Revista Brasileira para Cegos Ano LXX, n.o 527, Ago. de 2012 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Publicação Quadrimestral de Informação e Cultura Editada na Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação Impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1942 pelo Prof. José Espínola Veiga Av. Pasteur, 350/368 -- Urca Rio de Janeiro -- RJ CEP: 22290-240 Tel.: (55) (21) 3478-4458 E-mail: ~,rbc@ibc.gov.br~, Site: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.br~, Livros Impressos em Braille: Uma Questão de Direito PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA

Diretora Geral do IBC Maria Odete Santos Duarte Comissão Editorial Ana Luísa Mello de Araújo Ana Paula Pacheco Claudia Lucia Lessa Paschoal João Batista Alvarenga Leonardo Raja Gabaglia Maria Cecília Guimarães Coelho Vitor Alberto da Silva Marques Colaboração Ana Paula Souza Almeida Ana Bárbara Nicolay Levinspuhl Publicação e distribuição em braille, conforme Lei n.o 9.610 de 19/02/1998 e Normas Técnicas para Produção de Textos em Braille, MEC/SEESP, 2006. Arquivo da revista disponível para impressão em braille: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ~ ?itemid=381~,

¨ I Sumário Editorial ::::::::::::::::::: 1 Memórias :::::::::::::::::::: 3 A meu prezado pai o Senhor Manoel Álvares de Azevedo ::::::: 3 Prefácio do traductor ::::: 6 Ditados populares ::::::::::: 18 Dor-de-cotovelo ::::::::::: 18 Motorista Barbeiro ::::::: 19 IBC em foco :::::::::::::::: 20 Participação do Instituto Benjamin Constant na Rio +20 :::::::::::::::::: 20 Veja um resumo da declaração final da Rio +20 :::::::::::::::::: 22 Curiosidades :::::::::::::::: 26 De onde vem o hot-dog? :::: 26 Vida e saúde :::::::::::::::: 30 5 coisas para saber sobre... ::::::::::::::::::: 30 Saúde em contraponto :::::::: 34 Ultrassom em 3D ::::::::: 34

