença para um comentário de cunho pessoal. Quero dizer que me sinto uma pessoa privilegiada por ter tido a oportunidade de trabalhar com a professora Dorina! Seu dinamismo, seu entusiasmo e sua visão de futuro eram contagiantes! Conservou o gosto pela leitura até o final da vida e, para saciá-lo, valia-se do livro falado (em português, em inglês e, quando possível, em francês, espanhol e italiano). Todavia, jamais deixou de utilizar o braille em seu dia a dia. Durante muitos anos, preparei com muito cuidado e carinho as anotações que ela consultava em suas palestras, as receitas dos tapetes que ela bordava magnificamente, a identificação de seus medicamentos, batons, talões de cheque, suas agendas telefônicas, enfim, tudo aquilo que a ajudava a ter mais independência e autonomia. Ao perceber meu grande interesse pelo Sistema Braille, não poupou esforços para que eu pudesse obter mais e mais conhecimento e experiência nessa área. E se hoje posso escrever estas páginas é, em grande parte, a Louis Braille, a José Alvares de Azevedo e a ela que devo agradecer! Autora: Regina Fátima Caldeira de Oliveira, Coordenadora de revisão da Fundação Dorina Nowill para Cegos e membro do Conselho Ibero-americano e do Conselho Mundial do Braille. Referências NOWILL, Dorina Gouvêa. *...E eu venci assim mesmo*. São Paulo: Totalidade, 1996.

OLIVEIRA, Regina Fátima Caldeira de. *Dorina Nowill: una mujer al frente de su tiempo*. *Boletim América Latina*, Montevidéu: Union Latinoamericana de Ciegos (Ulac), n.o 93, set./dez. 2010. REVISTA CONTATO. Edição comemorativa do bicentenário de Louis Braille. São Paulo: Laramara, set. 2009. Fonte: *Revista Benjamin Constant* -- Ano 20 -- Edição especial -- novembro de 2014. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Direitos de Todos União Estável Mesmo remontando a tempos bem longínquos, a convivência entre homens e mulheres não casados foi ignorada pelo Código Civil de 1916 e legalmente admitida, no Brasil, apenas com a redação do §3º do art. 226, da Constituição Federal promulgada em 1988, posteriormente regulado pela edição da Lei n.o 8.971, de 29/12/1994, em cujo primeiro artigo se lê: "Art. 1º A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei n.o 5.478, de 25/07/1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade." Acrescente-se que a lei citada no artigo acima refere-se ao direito de receber pensão alimentícia e ao de participar da partilha de bens. Mas a união estável, tal qual a conhecemos, só foi reconhecida com a publicação da Lei n.o 10.406, de 10/01/2002, novo Código Civil, que assim a define no artigo 1.723: "Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família." Observe-se que, enquanto o dispositivo legal anterior estabelecia o limite mínimo de cinco anos para legitimar a união dos conviventes, este é inteiramente omisso quanto a isto, daí as muitas dúvidas e preocupações sobrevindas aos casais unidos fora do casa- mento. Assim, dentre os principais questionamentos sobre o assunto, falta estabelecer o tempo mínimo de convivência de um casal, para que este possa lavrar em cartório a competente escritura pública de união estável, diferenciando-a da relação de namoro ou noivado e facilitando, ao máximo, sua conversão em casamento. Considerando-se a subjetividade dos requisitos caracterizadores de um relacionamento tão específico, os julgadores analisam vários elementos, além dos já constantes da lei, de modo a obter mais indícios de estarem diante de uma união realmente estável. Para que se dissolva uma união estável, é preciso que ela já tenha sido legalmente reconhecida, e a tarefa exige muita cautela, pois na dissolução podem estar envolvidos filhos, pensão alimentícia e/ou partilha de bens, além de outras questões impor- tantes. Diante de tanta complexidade, os juízes avaliam provas escritas (cartas, bilhetes, declarações), fotografias, depoimentos de testemunhas e tudo mais que puder ser útil para formar sua convicção. Para os cônjuges, o atual regime de bens é o da comunhão parcial, em que se comunica entre eles todo o patrimônio formado durante o casamento, mantendo-se exclusivamente para cada um os bens adquiridos anteriormente e os recebidos por herança ou doação, também indivisíveis na hipótese de separação, ainda que a herança ou a doação tenham sido recebidas durante a convivência. Tanto para o casamento quanto para a união estável, o regime da comunhão parcial de bens será aquele que vigorará, na hipótese de os futuros cônjuges ou os companheiros não se manifestarem de forma diversa. Se o casal vive em união estável sem a existência de uma escritura pública, ou se nela nada estiver estabelecido quanto ao regime de bens, aplicar-se-ão as regras da comunhão parcial, na hipótese de separação. Se a opção do casal for por um outro regime, é preciso que este conste ex- pressamente da escritura, que deverá contemplar, também, todos os demais aspectos que o casal julgue importantes, inclusive pensão alimentícia, guarda e visitação de filhos, etc., da forma que lhes for mais conveniente, desde que não haja contrariedade à lei. Em termos práticos, o casamento e a união estável guardam maiores diferenças apenas relativamente à burocracia que envolvem. Enquanto para aquele são necessários vários documentos e procedimentos junto a cartórios de registro de pessoas naturais, para esta basta lavrar em cartório uma escritura pública. Em relação ao regime de bens no casamento, o casal que opta por outro que não o da comunhão parcial, deve elaborar um pacto antenupcial. Se fizerem a mesma opção, àqueles que vão estabelecer uma união estável basta que mencionem o regime no corpo da escritura. Se a opção do casal for pela união estável, e não pelo casamento civil, é importante lavrar em cartório a escritura pública que a documente, evitando, inclusive, a necessidade de produção de provas, no caso de futuro rompimento. Ressalte-se, ainda, que esta pode ser lavrada, mesmo após anos de convivência, devendo o casal fazer constar do texto a data de seu início. Tal como no casamento, a união estável traz direitos e obrigações para ambas as partes, sendo aconselhável sua oficialização. Obviamente a ausência da escritura pública não a torna invisível aos olhos dos juízes, que podem reconhecê-la por meio da análise de requisitos, já mencionada. Contudo, não há por que deixar de fazê-la. Afinal, os relacionamentos estão sujeitos a muitos imprevistos, até mesmo uma separação inevitável. Fonte de consulta: ~,http:ÿÿ~ revistavisaojuridica.uol.~ com.brÿadvogados-leis-~ jurisprudenciaÿ51ÿnormas-~ da-uniao-estavel-182560-~ 1.asp~, Revisado por Paulo Felicíssimo Ferreira Acessibilidade e Inclusão SOCERN A Sociedade dos Cegos do Rio Grande do Norte -- SOCERN é uma entidade filantrópica sem fins lucrativos, de caráter privado, que tem como objetivo principal a promoção social, a defesa dos direitos e interesses das pessoas cegas e de baixa visão no estado do Rio Grande do Norte, reconhecida como de utilidade pública Municipal, Estadual e inscrita no Conselho Nacional de Assistência Social. Fundada há 19 anos, no dia 1º de agosto de 1996, pelo radialista Ronaldo Tavares, a entidade surgiu devido à necessidade clara de garantir a igualdade de oportunidades aos deficientes visuais como forma de inclusão social, visando à redução das desigualdades e ao resgate da imagem desse segmento na sociedade. Em agosto de 2015, a entidade, que oferece cursos de Sistema Braille, Orientação e Mobilidade, foi homenageada durante sessões solenes pela Câmara Municipal de Natal e pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte em razão dos seus 19 anos de atuação. A sede da entidade conta com uma ampla biblioteca com aproximadamente 600 títulos em braille e áudio, além de oferecer atendimento médico- -odontológico por meio de parceria com o Centro Clínico da Polícia Militar. “Atuamos junto à imprensa, divulgando e enfocando as lutas e desafios por políticas públicas consistentes para a melhoria da qualidade de vida do nosso segmento. A conquista mais recente, ao lado de outras organizações, foi a aprovação da lei do piso baixo nos ônibus em Natal que garante a acessibilidade aos deficientes e idosos”, afirmou Ronaldo Tavares, presidente da SOCERN. O próximo desafio é o passe livre intermunicipal, que por iniciativa da entidade e proposição do Deputado Jacó Jacome está tramitando na Assembleia Legislativa. “Esse projeto do passe livre irá contribuir decisivamente para a inclusão social das pessoas com deficiência, pois irá permitir que todos possam viajar gratuitamente dentro do estado do Rio Grande do Norte”, conclui. Endereço: Avenida Almirante Alexandrino de Alencar, n.o 411 -- Alecrim -- Natal-RN -- CEP: 59030-350. Telefones: (84) 3211-9122/3201-4822 e (84) 98801-3204. E-mail: ~,socern@gmail.~ com~, Fonte: SOCERN. Revisado por Karine Vieira Pereira :::::::::::::::::::::::: Grupo pernambucano ganha prêmio da ONU com GPS para cegos Conhecido como Projeto PAW, o *Project Annuity Walk* auxilia pessoas com deficiência visual a localizar possíveis obstáculos através de raios ultrassônicos em um ângulo de 120°. Ainda um protótipo, a ideia foi desenvolvida pelo grupo de pesquisa pernambucano *Wear{i{t*, que ganhou o prêmio global da ONU no *World Summit Youth Awards* (WSYA). O evento é voltado para inovadores digitais e sociais, e aconteceu na noite de 17/06/2015, em São Paulo. A competição se dividiu em seis premiações, além do concurso global, o grupo ainda venceu a categoria "Combater a pobreza, a fome e a doença". Utilizando uma tecnologia vestível, o objeto funciona como um par de óculos que, através de um sensor, identifica obstáculos à frente para que o deficiente visual possa desviar-se. Desenvolvido no início de 2013, com mais seis pessoas de diferentes áreas, entre elas psicologia, computação e engenharia, o protótipo chegou a ser uma espécie de controle remoto, que logo foi descartado para não ocupar as duas mãos da pessoa cega, que, costumeiramente, utiliza a bengala. Por esse motivo, os óculos se tornaram a opção mais viável para ajudar na loco- moção. "Fizemos muitas pesquisas e percebemos que eles já possuem a bengala, um instrumento importante e que não pode ser substituído. Nesse caso, criamos o par de óculos que identifica o que está na parte superior através de um *feedback* tátil", explica o estudante universitário Marcos Oliveira, um dos criadores do projeto. Funcionando de maneira próxima a um sensor de ré, instalado em automóveis, os óculos vibram quando o indivíduo se aproxima do objeto. Além disso, uma pulseira pode ser usada para que o sensor vibre em outra parte do corpo. Um dos principais fatores de inovação do projeto é um aplicativo que auxilia identificando rotas e funciona de forma integrada aos óculos. "Eles interagem de maneira acessível, então o aplicativo vai informar qual o melhor roteiro a ser feito. Mas os dois também podem ser usados de forma separada", conta. Outra solução desenvolvida pelos pesquisadores foi uma plataforma colaborativa, na qual é possível reportar obstáculos das rotas traçadas, para tornar o dispositivo atualizado e cada vez mais natural. "As pesquisas foram essenciais para o sucesso porque pudemos entender as necessidades de uma forma que foi bastante emotiva. Ao testar o dispositivo nas associações, muitos queriam comprar porque percebiam o quanto auxiliava", lembra Marcos. O objetivo do grupo agora é tornar o protótipo uma realidade para as pessoas que precisam, provocando mudança no cenário e no ambiente para o deficiente visual. Fonte: ~,http:ÿÿwww.~ diariodepernambuco.com.brÿ~ appÿnoticiaÿtecnologiaÿ~ 2015ÿ06ÿ18ÿinterna{-~ tecnologia,581955ÿgrupo-~ pernambucano-ganha-premio-~ da-onu-com-gps-para-cegos.~ shtml~, Revisado por Paulo Felicíssimo Ferreira õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Nossa Casa Especialistas ensinam a eliminar odores desagradáveis e escolher combinações de cheiros para aromatizar a casa Os incensos foram os primeiros objetos utilizados no Oriente, há mais de dois mil anos, para perfumar os ambientes. Da queima da resina exala a fumaça com cheiros variados, que atravessaram séculos e culturas. De lá para cá, explica a perfumista Cristina Raposo, da Olfateria, os rituais de aromatização evoluíram. A perfumaria moderna se baseia hoje em misturas de aromas, que têm origem em alimentos como pimenta, limão e fragrâncias, como os perfumes de flores. -- A identidade do Brasil é marcada pelo cheiro. Não tem uma casa de interior que não tenha uma erva seca no fogão de lenha ou uma roupa no varal, ao sol. Tudo tem perfume. Alfazema não tem cheiro de avó? -- diz Cristina, ao afirmar que a planta, além de perfumar é um bactericida natural. O cheiro traz com ele a sensação de aconchego, limpeza, segurança e, além disso, é um aliado na hora de neutralizar odores no banheiro, na cozinha e em móveis de madeira, explica Cristina. Até mesmo o cheiro de gordura da cozinha, por exemplo, pode ser amenizado com limão e cravo, que são neutralizadores naturais. O ponto principal da aromatização, aponta a perfumista Fernanda Góes, é imprimir a identidade do dono e boas sensações ao ambiente. Não há uma regra para aromatizar a casa. A única dica é não exagerar para que o ambiente não fique com um cheiro muito forte. Há aromas para cada ambiente. -- A essência de lavanda é ótima e ideal para quartos, porque acalma e refresca. Já o alecrim, que pode ser cultivado em um jardim da própria

casa, combina com ambiente de estar, por exemplo. Truques e dicas para aromatizar os ambientes Cozinha -- O aroma de limão siciliano combate o odor de gordura na cozinha. Também para acabar com esses odores, a dica é ferver meia panela com água, umas fatias de maçã ou laranja e misturar com cravo, canela, algumas gotas de limão. Depois de quente, é só deixar o aroma se espalhar para neutralizar o cheiro de gordura e perfumar o ambiente. Reciclagem -- Outra boa ideia prática para decorar o ambiente e também neutralizar odores na cozinha é utilizar latinhas de azeite de oliva vazias para plantar temperos, como alecrim, cebolinha, coentro e manjericão. Eles também podem ser cultivados em jardins na varanda. Flores -- Vasos com flores frescas perto da cama aumentam o bem-estar, porque estimulam a produção de endorfina, o hormônio do prazer, e ainda perfumam naturalmente o ambiente. Depois que as folhas secarem, também vale misturá-las com limão, laranja e alecrim para perfumar. Mofo -- Para tirar cheiro de mofo, os melhores aromas são os amadeirados, de topázio ou cedro e orvalho. Essas fragrâncias têm fixadores mais fortes e neutralizam os outros odores. Banheiro -- Para tirar o cheiro de ralos, a dica é usar essência de pinhos. Em armários novos, óleos também de pinho ou de cedro ajudam a neutralizar com o tempo o cheiro forte de madeira. Vale ainda colocar a essência em

pedacinhos de algodão ou borrifar com *spray*. Fonte: Jornal *Extra*, 29/11/2014. Revisado por Karine Vieira Pereira õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Vida e Saúde Tapioca: mitos e verdades Nutricionista tira dúvidas sobre o alimento que virou moda e conquistou muitos fãs Um dos alimentos da “moda”, tanto entre aqueles que estão de dieta, quanto para os que nem ligam para isso, a tapioca, ainda levanta algumas dúvidas. Há quem defenda seus benefícios e até quem diga que ela pode “colar no estômago”. A nutricionista Vânia Barberan esclareceu alguns pontos sobre esse alimento típico do nordeste brasileiro, mas que conquistou várias partes do país. P: O consumo diário de tapioca realmente ajuda a emagrecer? R: A tapioca, que pode ter cerca de 70 calorias, substitui o pão. Como é rica em fibras e não leva óleo na sua composição, acaba sendo um alimento que promove a saciedade sem acrescentar calorias. Por isso, é considerada uma aliada no processo de emagrecimento. O problema está no recheio que acompanha a tapioca. Se ela for consumida com um pouco de manteiga ou azeite, está ótimo, cumpre a função emagrecedora. P: A tapioca pode “colar” na parede do estômago e prejudicar seu funcionamento? R: Não. Nada “cola” na parede do estômago, pois ele possui o ácido clorídrico, que dissolve e diminui o tamanho das partículas do alimento que a pessoa ingere. P: A tapioca é mesmo melhor do que o pão francês? R: Melhor ou pior é relativo. Como falei, ela é menos calórica e também não contém glúten, conservantes ou outros produtos químicos que o pão tem que ter para ficar gostoso. A tapioca é um ingrediente único, “goma de tapioca”, que é o caldo extraído da mandioca ralada e espremida. Depois de seco, esse caldo vira a goma da tapioca, simples assim. P: Pessoas que têm diabetes ou intolerância ao glúten podem comer livremente? R: Ninguém deve comer nada livremente, senão engorda. O diabético pode consumir, e quem tem intolerância ao glúten também. Os motivos são diferentes: para o diabético, a questão é a substituição do pão, o aumento da saciedade e a diminuição do consumo de farináceos; para o intolerante a glúten, é a possibilidade do consumo de um alimento substituto do pão. P: Quais são os recheios menos calóricos para que os leitores evitem ganhar peso? R: Sugiro sempre o consumo com azeite ou manteiga; ovos mexidos; banana; queijo; pasta de soja ou de grão-de-bico. Pode ter muitas variações com o uso de azeitona preta ou verde, salsa, cebolinha, orégano, alho e o que mais a criatividade mandar. Legumes ralados também dão um bom sa-

bor, como cenoura ou beterraba temperadas com azeite e sal. Fonte: Jornal *Meia Hora*, 19/04/2015. Revisado por Karine Vieira Pereira õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Culinária Nhoque de ricota com espinafre Ingredientes para a massa: 1 xícara de espinafre cozido e bem escorrido; 500 g de ricota amassada; 4 colheres de parmesão ralado; 4 colheres rasas de farinha de trigo. Ingredientes para o molho: 1 kg de tomates maduros; 3 dentes de alho; 1 colher de sopa de açúcar; 1 colher de chá de sal; 3 colheres de azeite. Modo de preparo: Bata os tomates com um copo de água no liquidificador. Reserve. Pique os alhos e doure no azeite. Acrescente o purê de tomate, o açúcar e o sal. Deixe cozinhando em fogo baixo enquanto faz o nhoque; cozinhe o espinafre, depois escorra e pique. Precisa apertar muito bem e escorrer toda a água. Misture os demais ingredientes, faça bolinhas e cozinhe em água quente. Retire com escumadeira, coloque o molho, salpique o queijo ralado e sirva. Fonte: ~,http:ÿÿreceitas.~ radioglobo.globoradio.~ globo.comÿpageÿ3ÿ~, Bolo de batata com carne e queijo Ingredientes para a massa: 1 kg de batatas; 2 copos de farinha de trigo; 2 colheres de margarina com sal; 2 ovos; sal a gosto. Ingredientes para o recheio: 1 kg de carne moída; meia cebola picadinha; 1 lata de molho de tomate; 1 colher de sobremesa de ketchup; 300 g de queijo muçarela em fatias; sal a gosto; óleo. Modo de preparo da massa: Cozinhe as batatas com sal até que fiquem macias, passe-as pelo espremedor, adicione a margarina às batatas ainda quentes e amasse. Junte os 2 ovos inteiros e vá adicionando aos poucos a farinha de trigo; continue amassando até a massa desgrudar das mãos. Reserve. Modo de preparo do recheio: Tempere a carne moída com os temperos de sua preferência, refogue a cebola picadinha no óleo e acrescente a carne, cozinhe em fogo alto para que esta fique bem soltinha. Depois de cozida, acrescente o molho de tomate pronto e o ketchup, deixe apurar. Montagem: Coloque metade da massa de batata no fundo de um refratário, espalhando com uma colher; coloque o molho por cima da massa e, sobre ele, a carne moída; coloque molho também em cima desta; alterne as fatias de muçarela e finalize colocando sobre o queijo a outra metade da massa de batata. Pincele o bolo com uma gema e leve ao forno até dourar e o queijo derreter. Fonte: ~,http:ÿÿreceitas.~ radioglobo.globoradio.~ globo.comÿpageÿ4ÿ~, Filé de peixe com molho de ervas Ingredientes: 1 xícara e meia de chá de tomate picado, sem pele e sem sementes; meia xícara de chá de coentro picado; meia xícara de chá de salsinha picada; 3 colheres de sopa de água; 2 dentes de alho amassados; sal a gosto; 4 filés de pescada branca; margarina para untar o refratário. Modo de preparo: Misture em uma tigela o tomate, o coentro, a salsinha, a água, o alho e o sal. Reserve. Coloque os filés em um refratário untado e despeje a mistura reservada. Cubra com papel-manteiga e leve ao forno de micro-ondas por 7 minutos na potência alta ou até que o peixe esteja cozido. Fonte: ~,http:ÿÿreceitas.~ eduguedes.com.brÿfile-de-~ peixe-com-molho-de-ervasÿ~,

Estrogonofe de carne Ingredientes: Meio kg de filé mignon cortado em cubos; 2 colheres de sopa de farinha de trigo; 1 dente de alho picado; 4 colheres de sopa de azeite de oliva; meia xícara de chá de cebola picada; sal a gosto; 1 xícara e meia de chá de champignon cortado em fatias; meia xícara de chá de água; 4 colheres de sopa de ketchup; 3 colheres de sopa de mostarda; 1 xícara e meia de chá de creme de leite; meia xícara de chá de salsinha picada. Modo de preparo: Misture, em uma tigela, a carne, a farinha de trigo, o alho e o sal. Reserve. Coloque o azeite de oliva e a cebola em um refratário, leve ao forno de micro-ondas por 1 minuto na potência alta. Acrescente a carne reservada, misture e leve ao forno de micro-ondas por mais 6 minutos na mesma potência alta. Despeje a água, o ketchup e a mostarda, misturando e levando ao forno de micro-ondas por mais 5 minutos ou até que a carne esteja cozida. Em seguida, despeje o creme de leite e a salsinha, misture e leve ao forno de micro-ondas por 2 minutos na potência alta. Fonte: ~,http:ÿÿreceitas.~ eduguedes.com.brÿ~ estrogonofe-de-carneÿ~, Revisado por Paulo Felicíssimo Ferreira õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Humor Ciumenta O relógio já marca mais de 22:00 h e nada de Sérgio, marido de Geralda, chegar a casa. Depois de muito tempo esperando, ela pede ajuda ao filho: -- Joãozinho, ligue imediatamente para o seu pai e pergunte onde ele está. -- Tá bem, mãe. Joãozinho, então, pega o telefone e liga. Poucos segundos depois, o garoto volta para a cozinha, onde a mãe está. -- E então, ele atendeu? O que seu pai respondeu? -- Não sei, já liguei três vezes para ele, mas quem atende é uma mulher dizendo... -- Uma mulher? Ah, deixa esse safado comigo! Quarenta minutos depois, Sérgio chega e já é recebido a patadas pela esposa enfurecida. -- Como você ousa fazer esse tipo de coisa comigo, Sérgio? Eu não mereço! -- O que eu fiz, amor? -- Espanta-se o marido. -- Seu filho ligou para o seu celular três vezes, e uma mulher atendeu. -- Uma mulher?! Geralda, eu fiz hora extra no trabalho, e meu telefone descarregou! -- diz Sérgio. Revoltada, a mulher grita: -- Duvido! Vem cá, filho, diz para o seu pai o que a mulher falou quando atendeu o celular dele! -- Ah, mãe, ela disse: “O número que você ligou está desligado ou fora da área de cobertura.” Fonte: Jornal *Meia Hora*, 16/07/2015. Revisado por Paulo Felicíssimo Ferreira õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Espaço do Leitor Leitor amigo, este espaço é exclusivamente seu. Participe enviando suas criações (crônicas, pequenos contos, poesias, cantigas, curiosidades de sua região e dicas de temas a serem abordados pela sua revista). õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Vocabulário -- A Aglutinar: v. Unir. Apurar: v. Tornar-se mais suculento por meio de fervura. -- B Banal: adj. Comum, trivial. -- C Cálida: adj. De temperatura alta; quente. Cercear: v. Impor limites. Chagas: s. f. Feridas abertas. Comodato: s. m. Empréstimo gratuito de algum bem que deve ser restituído em tempo pré-estabelecido pelas partes interessadas. Cônjuge: s. m. Pessoa casada com outra. Conviventes: s. m. Pessoas que convivem com outras. -- E Eloquente: adj. 2g. Expressivo, convincente, persuasivo. Emancipação: s. f. Independência. Entusiasticamente: adv. Com entusiasmo. Epígrafe: s. f. Título, palavra ou frase que serve de tema a um assunto. -- F *Feedback* (inglês): Retorno. -- I Incandescer: v. Ficar em brasa. Indefectível: adj. 2g. Certo, que não falta, constante. -- J Júbilo: s. m. Grande alegria; contentamento. -- K *Kitesurf* (inglês): Também conhecido como *kiteboarding* ou mesmo *flysurf*, é um esporte aquático que utiliza uma pipa (kite) e uma prancha com ou sem alças. A pessoa, com a pipa presa à cintura através de um dispositivo chamado trapézio, coloca-se em cima da prancha, comanda o *kite* com a barra, e sobre a água, é impulsionada pelo vento que atinge a pipa. Ao controlá-lo, através da barra, consegue se deslocar pegando ondas ou realizando saltos. -- M Menção: s. f. Referência. -- N Nativos: s. m. Nascidos no lugar onde vivem. -- P Pacífica: adj. Sossegada, tranquila. Piegas: adj. 2g. Que apresenta excesso de sentimentalismo. Prole: s. f. Filho ou filhos de um indivíduo. -- R Refratário: s. m. Que resiste a altas temperaturas. -- S *Sandboard* (inglês): É um esporte que consiste em descer dunas de areia, com a utilização de uma espécie de prancha. Sobrevindas: adj. Ocorridas. Soneto: s. m. Pequena composição poética de 14 versos divididos em quatro estrofes (dois quartetos e dois tercetos). Subjetividade: s. f. Característica do que é subjetivo, isto é, própria de uma pessoa. -- T Tecnologia vestível: Dispositivo eletrônico, usado como extensão de alguma parte do corpo, com a finalidade de restituir sua função ou melhorá-la. Tênue: adj. 2g. Leve, ligeira. Tiflocômios: s. m. Casa que se destina a abrigar pessoas cegas. Tolher: v. Proibir, privar. Tréguas: s. f. Pausas. -- V Visionário: adj. Que tem ideias inovadoras. -- W *Windsurf* (inglês): É uma modalidade olímpica de vela. Este esporte consiste em planar sobre a água utilizando a força do vento. õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra Transcrição: Fernanda Hélen S. de Figueiredo Revisão Braille: João Batista Alvarenga e Abel Ricardo