Comissão editorial Claudia Lucia Lessa Paschoal Vitor Alberto da Silva Marques Maria Cecília Guimarães Coelho Ana Paula Pacheco da Silva Leonardo Raja Gabaglia Colaboração Ana Paula Souza Almeida Sandra Lucia Diniz Ribeiro Revista quadrimestral publicada conforme Lei n.o 9.610, de 19/02/1998 e Normas técnicas para produção de textos em Braille, MEC/SEESP, 2006. Arquivo da revista disponível para impressão em Braille em: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ?~ itemid=381~,
¨ I
Sumário
MODA
Jeans ::::::::::::::::::::::: 42
ARTE E CULTURA
Teatro Carlos Gomes
estreia projeto de inclusão
de pessoas com deficiência
visual e auditiva :::::::::: 47
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO
Melhor que GPS :::::::::::: 54
RBC INFORMA
Banco do Brasil apresenta
nova linha de crédito: BB
crédito acessibilidade ::::: 57
Caixa oferece gratuitamente
aos seus clientes extratos
bancários em Braille :::::: 59
¨ III
EDITORIAL
Saudamos nossos assinantes, reais e potenciais, pelo prestígio e confiança que
sempre vêm nos conferindo, ao longo de edificantes 70 anos da RBC, a serviço da
informação e da cultura. Atravessamos gerações, sem estarmos a salvo de crises, que
graças ao empenho e talento de seus servidores, aos quais, dedicamos um preito de
gratidão, sem distinção, foram sendo todos transpostos.
A exemplo da RBC, surgida em Abril de 1942, sob a liderança e inspiração do
nosso Professor Veiga, temos desde 1959, a nossa revista Pontinhos, voltada para o
público infanto-juvenil, interessado em se educar e se informar, visando a conquista da
cidadania. Essas duas publicações, produzidas na Imprensa Braille de nosso IBC, foram,
e certamente continuarão sendo, produto do esforço de quem nelas trabalhou e trabalha,
e do desejo de seus assinantes, que ultrapassam as fronteiras nacionais. Esse fato é
motivo de orgulho de nossa instituição especializada, pioneira no ensino de crianças e
adolescentes cegos, na América Latina, e hoje, centro de referência na área. Para coroar
esses 70 anos de vida a serviço da informação e da cultura de qualidade, direcionada
para o nosso público cego, incorporamos a este número, a primeira edição da RBC,
transcrita em Braille, no ano de 1942, no inesquecível mês de abril, incluindo também a
sua capa, recuperada da versão original.
Na esteira da modernidade, e em conformidade com os objetivos que as
conceberam, trabalharemos coletivamente para atender aos desejos de nossos leitores
assinantes, com um olhar para o futuro. Sendo assim, de imediato, queremos provocar e
interagir permanentemente com nossos leitores, sentir-lhes
¨ V
o seu pulsar vibrante, a sua capacidade crítica!
Isso poderá ser viável, se nos aproximarmos, a Revista e você, que desde já,
poderá enviar sugestões, comentários, críticas que nos possibilitem crescer juntos.
Assim, aguardamos correspondências para os endereços constantes na capa desta
edição.
Vamos juntos descobrir, que
vale a pena ler, já que vale a
pena pensar.
Comissão editorial
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
<1>
Braille Somente
Braille dos que alcançaram sucesso
Braille dos cegos que ainda não têm sequer um ganha-pão.
Braille do silêncio dos surdocegos
Braille dos nossos competentes professores
Braille para os que ainda não o conhecem
Braille de nossos amados benfeitores.
Braille dos movimentos necessários
Braille das justas reivindicações
Braille que ensina, incentiva e acalenta
Braille em sua universal revolução.
<3>
Braille nas noites de insônia
Braille dos amigos diletos
Braille em nossas diversificadas instituições
Braille dos seminários, encontros e congressos.
Braille em suas modalidades diversas
Braille com divergências, também
Braille para estudo dos especialistas
Braille e sua desejável unificação.
Braille da Bíblia Sagrada
Braille das revistas amigas
Braille com os modernos softwares
Braille junto às avançadas tecnologias.
Braille de nosso dia-a-dia
Braille simplesmente para ler e escrever
Braille dos que já morreram
Braille para os que ainda irão nascer.