Nossa casa :::::::::::::::::: 42 Sobras têm prazo de validade ::::::::::::::::::: 42 Culinária ::::::::::::::::::: 55 Chocolate casa bem com bebidas fortificadas ::::::: 55 Acessibilidade e inclusão ::: 63 Cão-guia fica de novo fora de banco e gerente pede desculpas em Niterói :::::: 63 Trigêmeas Surdocegas: Uma Lição de Amor ::::::: 69 RBC Informa ::::::::::::::: 86 Editorial Caro leitor: Como deixamos claro no número anterior, estamos empenhados em estreitar os laços, entre a RBC e você. Para tanto, contamos com a sua colaboração permanente, com sugestões objetivas, críticas fundamentadas em respeito a nosso trabalho, no sentido de alargar as possibilidades de acesso a todo tipo de informação e de privilegiar os aspectos culturais e formativos, sempre respeitando igualmente, diferentes concepções da imensa gama de nossos assinantes, reais e potenciais. A cada número, pretendemos consolidar a qualidade das revistas publicadas em braille, RBC e Pontinhos, voltadas para participação cada vez mais constante, através de comunicações, de correspondências, de artigos de interesse geral e específico, para pessoas cegas. Desta forma, passaremos a ampliar o espaço para as questões ligadas à acessibilidade e a apresentar os caminhos para a inclusão social e educacional, sem esquecer as amenidades do dia-a- -dia. Em comemoração ao 158º aniversário de fundação do nosso IBC, em setembro, a RBC presenteia você, leitor, com dois textos muito especiais: o primeiro de J. Guadet, traduzido por José Álvares de Azevedo e enviado ao seu pai; e o segundo, o prefácio do livro de J. Guadet “O Instituto dos Meninos Cegos de Paris sua história e seu método de ensino”. Contamos com a sua compreensão para possíveis falhas, e sinta-se a vontade para apontá-las, sempre buscando enriquecer nosso trabalho. Boa Leitura! õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Memórias _`[{os dois textos a seguir foram transcritos com a ortografia da época; retirados do livro "O Instituto dos Meninos Cégos de Paris sua história e seus methodos de ensino por J. Guadet, traduzido por José Álvares de Azevedo (natural do Rio de Janeiro e ex-aluno do mesmo Instituto)"_`] A meu prezado pai o Senhor Manoel Álvares de Azevedo Meu caro pai Offerecendo-vos este opusculo, que traduzi do francez, nada mais faço do que cumprir um dever de reconhecimento. Com effeito; eu era, por minha posição, destinado a viver desgraçadamente em uma ignorancia profunda, sem algum conhecimento dos deveres impostos a todos neste mundo, e que cada um deve desempenhar segundo sua posição; eu não teria conhecido esses gozos moraes, que tantas vezes consolam o homem opprimido sob o peso de seus infortunios; em uma palavra, eu teria vivido a vida do bruto, teria passado inapercebido nesta terra, como um grão de areia impellido pelo vento; enfim, podéra ser o ludibrio de todo o desapiedado, que quizesse erganar-me, e em tão triste estado arrastaria a existencia a mais insípida, que se possa imaginar, Vós com- prehendeste-l'o bem! Assim que, depois de haver tudo tentado para me fazer recobrar o inapreciavel sentido, de que Deos me privou, vendo a inutilidade dos esforços e dos recursos da sciencia medica, vós me enviastes á França para adquirir toda a instrucção compatível com a minha cegueira. Nem a saudade que vos devia causar, e á minha extremosa mãi, a minha longa ausencia, nem o grande sacrificio pecuniario, que vos foi preciso fazer, nada vos desanimou, nada vos fez recuar! Agora, de volta da França, não é justo que vos pague o devido tributo de gratidão? Se tenho alguma instrucção; se posso ser util para alguma cousa, a vós o devo; se tenho alguns prazeres, se não passo uma vida monotona, se (para me exprimir em breves termós) acho-me restituido á sociedade, de que a natureza como que me excluira, se ainda me é dado conseguir alguma gloria: tudo isto é a vós que o devo! E pois de razão que esta pequena obra, a primeira que sahe debaixo do meu nome, vos seja dedicada. Acceitai por tanto esta offerta, meu caro Pai, não seguramente porque corresponda a todos os beneficios, de que vos sou devedor, senão como um penhor dos sentimentos de meu coração: elle se espande com a lisongeira lembrança de que vosso amor paternal experimentará uma doce emoção vendo a primeira obra sahida desta penna, que sem vós nada teria escripto. Recebei tambem, com este livro, a segurança de meu profundo e eterno reconhecimento, porque eu me lembrarei toda a minha vida, que sem vós eu não teria sido nada, e que é por vós só, depois de Deos, que eu posso ser alguma cousa neste mundo. Vosso filho respeitoso e obediente, J. A. d' Azevedo :::::::::::::::::::::::: Prefácio do traductor A cegueira já quasi não é uma desgraça. Palavras do Sr. D. Pedro II ao traductor. Ninguém, cuido eu, duvidará da utilidade desta pequena obra, que traduzi do francez. É ella de um gênero inteiramente novo: descreve a historia da educação dos cégos. Nunca a antiguidade delles se occupou. De feito, durante uma longa serie de seculos, nada se tentou para melhorar sua sorte. Não só se esqueceram delles; ainda se fez mais: maltrataram-n'os. Lancemos as vistas para uma das potencias mais celebres da antigüidade, e vejamos qual era ahi a sorte dos cégos, e dos surdos-mudos. Porém (talvez se nos pergunte) de que potencia imos fallar? Buscaremos o exemplo de algum povo barbaro? Dos Scythas, dos Godos, ou dos Sarmatas? Não: vamos fallar da Grecia; do paiz das sciencias, das artes, da industria, do commercio; do paiz o mais civilizado das remotas eras, e em que o povo era tido em conta de muito humano. Dirijamo-nos para Spartha; abramos um seu livro celebre: o código de Licurgo. Que lemos nelle? Qual era a legislação dessa rival de Athenas? -- Que todos os que. Por algum defeito, não podiam ser uteis á pátria, fossem, apenas nascidos, afogados no Eurotasso. Em Roma, a barbaridade chegou a tal auge, que Romulo vio-se obrigado a promulgar uma lei que prohibia aos pais matar seus filhos, permittindo-lhes comtudo esta crueldade quando estes fossem aleijados. Entretanto, se os homens não empregavam suas vistas para estas duas classes de desgraçados senão para desprezal-os e opprimil-os, Deos não os abandonava. Deos quis que o livro por elle inspirado fosse o primeiro em que se enxergasse uma palavra favoravel aos cégos e aos surdos-mudos. Foi por isso que, dezeseis seculos antes da era christã, em uma época em que todos os povos estavam ainda envoltos na mais densa barbaridade; foi por isso (ia dizendo) que elle assim se exprimia pela boca de Moysés: “Não maldigas o surdo, nem empeças os passos do cégo.” Estas palavras, pronunciadas quando todo o universo estava ainda bem longe de aquilatar a força de sua unção, faziam já presentir o principio de caridade que devia ser o caracter da lei divina. É este o principio, desenvolvido pelo christianismo, que inspirou ao grande Rei S. Luiz a idéa de fundar o hospicio dos Quinze-Vingts; é este o principio que depois inspirou a Valentim Haüy a idea da Instituição. O fim de S. Luiz, fundando os Quinze-Vingts foi o de dar um asylo a trezentos de seus guerreiros, a quem os Sarracenos tinham arrancado os olhos; não era, pois, senão um hospicio. Nada tinha sido ainda tentado para a instrucção dos cégos, e Valentim Haüy foi o primeiro que para elles estabeleceu um systema de ensino; a elle incontestavelmente coube esta gloria. Alguns dos grandes homens, de que se honra a humanidade, tinham comtudo illustrado a classe dos cégos. A tradicção quer que Homero tivesse perdido a vista. No terceiro seculo da nossa era, Didimo, ainda que cégo, adquirio conhecimentos extensissimos, ensinou Theologia em Alexandria, e foi o luminar da igreja egypeia. Foi o mestre de muitos dos grandes padres da igreja, e morreu em idade muito avançada. Camões e Milton foram tambem privados da luz no fim da sua vida. Emfim, no décimo oitavo seculo o cégo Sounderson foi uma das celebridades mathematicas da Inglaterra, sem mencionarmos grande numero de outros cégos que se distinguiram em diversos generos. Mr. Guadet, autor desta obra, começa tratando uma questão, muitas vezes discutida, mas nunca resolvida: quem foi mais mal aquinhoado pela natureza? O cégo ou o surdomudo? A desgraça é igual sem duvida, porque, (como me escrevia um surdo-mudo, fallando do céo) se este me cortou a voz, roubou-te a vista. Mr. Guadet prova esta igualdade estabelecida pela Providencia, opinando que se os surdos-mudos são mais felizes que nós quanto ás faculdades physicas, ficam muito áquem quanto ás faculdades moraes. “Um, diz elle, cortará o nó gordio, á maneira de Alexandre; “outro, como OEdipo, domará o sphinge, explicando o enigma. "Elle prova que a educação é de direito devida aos cégos. “Se a educação, se exprime elle, é para todos de direito natural, “ella é para os cégos de direito divino.” E de feito; pense-se no numero infinito de cégos que vivem, ou antes vegetam na mais profunda miséria, na ignorância a mais crassa, e que se tem dado aos vicios os mais reprehensiveis e nocivos; observe-se como a educação podéra, ministrando-lhes meios de ganhar honestamente a vida, evitar esses horrores; e ninguem ahi haverá que conteste a utilidade, mesmo a necessidade de propagar e estender por todo o universo o systema de ensino que lhes é proprio. Ainda que os cégos nascem geralmente entre as classes pobres, muitos ha no estado medio de fortuna, e mesmo no da riqueza, e é por isso que sua educação deve de necessidade ser dividida em três ramos: intellectual, musical e industrial. O primeiro é destinado a cultivar uma intelligencia por ventura brilhante, a que quasi sempre a ignorancia empeceo desenvolvimento, e que, vivificada pela sciencia, produz muitas vezes bellezas admiraveis. O segundo, além de proporcionar uma distracção aos que pertencem ás classes abastadas da sociedade, é um meio de existencia para os menos favorecidos da sorte. O terceiro é essencialmente um meio de vida para aquelles a quem a natureza negou ouvido, ou vocação musical. Em regra devem todos cultivar a educação intellectual; não é comtudo indispensavel que os que se dedicam á industria profundem o ensino scientifico; até porque, salvas excepções, os que se occupara simultaneamente dos dous ramos, era nenhum fica perito e habilitado. É facto ensinado pela experiencia. Na Instituição de Paris estuda-se bem, nos quatro primeiros annos, a inclinação dos alumnos, e só depois o applicam ao ramo, porque mostrou gosto e geito. Com os destinados á musica são comtudo menos severos, porque os cégos tem em geral muito menos indisposição para ella do que para os trabalhos manuaes; quanto a estes, os alumnos tem toda a liberdade na escolha. Em uma Instituição de cégos não são admissiveis officios de mero luxo, e que não prestem alguma utilidade. Com quanto não seja impossivel o ensino das linguas é pelo menos muito dificil; porque as letras empregadas pelos cégos occupam muito mais lugar do que as do alphabeto commum; um volume ordinário fórma, pouco mais ou menos, cinco dos nossos. Vê-se, pois, que extensão exigiria um diccionario. Penso entretanto que em uma Instituição fôra conveniente o ensino da lingua franceza, além da nacional, por muito espalhada e de evidente interesse. É também pelo muito lugar que occupam as letras do alphabeto dos cégos, que as obras, de que nos servimos para estudar, devem ser muito resumidas. Para adquirir conhecimentos mais extensos, é preciso seguir o systema adoptado na Instituição de Paris; todos os dias ha uma meia hora de leitura para os alumnos. Ha cinco divisões de leitura que correspondem ás cinco classes; diarias; na primeira lê-se a historia sagrada e obras apropriadas ás idades dos meninos; na segunda a historia geral da antiguidade; na terceira a historia romana; na quarta a historia da França; e na ultima um curso de litteratura, tirado de diversos autores, como de Laharpe, Villemain, Barante, etc, etc. Esta ultima é feita pelo instituidor Mr. Guadet. É innegavel a utilidade destas leituras que contribuem mais que muito para a instrucção dos cégos. Para que os destinados ao ramo industrial não sejam privados de noções geraes de historia e das sciencias, faz-se-lhes todos os dias, durante uma hora, uma leitura de bons autores francezes e estrangeiros. Para não perturbal-os em seus trabalhos, esta leitura tem lugar á noite, das oito ás nove horas. Eis o que se pratica na Instituição de Paris, e o que deve praticar-se em todo o estabelecimento bem dirigido. Insisti sobre as leituras, conscio, por experiencia propria, de sua muita importancia (1). E haverá quem pretenda que senão deve estabelecer em todos os paizes instituições para cégos? Ninguem ousará sustental-o. Por este meio dão-se á sociedade braços e talentos, de que ella estaria privada, braços, e talentos que podem servil-a e illustral-a. Para prova desta verdade, lancemos as vistas sobre a França. Uns, como Mrs. Moncouteau e Gauthier, são conhecidos por musicos e compositores, outro (Mr. Montale), adquire medalhas nas exposições nacionaes pela boa composição de seus pianos, um outro, Mr. Foucault, aperfeiçoa o systema peculiar de escripta, inventa novas machinas, e, além dos louvores de seus companheiros reconhecidos, recebe de juizes imparciaes differentes medalhas como recompensa de seu genio. Cincoenta bancos de órgão são occupados por organistas cégos sahidos da Instituição. Um outro cégo, Mr. Alex. Rodembach, educado também na Instituição de Paris, publicou um grande numero de obras, e é, desde muito tempo, representante de seu município na câmara dos deputados da Bélgica. Enfim um grande numero de obreiros cégos, como torneiros, tapeceiros, marceneiros, etc, etc, ganham hoje sua vida de uma maneira honesta e pacifica. Depois deste quadro, aliás toscamente desenhado, que governo não invejará a gloria de fundar um semelhante estabelecimento? Quanto a nós, devemos esperar tudo do grande Imperador, que felizmente nos rege, e dos illustrados conselheiros da sua corôa; nós conhecemos bem de perto sua bondade para duvidar um só momento de que elle deixe, de acolher com enthusiasmo, e de dar sua alta e munificente protecção a um projecto que a nada menos tende do que a restituir, por assim dizer, á existencia, uma grande porção de seus subditos. Rio de Janeiro, 20 de maio de 1851. O traductor

(1) O traductor entrou para a Instituição em 1844, com 10 annos de idade, e sahio em 1850, contando 16 anos. O GUADET, J. O Instituto dos meninos cégos de Paris: história, e seu methodo de ensino. Rio de Janeiro: Typographia de F. de Paula Brito, 1851. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Ditados populares Dor-de-cotovelo A expressão “dor-de-cotovelo”, muito usada para se referir a alguém que sofreu uma decepção amorosa, tem sua origem na figura de uma pessoa sentada em um bar, com os cotovelos em cima do balcão, enquanto toma uma bebida e lamenta a má sorte no amor. De tanto o apaixonado ficar com os cotovelos apoiados daquela for-

ma, os mesmos deveriam doer. Esta é a ideia por trás desta expressão. Fonte: HISTÓRIA de tudo. Dor-de-cotovelo. [S.l.: s.n.], c2012. Disponível em: ~,http:ÿÿwww.historiadetudo.~ com/dor-cotovelo.html~, :::::::::::::::::::::::: Motorista Barbeiro No século XIX, os barbeiros faziam não somente os serviços de corte de cabelo e barba, mas também tiravam dentes, cortavam calos, entre outras coisas. Por não serem profissionais, seus serviços mal feitos eventualmente geravam marcas. A partir daí, desde o século XV, todo serviço ruim passou a ser atribuído ao barbeiro, por meio da expressão “coisa de barbeiro”. Este termo veio de Portugal, contudo, a associação de “motorista barbeiro”, ou seja, um mau motorista, é tipicamente brasileira. Fonte: HISTÓRIA de tudo. Motorista barbeiro. [S.l.: s.n.], c2012. Disponível em: ~,http:ÿÿwww.historiadetudo.~ comÿmotorista-barbeiro.html~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo IBC em foco Participação do Instituto Benjamin Constant na Rio +20 No mês de junho de 2012, aconteceu na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio +20). Foi um importante evento que teve entre seus objetivos a promoção e dinamização das ações voltadas para o Desenvolvimento Sustentável e inclusão social a nível local e global. Considerando que o Instituto Benjamin Constant é um Centro de Referência Nacional para questões da deficiência visual, foi firmado um contrato entre o Comitê Nacional e o IBC para participação no evento. Coube ao IBC ceder duas impressoras Braille, com os respectivos operadores, e equipamento necessário para sua efetiva utilização. As impressoras foram instaladas na tenda do Comitê Nacional de Organização da Rio +20 (CNO) em dois locais: no Parque dos Atletas e na Arena da Barra da Tijuca. O IBC esteve presente cooperando para o sucesso do evento, e garantindo o acesso à informação e acessibilidade aos deficientes vi-

suais que compareceram à Rio +20. :::::::::::::::::::::::: Veja um resumo da declaração final da Rio +20 O Documento foi submetido, nesta sexta-feira, à ratificação dos chefes de Estado presentes na conferência. A presidente brasileira Dilma Roussef falou no último dia da Rio +20. A declaração final da Rio +20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), submetida nesta sexta-feira à ratificação de chefes de Estado e de governo das Nações Unidas, é um texto de 53 páginas, com boas intenções e o lançamento de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O texto reafirma os princípios processados durante conferências e cúpulas anteriores e insiste na necessidade “de acelerar os esforços” para empregar os compromissos anteriores, homenageando as comunidades locais, que “fizeram esforços e progressos”. -- “Políticas de economia verde” (3 páginas e meia do texto): “Uma das ferramentas importantes” para avançar rumo ao desenvolvimento sustentável. Elas não devem “impor regras rígidas”, mas “respeitar a soberania nacional de cada país”, sem constituir “um meio de discriminação”, nem “uma restrição disfarçada ao comércio internacional”. Eles devem, também, “contribuir para diminuir as diferenças tecnológicas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento”. “Cada país pode escolher uma abordagem apropriada”. -- Governança mundial do desenvolvimento sustentável: o texto decide “reforçar o quadro institucional”. A comissão de desenvolvimento sustentável, totalmente ineficaz, é substituída por um “fórum intergovernamental de alto nível”. O Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) terá seu papel reforçado e valorizado como “autoridade global e na liderança da questão ambiental”, com os recursos “assegurados” (os depósitos atualmente são voluntários) e uma representação de todos os membros das Nações Unidas (apenas 58 participam atualmente). -- “Quadro de ação”: em 25 páginas correspondentes à metade do documento, o texto propõe setores onde haja “novas oportunidades” e onde a ação seja “urgente”, notavelmente devido ao fato de as conferências anteriores terem registrado resultados insuficientes. Os 25 temas particularmente abordados incluem erradicação da pobreza, segurança alimentar, água, energia, saúde, emprego, oceanos, mudanças climáticas, consumo e produção sustentável. -- Objetivos de desenvolvimento sustentável: nos moldes dos Objetivos do Milênio para o desenvolvimento, cujo prazo para cumprimento se encerra em 2015, a cúpula insiste na importância de se estabelecer os ODS (Objetivo do Desenvolvimento Sustentável) “em número limitado, conciso e voltado à ação”, aplicáveis a todos os países, mas levando em conta as “circunstâncias nacionais particulares”. Um grupo de trabalho de 30 pessoas será criado até a próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro, e deverá apresentar suas propostas em 2013 para cumprimento a parir de 2015. -- Os meios de realização do desenvolvimento sustentável: “é extremamente importante reforçar o apoio financeiro de todas as origens, em particular para os países em desenvolvimento”. “Os novos parceiros e fontes novas de financiamento podem desempenhar um papel”. A declaração insiste na “conjugação de assistência ao desenvolvimento com o investimento privado”. O texto insiste, também, na necessidade de transferência de tecnologia para os países em desenvolvimento e sobre o “reforço de capacidades” (formação, cooperação, etc). Fonte: ~,band.com.br~, Notícias Rio +20: Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. [São Paulo]: Grupo Bandeirantes de Comunicação. Disponível em: ~,http:ÿÿband.~ com.brÿnoticiasÿrio+20ÿ~ noticiaÿ?id=100000512186~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Curiosidades De onde vem o *hot-dog*? _`[{imagem, em primeiro plano, de um sanduíche e, em segundo plano, contorno de alguns prédios da cidade de Nova Iorque; legenda a seguir_`] Legenda: O sanduíche é sinônimo de patriotismo nos EUA. O nome do sanduíche com salsicha foi inspirado no cão da raça "dachshund". Embutidos de carne de porco ou vaca existem faz tempo. Há referência da comida na "Odisseia", de Homero, no século 9 a.C. Mas quem inventou que uma salsicha no meio de um pão se parece com um cachorro? O termo é atribuído ao cartunista T. A. Dorgan, que desenhava personagens alemães na forma de cães da raça "dachshund" (aqui conhecidos por... salsichas) no começo do século 20, nos Estados Unidos. Era uma piada. E de mau gosto. Ele queria mostrar que os sanduíches vendidos em Coney Island, onde a moda começou nos EUA, eram feitos de carne de cachorro. Uma versão mais suave mostra Dorgan de olho nos vendedores que ofereciam "red hot", uma alusão à cor da salsicha "dachshund". Sem saber como escrever o nome do cachorro, ele simplesmente tascou um "hot dog" e o nome pegou. Mas pegou mal. A Câmara de Comércio de Coney Island chegou a proibir a expressão cachorro-quente em 1913. A história do sanduíche de pão, salsicha, ketchup, mostarda e o que mais estiver à mão remonta a Frankfurt, na Alemanha, onde surgiu a salsicha clássica do cachorro-quente no fim do século 17, obra do açougueiro Johann Georghehner. Na época, a salsicha já era conhecida como "dachshund", ou cachorrinho, de acordo como os alemães. Outra versão volta ainda mais no tempo: Frankfurt ainda é o cenário, mas a salsicha teria sido desenvolvida em 1487, 5 anos antes de Colombo chegar à América. Outro nome germânico para o embutido é "wiener", por causa da salsicha do tipo viena. O que se sabe mesmo é o que o cachorro-quente, ou pelo menos a salsicha, foi levado aos EUA por imigrantes alemães no fim do século 19. Para os americanos, a associação do sanduíche com o beisebol tornou o "hot dog" tão patriótico quanto a torta de maçã e o hambúrguer (opa, outra contribuição alemã, mas essa é outra história). Fonte: FACULDADE menta|l. De onde vem o hot-dog? [S.l.: s.n., 2012?]. Disponível em: ~,http:ÿÿwww.faculdademental.~ com.brÿmarileneCarol2.~ php?not_id=0004828~, In: Dúvida cruel. Aventuras na História, ed. 104. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Vida e saúde 5 coisas para saber sobre... Conjuntivite Com picos de incidência nesta época do ano, a inflamação da conjuntiva causa secreção e vermelhidão ocular, inchaços nas pálpebras e olhos lacrimejantes. Como se desenvolve? A conjuntiva é uma película que produz o muco para cobrir e lubrificar os olhos. Quando essa membrana se irrita ou inflama, os vasos sanguíneos que abastecem essa região se alargam. O resultado é que eles se tornam mais proeminentes, causando o problema. 1. Que é? A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva membrana transparente que recobre a esclera (parte branca do olho) -- e de toda a parte interna das pálpebras. As causas podem ser diversas, como infecções bacterianas ou virais, fungos ou protozoários. E há também a conjuntivite alérgica (causada por substâncias alergênicas ou poluição). Geralmente, a conjuntivite acomete ambos os olhos e pode durar de uma a duas semanas, mas a evolução varia de acordo com a condição imunológica de cada paciente. 2. Sintomas Os principais sintomas da doença são: aumento da quantidade de sangue que causa a vermelhidão nos olhos (hiperemia ocular), sensação de areia nos olhos, inchaço nas pálpebras, sensibilidade à claridade (fotofobia), secreção ocular, coceiras, e olhos lacrimejantes. 3. Diagnóstico O diagnóstico é feito por um oftalmologista que coleta informações que identificarão o tipo de conjuntivite. Por meio dos sintomas é possível distinguir esta doença de outras, como o glaucoma (doença ocular que provoca lesões no nervo óptico) ou uveítes (doença inflamatória), e se há lesões na córnea. Um diagnóstico errado pode acarretar problemas sérios à visão. Essa é a razão porque é sempre importante consultar um bom especialista. 4. Prevenção Para evitar o contágio da conjuntivite, o melhor a fazer é manter os hábitos de higiene, como lavar as mãos com frequência, especialmente antes de colocá-las nos olhos, e evitar coçar essa região, para não propiciar traumas. As pessoas que precisam de óculos devem ficar mais atentas, pois alguns problemas na visão que não são corrigidos podem deixar os olhos congestos e facilitar infecções como a conjuntivite, por exemplo. É fundamental também não compartilhar maquiagem, colírios, cosméticos, lentes de contato, toalhas de rosto, óculos de natação ou qualquer objeto de higiene pessoal. 5. Tratamento Para evitar o contágio, cultive hábitos de higiene. O tratamento dependerá do agente causador da conjuntivite. Na maioria dos casos, os sintomas passam em poucos dias, sem intervenção médica. Pomadas ou colírios podem ser recomendados para acabar com a infecção, aliviar os sintomas e diminuir o desconforto. Em casos de infecções bacterianas, será colhido material para exame microscópico e antibiograma, para identificar o tipo de bactéria e determinar o antibiótico a ser usado. Alivie os sintomas lavando os olhos e fazendo compressas com água ge-

lada (filtrada) ou com soro fisiológico. Fonte: CERQUETANI, Samantha. 5 coisas para saber sobre... Conjuntivite. *Viva saúde*, São Paulo, n. 109, p. 65, maio de 2012. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Saúde em contraponto Ultrassom em 3D Usando som de alta frequência para ver bebês na barriga da mãe Um equipamento de ultrassom em 3D consiste em um transdutor portátil que é manuseado sobre a superfície da pele e um computador. O ultrassom em 3D envia ondas sonoras em diversas direções, ao contrário do ultrassom em 2D, que as envia em apenas uma direção. A uma velocidade de 1.540 metros por segundo, os pulsos sonoros de alta frequência (de um a cinco mega-hertz) vindos do transdutor são refletidos, dispersados ou absorvidos pelo corpo. Ecos entre os pulsos são enviados a um computador e subtraídos dos níveis de energia originalmente emitidos pelo transdutor. Usando esses dados, um programa de interpretação (renderização) é capaz de analisar o tempo, frequência e profundidade dos ecos para construir uma imagem tridimensional do feto. O ultrassom 3D possui um pequeno atraso ao mostrar as imagens, enquanto o ultrassom 4D é capaz de mostrar as imagens em tempo real. Ultrassom explicado Processamento: o computador envia e recebe correntes elétricas do transdutor. Os dados são processados e usados pra criar a imagem na tela do monitor. Gel: a fim de evitar a presença de ar entre o transdutor e a pele, e para ajudar as ondas sonoras a penetrar no corpo, um gel a base de óleo mineral é aplicado sobre a pele. Cabeça de varredura: o formato da cabeça de varredura do transdutor determina o campo de visão capturado. Varredura: o transdutor é movido lentamente para enxergar o feto por diferentes ângulos e construir a imagem. O operador também pode alterar a duração e a frequência dos pulsos para obter uma imagem melhor. Transdutor: contém cristais de quartzo piezoelétricos que emitem ondas sonoras quando uma corrente elétrica é aplicada a eles. Quando essas ondas sonoras são refletidas de volta aos cristais, eles as convertem de volta em eletricidade.

Técnica transforma bebês vistos no ultrassom em "bonecos" Uma realização para pais com deficiência visual O designer carioca Jorge Roberto Lopes dos Santos desenvolveu o projeto, que alia exames de ressonância magnética, ultrassonografia e tomografia computadorizada. Depois, as imagens captadas são transformadas em modelos matemáticos e, no último passo, viram modelos 3D com a chamada prototipagem rápida, que é a tecnologia para impressão tridimensional. Utilizando programas específicos como o 4D View e o Mimics, Lopes dá forma aos modelos 3D de fetos, que são impressos, camada por camada, em resina fotossensível e um composto a base de gesso. Até o momento, já foram estudados no Brasil e no Reino Unido cerca de 50 casos clínicos que geraram modelos específicos em tamanho natural. E muitos deles foram mostrados por Lopes durante a apresentação de seu projeto na Royal College of Art (RCA), em Londres. "São culturas diferentes também em relação à gravidez. Enquanto no Brasil o foco principal é tentar fazer com que mães e pais compreendam alguma malformação de seus bebês, no Reino Unido os modelos são usados para incentivar o apego da mãe em relação ao filho", explica Lopes. Pesquisador do Ministério da Ciência e Tecnologia e professor do Departamento de Artes e Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Jorge Lopes tem como orientadores em Londres, Hilary French, diretora da Escola de Arquitetura e Design de Produtos da RCA, Ron Arad, um dos mais famosos designers do mundo e chefe de Design de Produtos na RCA, e Stuart Campbell, chefe de obstetrícia da King's College e pioneiro na utilização do ultrassom na década de 1980. Antes do Reino Unido, a técnica já vinha sendo testada no consultório do especialista em medicina fetal Heron Werner, no Rio, surpreendendo as futuras mamães. "A reação das pacientes é de grande surpresa, pois estes modelos são muito mais nítidos e reais do que uma simples imagem de ultrassonografia 3D ou imagem da ressonância magnética", compara o médico. "Imagine o impacto de um protótipo de um feto de uma gestante com deficiência visual. Ela tendo a chance de tocar e sentir as feições de seu filho. Realmente, isto tudo não deixa de ser um grande avanço", comemora Werner. De múmias a fetos Trabalhando juntos no Brasil há alguns anos, Lopes, Werner e o pesquisador Ricardo Fontes, do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), colaboraram anteriormente em estudos para o Museu Nacional. Na ocasião, blocos de pedras e sarcófagos foram digitalizados a partir de exames de tomografia computadorizada, possibilitando a visualização da forma virtual de fósseis e múmias. "Se conseguíamos isto com fósseis e múmias, por que não fetos?", diz Werner, contando como surgiu a mudança de rumo nas pesquisas. O grande diferencial da técnica criada no Brasil foi conseguir digitalizar as imagens geradas pelos exames de ressonância magnética e ultrassom, uma vez que a tomografia em muitos casos não é recomendada para gestantes, por conter níveis de radiação. "Hoje conseguimos ter o corpo de um feto a partir da ressonância magnética e as suas outras partes como mãos, pés e face a partir da ultrassonografia, reconstruindo tudo num só modelo. Desta forma, conseguimos imagens superiores às dos exames em separado", explica Werner, coordenador do setor de medicina fetal da Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDPI), no Rio. Como a técnica brasileira já está patenteada e os testes estão em curso, Werner acredita que em breve a prática poderá ser usada em larga escala, ajudando mães, pais e profissionais de saúde. "Acredito que até o final do ano poderemos ampliar o alcance dessa tecnologia", avalia. Fonte: CMDV. Portal do deficiente visual. Técnica transforma bebês vistos no ultrassom em "bonecos". São Paulo: Comércio de Materiais para Deficientes Visuais, 2012. Disponível em: ~,http:ÿÿwww.cmdv.com.brÿ~ lermais{-materias.php?~ cd{-materias=800~, Nossa casa Sobras têm prazo de validade Os alimentos que ficam na panela não precisam ir para o lixo. Mas para garantir a saúde, é importante a boa higienização e conservação. por Ivonete Lucrio Cultura herdada dos antepassados -- muitos deles guardando na memória os momentos de penúria que passaram durante as grandes guerras --, brasileiro gosta de fartura. Mesa farta é sinônimo de falta de privações, e todo mundo gosta disso. Mas depois que todo mundo coloca o garfo e a faca em paralelo sobre o prato, fica a pergunta: o que fazer com tudo aquilo que sobrou? A solução é reciclar. Embora não soframos mais as limitações do passado histórico, o planeta cobra o preço do desperdício. Segundo a Central de Abastecimento de São Paulo (Ceagesp), das 10 mil toneladas de produtos que lá entram diariamente, 1% vai para o lixo, ou seja, 100 mil quilos. Acabar com esse tipo de desperdício depende de políticas públicas, mas aquele da nossa casa, não. Para garantir a saúde, é importante que o armazenamento e o reaproveitamento sejam feitos de forma adequada. Do contrário, três coisas podem acontecer. Primeiro, a aparência do alimento fica horrível. Se você largar aquele lindo pedaço de pizza sobre a pia, descoberto, no dia seguinte ele vai parecer um pão velho. Segundo, há perda nutricional. Essa é impossível eliminar, apenas minimizar. "A maior parte das vitaminas é sensível à temperatura e ao oxigênio. Essa é a razão por que qualquer alimento depois de aberto, ou frutas e legumes cortados, perdem nutrientes", diz a nutricionista Inty Davidson (SP). O terceiro inconveniente, e mais sério deles, é a deterioração. Alimento estragado é sinônimo de alimento que sofreu ou está sofrendo a ação de micro-organismos, que adoram um calor. "Eles favorecem a intoxicação alimentar, provocando diarreia, vômito, febre. Isso pode levar à desidratação e, em casos mais graves, dependendo do estado nutricional da pessoa, até à morte", diz a nutricionista Roseli Rossi, da Equilíbrio Clínica Nutricional (SP). A melhor forma de evitar que isso aconteça é a refrigeração. "A baixa temperatura reduz a velocidade de crescimento bacteriano. As bactérias crescem rapidamente em temperaturas entre 4 e 60 graus. Ou seja, qualquer recipiente abaixo de 4 graus protegerá a maioria dos alimentos", diz a nutricionista Roseli. "A baixa temperatura também reduz a perda de nutrientes." Dicas que vêm do frio Preste atenção em algumas atitudes que vão melhorar o desempenho da geladeira, sua melhor aliada na conservação das sobras. õo Não encha demais a geladeira. Isso pode afetar a capacidade do resfriamento. õo As prateleiras mais altas são mais frias. É lá que devem ficar a carne e o leite. õo Não misture alimentos crus e cozidos na mesma prateleira. Esse cuidado evitará que os crus possam contaminar aqueles que já estão preparados. õo Nunca forre as prateleiras com plástico. Isso atrapalha o fluxo de ar e o resfriamento. õo Fique atento! A temperatura do *freezer* deve estar sempre abaixo de -18 graus. õo É sempre bom lembrar que congelador não é a mesma coisa que freezer.

õo Livre-se de uma vez de um dos mitos da cozinha: para guardar alimentos preparados, não espere até que esfrie antes de colocar na geladeira. Você pode colocá-lo ainda quente, em um recipiente descoberto. Depois que esfriar, tampe. õo E não esqueça: é preciso ter em mente que geladeira e freezer apenas conservam. Não adianta colocar dentro deles um alimento que já começou a se deteriorar. Mesmo que você coloque em prática as regras de conservação, o processo não será revertido. Os mais sensíveis Quanto mais água houver na composição dos alimentos, mais suscetíveis eles serão à deterioração. Isso porque os micro-organismos precisam de umidade para se multiplicar. "No *ranking* dos alimentos que sofrem mais rapidamente esse processo estão os que contêm muitas proteínas, como peixes, carnes, aves e laticínios", diz a nutricionista Weruska Barrios, do Hospital Samaritano (SP). Eles são os preferidos dos micro-organismos. Quanto mais gorduroso o alimento, como regra geral, mais resistente ele será. E, nesse ponto, também levam vantagem os alimentos produzidos pela indústria com relação aos *in natura* ou feitos em casa. "Os alimentos industrializados, por passarem por um processamento com a finalidade de manterem a validade, têm maior duração depois de abertos", esclarece a nutricionista Kátia Verônica Rodrigues de Souza Barbosa, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (RJ). A forma como é feita a higienização interfere na longevidade do alimento. Assim que chegar do supermercado, lave as embalagens fechadas, como latas e garrafas PETs, com água e sabão antes de guardar no armário ou geladeira. Normalmente, o alimento ou bebida dentro dele estão protegidos, mas podem contaminar o que estiver ao redor. Se você exagerou na feira e sobrou muita verdura ou legume, lave-os em água corrente, deixe de molho em uma solução com 1 colher (sopa) de água sanitária por litro de água por uma hora e guarde na geladeira em embalagem fechada. Uma dica da nutricionista Inty para que as sobras de folhas durem mais: use uma centrífuga manual para tirar a água e coloque camadas de papel toalha entre as folhas para tirar mais ainda a umidade. A durabilidade do alimento ou da sobra sempre vai depender do cuidado que se tem com eles. Para cada sobra, um cuidado O que fazer com os alimentos preparados com o que já estava na geladeira Bolinho de arroz, tutu de feijão, tortas de legumes. Esse tipo de reciclagem é uma boa forma de dar cara nova a algo que ninguém comeu. Primeiro, a sobra tem de ser bem conservada, em geladeira, respeitando o tempo de cada alimento antes de virar um novo prato. "Mas é importante que ele seja consumido no mesmo dia da preparação e, se por acaso isso não acontecer, o que deve ser feito é descartá-lo", ensina Ricardo Calil, da USP. õo Arroz: acondicionar em potes de plástico, preferencialmente com a porção que será consumida de cada vez. Decida se deseja colocar na geladeira ou no freezer. Tempo que dura: anote e não esqueça: 3 dias na geladeira e 3 meses no freezer. õo Banana: melhor é conservar fora da geladeira, em uma fruteira descoberta. Na geladeira, a casca fica escura de um dia para o outro e ligeiramente dura. Tempo que dura: o prazo é de 1 semana. õo Biscoito: depois de aberto deve ser colocado em um saquinho ou outra embalagem que diminua o contato com o oxigênio. Assim ele não amolece rápido. Tempo que dura: 4 dias. õo Bolo: se for um bolo seco, sem cobertura e recheio, pode ser mantido em uma boleira coberta ou pote fechado em qualquer lugar da cozinha. Se tiver qualquer tipo de creme, o pote deve ser refrigerado. Tempo que dura: sem creme 2 dias fora da geladeira; com creme 1 dia na geladeira. Nos dois casos, 2 meses no freezer. õo Carne cozida: assim que tirar da mesa, coloque em potes (plástico ou vidro). Antes de esfriar, coloque na geladeira ou no freezer. Tempo que dura: 2 dias na geladeira e 3 meses no freezer. õo Carne crua: retirar da embalagem original, porcionar, envolver em papel filme e colocar etiquetas com data. Tempo que dura: 1 dia na geladeira e 3 meses no freezer, no caso do peixe. Carnes em geral podem ser conservadas por 4 dias na geladeira ou 3 meses no freezer. õo Enlatados: não guarde na própria embalagem, sejam legumes, molho ou leite condensado. Transfira para um recipiente de vidro ou plástico antes de colocar na geladeira. Tempo que dura: 5 dias na geladeira ou 3 meses no freezer. õo Feijão: colocar em potes de plástico, com a porção que será consumida de cada vez e, depois, levar à geladeira ou ao freezer. Tempo que dura: o prazo de validade é de 3 dias na geladeira e 3 meses no freezer. õo Frios: atenção: eles devem ser colocados em recipientes específicos para frios. O objetivo é evitar que ressequem rápido. Tempo que dura: fique atento, porque eles duram 3 dias na geladeira e 1 mês no freezer. õo Frutas: quando maduras, devem ser colocadas na geladeira. Mas antes é preciso lavar e secar bem. Se forem frutas porcionadas, como melão ou melancia, envolva o que sobrou em papel filme para diminuir a oxidação e o ressecamento. Tempo que dura: depende do tipo de fruta, de 2 a 10 dias. No caso das porcionadas, 24 horas. õo Maionese preparada: coloque em um pote fechado ou coberto com papel filme na geladeira o mais rapidamente possível. Tempo que dura: máximo de 5 dias. E é um dos alimentos que não devem ser congelados. õo Mostarda e cactchup: nunca guarde na porta da geladeira para evitar variações de temperatura. Coloque em uma das prateleiras mais altas da geladeira. Um pote transparente ajuda a monitorar a aparência do produto. Tempo que dura: 15 dias depois de aberto. õo Ovos: devem ficar na geladeira, mas não no porta-ovos que fica na porta. As variações de temperatura que acontecem por causa do abre-fecha prejudicam a conservação. O melhor a fazer é colocar em um recipiente e deixar nas prateleiras intermediárias. Tempo que dura: 15 dias na geladeira. õo Pão: se for consumi-lo de um dia para o outro, mantenha fora da geladeira. Se for demorar mais, congele. É importante colocar em recipientes bem fechados. Essa providência ajuda a evitar umidade. Tempo que dura: pouco: 1 dia fora da geladeira ou até 3 meses no freezer. õo Pizza: deve ser levada rápido à geladeira. Se ficar de um dia para o outro fora dela, o conselho dos especialistas é não consumi-la. Tempo que dura: máximo de 1 dia. õo Suco: devem sempre ser refrigerados, guardados em uma jarra fechada para evitar contaminação. Tampar o recipiente evita que fique com um sabor estranho. Tempo que dura: depois de aberto pode ser conservado por até 2 dias. Importante lembrar que, no caso dos naturais, as propriedades nutricionais -- especialmente a vitamina C -- começam a diminuir no momento em que a fruta é aberta. Nesse caso, quanto mais rápido consumir, melhor! Fonte: REVISTA VIVA E SAÚDE. Notícias. São Paulo: Escala, c2010. Disponível em: ~,http:ÿÿrevistavivasaude.uol.~ com.br~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Culinária Chocolate casa bem com bebidas fortificadas O desafio de combinar sabores entre comidas e bebidas está cada vez mais presente na mesa. Curiosamente, nem faz tanto tempo assim, uma verdade caiu por terra: a de que somente o vinho francês Banyuls poderia acompanhar o chocolate. Exemplares feitos de uvas grenache continuam sendo os mais indicados para a tarefa, sem dúvida, pois há esse consenso entre *experts* no assunto. É como se colocar numa zona de segurança, onde se torna difícil qualquer contestação. Para os mais ousados, como o chef Jorge Nascimento, a verdade não é absoluta. Consultor gastronômico do Walmart, ele diz que a combinação de chocolate e bebidas fortificadas podem resultar numa perfeita harmonização. "Como o chocolate apresenta alto teor de gordura, o álcool dessas bebidas ajuda bastante no processo para dissolvê-la", explica. A seguir, confira as dicas de Nascimento para estimular o paladar: Vinho do Porto e o chocolate escuro com 55% de cacau Um dark chocolate, tendência entre os consumidores com maior conhecimento e até com alguma restrição alimentar, trabalha de forma intensa os níveis de amargura, combinados com a untuosidade da gordura de cacau usada na sua formulação. Uma sensação marcante na boca em que é possível perceber que os amargos também têm nuances muito agradáveis ao paladar. A harmonização deve ser com um vinho do porto estilo *tawny* que, com sua elevada graduação alcoólica e doçura, possibilita uma variável muito intensa e agradável à boca.

Na boca Com o chocolate já derretendo na boca, beba o gole do vinho do porto estilo tawny (mais jovem) a uma temperatura entre 10 e 14 graus centígrados. E deixe as sensações se estabelecerem, aproveitando esse momento especial de sabor e prazer. Vinho madeira O vinho madeira é mais fortificado ainda e menos doce, mas também acompanha bem o chocolate com 55% de cacau. "É mais volátil, e pode ser até melhor a harmonização pela transferência do carvalho, mais as notas de baunilha e frutas vermelhas", explica o chef.

O jovem *brandy* e o chocolate branco com uvas-passas Destilado de uva que passou por carvalho, o *brandy* proporciona intensamente experiência gastronômica junto ao chocolate branco com passas. Esse chocolate contém mais gordura, no caso, manteiga de cacau. E ainda: as uvas-passas irão deixar na boca um sabor mais intenso. Como degustar Para que as sensações ao paladar sejam inesquecíveis, o chef sugere que se coloque um quadradinho de chocolate na boca e deixe começar a derreter. Depois, deixe-o dissolver com a língua de forma que se possa sentir todos os sabores. Só então mastigue e tome um gole do brandy.

Friozinho que antecipa a festa Duas receitas no clima junino e sem lactose. O friozinho está chegando e a temporada de festas juninas também se aproxima. E o melhor dessa época são os quitutes. Mas, quem tem intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca tem que ficar de fora do arraial? Que nada! Da Cozinha SupraSoy, duas receitinhas provam que dá para curtir toda a animação trocando o laticínio por proteína isolada de soja em pó, popularmente chamada de leite de soja, sem abrir mão do sabor e da nutrição. Rico em vitaminas e minerais, o ingrediente encontrado em latas no supermercado ajuda a prevenir a osteoporose, por ser fonte de cálcio. Curau e tapioca são as receitas de São João.

Curau à base de soja (Rende 12 porções) Ingredientes 9 espigas de milho verde. 1 xícara (chá) de açúcar ê160 gã. 12 xícaras (chá) de leite de soja em pó integral ê65 gã, dissolvido em 500 ml de água, açúcar e canela a gosto para polvilhar. Preparo Retire os grãos de milho das espigas com uma faca e bata-os no liquidificador junto com 500 ml de água, utilizando a tecla "pulsar". Passe pela peneira, apertando bem com uma colher para retirar todo o suco. Coloque o suco de milho em uma panela, junte o açúcar e o leite de soja em pó e leve ao fogo médio, mexendo sempre, por cerca de 25 minutos ou até engrossar. Despeje em pequenas tigelas refratárias, deixe esfriar e polvilhe açúcar e canela por cima. Sirva. Cuscuz de tapioca sem lactose (Rende 12 Porções) Ingredientes 1 xícara (chá) de leite de soja em pó integral ê130 gã. #,b xícara (chá) de açúcar ê80 gã. #,b xícara (chá) de leite de coco ê100 mlã. #,d xícara (chá) de leite de soja em pó integral ê32 gã. 2 colheres (sopa) de açúcar ê24 gã. 1 xícara (chá) de tapioca granulada ê160 gã. #,d de xícara (chá) de coco ralado ê15 gã. Coco ralado para decorar. Preparo Comece preparando a calda: coloque no liquidificador o leite de soja em pó, o açúcar, #,b xícara (chá) de água fervente e bata por 1 minuto. Passe para uma molheira e leve à geladeira até a hora de servir. Faça o cuscuz de tapioca: em uma panela, misture o leite de coco, o leite de soja em pó, o açúcar e 1 xícara (chá) de água ê200 mlã. Leve ao fogo médio até levantar fervura, despeje sobre a tapioca granulada e deixe-a hidratando por 30 minutos. Junte o coco ralado, misture e coloque em uma assadeira pequena (18 por 28 centímetros), apertando bem com as costas de uma colher. Polvilhe com o coco ralado, corte em quadrados e sirva com a calda gelada. Leite no popular Embora seja chamado popularmente de leite de soja, o certo seria se referir ao ingrediente como proteína isolada de soja em pó. A expressão “leite de soja” só foi usada para tornar mais clara a compreensão de que o produto estava presente nas receitas. O leite de coco não contém lactose, pois é vegetal e não de origem animal. Se preferir, sirva o cuscuz de tapioca com leite de coco adoçado. Fonte: REVISTA VIVA E SAÚDE. Notícias. São Paulo: Escala, c2010. Disponível em: ~,http:ÿÿrevistavivasaude.uol.~ com.br~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Acessibilidade e inclusão Cão-guia fica de novo fora de banco e gerente pede desculpas em Niterói De manhã, instrutor foi retirado de fila; à tarde, ficou 30 minutos na rua. Decreto federal permite entrada tanto de deficientes quanto de instrutores. Carolina Lauriano Depois de passarem por um constrangimento na manhã desta segunda-feira (2) e serem retirados da fila de uma agência bancária, o instrutor de cães George Thomaz Harrison e a *golden retriever* Júlia tiveram novamente o acesso dificultado no banco Itaú do Ingá, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, nesta tarde. Eles ficaram aguardando do lado de fora da agência, na rua, por quase meia hora até a gerente liberar a porta. A polícia foi acionada pela segunda vez. Mas o treinador preferiu não fazer novo registro aos policiais no local, porque já havia prestado queixa na 77ª DP (Icaraí) mais cedo. Nitidamente desconfortável, a gerente, que se identificou como Maristela, encaminhou George para a mesma sala para a qual o havia levado mais cedo. Ele então pediu para que ela falasse com ele fora da sala. “O banco está se retratando porque houve uma falha na comunicação”. Ainda assim, na saída da agência, George e Júlia precisaram aguardar por mais de cinco minutos para liberarem a porta, que é trancada pela segurança da agência. Na entrada do banco, está colado o adesivo “admissão de cão-guia conforme a Lei Federal 11.126/2005”. O decreto federal número 5.904, de 2006, regulamenta essa lei e afirma, já no primeiro parágrafo, que “o ingresso e a permanência de cão em fase de socialização ou treinamento nos locais previstos no caput somente poderá ocorrer quando em companhia de seu treinador, instrutor ou acompanhantes habilitados”. Segundo o decreto, a multa para o descumprimento da lei pode variar de R$1 mil a R$30 mil. Em nota enviada ao G1 nesta tarde, o banco informou que "no caso específico ocorrido hoje em uma agência em Niterói (RJ), envolvendo um treinador de cão- -guia, o Itaú Unibanco esclarece que houve falha pontual de orientação e procedimento. Entendemos tratar-se de caso isolado, pois nunca registramos fato semelhante. Portadores de deficiência visual acompanhados por seus cães-guia são recebidos nas agências, assim como treinadores desses animais com eles, como prevê a legislação. A instituição usará o episódio para reforçar essa orientação às equipes envolvidas". Segundo George, a gerente alegava que só era permitida a entrada de cão-guia acompanhado de deficiente visual. Como ele não era, não poderia entrar. O instrutor afirmou que vai entrar com uma ação contra o banco Itaú, junto com os advogados do instituto, por constrangimento e ainda por impedimento do exercício legal da profissão. “Já aconteceu de as pessoas pedirem a identificação, eu explico e as pessoas acolhem. Mas nunca dessa maneira, ser retirado da fila, levado para uma sala e ela (gerente) se negou a ler a lei, ela me ridicularizou, disse que eu não precisava ensinar a ela”, contou. “Eu gostaria que a Justiça obrigasse o banco a fazer um treinamento para as pessoas agirem de maneira correta. Não quero nada além disso”, completou. Júlia passou dois anos sendo treinada e agora, na reta final, ela fica na casa do instrutor, que a leva para os locais comuns que qualquer pessoa tem o hábito de ir, como mercado, transporte público, banco. “Como que um cão-guia vai saber orientar o deficiente sem passar por esses locais? Isso faz parte do treinamento, eu estou a trabalho”, afirmou George, que também é presidente do Instituto Cão Guia Brasil. Retirado da fila Mais cedo, George foi retirado da fila por estar acompanhado de um cão-guia. Ele contou que explicou ao segurança que estava dentro dos seus direitos e disse que entraria na agência. Quando estava na fila, foi chamado por outro funcionário do banco e conduzido até uma sala reservada. Uma pessoa que se identificou como advogada do banco teria dito -- ainda segundo ele -- desconhecer a lei que permite o ingresso de treinador de cão-guia nos estabelecimentos e se recusado a dialogar com ele. A mulher ainda teria dito que ele não entraria mais naquela agência. O instrutor acionou a polícia e registrou o boletim de ocorrência no local. Segundo ele, esse tipo de situação acontece com certa frequência em função da falta de divulgação da lei. “Pedir a minha identificação é o correto, isso tem que ser feito sim. Mas o que é um absurdo é eles desrespeitarem uma lei”, disse. Fonte: G1. Rio de Janeiro. Cão-guia fica de novo fora de banco e gerente pede desculpas em Niterói. Rio de Janeiro: Globo Rio, 2012. Disponível em: ~,http:ÿÿg#a.globo.comÿ~ rio-de-janeiroÿnoticiaÿ2012ÿ~ 07ÿcao-guia-fica-de-novo-~ fora-de-banco-e-gerente-~ pede-desculpas-em-niteroi.html~, :::::::::::::::::::::::: Trigêmeas Surdocegas: Uma Lição de Amor Para as únicas trigêmeas com deficiência auditiva e visual do

mundo, a vida precisava de uma luz de amor. Kenneth Miller No quarto das trigêmeas, há três pequenas camas, mas Zoe costuma dormir numa cadeira de brinquedo em forma de saquinho de feijão. Emma prefere a caixa de brinquedos, isso se conseguir dormir. Há noites em que ela passa horas pulando e espalhando cobertas e brinquedos, arremessando-os o mais longe possível. Apenas Sophie, cuja pouca visão só lhe permite divisar formas a curta distância, permanece enrolada nas cobertas durante a maioria das noites. Para suas irmãs, “cama” é um conceito sem qualquer sentido. Elas têm 7 anos e são as únicas trigêmeas surdas-cegas do mundo. Testes revelam que a inteligência das meninas é normal, mas a privação sensorial impôs grave atraso a seu desenvolvimento. Embora Sophie consiga percorrer espaços familiares por conta própria, ela só diz frases de três palavras e utiliza linguagem de sinais em nível de jardim-de- -infância. Emma só consegue sinalizar quatro palavras, dizer o próprio nome, e “Mama” e “Dada”. Zoe sinaliza mais de uma dúzia de palavras, mas pronuncia apenas uma: “go” (ir ou vá). A exemplo de Emma, ela também usa fralda. Rotina das trigêmeas Há até pouco tempo, as manhãs na casa de Liz e George Hooker, num subúrbio de Houston, Texas, costumavam ser caóticas. A mãe e o padrasto das meninas acordavam às cinco e meia. Enquanto George arrumava o quarto, Liz dava banho e vestia as trigêmeas. Tinha tam- bém de adivinhar o que as meninas queriam comer, pois, se errasse, a comida acabava no chão. No café-da-manhã, Zoe sentava-se com a testa contra a mesa; para estimular-se, balançava-se e produzia zumbidos e sons estridentes. Emma ficava virando o rosto de um lado para o outro. Em meio a tudo isso, a irmã mais velha, Sarah, 11 anos, tinha dificuldade para obter atenção dos pais. Se precisasse de ajuda com o dever de casa ou para solucionar algum dilema social da pré-adolescência, teria de esperar. O ônibus escolar chegava às sete horas para levar as trigêmeas a uma instituição especializada que parecia dispor de poucos meios para ajudá-las. “Nessa época”, relembra Liz, “estávamos à beira do colapso”. No entanto, ela e George trabalhavam como autônomos e reservavam os poucos momentos livres para levar adiante sua missão: libertar as trigêmeas – e outras crianças como suas filhas – daquela prisão. Por fim, em 2007, os Hookers começaram a receber auxílio para sua causa. Conquistaram vitórias surpreendentes, e o dia-a-dia da família adquiriu um ritmo bem diferente. Causas da deficiência visual e auditiva das trigêmeas Das 45 mil pessoas surdas-cegas nos Estados Unidos, estima-se que 11 mil sejam crianças. As causas variam de problemas genéticos a acidentes domésticos. As trigêmeas, nascidas em 30 de abril de 2000, quando Liz estava apenas na 24ª semana de gravidez, passaram os primeiros meses de vida no hospital. Como ocorre às vezes com prematuros, seus olhos foram lesionados por causa do crescimento anormal dos vasos sanguíneos. Depois, para evitar uma infecção, as meninas receberam um coquetel de antibióticos. A medicação teve um efeito colateral devastador: a destruição dos folículos -- minúsculos pelos responsáveis pela audição e o equilíbrio, situados ao longo do ouvido interno. A princípio, Liz só sabia que as trigêmeas eram cegas. Então, interrompeu sua carreira de produtora de vídeo para cuidar delas. Seu complicado primeiro casamento entrou em parafuso: ela e o marido acabaram se separando. Só quando as três meninas estavam com 1 ano e 8 meses é que Liz percebeu que havia algo mais de errado. Elas começavam a aprender a pronunciar as primeiras palavras e dar os primeiros passos quando, de repente, pararam de falar e até de se sentar. As três desabavam no chão, batendo a cabeça com força. Quando recebeu o diagnóstico, Liz se deitou no chão da sala de estar e começou a gritar. “Eu tinha sonhos para elas”, conta. “Ia ensiná-las a dançar. Senti como se fosse o fim do mundo.” Embora o senso de equilíbrio retornasse, a surdez permaneceu. Pouco antes de completarem 3 anos, Liz levou-as para fazer um implante coclear – a colocação no ouvido de um dispositivo que envia sinais para o nervo auditivo. Esses implantes podem fazer maravilhas em algumas pessoas, mas as trigêmeas não demonstraram quase resposta alguma. Impedidas de receber estímulos sensoriais, elas haviam perdido a capacidade de identificar o sentido do som que os dispositivos implantados transmitiam. Você se casaria com alguém que tivesse trigêmeas surdas-cegas? Com três crianças tão dependentes para cuidar, Liz não conseguia atender às próprias necessidades, quanto mais às de Sarah. Acabou entrando em depressão. Foi quando, certo dia em 2003, esbarrou no website de um ex-namorado e achou que ele pudesse ajudá-la a encontrar um meio de seguir em frente. Liz e George haviam namorado por dois anos na faculdade, mas o medo que ele sentia de assumir compromissos levou-a a terminar o relacionamento. Ela sempre se perguntava sobre como teria sido a vida se tivesse dado uma segunda chance a ele. George também se tornara produtor de vídeo e morava por perto. Reunindo forças, Liz ligou para ele. No primeiro encontro, George confessou que nunca a esquecera, e Liz percebeu que sentia o mesmo. Ela esperou uma semana para revelar a verdade sobre suas filhas, temendo que ele fosse embora. Não foi. “Nada mais fiz nesses 32 anos senão cuidar ex- clusivamente de mim”, reconheceu George. “A volta de Liz mudou tudo em minha vida.” Casaram-se um ano depois. George diminuiu seu trabalho para dedicar mais tempo à nova família. Tanto ele quanto Liz conheciam a história de Helen Keller, que perdera visão e audição por causa de uma doença, e aos 7 anos era tão inatingível quanto as trigêmeas. Conforme mostrado no filme ganhador do Oscar de 1962, *O milagre de Anne Sullivan*, do cineasta Arthur Penn, a salvação de Keller veio na pessoa de Anne Sullivan – professora que a acompanhou por cinco décadas. Anne estimulou o sentido do tato para reconectar sua aluna ao mundo. Ela colocou Helen em contato com cada elemento do ambiente que a cercava, utilizando linguagem táctil de sinais (mediante um código de toques na pele) para traduzir a experiência em palavras. A menina selvagem logo começou a se transformar num ser humano de dotes surpreendentes. Programas de educação especial para portadores de deficiências sensoriais Hoje, especialistas como Anne Sullivan são conhecidos como “educadores especiais”. O número destes educadores especiais, porém, é pequeno, e seu treinamento, em geral, precário. Nos Estados Unidos, a maioria dos educadores especiais assiste a um seminário de dois dias e depois aprende o restante na prática. Contratados geralmente por escolas públicas, trabalham em sala de aula, em vez de na casa do aluno. Isso não era o ideal para Liz e George. Em 2003, eles visitaram a Escola Perkins para Cegos, perto de Boston, onde Helen Keller havia estudado. Lá conheceram alunos surdos-cegos cujo desempenho acadêmico e habilidades sociais os impressionaram. Um dos alunos mais antigos confidenciou-lhes que, quando mais jovem, fora igual às filhas deles. “Foi então que dissemos: ‘Agora que sabemos o que é possível fazer, não nos contentaremos com menos’”, relembra George. Mas o custo do programa para surdo-cego – 225 mil dólares por aluno, por ano – não era coberto pelo plano de saúde e estava muito além da capacidade do casal. De volta ao Texas, Liz e George matricularam as filhas em vários cursos extracurriculares. Trataram também de encontrar sua própria Anne Sullivan. Educadores Especiais: como ensinar no silencioso e escuro universo das trigêmeas Numa loja do Wal-Mart, McKenzie Levert leva Zoe às compras. Moça alta, 28 anos, McKenzie deixa que Zoe esprema um tubo de pasta de dentes e experimente prendedores de cabelo. No departamento de brinquedos, a menina sobe num carro elétrico. Com o auxílio de McKenzie, pressiona o pedal do acelerador. A batida que se segue não é grave, e Zoe sinaliza: “De novo.” McKenzie se formou em educadora especial no curso de dois anos da Faculdade George Brown, de Toronto, no Canadá, considerada a melhor do mundo nessa especialidade. Mudou-se para Spring, a fim de se dedicar à mais necessitada das trigêmeas. Todo dia útil, às oito da manhã, ela tira Zoe da cama e inicia um programa de treinamento sobre os princípios básicos da vida diária -- de higiene e preparação de alimentos a navegação (ou seja, aprender a avaliar posição, rumo e distância ao percorrer seus caminhos) e comunicação. Após o banho e o café-da-manhã, McKenzie a conduz escada acima para um quarto aparelhado com uma mesa infantil e uma caixa cheia de material didático. McKenzie reforça as palavras faladas com sinais de tato. Para cada atividade -- brincar, assar bolo, fazer compras --, ela entrega a Zoe um cartão com a palavra escrita em braille e um objeto simbólico (uma bola, um batedor de ovos, um saco plástico) anexado para reforçar a compreensão. Há lições de classificação de formas, exercícios de vocabulário e sessões de brincadeira com massinha. Às quatro da tarde, quando McKenzie vai para casa, Zoe fica com um ar de alegre exaustão. Para Liz e George, não foi fácil encontrar uma educadora especial como McKenzie Levert. Contratar três era impossível. Os Hookers queriam alguém formado pela Faculdade George Brown, mas o preço -- 50 mil dólares por ano -- excedia a renda anual da família, e nenhum plano de saúde cobria esse tratamento. DeafBlind Children's Fund (Fundo para Crianças Surdas-Cegas) Eles sabiam que outras famílias também passavam por essa dificuldade. Fundaram, então, uma organização chamada DeafBlind Children's Fund (Fundo para Crianças Surdas-Cegas), com o objetivo de proporcionar um educador especial para cada criança que precisasse. A primeira beneficiária foi a trigêmea que apresentava maior nível de frustração. Sophie finalmente começava a compreender a linguagem; Emma parecia estar relativamente serena. No entanto, quando Zoe queria algo e não conseguia dizer o que era, socava-se no rosto. “Ela era muito motivada”, diz George, “mas não tinha para onde dirigir sua motivação.” No fim de 2006, a organização realizou seu primeiro evento para arrecadar recursos: um torneio beneficente de golfe que possibilitou angariar o suficiente para contratar por um ano uma profissional formada pela George Brown. Pouco depois, o casal foi ao programa de TV do Dr. Phil, no qual o famoso terapeuta anunciou que sua fundação pessoal, em parceria com um site de empréstimos, doariam 50 mil dólares para cobrir a remuneração da educadora especial por mais um ano. McKenzie reiniciou os trabalhos em março de 2007. Desde então, Zoe tem apresentado um progresso notável. Já consegue sinalizar 15 palavras -- cinco vezes mais do que conseguia antes da chegada da educadora. Antes tão notívaga quanto Emma, agora dorme a noite toda. Também está mais calma e atenta, e já é capaz de escovar os dentes, vestir-se e servir-se de biscoitos. Algum dia Zoe vai conseguir manter uma conversa, ler um livro e até arranjar um emprego ou se casar. “Por enquanto”, comemora McKenzie, “é maravilhoso vê-la tornar-se uma menina de 7 anos.” Zoe não é a única da família cuja vida tem melhorado. Graças à educadora especial -- e a um grupo de ajudantes fornecidos por um programa governamental de auxílio aos deficientes, os pais das meninas têm mais tempo livre para trabalhar. Com “bicos” em vídeo e design, além de sustentar a casa, eles já conseguiram 125 mil dóla-

res para o DeafBlind Children's Fund. Liz e George também podem dar mais atenção a Sarah, cujas notas em Matemática e a relação sorrisos/cara amarrada têm melhorado muito. Eles têm trazido Sarah e Emma da escola e levado Sophie até o jardim-de-infância. A confusão matinal com relação ao ônibus escolar terminou. Emma foi avaliada por um instrutor da Faculdade George Brown no ano passado, e é a próxima da fila para receber um educador especial de longo prazo. Depois, será a vez de Sophie. Embora o fundo pretenda ajudar centenas de crianças, problemas de imigração ameaçam a ida de mais educadores especiais do Canadá para os Estados Unidos. A família tem feito lobby junto a legisladores para alterar as regras. E tem apoiado esforços para melhorar a formação de educadores especiais no próprio país. Enquanto isso, Liz e George são gratos pelo longo caminho que a família já percorreu. Certa noite, num restaurante mexicano da vizinhança, um mariachi começou a tocar para eles. O rosto de Emma iluminou-se com ar de puro encantamento. Ela tem demonstrado interesse pela música. A mãe a observa com esperança. “Algum dia serei capaz de lhe perguntar no que andou pensando todos esses anos”, imagina. “Não vejo a hora em que conseguirei penetrar na mente e no coração de minhas filhas.” Fonte: SELEÇÃO reader's digest. Trigêmeas surdas-cegas uma lição-de-amor. Rio de Janeiro: Reader's Digest Brasil, c2009. Disponível em: ~,http:ÿÿwww.selecoes.com.brÿ~ trigemeas-surdas-cegas-uma-~ licao-de-amor~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo RBC Informa No Brasil existem algumas instituições que trabalham com crianças e adultos surdocegos: Instituto Benjamin Constant -- IBC Av. Pasteur, 350/368 -- Urca. Rio de Janeiro -- RJ. CEP: 22290-240 Tel.: (21) 3478-4400 E-mail: ~,faleconosco@ibc.~ gov.br~, Site: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.br~, Instituto de Educação de Surdos -- INES Centro de Atendimento Alternativo Florescer Rua das Laranjeiras, 232 -- Laranjeiras. Rio de Janeiro -- RJ CEP: 22240-003 Tel.: (21) 2285-7597 Site: ~,www.ines.gov.br~,

Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo Deficiente Sensorial Rua Baltazar Lisboa, 212 -- Vila Mariana. São Paulo -- SP CEP: 04110-060 Tel.: (11) 5579-5438 e-mail: ~,grupobrasil@~ grupobrasil.org.br~, site: ~,http:ÿÿwww.grupobrasil.~ org.br~, ADEFAV/CRIES -- Centro de Recursos para a Inclusão na Família, Escola e Sociedade Rua Clemente Pereira, 286 -- Ipiranga. São Paulo -- SP CEP: 04216-060 Tel.: (11) 3571-9511 Site: ~,www.adefav.org.br~, ABRASC -- Associação Brasileira de Surdocegueira Rua Baltazar Lisboa, 332 -- Vila Mariana. São Paulo -- SP CEP: 04110-060 Tel.: (11) 5579-0032 site: ~,http:ÿÿwww.abrasc.org.br~, AHIMSA -- Associação Educacional para Múltipla Deficiência Rua Baltazar Lisboa, 212 -- Vila Mariana. São Paulo -- SP CEP: 04110-060 Tel.: (11) 5579-5438 site: ~,http:ÿÿwww.ahimsa.org.br~, ABRAPASCEM Rua Mato Grosso, 479 ap. 121 -- Urupá. Ji-Paraná -- RO. CEP: 79600-270 Tel.: (69) 3342-3089 site: ~,http:ÿÿwww.ayudatec.orgÿ~ organizationsÿabrapascem~, õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra