Revista Brasileira para Cegos Ano LXX, n.o 528, Dez. de 2012 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Publicação Quadrimestral de Informação e Cultura Editada na Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação Impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1942 pelo Prof. José Espínola Veiga Av. Pasteur, 350/368 -- Urca Rio de Janeiro -- RJ CEP: 22290-240 Tel.: (55) (21) 3478-4458 E-mail: ~,rbc@ibc.gov.br~, Site: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.br~, Livros Impressos em Braille: Uma Questão de Direito PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA

Diretora-Geral do IBC Maria Odete Santos Duarte Comissão Editorial Ana Luísa Mello de Araújo Ana Paula Pacheco Claudia Lucia Lessa Paschoal João Batista Alvarenga Leonardo Raja Gabaglia Maria Cecília Guimarães Coelho Vitor Alberto da Silva Marques Colaboração Ana Paula Souza Almeida Ana Bárbara Nicolay Levinspuhl Publicação e distribuição em braille, conforme Lei n.o 9.610 de 19/02/1998 e Normas Técnicas para Produção de Textos em Braille, MEC/SEESP, 2006. Arquivo da revista disponível para impressão em braille: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ~ ?itemid=381~,

¨ I Sumário Editorial ::::::::::::::::::: 1 Esta senhora EM revista: crônica para uma homenagem :::::::::::::::::: 3 A pelada como ela é ::::::::: 11 Tributo ::::::::::::::::::::: 17 Entrevista com o Professor Paulo Felicíssimo Ferreira :::::::::::::::::: 17 Acessibilidade e Inclusão :::::::::::::::::: 38 Corrida com barreiras ::::::: 38 IBC em Foco ::::::::::::::: 46 Fórum pelo Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência ::::::::::::::: 46 Estimulação precoce -- O que é? ::::::::::::::::::::: 48