Texto já publicado na Revista Brasileira para Cegos, Ano LXVI n.o 514, 2009, p. 94-96
“Quem tem iniciativa sai do curso praticamente empregado”, afirma.
VIDA E SAÚDE
Onde bate o coração de Eloá
O órgão da garota de 15 anos
sequestrada e morta em 2008 pulsa no peito da paraense
Maria Augusta
Cristiane Segatto
Oitenta batimentos por minuto. Às vezes, 90. Raramente, 120. Nessa frequência
e sem grandes sobressaltos, bate atualmente o coração de Eloá Cristina Pimentel, morta
em 2008 pelo ex-namorado Lindemberg Alves -- condenado nesta quinta-feira (16) a 98
anos e dez meses de prisão pelo assassinato, por tê-la mantido em cativeiro por mais de
100 horas em Santo André, no ABC paulista, e por outras dez acusações. O músculo
cardíaco jovem e vigoroso, doado pela família da garota, deu à tecelã paraense Maria
Augusta Silva dos Anjos, de 42 anos, a liberdade que ela não conhecia.
Nunca, em quase quatro décadas marcadas por uma grave doença congênita no
coração, Maria Augusta soube o que era andar, sem ajuda, sem rumo, por onde bem
entendesse. Hoje vence com facilidade os 63 degraus que separam a porta de seu
apartamento modesto, num prédio de três andares sem elevador, da calçada de uma das
mais movimentadas ruas dos Jardins, em São Paulo.
Desce e sobe aquelas escadas várias vezes ao dia. É um acontecimento. Com
mais 219 passos largos chega à Avenida Paulista. De lá, se enfia no metrô sozinha e
percorre sete estações até se misturar à multidão da Rua 25 de Março, o paraíso do
comércio popular paulistano. É um novo habitat para a paraense que cresceu retraída e
isolada por força das circunstâncias. Até os 15 anos, viveu na Ilha de Marajó. Ia à escola
carregada nos braços pelos adultos e escoltada pela irmã Adriana, dois anos mais nova.
Os colegas se assustavam com a menina de dedos inchados, unhas e lábios roxos, que
sofria desmaios frequentes. Alguns diziam que a doença era contagiosa e aconselhavam
os demais a manter distância. “Hoje, dizem que isso é bullying. Eu chamava de rejeição.
Vivia sorrindo para não preocupar ainda mais minha família, mas no fundo era uma
menina triste.”
No Pará, Maria Augusta foi desenganada por vários médicos. Até que um deles
decidiu procurar a ajuda dos colegas do Hospital Beneficência Portuguesa, em São
<7>
Paulo. Quando o drama de Eloá mobilizou o Brasil, Maria Augusta aguardava um
coração na fila de transplante havia dois anos e três meses. Passava os dias trancada no
apartamento. Não conseguia sequer tomar banho sozinha. Quando precisava sair para
tomar um pouco de ar, era carregada nos braços pelo cearense Stênio Garcia Alves de
Lima (então namorado e hoje marido). “Minha família toda acompanhava pela TV o
sofrimento da Eloá e orava por ela”, diz Maria Augusta. “Nunca imaginei que aquilo
terminaria em morte, muito menos que os órgãos seriam doados e eu beneficiada.”
No dia em que Eloá morreu, Maria Augusta ocupava a terceira posição na lista
do hospital. O órgão não era compatível com os dois primeiros. Maria Augusta foi
chamada e preparada para o transplante. Quando a cirurgia acabou, era a manhã de seu
aniversário de 39 anos. A repercussão do caso impediu que a regra do anonimato nas
doações fosse seguida. Maria Augusta agradeceu. O desejo dela sempre foi conhecer a
família de seu eventual doador. Foi assim que ela e Ana Cristina Pimentel da Silva, mãe
de Eloá, se aproximaram. “Ela sempre me abraçou com um carinho forte, especial”, diz.
As duas famílias se encontraram várias vezes. Maria Augusta passou um fim de semana
na casa da mãe de Eloá. Ana Cristina foi hospedada no Pará pelos pais de Maria
Augusta. Na semana passada, quando as notícias sobre o julgamento de Lindemberg
tornaram vívida a lembrança de Eloá, Maria Augusta teve vontade de telefonar para Ana
Cristina. Desistiu -- para não ser inconveniente e, principalmente, por não saber o que
dizer.
Quando estão a sós, Stênio desafia a mulher a solucionar uma questão que
mobiliza filósofos, especialistas em bioética, médicos, psicólogos, religiosos e quem
mais tiver sangue correndo nas veias e neurônios fervilhando na cabeça:
-- Preta, o que você sente quando vê as imagens da Eloá nesse desespero e sabe
que é o coração dela que está batendo em seu peito?
Maria Augusta responde sem a pretensão de encerrar o assunto ou de dar uma
resposta definitiva. Seus sentimentos são dúbios. “Sinto muita tristeza por ela e, ao
mesmo tempo, uma grande felicidade por estar vivendo tão bem. Se não fosse aquele
sequestro, provavelmente eu estaria morta. Não sei o que pensar. É um dilema que não
consigo resolver.”
No prediozinho da região da Paulista, ocupado basicamente por migrantes que,
como Stênio, trabalham num restaurante, todos têm curiosidade pela história de Maria
Augusta. “Ficam intrigados, querem saber se minha personalidade mudou.” Ela diz que
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é a mesma, mas a motivação para se cuidar é outra. Agora, procura se vestir com peças
da moda e realça, com mechas douradas, o brilho dos cabelos de marajoara.
“Maria Augusta reviveu. As avaliações cardiológicas e as biópsias do músculo
cardíaco demonstram que o estado de saúde dela é excelente”, diz o cardiologista
Antonio Alceu dos Santos, do Hospital Beneficência Portuguesa. O único sinal evidente
de que, graças a Eloá, Maria Augusta pôde começar de novo é a cicatriz vertical entre os
seios. A ponta superior do corte escapa do decote. Ela não se preocupa em escondê-lo.
Por aqueles 10 centímetros, entraram a esperança e a energia juvenil de quem tudo
pode. “Agora quero aprender a nadar e a andar de bicicleta.”
SAÚDE EM CONTRAPONTO
Passe um dia sem carne
Carne vermelha faz muito bem
Milhões de pessoas foram
convencidas de que ela seria um perigo. Os vegetarianos
que me desculpem, mas
isso é bobagem
Sol na medida certa
“O ideal é usar no rosto
cerca de uma colher de chá
de protetor solar.”
Protetor solar para comer
Substância que vem das algas vai virar comprimido para
proteger a pele
Francine Lima
Depois de mergulhar na simbiose entre os seres que habitam a Grande Barreira
de Corais na Austrália, pesquisadores do King's College de Londres emergiram com
uma ideia: transformar uma propriedade natural de algas e corais em produto contra
queimaduras de pele.
Esses seres marinhos possuem o aminoácido micosporina (MAA), que absorve
os raios ultravioleta e os protege contra o sol. A substância é conhecida há 25 anos, mas
agora os cientistas descobriram que, quando ingerida, pode provocar o mesmo efeito em
outras espécies.
Segundo Paul Long, líder da pesquisa, peixes que se alimentam desses corais
possuem MAA na pele e nos olhos. A proposta é que possamos literalmente comer esse
aminoácido em concentrações bem maiores que as encontradas nas algas e ficarmos
mais protegidos do sol. Como a dieta japonesa inclui alimentos como o Nori, um tipo de
papel de algas verdes usado no sushi, que também contém MAA, Long imagina que a
substância não seja tóxica para os humanos.
A ideia dos cientistas é sintetizar o aminoácido em laboratório e usá-lo na
fabricação de um protetor solar em comprimido. “Esperamos estar prontos para testar a
substância em 5 anos”, afirma o pesquisador. Apesar do fator de proteção da cápsula
ainda não ser definido, testes anteriores feitos por pesquisadores brasileiros mostram
que o espectro de absorção desses aminoácidos é muito próximo ao das loções que estão
hoje no mercado.
Os pesquisadores esperam ainda que a descoberta possa ser aproveitada na
agricultura. Modificando geneticamente os vegetais muito sensíveis à luz solar, será
possível protegê-los contra o aquecimento global.
NOSSA CASA
Geladeira exige ordem
A nutricionista Maria de Lurdes Milan explica
que deve-se adotar
conjunto de boas práticas
para evitar doenças
Caroline Tatsch
O verão está aí e com ele aumenta a possibilidade de contaminação. É nessa
época que precisamos reforçar aqueles cuidados, que devemos ter durante o ano inteiro,
com a higiene dos alimentos e, principalmente, com o local onde os manipulamos.
Conforme a nutricionista Maria de Lurdes Milan, as boas práticas são um conjunto de
procedimentos higiênico-sanitários, instituídos pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), exigidos em estabelecimentos.
Só que a contaminação pode ocorrer em qualquer lugar, mas
pode ser controlada. Com diversas ações, podemos evitar a multiplicação de bactérias, mofo, bolores e
até vírus. "A falta de cuidados pode gerar problemas como infecções gastrointestinais e
intoxicações. Com a higiene adequada podemos prevenir várias doenças" explica Maria
de Lurdes. Associar casos de intoxicação alimentar às refeições realizadas fora de casa,
nem sempre é uma verdade incontestável, "Existem vários casos de contaminação na
comida caseira, por não seguir as regras de uma boa conservação e de higienização da
geladeira", explica.
A nutricionista dá algumas dicas e orientações como respeitar as datas de
vencimento dos produtos, guardá-los de forma correta, higiene e manipulação dos
alimentos.
A especialista chama de mitos esperar a comida esfriar para guardar na geladeira
e esclarece: "Não tem problema guardar na geladeira a comida que ainda está quente.
Mas, em hipótese alguma, devemos guardá-la na panela tefal ou alumínio. As
substâncias penetram no alimento e são prejudiciais à saúde. Retire o conteúdo e
coloque de preferência em recipiente de vidro." Ela também previne sobre a forma de
armazenar. "Coloque os alimentos em recipiente destampado nas primeiras duas horas.
Após, tampe-as."
<17>
Tudo tem lugar certo
Na prateleira superior da geladeira, acomode os alimentos que precisam de mais
refrigeração, como frios, sobremesas, massas frescas, pratos prontos, queijos, iogurtes,
manteiga, requeijão e patês. Esses alimentos devem ficar em embalagens fechadas, para
não espalharem odores pela geladeira. As carnes cruas, aves e peixes devem ficar de
preferência nas gavetas próprias. Peixe e carne vermelha guarde por um dia, frango dois
dias e frios três dias. As prateleiras intermediárias podem ser reservadas para
guloseimas ou ainda sobras de alimentos que devem ser guardados por um a dois dias.
Ovos não são na porta. Guarde-os em pote fechado e lave-os somente quando for usá-los e observe sempre a validade.
Na prateleira inferior devem ficar as frutas lavadas e higienizadas e também
aqueles doces que não levam leite. Os produtos enlatados, depois de abertos, devem ser
armazenados com seu líquido original em recipiente de vidro ou de plástico de boa
qualidade com tampa. Devem ser consumidos em poucos dias. Outra opção é congelar,
mas jogue fora o líquido. Molho de tomate é perecível e deve ser consumido de uma só
vez ou congelado.
Dicas de Conservação
Bactérias, vírus e fungos
A nutricionista Maria Milan conta que há três grandes grupos de
microorganismos: bactérias, vírus e fungos. Para as bactérias se reproduzirem, basta
encontrar um ambiente adequado. O ritmo de reprodução pode ser entre 20 e 30
minutos, sendo que em oito horas uma bactéria poderá se multiplicar em 16 milhões.
“Os alimentos devem ficar o menor tempo possível expostos em temperatura entre 65 e
5 graus, o máximo 2 horas. Ou seja, a temperatura deve ser superior a 65 graus ou
abaixo de 5 graus", explica Maria. “Para que haja segurança, o alimento deve se manter
no fogão ou na geladeira. Jamais em temperatura ambiente. Quando toda a superfície do
alimento atinge 100 graus, a maioria dos microorganismos é destruída em minutos.
Sendo que a temperatura do interior do alimento deve atingir 75 graus."
O biomédico Roberto Figueiredo, mais conhecido como Dr. Bactéria, esteve de
passagem por Novo Hamburgo e também dá dicas para fugir das bactérias:
<20>
MODA
Jeans
Tatiana Ribeiro
Ele foi da vela do barco e da barraca em campos de mineração aos uniformes e às
passarelas de moda. Vestiu ídolos do cinema, sex symbols e gente comum. O Brasil é o
segundo maior produtor mundial de jeans. Por aqui, o mercado de vestuário com o
tecido movimenta US$8 bilhões anuais. Em 2010, foram produzidas mais de 320
milhões de peças. O jeans nacional já conquistou até Britney Spears e Paris Hilton.
• 1853: Chega à Califórnia como cobertura de vagões e cabanas de mineradores. O judeu alemão radicado nos EUA, Levi
Strauss, fabricou as primeiras calças com o tecido, na cor natural bege.
• 1872: Nas calças para mineradores, os bolsos foram reforçados com rebites metálicos para aguentar as pedras. O extrato indigosfera deu o tom azul.
• 1911: Henry David Lee lançou uma jardineira cheia de bolsos, a Bib Overall, primeira variação de peça de roupa jeans. Em 1926, ele inventou a calça jeans com zíper.
• 1930: Como cowboys no cinema, Tom Mix e John Wayne popularizaram o jeans. Dez anos depois, motoqueiros montavam suas Harley-Davidsons vestindo a peça.
• 1935: Surgiu o primeiro modelo de calça para mulheres, de corte reto, arredondado no quadril. Antes, elas usavam as vestes masculinas para ir aos rodeios.
• 1945: O jeans se popularizou na Europa na Segunda Guerra, com os soldados dos EUA usando uniformes de denim. O tecido foi associado à virilidade.
• 1950: Marlon Brando e Elvis Presley transformaram o jeans em símbolo da rebeldia e rock'n roll. O tecido não era aceito em escolas, igrejas e eventos sociais.
<21>
• 1956: No Brasil, a São Paulo Alpargatas lançou as calças Rodeio. Uma década mais tarde, surgiram as Calhambeque, inspiradas na música de Roberto Carlos.
• 1970: Criticada por conservadores, a Calvin Klein colocou o jeans nas passarelas.
• 1980, Brooke Shields fez campanha para a marca: “Quer saber o que há entre mim e a minha Calvin? Nada.”
• 1980: Surgiram as lavagens para dar diferentes tons e efeito desgastado ao jeans. A primeira técnica foi a stone wash, em que pedras eram colocadas nas lavadoras para causar atrito.
• 1990: O jeans feminino nacional ganhou fama pela cintura baixa, elastano e corte que empina o bumbum como o da lendária carioca calça da Gang, adquirida por Britney Spears e Paris Hilton.
• 2001: A Levi's pagou US$46.532 por um jeans de 1890 encontrado por uma mulher em uma mina de um deserto californiano. Ela remendou e usou a peça antes de oferecê-la à marca.
• 2009: Surgiu o jeans reciclado. Retalhos são triturados e formam um novo fio têxtil, acabado com goma à base de sumo de batata. Em 2004, já havia
sido lançado no Brasil o jeans com PET reciclado.
ARTE E CULTURA
Teatro Carlos Gomes estreia projeto de inclusão de pessoas com deficiência visual e auditiva
Com patrocínio da Petrobras, o teatro será o único do Brasil a contar com
recursos de audiodescrição, interpretação em LIBRAS e legendagem em todas as peças
em cartaz em 2012.
A partir do dia 4 de março, todas as peças em cartaz no Teatro Municipal Carlos
Gomes (Rio de Janeiro), na temporada de 2012, vão contar com recursos para garantir a
acessibilidade de pessoas com deficiência visual e auditiva. O projeto, da Lavoro
Produções, é patrocinado pela Petrobras, em parceria com a Prefeitura do Rio, e prevê
sessões inclusivas aos domingos, duas vezes por mês, durante todo o ano.
Na estreia do serviço, no dia 4 de março, o público poderá conferir a peça “As
Mimosas da Praça Tiradentes” com recursos de audiodescrição, interpretação em
LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e legendas, como as que são utilizadas pelos
canais de televisão em Closed Caption. As sessões inclusivas dos espetáculos serão
sempre nos primeiros e terceiros domingos do mês.
O Teatro Municipal Carlos Gomes, que é um dos mais importantes do Rio de
Janeiro, será o único do país a oferecer o serviço de acessibilidade total ao público de
suas peças. O objetivo é incluir as pessoas com deficiência visual -- cegos e pessoas com
baixa visão -- além de pessoas com deficiência intelectual, autistas, disléxicos e com
síndrome de Down, por meio da audiodescrição; e de pessoas surdas ou com deficiência
auditiva, por meio da Língua Brasileira de Sinais e do serviço de Legendagem.
O recurso da audiodescrição consiste na descrição objetiva de todas as
informações visuais contidas nas cenas do espetáculo teatral, como expressões faciais e
corporais, ações dos personagens, detalhes do ambiente, figurino, efeitos especiais,
mudanças de tempo e espaço, além da leitura de informações escritas em cenários ou
adereços. Para completar a acessibilidade para as pessoas com deficiência visual, o
programa da peça terá versão em Braille. A interpretação em LIBRAS é a tradução para
a Língua Brasileira de Sinais de todos os diálogos, músicas e informações sonoras
importantes da peça teatral. A legendagem também contém todos os diálogos, músicas e
informações sonoras do espetáculo, e é utilizada pelas pessoas com deficiência auditiva
que não usam LIBRAS.
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O projeto de acessibilidade não acarretará custos extras para os usuários dos
recursos. Para assistir às peças, o público poderá usufruir do ingresso a preços
populares, política já adotada pelos teatros da Rede Municipal do Rio de Janeiro, que
inclui o Teatro Municipal Carlos Gomes.
As Mimosas da Praça Tiradentes
Um grupo de transformistas ensaia um show para arrecadar fundos em prol do
Cabaré das Mimosas, ameaçado de fechar suas portas. Ao longo dos ensaios são
reveladas as histórias das personagens e suas relações pessoais. Cada uma delas
representa um período da Praça Tiradentes -- são negros, ciganos, vedetes, dançarinas de
gafieira, a corte portuguesa e os estrangeiros que ao longo do tempo ajudaram a
construir a identidade desta região.
Alternando números musicais com cenas dramáticas, o espetáculo cria um
mosaico de acontecimentos e fatos que mostra a importância e a razão pela qual a Praça
Tiradentes foi considerada uma das regiões mais tradicionais do Rio de Janeiro, sendo
conhecida, por muito tempo, como a Broadway brasileira. Texto de Gustavo Gasparini e
Sérgio Módena. Com Cláudio Tovar, Marya Bravo, Gustavo Gasparini, Milton Filho,
Jonas Hammar e César Augusto.
Sobre a Lavoro Produções
A Lavoro Produções é uma empresa pioneira na criação de projetos culturais
com acessibilidade, que se tornou uma referência entre as instituições, grupos e pessoas
com deficiência no Brasil e no mundo desde 2003, quando começou a realizar o Festival
Assim Vivemos -- Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência. O projeto
introduziu a acessibilidade em projetos culturais no Brasil.
Sobre o Teatro Municipal
Carlos Gomes
O Teatro Municipal Carlos Gomes tem uma trajetória que se confunde com a
própria história do teatro brasileiro. Em 1904, o empresário do entretenimento Paschoal
Segreto comprou o antigo Teatro Cassino Franco-
-Brésilien, fundado em 1872, e o
renomeou Carlos Gomes. Em 1963, a classe teatral reagiu contra a tentativa de
transformar o teatro em cinema, mas o espaço ficou abandonado. Em 1988, o teatro foi
<24>
posto à venda. A Prefeitura do Rio comprou o teatro, realizou uma grande reforma e o
transformou em um dos melhores teatros da cidade, em 1993. Hoje, além da sala
principal, funciona no segundo andar o Salão Nobre Guarani, reservado para
espetáculos musicais.
ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO
Melhor que GPS
Pesquisadora cega propõe
desenhar as cidades de acordo
com os mapas criados por
nossa mente
Francine Lima
Em seu livro *A Imagem da Cidade*, publicado em 1959, o então professor do
MIT Kevin Lynch disseminou a ideia de estudar as metrópoles por meio de chamados
mapas cognitivos: representações mentais que fazemos de espaços por que circulamos.
O método era pedir às pessoas que desenhassem um trajeto que percorriam diariamente
marcando ruas e pontos de referência, apenas com o que lembravam na cabeça. Quanto
mais registros a pessoa tivesse na memória, mais clara e navegável aquela cidade
demonstraria ser.
É esta mesma lógica que a aluna de um doutorado duplo em planejamento
urbano e ciência cognitiva na Universidade do Colorado, nos EUA, Cláudia Folska, 47
anos, usa em sua pesquisa. Sua proposta é descobrir como nossa mente fabrica seus
mapas internos e planejar as cidades a partir disso. Deficiente visual desde os 5 anos de
idade, Folska pediu a outras pessoas que não conseguem ver (e usam, mais que todos,
seus mapas mentais ao se deslocar) para esboçar os trajetos que costumam fazer. Agora,
a pesquisadora defende que as informações coletadas ajudem a desenhar cidades não só
para os cegos. “Se fizermos melhorias para as pessoas sem visão, combinadas com as
que fizemos pelas pessoas com problemas de mobilidade, teremos um ambiente
inclusivo para todo mundo se deslocar.”
O que Folska já descobriu é que essa cidade teria ruas estreitas e calçadas
desobstruídas, sem grandes espaços vazios criando um vácuo na orientação em lugares
assim, poderíamos caminhar tranquilamente, até de olhos fechados.
RBC INFORMA
Banco Do Brasil apresenta
nova linha de crédito:
BB crédito acessibilidade
CAIXA oferece gratuitamente
aos seus clientes extratos
bancários em Braille
autonomia da pessoa com deficiência visual.
Destacamos ainda que a CAIXA oferece também cartões de débito e crédito em Braille, dispõe de pelo menos um caixa eletrônico adaptado por agência da CAIXA e de soluções no Internet Banking CAIXA, que permite à pessoa com deficiência visual o acesso à sua conta pela internet.
Para mais informações procure a agência da CAIXA mais próxima.
Atenciosamente,
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
<4>
IBC IN FOCO
Boa chance à vista na
massoterapia
Cursos de Bambuterapia
e de Massagem na Cadeira
Terapêutica oferecem
oportunidades de emprego
para reabilitandos
“Para eles e ainda mais, porque não contam com o auxílio da visão para se
corrigirem. Então eles repetem bastante as manobras até adquirirem habilidade”,
observa Sardenberg.
Para o reabilitando Celso Antonio Costa de Nóbrega o curso foi um
investimento profissional. Nóbrega, 49 anos, acabou de concluir um estágio na Polícia
Federal e acredita que a Bambuterapia será um diferencial no seu currículo. “Como não
é muito comum, acaba criando boas perspectivas de emprego. Pra mim foi ótimo”, diz.
Outra disciplina que tem atraído o interesse dos reabilitandos é a Massagem na
Cadeira Terapêutica. Apesar de não substituir o método convencional de massagem na
maca, a nova técnica também proporciona excelentes resultados porque age diretamente
sobre áreas de muita tensão. Como o paciente está sentado, a ação se concentra nas
costas, ombros, braços, articulações dos cotovelos, punhos e dedos.
Na opinião do professor de massoterapia Marcelo Monteiro a massagem na
cadeira terapêutica possui uma série de vantagens para o massoterapeuta: a sessão é
rápida, dura cerca de 20 minutos; o terapeuta não precisa de uma sala para aplicar a
massagem (um espaço que ele possa se movimentar com conforto já é o suficiente) e
como o paciente não precisa estar despido, a massagem pode ser feita em locais
públicos. Essas características permitem uma alta rotatividade de clientes, o que
significa mais lucros. “Além de tudo o preço da cadeira é mais barato que a maca. Ou
seja, é um bom negócio” analisa Monteiro.
A oportunidade de ter uma profissão e trabalhar como autônoma foi o que atraiu
a reabilitanda Lidia Pereira Nogueira, de 44 anos. “É mais um campo de trabalho. A
massagem é boa para o paciente e para nós que vivemos dela”, diz. Agora ela pretende
comprar uma cadeira terapêutica para atender em locais públicos.
Há também no curso a matéria Marketing Pessoal e Autopromoção, que ensina
noções de empreendedorismo para quem quer montar seu próprio negócio. Para
<5>
Monteiro, as chances de trabalho podem surgir nos mais variados lugares, de hotéis a
shoppings, passando por academias, aeroportos, salões de beleza e até nas praias.
õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo
<25>
õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo
Fim da Obra