Culinária ::::::::::::::::::: 50 Bolo de fubá de preguiçosa ::::::::::::::::: 50 Pão de queijo ::::::::::::::: 52 Macarrão parisiense ::::::::: 53 Datas Comemorativas :::::::: 54 Vida e Saúde ::::::::::::::: 55 Frutas e verduras reduzem o desejo de fumar :::::::::: 55 Glaucoma: sintomas sutis, riscos reais ::::::::::::::: 57 RBC Informa ::::::::::::::: 64 Cinema falado ::::::::::::::: 64 Espaço do Leitor ::::::::::: 65 Editorial Prezado leitor: Sempre voltada para uma visão de futuro, a RBC mantém-se preocupada em atender aos seus anseios, ao garantir a permanência de seções de seu agrado e ao inserir novas seções que você certamente vai gostar. Vale lembrar que sua opinião é muito importante e na medida do possível será acatada. Para você ter uma amostra do conteúdo da nova RBC, além das seções já costumeiras, teremos algumas seções fixas e alguns artigos isolados, bem a seu gosto. Entre as seções, teremos: Vida e Saúde, abordando os cuidados que devemos ter com nosso corpo, com nosso organismo em geral; Acessibilidade e Inclusão, explorando temas ligados predominantemente ao segmento das pessoas com deficiência, focando questões legais e os avanços tecnológicos que facilitem a busca por uma melhor qualidade de vida, nos campos, escolar, profissional e individual. Também serão mantidas as seções: Culinária, com suas tradicionais receitas; IBC em Foco e RBC Informa. Como uma ponte de comunicação entre a RBC e você, não poderia faltar uma seção que também permita esse bom relacionamento entre os diferentes leitores: Espaço do Leitor. Por esta seção, tomaremos conhecimento de suas sugestões e críticas, bem como, de seus dados e manifestações de intenções de contatos com todo o universo de leitores da RBC. Como se pode constatar, a revista está recheada de novidades! Agora, só nos resta trabalhar no sentido de superarmos, a cada dia, nossas possíveis falhas, para o quê, estaremos empreendendo toda a dedicação e esforço; afinal, você é a meta de quem aqui trabalha e de quem pensa que o Braille é o sistema de leitura e escrita insubstituível para as pessoas cegas. Vamos pensar e crescer juntos, pela informação livre e pela cultura edificante. Comissão Editorial õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Esta senhora EM revista: crônica para uma homenagem Em comemoração aos 70 anos da *Revista Brasileira para Cegos* (RBC), reproduzimos a crônica da professora Joana Belarmino de Sousa publicada na *Revista Benjamin Constant*. Nasceu sob o signo ensombrado da guerra, numa casa em reforma, e não havia canção de ninar, antes, o ruído ensurdecedor de máquinas de impressão, cinzelando palavras em relevo nas suas folhas brancas e novas. O ano era 1942, e abril iniciava seus dias. Mal sabia falar, contudo desceu às pressas das suas fornalhas, para expor a situação das pessoas cegas do Brasil na “Era Vargas”, dar voz aos rumores da guerra, abrir-se ao discurso do ministro de Educação e saúde brasileiro acerca da Lei Orgânica do Ensino Secundário. Amenizou sua face sisuda com algumas expressões pitorescas; o tempo, todavia, não era para muitos sorrisos. Era preciso dizer algo acerca dos brasileiros da *Quinta Coluna*, e necessário fazia-se falar dos bombardeamentos, recuar aos primórdios da luta pela Independência, até a execução de Tiradentes. José Espínola Veiga, seu mentor intelectual, seu pai espiritual, inspecionou pela última vez seus trajes de partida. Vestia-se com as palavras do seu tempo. Cumpriria bem a sua missão?, indagou-se o mestre, enquanto sopesava o pequeno maço de páginas encadernadas. E eis que as roldanas do tempo giraram, e por centenas e centenas de vezes ela vestiu-se e deixou a casa do seu pai. Em abril passado completou 70 anos e é portadora de uma trajetória que lhe confere o merecido título de “uma senhora revista”. A *Revista Brasileira para Cegos*, RBC, é uma publicação em Braille do Instituto Benjamin Constant, primeira escola fundada no Brasil para a educação de crianças, adolescentes e adultos cegos. É distribuída gratuitamente para mais de 2 mil leitores cegos no País e circula em mais 21 países de línguas espanhola e portuguesa. Pode-se dizer: é uma revista intergeracional, porque, ao longo desses anos, apoiou, complementou e disseminou a cultura, o entretenimento, a educação para centenas de milhares de pessoas cegas no Brasil e no mundo. Essa senhora revista ainda cumpre a proeza de ser a única existente no Brasil, em Braille, e distribuída gratuitamente. “Quanto ela custa?”, perguntam os ordenadores das suas despesas. “Quanto ela vale?”, indagamos cegos brasileiros, tocando suas páginas brancas e novas, crivadas de palavras em relevo. Cumpre-me, pois, nesta matéria, homenagear essa senhora, eu que comecei a desbravar suas páginas na minha adolescência. Era o meu pai que geralmente me entregava o pacote de correspondências, fazendo voz de carteiro, escondendo as cartas para que eu me desesperasse, até que, com uma agilidade que sempre me surpreendia, atirasse o pacote sobre a minha cabeça, nós dois estourando de risos. Lembro-me de um episódio curioso, engendrado no âmago da rebeldia dos meus pouco mais de 20 anos, quando, revoltada, com o pequeno número de publicações em Braille existentes no País, produzi e distribuí, em um evento de pessoas cegas (1981), um manifesto no qual atacava com ferocidade a RBC e o Relevo, publicação da Fundação Dorina Nowill para Cegos. Naquele tempo, eu só tinha uma vontade grande de mudar o mundo com meus brados. A revista seguiu seu curso, eu segui o meu, mas, surpreendentemente, estivemos juntas todo esse tempo. Agora mesmo, dou uma parada no texto, faço clique no site do IBC, desdobro páginas digitalizadas, sobrevoo a esmo títulos e partes de suas matérias... Acode-me, então, uma vontade de segurar a revista, abrir suas páginas, deixar que meus dedos deslizem suavemente por suas linhas pontilhadas, meus indicadores apontando um tempo intercalar, entre o passado e o futuro, tempo no qual cabe o gesto primordial inventado por Louis Braille, o tempo dessa célula fundamental de seis pontos conformados à polpa do dedo, destravando vontades, imprimindo na cultura um novo modo de se ler o mundo, tocando as palavras, reinventando, nessa gramática de associação e combinação, um novo diálogo entre mão e cérebro. Decifro palavras, entretanto é como se, nesse gesto primordial, meus dedos apontassem toda essa trajetória, do invento de Braille até nossos dias. Um tempo em que foram necessários tantos outros gestos fundamentais, em oficinas de impressão, em mesas de escolas, em praças, o braille sendo lido ali, perto do mar, enquanto as ondas quebram na areia, ritmando a eternidade do seu ir e vir. Leio frases inteiras; no entanto, para além do lido, sinto como se meus dedos apontassem, em cada combinação de pontos braille, impressores, revisores, encadernadores, embaladores, distribuidores, recicladores, leitores, chusmas de leitores da *Revista Brasileira para Cegos*, nesses 70 anos, em mais 70 anos futuros, em computadores, em tablets, em displays braille, a pequena célula fundamental multiplicando-se, assumindo essas outras tantas formas de narrar o mundo, em som, em texto, em relevo. Contemplo de novo a pergunta, quanto vale a RBC? E é como se ouvisse a voz dos seus idealizadores, dos seus divulgadores, dos seus leitores, a dizer, como num jogral: a RBC não tem preço. A RBC vale cada grão de cultura plantado e germinado, cada ponto braille sulcado e lido, cada progresso alcançado, ontem, agora e no futuro. Joana Belarmino _`[{joana Belarmino de Sousa é jornalista; bacharel em Comunicação Social (Jornalismo) pela Universidade Federal da Paraíba, 1981; mestra em Ciências Sociais pela mesma universidade, 1996; doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2004. Desenvolve pesquisas nas áreas de acessibilidade à comunicação, ciberativismo, cegueira e percepção tátil, cegueira, arte, literatura e comunicação. É professora adjunta do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal da Paraíba, tendo iniciado a docência em 1994_`] Fonte: *Revista Benjamin Constant*, Rio de Janeiro, v. 18, n.o 52, p. 38-40, ago. 2012. Nota dos Editores da RBC Esclarecemos que a autora, ao afirmar ser a RBC a única publicação em Braille, se refere às revistas direcionadas ao público adulto. Informamos, ainda, que há no Brasil duas outras publicações em Braille bastante conhecidas: a revista “Pontinhos”, editada pelo IBC e direcionada ao público infanto-juvenil, e o boletim “Ponto a Ponto”, projeto patrocinado pela Petrobrás. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo A pelada como ela é Sérgio Pugliese Lição de superação: com a ajuda da escolinha de futsal do Grajaú Tênis Clube, pai e filho mostram a arte de derrubar obstáculos Da arquibancada do Grajaú Tênis Clube, o procurador federal Carlos Augusto Pereira, de 38 anos, prestigiava o filho Antonio, de 10. O moleque estava solto e há tempos não se sentia tão feliz e integrado. Para brindar a atuação acertou um belíssimo voleio no ângulo, após cruzamento milimétrico do ala Joãozinho. Que gol! A torcida vibrou, o paizão arrepiou-se e girou a cabeça em busca de detalhes. -- O Antonio fez um gol de placa -- adiantou o treinador da escolinha, Sérgio Sapo, da beira da quadra. Logo em seguida, sentiu o abraço apertado do garoto e a confirmação, aos soluços: “Fiz um golaço!”. O pai o envolveu como um polvo e os dois choraram juntos. Cego desde 1995, vencido por um glaucoma congênito, doença genética rara que atinge bebês e os deixa com os globos oculares aumentados e as córneas embaçadas, Carlos Augusto especializou-se em superar barreiras. Estar ali era uma dádiva. A cria segue o mesmo caminho da perseverança e luta contra graves problemas respiratórios de nascença e excesso de timidez. -- Eles são muito unidos, se completam -- comentou Sapo, emocionado, enquanto observava o prolongado abraço. A amizade entre os dois é realmente louvável. Carlos Augusto nasceu enxergando apenas 10% e mesmo assim aprendeu Braille, no Instituto Benjamin Constant, porque os especialistas alertaram que a perda total da visão era questão de tempo. Usava venda nos olhos durante as aulas e costuma citar uma expressão do psicanalista e professor Helio Pellegrino para enfatizar a importância do sistema de leitura para cegos em sua vida: “Foi minha ponte sobre o abismo”. Aos 11 anos, começou a jogar bola com guizos e carrega maravilhosas recordações dessa época. -- Fazia meus golzinhos -- garantiu. E cresceu colecionando conquistas. Nenhuma simples. Mas superou desconfiança e preconceito, meteu a cara nos estudos, tornou-se procurador federal e ainda sonha ser juiz. Nessa fase de mergulho nos livros, sentiu-se mal, desmaiou e na queda rasgou a córnea na quina do computador. Hoje usa prótese. E as provas de superação prosseguiram. Por conta de estresse viu nascer um tumor na coluna e a cirurgia foi inevitável, pois estava perdendo o movimento da perna. Mais uma vitória. -- Problema maior vivia meu filho Antonio. Retraído ao extremo, era zoado por outras crianças e respirava com dificuldade -- lembrou Carlos Augusto, casado com a professora Eliane e pai também de Bernardinho, de 10 meses. Na tentativa de solucionar o problema, terapia, apoio psicológico, judô, natação... nada funcionava. Amor da família nunca faltou, mas no colégio vivia isolado e sofreu *bullying*. O pai acreditava na força do futebol para inseri-lo e lançou mão de uma velha companheira, a bola de guizo. No quintal de casa, treinavam diariamente e até a labrador Pretinha participava. O menino passou a ganhar confiança no chute, nas jogadas e topou ser matriculado numa escolinha, barreira dificílima de ser quebrada. O pai não faltou a uma aula. Vê-lo sentado na arquibancada era o porto seguro de Antonio. Os primeiros contatos foram tensos, mas o carinho dos meninos Alan, Joãozinho, Pedro, Vitor, Raphael, Carlos, Caio, do professor Sérgio Sapo e sua equipe foram determinantes para a apreensão transformar-se em confiança. -- A cada dia ele vem conquistando mais espaços; hoje se relaciona e ganhou autoestima. O futsal o obriga a pensar mais rápido -- comentou orgulhoso. Da arquibancada, Carlos Augusto acompanha há sete meses a evolução do filho. Não perde um lance! Garante que seu cérebro continua produzindo imagens involuntariamente e a memória do curto período em que enxergou o leva a imaginar rostos e cenas. Mas não se preocupa se o filhote faz golaços ou jogadas de efeito. Quer apenas o seu desenvolvimento, diversão é lucro. Vascaínos doentes, também já sofreram com o time antecessor ao Trem Bala da Colina. Estavam em São Januário quando o Vasco caiu para a Segunda Divisão e vibraram juntos com o retorno de Fernando Prass & Cia ao grupo de elite. Altos e baixos, vencedor e vencido, funciona assim. De mãos dadas, na volta para casa após mais um dia de treino, o pimpolho, numa tabelinha genial, esquivou o pai de um poste enquanto ouvia seus conselhos sobre obstáculos e mercado competitivo. Fonte: Jornal *O Globo*, p. 6, 18/08/2012. Coluna Esportes. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Tributo Nesta edição homenageamos uma pessoa muito especial para a RBC e a *Pontinhos*, o professor Paulo Felicíssimo Ferreira, ex-aluno e ex-professor do Instituto Benjamin Constant, que por quase vinte anos colaborou como revisor final de textos, sempre com muita presteza, talento e dedicação. Para tal, transcrevemos a entrevista por ele concedida à colunista do Jornal *Contraponto* e ex-aluna do IBC, Ivonete Santos. Entrevista com o Professor Paulo Felicíssimo Ferreira 1- Onde nasceu e onde reside atualmente? R: Nasci em 28 de setembro de 1943, na cidade do Rio de Janeiro, onde agora também resido. 2- Já nasceu com deficiência visual? Fale um pouco sobre sua

infância e a convivência com a família e amigos. R: Como uma das muitas vítimas do sarampo, perdi a visão com dois anos e dois meses de idade, havendo minha mãe falecido na mesma semana, perdas que muito sofrimento trouxeram a meu pai assim como aos tios mais próximos e, bem provavelmente, hão de ter deixado marcas significativas em minha infância, pois ainda me recordo de haver experimentado, durante ela, episódios ocasionais de uma inexplicável tristeza. Ademais, não é impossível que as manifestações alérgicas, representadas por urticárias e terríveis crises asmáticas, que me perseguiram até o final da adolescência, estejam ligadas a tais fatos. Não obstante, quanto a carinho e assistência, se houve crianças deficientes mais felizes que nós (meu irmão tinha deficiência mental congênita), foram poucas. Afinal, a irmã de nossa mãe, apesar da grande pobreza, tomou a si o dever de criar-nos e o levou a tal ponto que só concordou em casar quando encontrou quem também nos aceitou como filhos. Detalhe: nunca exigiram que os chamássemos de pai ou mãe! Minha mãe, embora muito inteligente, nunca pudera estudar, mas teve uma percepção bastante clara das nossas necessidades e possibilidades, ensinando-nos de tudo e quase nada proibindo, mesmo quando, velada e carinhosamente, protegia-nos de eventuais perigos. Meus primos foram os amigos de infância, e com eles "joguei bola", brinquei de patinete e com os carrinhos de rodas de lata, que também fazia, dividindo as batidas do martelo, quase por igual, entre os pregos e os dedos. 3- Foi aluno do Instituto Benjamin Constant? Se positivo, diga em qual período e como tomou conhecimento da escola especializada para cegos.

R: Fui matriculado no IBC em 1949, havendo tomado conhecimento do Braille (que sempre escrevo com inicial maiúscula) num dos cultos evangélicos a que assistíamos numa congregação próxima de casa, no qual pregou um senhor cego chamado Mário Ferrão. Mas creio ter sido uma senhora de nome Lígia, da igreja metodista de Vila Isabel, a que então pertencíamos, quem encaminhou meu pai ao Instituto, onde, atrapalhado por problemas de saúde, só concluí o curso ginasial em 1961. 4- Onde deu continuidade aos estudos e qual sua formação? R: Fui matriculado pela direção do IBC no curso clássico (2º grau da época) do Colégio Melo e Souza, mas não logrei ficar ali por muito tempo, porquanto minha pobreza, que não me permitia sequer merendar, em nada combinava com a disponibilidade econômica de alunos que, ou "haviam chegado de Paris nas últimas férias", ou "viajariam aos Estados Unidos nas próximas". Inquirido, algumas vezes, sobre por que não lanchava, eu dizia não sentir fome, quando esta na verdade sobrava. Eu tinha certeza de que, se dissesse não possuir dinheiro para merendar, este nunca mais faltaria; a vergonha de pedir, contudo, era ainda maior que as necessidades, e preferi deixar a escola, submetendo-me às provas do curso supletivo quatro anos mais tarde, assim recuperando um pouco do tempo perdido. 5- Por que escolheu a carreira de professor de inglês? R: No que respeita ao saber, minhas duas grandes paixões sempre foram filosofia e linguagem; aquela por me haver propiciado o hábito da reflexão nos tempos de crise existencial da adolescência, esta por ainda me ensejar, pelo esquadrinhamento da palavra, uma penetração cada vez mais profunda nas ideias.

Curiosamente, fui despertado para o desejo de aprender outras línguas quando, não tendo mais que 12 anos, ouvi o pastor da igreja ler um texto da Bíblia em inglês, idioma obviamente mencionado por ele. Nunca mais me esqueci da palavra "we" (nós). Como sempre gostei dos grandes desafios e ser autodidata parece ser um deles, eu ainda estava na quarta série primária quando comecei a tomar emprestados livros de inglês, francês e latim, línguas com as quais não tive a menor dificuldade nos cursos posteriores. Para adquirir vocabulário e aprender novas construções em inglês, eu, que nem sequer dicionário tinha, valia-me da versão *King James* do Novo Testamento, presenteada por um pastor americano, copiando em Braille textos dos mesmos evangelhos que já possuía em português e, mediante um processo de comparação entre as duas versões, deduzia, do que já me era conhecido, aquilo que buscava saber. Agora o mais importante: tais cópias me eram ditadas, letra por letra, pela inesgotável paciência e pelo amor incondicional de minha mãe, que já encontrava dificuldades na leitura do próprio português, pois fora mal alfabetizada no interior. A certa altura do ginásio, consegui que o saudoso padre Rosário me desse umas poucas noções de grego e, já quase ao final dele, o Instituto me obteve uma bolsa de estudos no IBEU (Instituto Brasil-Estados Unidos), onde entrei no quarto e último período do curso básico de inglês, concluindo-o em quatro meses. Eu diria, portanto, que não escolhi ensinar inglês; escolhi aprender. A vida é que se incumbiu de tornar-me professor, e bem diversificado, como verão adiante. O inglês não foi um fim em si mesmo, mas um meio para que eu pudesse ler até 30 revistas Braille por mês, algo inimaginável em nossa língua. 6- Em que ano tomou posse como professor do IBC e até quando trabalhou lá? R: Tomei posse em 1982 e, oficialmente, trabalhei apenas até 1997, porque já trazia 15 anos de contribuição como trabalhador autônomo. No entanto, mesmo depois de aposentado, lá permaneci, voluntariamente, por mais de um ano. 7- Já deu aulas para alunos com visão? Fale-nos sobre essa experiência. R: Exemplo clássico de timidez e introversão, foi-me extremamente difícil romper com a intelectualidade e tornar-me vendedor ambulante, mas, ainda aqui, a vergonha da dependência econômica gritou mais alto, e eu cedi, embora sem haver parado de estudar por conta própria, o que me propiciou uma saída gradativa das vendas para as aulas particulares, antes mesmo de ingressar na faculdade. Aos alunos particulares, terei ensinado, provavelmente, mais português que inglês e, como cada um deles tinha cultura e interesses diferentes, eu, que ensinava redação e, por consequência, interpretava e corrigia textos, vi-me compelido a aprender com eles os conteúdos de que necessitavam. Foi assim que preparei vestibulandos em áreas diversas, candidatos a fiscais da Receita Federal e a técnicos do Tesouro Nacional, chegando a acompanhar alguns em suas carreiras universitárias. No inglês, língua na qual, devido ao número e à variedade das publicações recebidas, li a respeito de quase tudo, lembro-me de haver tido até um aluno dentista e dois artistas plásticos, entre outros. De 1974 a 1981, fui professor de inglês na Companhia Light do Rio de Janeiro, onde ministrava aulas a técnicos e engenheiros de eletricidade. Tanto para os alunos particulares quanto para os da Light, eu preparava textos em Braille e os datilografava, sendo que, no caso da empresa, havia, também, os livros específicos de eletricidade, dos quais eu transcrevia trechos para o Braille, a fim de ler e traduzir com eles em sala. Considero-me realizado como professor de alunos com visão normal, pois houve até uma época na qual um grupo saía da Barra, em seus carros, para estudar comigo em Realengo, onde eu morava, pagando-me o preço cobrado, sem regateamento. Mais ainda: já residindo em Nova Friburgo, a 150 km do Rio, duas pessoas lá estiveram, remunerando meu trabalho e pagando por suas passagens, uma para correções em sua dissertação de mestrado, outra para revisão da monografia como técnica em administração da Receita Federal. Esclareça-se, em tempo, que jamais negociei trabalhos escolares, limitando-me, antes, à correção dos textos a mim apresentados. Os únicos textos pelos quais recebi o justo pagamento de minha produção foram escritos para quatro ex-alunos particulares, a fim de serem anexados a dois processos judiciais, por sugestões de seus advogados. O primeiro sob o título "Critérios e Requisitos", em 1988, e o segundo intitulado "Parecer Técnico sobre o Emprego das Aspas", em 2007. 8- Conte um pouco sobre como foi fazer faculdade numa época em que não existia o recurso do computador com leitores de tela, nem gravadores com as tecnologias atuais? R: Por tudo quanto já aprendera, o curso em si não chegou a ser um peso; residindo, porém, no subúrbio, o ir e vir e o ter de conciliar os horários da faculdade e dos ledores com a profissão de trabalhador autônomo foram, por vezes, problemas quase insolúveis. Para que se tenha uma ideia do sacrifício, eu morava no terrível (com licença da má palavra) "Conjunto Quitungo", em Brás de Pina, onde só havia barro em frente à igreja Santo Antônio e, nos dias de chuva, sobrava lama. Na saída para a faculdade em manhãs chuvosas, era frequente enterrar os sapatos naquele lamaçal, ocasiões que geravam diálogos como este: Alguém: -- Moço, aí tem lama! Eu: -- Eu sei! Eu quero saber onde não tem! Em tais circunstâncias, eu tinha de ir à casa de minha mãe, em Realengo, bairro na direção oposta a Piedade, local da Gama Filho, a fim de limpar os calçados e voltar, obviamente com grande atraso. Preocupado, em qualquer ocasião, com o respeito que, a meu ver, as pessoas cegas devem buscar inspirar às de visão normal, não foram poucas as vezes nas quais tomei por empréstimo a máquina de escrever do amigo Joir Dias Coutinho, ex-aluno e professor aposentado do Instituto, e sempre datilografei meus testes e exercícios, a fim de descartar a necessidade de provas orais ou transcrições do Braille para o sistema comum, assim evitando, da parte dos colegas videntes, a suposição de que a nota me tivesse sido dada, e não merecida. 9- Qual sua opinião sobre o fechamento das escolas especiais e a inclusão dos alunos com deficiência nas escolas regulares? R: Não sou bom contador de histórias, mas creio que este diálogo entre um rei e um filósofo, de cujos nomes infelizmente não me recordo, possa bem ilustrar minha resposta. Estando o filósofo a tomar sol, o rei se pôs diante dele e, impressionado por sua sabedoria após algum tempo de conversa, disse-lhe: -- Pede-me o que quiseres e eu te darei! E o sábio: -- Não me tires o que não me podes dar! (O sol) Retirar algo de alguém ou de um grupo, quando não se lhes pode dar coisa igual, ou melhor, é crueldade e covardia, e este é o caso do fechamento das escolas especializadas. Ocupei a direção do departamento técnico-especializado do Instituto Benjamin Constant e, após deixá-lo, prestei consultoria técnica em educação especial a quantos, interna ou externamente, dela precisaram, para a feitura de monografias ou dissertações de mestrado; por dois anos, ministrei aulas de educação especial no Curso de Especialização de Professores na Área da Deficiência da Visão; a convite do governo canadense, visitei, em 1994, escolas especializadas do Canadá e dos Estados Unidos; já aposentado, trabalhei, como revisor final e avaliador de adaptações, em diversos projetos de transcrição de livros didáticos para o ensino regular e ministrei aulas em três cursos de revisão para o mesmo fim. À luz de toda esta experiência, posso assegurar-lhes que, em razão da ignorância ou descrença da maioria dos profissionais do ensino regular quanto às possibilidades dos alunos sem visão e com os materiais de que não dispomos, a inclusão de crianças antes da 5ª série do 1º grau está fadada a inaugurar a estagnação, se não o retrocesso, na educação das pessoas com deficiência visual. Sabemos que a obrigatoriedade do ensino regular para nós é de inspiração americana e atende, prioritariamente, a objetivos político-econômicos, bem disfarçados por discursos que pregam uma suposta igualdade, de que são os instituidores os primeiros descrentes. Tanto assim que o interesse na chamada inclusão escolar se tem mostrado bem maior que a preocupação de incluir os já escolarizados no pleno gozo de seus direitos civis. Assim, o governo, suficientemente forte para impor a inclusão, não se vale de igual poder para impedir, por exemplo, que agências da Caixa Econômica ou do Banco do Brasil exijam dos cegos já escolarizados a presença de um procurador para abertura de uma conta ou venda de um bem de sua propriedade. Não me acredito pessimista afirmando que, nos cursos universitários, a maioria de nós logrou impor-se, não por um imediato interesse despertado nos colegas e professores, senão pelo quanto de cultura e intelectualidade pôde oferecer-lhes. A experiência persuadiu-me de que, por vezes, a ingenuidade e o desejo de igualdade com o outro nos traem, induzindo-nos a crer que, em nossa ausência, as pessoas pensam e falam de nós o que na presença dizem. Vejam o que me aconteceu enquanto professor numa subestação da companhia Light, onde eu era muito respeitado. Por haver ali trânsito de carretas e guindastes, a administração me pediu que sempre aguardasse pelo acompanhamento de alguém para subir à sala de aula. Obviamente concordei. Alguns meses depois, Pedro Paulo, o funcionário designado para me encontrar na portaria, subiu comigo e deixou-me no banheiro, iniciando uma conversa com outro rapaz que chegou logo depois e (ficou claro) não me vira. O colega mostrava as vantagens de trabalhar no andar superior e insistia em que Pedro Paulo fosse para a seção dele. Como este não se interessasse, veio o último e mortal argumento: "Assim você não vai ter de andar com cego pra lá e pra cá." Fiquei muito chateado, mas ignorava que o pior ainda estava por vir. Já na sala de aula, dois dos engenheiros perceberam meu aborrecimento e, após ouvirem minha explicação, um deles disse, à guisa de conforto: "Ele só disse isso, professor, porque não sabia que o senhor estava ali!" Então, compreendi que todos pensavam a mesma coisa. Felizmente, a justiça operou em meu favor, e aquele moço descendente de italianos, veio a integrar, logo depois, uma das turmas de técnicos em eletricidade. Um dia, já nem me lembro por quê, falei, de passagem, sobre Espinosa, e ele me perguntou se eu conhecia o filósofo. Aproveitei e despejei o quanto sabia, levando-o, dali por diante, a procurar-me para conversar nos intervalos. Que inclusão cara! 10- Conte algum acontecimento marcante da sua fase de aluno do IBC e outro do período em que era funcionário. R: Eu era aluno e, pela excessiva bondade dos colegas, tornei-me presidente do Grêmio Benjamin Constant durante algum tempo. Não sei se por meu jeito reservado, mas eu era sempre bem recebido pelo Dr. Raimundo Fontes Lima, o diretor de então. Um dia, precisando de um favor nada administrativo e julgando-me, na minha ingenuidade de adolescente, mais influente do que na verdade era, eu o procurei e comecei: -- Dr. Fontes, eu estou precisando de um favor, e como nós somos amigos... Ele me esperou acabar e, calma e educadamente, disse: -- Bem, na verdade nós não somos propriamente amigos; somos bons conhecidos! Aprendi a lição e hoje, quando chamo alguém de amigo, não o faço pelo que ele me possa oferecer, e sim pelo quanto eu lhe posso e me disponho a dar. Como professor, o que mais me marcou foi uma festa surpresa, preparada pelos alunos de uma turma, que me receberam com parabéns e muitas palmas em um aniversário meu, numa grande demonstração de carinho. 11- Professor, todos os que foram seus alunos aprenderam algo mais do que as lições de inglês. Gostaria de saber como o senhor conseguia ser tão paciente conosco e o que o motivava a tentar esclarecer nossas dúvidas. R: Bem, eu explico isto assim: Emprego é o trabalho remunerado por um patrão; trabalho é aquilo que deve ser realizado, a fim de se fazer jus a uma remuneração, provenha ela de pessoa física ou jurídica; serviço (ato de servir) é o trabalho com amor, seja ele remunerado ou não. Tenho certeza de que, tanto nas vendas ambulantes quanto no exercício do magistério, como autônomo ou já empregado no IBC, sempre trabalhei para servir e, portanto, com amor. Ora, o apóstolo Paulo afirma que "o amor é paciente". 12- Deixe uma mensagem para os leitores do *Contraponto*.

R: Se prestarmos, sempre, todo o serviço que pudermos, só pedirmos aquilo de que realmente necessitarmos e agradecermos por tudo quanto recebermos, seremos mais felizes, e os outros também. Assim, desejando que as poucas experiências aqui relatadas possam servir de estímulo aos jovens que lutam por uma vida digna, manifesto minha mais profunda e sincera gratidão à editoria do Jornal *Contraponto*, na esperança de haver satisfeito às gentis e oportunas questões apresentadas pela Ivonete. Fonte: Jornal *Contraponto*. Disponível em: ~,http:ÿÿ~ exaluibc.org.brÿcontrapontoÿ~ contraponto{-09{-2012.rtf~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Acessibilidade e Inclusão Corrida com barreiras Isabela Bastos Cidade tem 4 anos para adaptar calçadas e meios de transporte para Jogos Paralímpicos A quatro anos do início dos Jogos Paralímpicos do Rio, a cidade ainda tem um longo caminho a percorrer para ser considerada acessível a atletas, visitantes e cariocas com deficiências físicas, visuais e auditivas. Além de tirar do papel novos equipamentos esportivos, projetados com acessibilidade universal (dando ao deficiente autonomia de circulação), o desafio paralímpico inclui adaptar equipamentos prontos, como o estádio do Engenhão e o Parque Aquático Maria Lenk. Será preciso ainda vencer as barreiras impostas pelas calçadas da cidade, onde, segundo o Censo 2010 do IBGE, 89% dos 1,88 milhão de domicílios não têm rampas para cadeirantes em suas imediações. Nos transportes, estações de trem terão que ser repaginadas, a começar pelo ramal de Deodoro, o principal a atender às áreas de competições do Maracanã e de Deodoro. E o Rio Ônibus terá que acelerar a transformação da frota de 8.700 coletivos em 100% acessíveis -- hoje esse percentual está em 60%. As calçadas nada amigáveis do Rio serão alvo de um projeto de reforma, batizado de Calçada Lisa, que pretende adaptar 700 mil mâ2 de passeios públicos nos próximos quatro anos. Segundo o secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osorio, deverão ser investidos cerca de R$89,6 milhões a partir de 2013 na colocação de rampas para cadeirantes e piso tátil para orientação dos deficientes visuais. As obras serão concentradas em bairros de grande circulação de pedestres, a começar por Copacabana. Cinco mil rampas serão instaladas em calçadas de outros pontos da cidade. -- O Rio não é acessível. Temos um passivo grande nessa área. -- admite. De acordo com o secretário, o "Calçada Lisa" focará em passeios públicos de áreas onde a urbanização está consolidada. As instalações olímpicas, como os Parques Olímpicos da Barra e de Deodoro, e projetos de reurbanização, como o Porto Maravilha e o entorno do Maracanã, já sairão do papel com acessibilidade total. Sinal sonoro, só na Urca Uma iniciativa que chega tarde diante das dificuldades diárias impostas a cadeirantes e deficientes visuais. Uma amostra dos problemas ficou evidente no teste feito, a pedido do *Globo*, pelo funcionário do Instituto Brasileiro dos Direitos das Pessoas com Deficiências (IBDD), João Carlos Faria da Rocha, nas calçadas de Copacabana. A proposta era descer a Rua Figueiredo de Magalhães até a Avenida Atlântica. Foi uma prova de esforço. -- Temos rampas em alguns lados da calçada e de outros não. Você não completa a travessia e tem que ir para a rua. Andar na calçada no Rio é como fazer *slalom* (canoagem em meio a obstáculos) -- reclama. Para os deficientes visuais, a situação é ainda pior. Sem piso tátil e recheadas de obstáculos imprevisíveis, como fradinhos, buracos, orelhões e jardineiras, as calçadas são um convite a acidentes, na opinião da assistente de compras e deficiente visual Márcia Marisa Costa: -- O Rio só tem um sinal de trânsito sonoro, na Urca. No resto da cidade somos obrigados a pedir a ajuda dos outros para atravessar. As calçadas também não têm padronização. Se a pé a dificuldade é enorme, nos transportes públicos a situação não é diferente. Relatório feito mês passado pelo IBDD mostra que, das 99 estações da SuperVia, apenas duas estariam capacitadas a atender pessoas com deficiências: as de Manguinhos e Bonsucesso. Os maiores problemas encontrados são falta de rampas de acesso, catracas intransponíveis a cadeirantes e ausência de piso tátil para orientação dos cegos e de sinais luminosos para os deficientes auditivos. A SuperVia diz que reformará todas as estações até 2020, num investimento de R$150 milhões. Mas promete acelerar o passo no ramal de Deodoro, que deverá ter sua reformulação concluída no ano que vem. Principal ramal que atenderá ao público durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, o ramal tem 18 estações, que receberão piso tátil, rampas, elevadores, banheiros adaptados, bilheterias mais baixas e portões de acesso especial a cadeirantes. As primeiras intervenções começaram em agosto, pelas estações de Piedade, Quintino e Cascadura. -- Se os jogos fossem hoje, as pessoas com deficiências não conseguiriam ir ao Engenhão ou ao Maracanã -- ressalta a superintendente do Instituto Teresa Costa D'Amaral. Na avaliação do IBDD, as estações do metrô estão em melhores condições, por terem passado por reformas recentemente. Segundo o superintendente da "Metrô Rio", Joubert Flores, as 35 estações ganharam 236 equipamentos de acessibilidade, como plataformas verticais para cadeirantes, elevadores, piso tátil e painéis em Braille. Mas o metrô ainda precisa reformar antigas composições que, apesar de possuírem avisos sonoros de fechamento de portas, não dispõem de alertas visuais para os deficientes auditivos. Já os 19 novos trens chegam com avisos sonoros, visuais e mapas em Braille, mas apresentam desníveis nas portas de acesso. -- Os trens antigos serão adaptados. Os novos estão em fase de calibragem. Eles atendem às normas brasileiras de acessibilidade, que permitem desnível de até oito centímetros. Mas queremos trabalhar abaixo disso – diz Flores. Ônibus precisam ter piso mais baixo O IBDD lança críticas aos ônibus. Segundo Teresa D'Amaral, embora muitos coletivos já disponham de elevadores, o ideal seria que a frota fosse equipada com piso baixo, permitindo o acesso dos deficientes sem a ajuda de terceiros. Ela diz ainda que o primeiro BRT do Rio, o Transoeste, apesar de ter ônibus acessíveis, tem rampas de acesso íngremes. A distância entre as estações também é problemática: -- Fui da delegação brasileira nas Paralimpíadas de Atlanta (1996). Lá os ônibus tinham elevadores de cadeirantes e as filas eram enormes para embarque e desembarque nas vilas paralímpicas. Precisaram improvisar com rampas provisórias para acesso direto aos ônibus. O receio é que isso aconteça no Rio. No Transoeste, apesar dos ônibus com piso baixo, as rampas não permitem que o cadeirante circule sozinho. E as estações são distantes até para quem não tem problema físico. Segundo o Rio Ônibus, os 40% dos coletivos da frota que não são acessíveis serão substituídos até 2014 por veículos mais

modernos, com plataformas de embarque para cadeirantes. Fonte: Jornal *O Globo*. p. 21, 16/09/2012. Coluna Rio: rumo a 2016. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo IBC em Foco Fórum pelo Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência No dia 21 de setembro de 2012 foi realizado no Instituto Benjamin Constant o Fórum pelo Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência, cujo tema principal foi “Acessibilidade”. Diversas instituições se fizeram representar para debaterem sobre o assunto: Rafael Lemos (MPRJ), Márcio Pacheco (ALERJ), Francisco José de Lima (UFPE), Lilia Pinto Martins (CVI-Rio), Valmery Jardim Guimarães (Defensoria Pública/RJ), Shirley Rodrigues Maia (AHIMSA), Amanda Tojal (Pinacoteca/USP), Beth Canejo (FAETEC), Stella Regina Savelli (INES), Vera Flor (UNESA) e Armando Nembri (INES). Na oportunidade foram discutidas, através de palestras e de mesas redondas, questões complexas como acesso a transportes públicos para cadeirantes, acesso a espaços culturais com intérpretes de Libras para surdos, atendimento para estudantes surdocegos, inclusive a nível de terceiro grau, fone de ouvido na cabine de votação para DVs, audiodescrição, concessão, no Estado do Rio de Janeiro, de passes livres para pes-

soas com deficiência e o acesso diferenciado para pessoas monoculares. Fonte: João Batista Alvarenga e Claudia Lucia Lessa Paschoal. :::::::::::::::::::::::: Estimulação precoce -- O que é? A Estimulação Precoce é um atendimento realizado no Instituto Benjamin Constant, desde 1985, com crianças de 0 a 3 anos e 11 meses. Foi implantada através da iniciativa das professoras Maria Rita Campello Rodrigues e Lízia Beatriz Ferraz Fontenelle. O IBC é um dos pioneiros também neste trabalho, visto que os bebês cegos ou com baixa visão não eram atendidos porque nada existia para essa faixa de idade no Rio de Janeiro; as crianças eram mandadas para casa, podendo retornar somente quando completassem 4 anos, idade mínima para a entrada no Jardim de Infância. Atualmente, a equipe é formada por 4 profissionais – Maria Rita Campello Rodrigues, Patrícia Soares de Pinho Gonçalves, Maria Margarete Andrade Figueira e Fausto Maioli Penello – que dividem todas as atribuições. O atendimento às crianças é feito em sessões semanais, individuais e/ou em pequenos grupos, e os pais recebem orientação permanente para lidarem com a criança. O material utilizado é adaptado, quando necessário, e o ambiente é preparado para acolher a criança cega ou com baixa visão em todas as suas necessidades. A participação da família é fundamental na introdução da criança no ambiente físico e social, desenvolvendo a sua autoestima e confiança, para que responda bem à estimulação recebida. Atualmente, o Instituto atende cerca de 80 crianças, porém os profissionais já são poucos para uma demanda que cresce a cada ano. O Benjamin Constant oferece curso (40 h) nesta área, todos os anos, através da DCRH, Divisão de Capacitação de Recursos Humanos (mais informações sobre os cursos nos telefones (21) 3478-4454 ou (21) 3478-4455ýã. Fonte: João Batista Alvarenga e Claudia Lucia Lessa Paschoal. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Culinária Bolo de fubá de preguiçosa Ingredientes: 1 xícara de farinha de trigo; 1 xícara de açúcar; 1 xícara de fubá; 1 xícara de leite; 1 xícara de óleo; 1 ovo; 1 colher de margarina; 1 colher de fermento em pó. Modo de preparo: Deixe o forno pré-aquecido a 180 graus. Unte uma forma redonda com buraco no meio. Coloque todos os ingredientes no liquidificador (primeiro os líquidos) bata por alguns minutos. Depois é só despejar na forma e levar ao forno por mais ou menos 30 minutos. Tempo de preparo: 45 minutos. Rendimento: 12 porções. Fonte: ~,http:ÿÿgoo.glÿ~ tT8hG~, ::::::::::::::::::::::::

Pão de queijo Ingredientes: 2 batatas médias cozidas e amassadas; 500 gramas de polvilho doce; 200 gramas de queijo parmesão ralado; 1 copo de leite; Meio copo de óleo ou 2 colheres de sopa de manteiga; 2 ovos; 1 colher de sopa rasa de sal. Modo de preparo: Em uma vasilha coloque o leite, os ovos, o óleo, o sal. Adicione polvilho aos poucos e vá amassando, acrescente o queijo ralado, e por último as batatas amassadas até conseguir uma massa lisa e homogênea. Faça bolinhas e coloque-as separadas no tabuleiro com distância de dois dedos de uma pa-

ra outra. Asse em forno pré-aquecido por uns 20 minutos. Bom Apetite! Fonte: (Autor desconhecido). :::::::::::::::::::::::: Macarrão parisiense Ingredientes: 250 gramas de talharim; 1 colher (sopa) de manteiga; Meia xícara (chá) de leite; 2 xícaras (chá) de sobras de frango (cozido ou assado); Meia lata de ervilha; Meia xícara (chá) de presunto picado; 1 lata de creme de leite; Sal e pimenta a gosto. Modo de Preparo: Cozinhe o macarrão em 2 litros e meio de água com sal. Enquanto isso, derreta a manteiga e, misturando sempre, junte o leite, o frango, a ervilha, o presunto e o creme de leite. Tempere com sal e pimenta e retire do fogo sem que ferva. Misture o molho ao macarrão com auxílio de 2 garfos e sirva com queijo ralado. Fonte: ~,http:ÿÿgoo.glÿ~ 2k{r{vx~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Datas Comemorativas Janeiro 01- Confraternização Universal 01- Mundial da Paz 06- Reis 06- Gratidão 07- Liberdade de Cultos Fevereiro 27- Dia Nacional do Livro Didático

Março 01- Fundação da Cidade do Rio de Janeiro 21- Internacional Contra a Discriminação Racial 31- Aniversário do Golpe Militar: 1964 Abril 18- Nacional do Livro Infantil 19- Índio 21- Tiradentes 22- Descobrimento do Brasil 23- Nacional da Educação de Surdos õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Vida e Saúde Frutas e verduras reduzem o desejo de fumar Segundo pesquisadores americanos, mais de quatro porções diárias ajudariam na empreitada.

Para chegar à conclusão, os cientistas da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, avaliaram cerca de mil fumantes. Em uma primeira etapa, eles perguntaram sobre seus hábitos. Depois de 14 meses, retomaram o contato e perceberam que os consumidores de pelo menos quatro porções diárias de frutas e verduras eram menos dependentes do tabaco do que aqueles que não investiam nesses alimentos. "Eles também se mostraram três vezes mais propensos a abandonar o vício", conta Gary Giovino, um dos autores do trabalho. Para ele, o fato de esses itens interferirem na saciedade pode explicar os resultados. "Com estômago cheio, as pessoas não confundem fome com vontade de fumar", justifica. Além disso, maçã, cenoura e companhia têm sido associadas a uma melhora no humor – e muita gente acende o cigarro ao menor sinal de estresse. "O resultado do estudo é muito interessante, porque mostra que melhorar a alimentação pode ser um passo importante para largar o cigarro", opina Luciana Harfenist, nutricionista funcional do Rio de Janeiro. Café, álcool, doces, carnes e refrigerantes à base de cola estimulam o vício pelo tabaco. Fonte: *Revista Saúde é vital*, n.o 355, p. 14. Thaís Manarini e Juliane Silveira. Coluna Nutrição. :::::::::::::::::::::::: Glaucoma: sintomas sutis, riscos reais O glaucoma é uma doença ocular que afeta o nervo óptico, a estrutura dos olhos que leva as informações do que enxergamos para a área do cérebro que vai interpretar a visão. Pela forma como age, pode ser definido como um "ladrão furtivo": vai roubando a visão da pessoa sem que ela perceba. Quando os sintomas aparecem, o glaucoma já produziu danos significativos, com perdas de visão irreversíveis. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o glaucoma está entre as principais causas de cegueira. No Brasil, estima-se que um milhão de pessoas tenha a doença. Na grande maioria dos casos, o glaucoma está relacionado com o aumento da pressão intraocular, embora haja portadores da doença que têm essa pressão normal. Segundo a Dra. Erika Sayuri Yasaki, oftalmologista do Einstein, há dezenas de tipos de glaucoma, mas em linhas gerais eles podem ser classificados em primário e secundário. “O primário é mais comum acima dos 40 anos e normalmente é hereditário. O secundário pode ser resultado de outra doença ocular, alteração vascular ou processo inflamatório, entre outros”, explica a médica. Não há cura para o glaucoma. Mas identificar o problema logo no começo faz toda a diferença. Nessa etapa, o tratamento é geralmente feito com colírios que atuam baixando a pressão ocular, permitindo interromper ou desacelerar o processo de dano do nervo óptico e perda de visão. Mas como na fase inicial o glaucoma não apresenta sintomas, o diagnóstico precoce depende, sobretudo, de check-ups anuais com o oftalmologista, particularmente para quem tem mais de 40 anos, antecedentes na família ou outras doenças oculares. “Quanto mais cedo for identificada a patologia, menor o risco de sequelas”, enfatiza a Dra. Erika. “O problema para o indivíduo é que os sinais só aparecem quando a doença já avançou. Então a pessoa começa a enxergar menos ou a perceber os danos no campo de visão. Isso acontece porque o glaucoma afeta a quantidade de visão e o campo visual. Com o avanço da doença, porém, o campo visual vai ficando cada vez mais limitado.” Diagnóstico De forma geral, o diagnóstico é feito durante a consulta oftalmológica, com exames e uso de equipamentos para medir a visão e a pressão intraocular, avaliar as características do nervo óptico e defeitos no campo visual. “A grande maioria dos casos é diagnosticada com a realização desses exames, mas há alguns quadros em que apenas o acompanhamento definirá se o paciente tem ou não glaucoma”, diz a especialista. Glaucoma: A doença está associada à pressão elevada dentro do olho, que afeta as fibras nervosas no nervo óptico e pode causar alterações no campo visual, levando até a cegueira. Incidência: No Brasil, estima-se que um milhão de pessoas tenha a doença. Sintomas: Aparecem quando a doença já está avançada. Os principais são: enxergar menos ou ter o campo de visão afetado. Diagnóstico: Check-ups regulares com o oftalmologista são fundamentais, especialmente para os maiores de 40 anos ou com histórico de doenças oculares na família. Tratamento: Geralmente colírios, mas existem casos que precisam de cirurgia. Fatores de risco Raça: negros e orientais têm mais incidência de glaucoma; Miopia e hipermetropia; Idade: pessoas com mais de 40 anos precisam fazer revisões anuais com o oftalmologista; Enxaqueca; História familiar de glaucoma comprovada; Medicamentos que induzem a dilatação da pupila, como antidepressivos ou drogas para incontinência urinária. Um aliado tecnológico mais recente é a tomografia de coerência óptica (OCT), que permite medir a camada de fibras nervosas (cuja perda se acelera no glaucoma) e as células ganglionares. Trata-se de um recurso que pode ser importante nos casos de acompanhamento da doença. O tratamento mais frequente são os colírios hipotensores, que têm sido bastante aprimorados e atuam de maneira eficiente para baixar a pressão intraocular. Mas alguns casos exigem abordagem cirúrgica. Feitos com microscópio e microinstrumentos, esses procedimentos são chamados cirurgias filtrantes. É que, no glaucoma, ou o líquido natural dos olhos (humor aquoso) está sendo produzido em excesso ou a via de drenagem está deficiente. O objetivo da cirurgia é criar uma fístula, um caminho para o líquido escoar. No glaucoma de ângulo fechado é feito tratamento a laser. De acordo com a Dra. Erika, em termos de tratamento não cirúrgico há caminhos novos sendo trilhados, como a busca de drogas neuroprotetoras, já que estudos recentes sugerem que o glaucoma pode ser uma doença neurológica ou neurodegenerativa. Ela provoca a morte de células ganglionares, que coletam informações visuais de outras células da retina, passam essas informações para suas extensões, os axônios, e destes ao nervo óptico e à área do cérebro que interpreta a visão. Esta, por sua vez, apresenta alterações em pacientes com glaucoma. “Drogas neuroprotetoras poderiam evitar a morte dessas células e promover um processo de regeneração”, diz a oftalmologista do Einstein. É nessa linha também que se desenvolvem estudos com o uso de células-tronco. No entanto, são pesquisas ainda incipientes, em fase experimental em animais. De qualquer forma, todas essas são perspectivas positivas para o futuro. Mas, mesmo que se tornem realidade, ainda assim sempre é mais interessante a prevenção com consultas ao oftalmologista que poderá descobrir se o "ladrão" glaucoma já está, furtivamente, começando a roubar a visão do paciente. Fonte: ~,http:ÿÿgoo.glÿ~ i4jWZ~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo RBC Informa Cinema falado Boa notícia. Itaú e Sony Pictures negociam para implementar projeto definitivo de exibição de filme para deficientes visuais

nas salas Unibanco de cinema. Usando audiodescrição, cena a cena. Fonte: *O Estado de São Paulo*. D2. C2+ música. Sábado, 12 de Novembro de 2011. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Espaço do Leitor Este novo espaço é uma ponte de comunicação entre a RBC e o leitor, permitindo, também, o bom relacionamento entre os leitores. Você poderá deixar o seu endereço para correspondência -- não esquecendo do CEP --, ou, se preferir, seu endereço eletrônico, para oferecer serviços e produtos. Para tanto, as cartas em braille ou escrita convencional poderão ser enviadas para o endereço que se encontra na capa dessa

revista ou pelo e-mail: ~,rbc@ibc.gov.br~, Lembramos que, ao enviar seu contato e anúncio, o leitor estará concordando com a sua publicação. A RBC não se responsabilizará pelos produtos e serviços aqui ofertados, sendo de exclusiva conta e risco do leitor qualquer negociação baseada em informações desta Seção. õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra