õeieieieieieieieieieieieieieio õ Revista Brasileira o õ para Cegos o õ o õ Ano LIX -- n.o 523 o õ abril-junho de 2011 o õ o õ Instituto o õ Benjamin Constant o õ Diretora-Geral do IBC o õ Sra. Maria Odete o õ Santos Duarte o õ Fundador da RBC o õ Prof. José o õ Espínola Veiga o õ Responsável pela RBC o õ Kate Q. Costa o õ Imprensa Braille o õ do IBC o õ Av. Pasteur, 350-368 o õ Urca -- Rio de Janeiro o õ RJ -- Brasil o õ 22290-240 o õ Tel.: (21) 3478-4457 o õ o õ Brasil um País de Todos o õ*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?o

Sumário Editorial :::::::::::::: 1 Temendo a Velhice ::::: 2 O Vaticano e o Nazi-Fascismo ::::::: 6 Camões ::::::::::::::::: 14 Através das Flores :::: 18 A Efemeridade das Mídias ::::::::::::::: 25 Um Anjo no Paraíso ::: 31 Disfarce da Nobreza ::: 36 Escultura :::::::::::::: 42 Guiar o Cego :::::::::: 44 Joias da Humanidade ::: 45 Histórias Interessantes :::::::: 46 Artes :::::::::::::::::: 51 Brasil ::::::::::::::::: 54 Ecologia ::::::::::::::: 59 Lugares do Mundo :::::: 60 Ciência e Saúde ::::::: 63 Variedades ::::::::::::: 84 Informativo IBC :::::: 104 Noticiário Especializado :::::::: 108 Troca de ideias :::::::: 109 Ao Leitor ::::::::::::: 110 Livro Impresso Versus Computador Qual a duração física de um livro? Quase eterna! E a de um computador? Apenas a de um par de anos, pois sempre com novas tecnologias, o computador torna-se obsoleto em pouquíssimo tempo. Porém, os livros, podemos encontrá-los nas bibliotecas nacionais em suas primeiras edições, ainda confeccionadas pelos tipos móveis de Johann Gutenberg no século XV. Comparemos agora a praticidade de um e de outro. Basta ao livro um mínimo de cuidado para acondicioná-lo e transportá-lo. Ao computador, mesmo sendo um laptop, é necessário um certo aparato para a mesma finalidade. Não resta dúvida de que precisamos do computador para a pesquisa de temas, pois seu conteúdo é ilimitado. Quanto ao livro, teríamos de manusear vários deles para uma pesquisa sobre o mesmo assunto. Entretanto, nada é tão gratificante quanto o manuseio de vários livros. Estamos nos referindo ao livro em tinta. Reconhecemos que o braille ocupa muito espaço; por isso, o tamanho de um livro em braille pode ser grande, mas o computador também o é. É fato inquestionável que o cego deve ler em braille, porque através do computador ele apenas ouve as mensagens, não podendo assim apreender a grafia correta das palavras. ¨:::::::::: Temendo a Velhice Fábula de Leon Tolstói "Um grande comerciante, cansado de trabalhar durante dezenas de anos e depois de ter acumulado uma fortuna razoável, resolveu entregar os seus negócios e a sua belíssima casa ao filho, pedindo- -lhe que lhe fosse reservado um único quarto nessa imensa e luxuosa mansão. No começo, tudo ocorria satisfatoriamente e ele foi tratado com muito amor e respeito. Porém, a situação começou a mudar. Passados poucos meses, "o velho" -- naquela altura, velho substituíra a palavra pai -- começou a ser considerado um estranho indesejável, uma carga inútil de suportar, uma *persona non grata*. Especialmente a nora que, vindo de um ambiente muito modesto, transformara-se em grande dama, proprietária de uma enorme mansão, não podendo mais tolerar os caprichos e desejos do sogro, começou a tratá-lo, a cada dia que passava, com mais severidade e desprezo. Em vez de deixá-lo, como de costume, comer com a família na mesa da sala de jantar, obrigava-o a comer na cozinha com os serventes da casa. Passado certo tempo, a nora ordenou às empregadas que não o servissem mais, obrigando-o a buscar, ele mesmo, sua comida. Certo dia trazendo seu prato de sopa à mesa, este caiu- -lhe das mãos trêmulas e a comida derramada sujou o chão e o prato quebrou. O escândalo da nora foi terrível e, mal o marido chegou em casa, ela queixou-se de que o velho que- brava toda a caríssima louça e sujava toda a casa. Para resolver este problema, ela resolveu comprar-lhe louça e talheres de madeira. O filho que, graças à fortuna deixada pelo pai, tornara-se ainda mais rico, não quis dar ouvidos às queixas daquele velho, quando este o procurou para desabafar sua tristeza e suas amarguras." Mas Tolstói não para por aí. Da forma brilhante como somente os grandes pensadores conseguem fazer, ele dá o seu recado. E assim finaliza sua fábula: "Um dia, quando o filho voltou para casa, notou que seu próprio filho estava sentado no banco do jardim, manuseando um pedaço de madeira. Aproximando-se, percebeu que o estava entalhando. Curioso, perguntou-lhe o que fazia. A criança na sua ingenuidade, respondeu: -- Pai, estou entalhando um prato de madeira. Assim você terá no que comer quando ficar velho..." É conhecido o provérbio de que a prosperidade de uma nação não é medida pela sua grandeza, mas sim pelo tratamento que reserva aos seus idosos. A passagem do tempo deve sempre ser uma conquista e não uma perda. Tolstói apenas nos relembra algo que já foi dito muito tempo antes: "Da forma pela qual a pessoa se comporta com os outros, assim os outros se comportam com ela". (Talmud Sanhedrin). Respeitar nossos pais é a melhor forma de ensinar aos nossos filhos. ¨:::::::::: O Vaticano e o Nazi-Fascismo Carlos Cardoso Aveline Ao terminar a Segunda Guerra Mundial -- no dia exato da libertação da Polônia, em 1945 --, uma menina de 14 anos jazia no chão de uma via pública. Fraca, faminta e sofrendo de tuberculose, Edith Tzirer não tinha forças para caminhar. Os carrascos nazistas a haviam separado de seus pais, três anos antes, levando-a para o campo de trabalhos forçados de Skarzysko. Agora que chegava a liberdade, o seu país estava arrasado. A maior parte dos judeus da Polônia havia sido assassinada. O mesmo ocorrera com grande parcela da população não-judaica. Edith sobrevivera para ver o dia da liberdade. Conseguiu sair do campo de concentração, mas caiu logo depois. Não foi um militar -- foi um padre que chegou perto de Edith. Aquele sacerdote de 25 anos era um admirador sincero do caminho místico de São João da Cruz, mas tam- bém fazia parte da ação cultural clandestina da resistência polonesa contra os nazistas. O padre Karol Wojtyla deu a Edith um pedaço de pão e uma xícara de chá quente. Depois carregou-a nas costas por três quilômetros até um local em que ela pudesse ser bem atendida e foi fazer outras tarefas. A garota sobreviveu e, aos 20 anos, passou a morar no então recém-criado Estado de Israel. Meio século depois, em março de 2000, Edith Tzirer já era uma senhora de 69 anos quando reviu Karol Wojtyla, agora o papa João Paulo II. Ele estava em Israel e visitava o memorial Yad Vashem, uma homenagem aos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas entre 1933 e 1945. "A Igreja católica, motivada pela lei evangélica da verdade e do amor e não por considerações políticas, está profundamente entristecida por causa do ódio, dos atos de perseguição e das manifestações de antissemitismo dirigidas contra os judeus pelos cristãos em todo tempo e lugar." Qual é a importância dessa autocrítica pública do papa? Quais haviam sido as verdadeiras relações entre a alta cúpula do Vaticano e os chefes nazi-fascistas? Por que um líder religioso dotado de tanto poder pedia desculpas humildemente diante de todos? Por coincidência ou não, é durante o papado de João Paulo II que a verdade veio à tona em toda a sua pleni- tude. Com medo dos movimentos populares e do comunismo, o Vaticano fechou, de fato, uma incômoda aliança com o nazi-fascismo. Eugênio Pacelli, o representante do papa na Alemanha, preparava desde 1925 um acordo entre o Vaticano e o estado nazista. No plano individual, a política pró-nazista foi um bom negócio para o cardeal Eugênio Pacelli. Em fevereiro de 1930 ele recebeu o cargo de secretário de estado do Vaticano, passando a ser o homem mais poderoso depois do papa, e já se colocava na posição de favorito para ser o sucessor de Pio XI. Instalado em Roma, Pacelli usou os serviços de seu íntimo amigo Lu- dwig Kaas -- presidente do Partido do Centro alemão para desarticular a oposição católica e liberar o caminho de Hitler até o poder. O líder nazista assumiu o posto de chefe de estado em 30 de janeiro de 1933. Pouco depois, o Vaticano assinou com Hitler uma concordata pela qual, na prática, os católicos alemães eram impedidos de defender a democracia ou denunciar as violações aos direitos humanos. Em troca, a Igreja poderia criar livremente estabelecimentos de ensino católicos. Após ajudar a abrir o caminho para Mussolini e Hitler, Eugênio Pacelli foi eleito papa no dia 2 de março de 1939 e adotou o nome de Pio XII. Em seguida, mandou uma mensagem de apoio a Hitler: "No início de nosso pontificado, desejamos lhe assegurar que permaneceremos devotados ao bem-estar do povo alemão, confiado à sua liderança." Adolf Hitler, um católico batizado, soube então que o Vaticano jamais atrapalharia sua política de assassinato coletivo. Durante a ocupação nazista, Karol fez parte da Unia, o movimento de resistência cultural que promovia exibições de teatro clandestinas. Diante da invasão da Polônia, a França e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha. O cardeal primaz da Polônia, August Hlond, viajou às pressas a Roma para denunciar o massacre e pedir que o papa defendesse o povo católico do seu país. No dia 21 de setembro de 1939, ele foi recebido por Pio XII, mas o papa negou-se a dizer uma só palavra em defesa da Polônia. O silêncio era um claro apoio a Hitler. Não faltou, porém, habilidade política ao Vaticano. À medida que ficou claro que Hitler seria derrotado, o Vaticano fez pender talentosamente a balança da sua di- plomacia para o lado democrá- tico, de modo que ao final da guerra Pio XII teve a glória de receber agradecimentos de alguns setores judaicos pela solidariedade e pela proteção de vidas. Foi graças à investigação preparatória da futura canonização de Pio XII que apareceram, diante do público, as provas e documentos da associação do Vaticano com Hi- tler e Mussolini. A verdade é que, para o bom cristianismo, desprezar qualquer ser humano é desprezar Jesus Cristo. Continua atual a declaração dirigida ao povo judaico, há quatro décadas, pelo papa João XXIII: "Perdoem-nos pela maldição que falsamente atribuímos a vocês, judeus. Perdoem-nos por crucificá-Lo pela segunda vez na carne de vocês. Pois não sabíamos o que fazíamos." A afirmação do papa faz sentido. Afinal, todo o Antigo Testamento é judaico. Jesus era judeu, assim como João Batista, Maria, José, Pedro e todos os seus discípulos diretos. Como qualquer judeu, Jesus foi oprimido pelo império romano, que continuou a oprimir os judeus, mesmo depois de adotar o cristianismo. Jesus foi um mestre de sabedoria que não fundou uma religião imperial com sede em grandes palácios, mas preferiu ter uma vida pobre, humilde, ensinando a fraternidade universal e o respeito por todos os seres. ¨:::::::::: Camões Poeta português (Lisboa ou Coimbra, 1524-1580ã, um dos vultos maiores da literatura da Renascença. Sua obra se coloca entre as mais importantes da literatura ocidental. Luís de Camões é considerado o poeta português mais completo de sua época, ou até mesmo de toda a literatura da língua portuguesa. É assim considerado, não somente por ter feito uso de quase todos os gêneros poéticos tradicionais, mas também pela amplitude dos temas de que tratou e pelo excepcional domínio da língua. Camões manipulou todos os recursos da língua portuguesa, ampliando enormemente seu campo de expressão. Na obra de Camões, a língua portuguesa passou a ex- pressar sentimentos, sensações, fatos e ideias de uma forma que até então não fora alcançada por ninguém. Sua posição de destaque entre os poetas portugueses de seu tem- po é devido também ao fato de que em sua obra estarem presentes tanto o humorismo como a expansão ultramarina, isto é, os dois elementos que caracterizaram o Renascimento português. Tornou-se célebre não somente por ter escrito "Os Lusíadas", longo poema épico que reflete toda a história e cultura de Portugal até a data em que o poema foi composto, mas também por sua obra lírica, constituída por vários tipos de poemas, entre os quais os mais famosos são certamente os sonetos. "Viajante, letrado, humanista, trovador à maneira tradicional, fidalgo esfomeado, numa mão a pena e noutra a espada, salvando num naufrágio o manuscrito da grande obra da sua vida, Camões assumiu e meditou a experiência de toda uma civilização cujas contradições viveu na sua carne e procurou superar pela criação artística." Este comentário foi feito por dois grandes historiadores da literatura portuguesa, Antonio José Saraiva e Oscar Lopes, apontando a grandeza de um dos maiores poetas de todos os tempos: Luís de Camões. A vida de Camões está envolta em lendas. Não se tem certeza de todos os dados, sendo muitos deles baseados em suposições. Nascido por volta de 1524 de uma família da pequena no- breza, Luís Vaz de Camões recebeu uma educação esmerada, tendo, provavelmente, cursado Humanidades em Coimbra. Consta que Luís de Camões fugiu a nado, salvando os manuscritos do que seria sua obra maior: "Os Lusíadas". Nesta mesma obra o poeta narrou o episódio do naufrágio no canto X. Em 1567, depois de anos no Oriente e premido por dificuldades econômicas, aceitou a oferta de um emprego em Moçambique, feita por um amigo que lhe pagou as passagens. Dois anos depois, retornou a Lisboa. Trazendo os manuscritos de "Os Lusíadas", procurou um editor para a obra. Em 1572 a mesma foi editada. Apesar da fama e do prestígio como poeta, seus últimos anos foram de miséria. Morreu em 1580 e seu enterro foi pago por uma instituição de caridade. ¨:::::::::: Através das Flores Jornal do Brasil Uma história de cura por meio do vento que sopra entre as flores -- Há vários anos, em Seattle, no Estado de Washington (EUA), vivia um refugiado tibetano de 52 anos. "Tenzin", é como vou chamá-lo, foi diagnosticado como portador de um linfoma (câncer). Ele foi internado em um hospital e recebeu a primeira quimioterapia. Durante o tratamento, esse homem, normalmente gentil, tornou-se agressivo e irritado. Arrancou a agulha intravenosa de seu braço e negou-se a cooperar. Gritou com as enfermeiras e discutiu com todos ao seu redor. Os médicos e enfermeiros ficaram desconcertados. Depois, a esposa de Tenzin falou com o pessoal da instituição de saúde. Ela contou que ele havia sido um prisioneiro político dos chineses por 17 anos. Eles mataram sua primeira esposa e o torturaram brutalmente durante todo o tempo em que esteve preso. As normas e regulamentos do hospital, juntamente com a quimioterapia, fizeram Tenzin recordar todo o sofrimento que passara nas mãos dos chineses. "Sei que vocês querem ajudá-lo", disse a esposa, "mas ele se sente torturado pelo tratamento. Assim, fazem com que ele sinta ódio internamente, da mesma maneira que os chineses o fizeram sentir. Ele prefere morrer a viver com esse sentimento novamente. Segundo nossas crenças, é muito ruim ter tamanho ódio no coração na hora da morte. Tenzin precisa estar bem para rezar e limpar seu coração". Com a declaração, o médico dispensou Tenzin e designou uma equipe da clínica de repouso para visitá-lo em casa. Eu era a enfermeira encarregada de cuidar dele e resolvi entrar em contato com um re- presentante da Anistia Internacional, uma organização não governamental que defende os direitos humanos, para pedir conselhos. Ele me disse que a única forma de minimizar o trauma da tortura era falar a respeito dela. "Essa pessoa perdeu a confiança na humanidade e sente que a esperança é impossível." Quando encorajei Tenzin a falar sobre suas experiências, ele ergueu suas mãos e me fez parar. E disse: "Preciso aprender a amar de novo para poder curar minha alma. Sua tarefa não é fazer perguntas. É me fazer amar novamente." Respirei fundo e devolvi-lhe a pergunta: "E como posso fazê-lo amar novamente?" Ele respondeu: "Sente-se, tome meu chá e coma meus biscoitos." O chá tibetano é uma bebida escura forte, coberto com manteiga de iaque e sal. Não é fácil bebê-lo, mas foi o que fiz. Por várias semanas, Tenzin, sua mulher e eu sentamos juntos e tomamos chá. Também conversamos com os médicos para achar formas de tratar suas dores físicas. Mas era sua dor espiritual que deveria ser diminuída. Cada vez que eu chegava, via Tenzin sentado de pernas cruzadas em sua cama, recitando preces de seus livros. Com o passar do tempo, sua mulher foi pendurando mais e mais thankas (imagens budistas coloridas), nas paredes. Em pouco tempo, o quarto parecia um templo religioso cheio de cores. Com a chegada da primavera, perguntei o que os tibetanos faziam quando, nesta estação, ficavam doentes. Ele abriu um sorriso e disse: "Nos sentamos e aspiramos o vento que sopra entre as flores." Na hora, pensei que ele estava falando poeticamente, mas suas palavras eram literais. Ele explicou, ainda, que os tibetanos fazem isso para serem pulverizados com o pólen das novas floradas, carregadas pela brisa. Eles acreditam que esse pólen é um potente remédio. No entanto, achar muitas floradas parecia um pouco difícil. Um amigo me sugeriu que Tenzin deveria visitar algumas floriculturas locais. Liguei para o gerente de uma floricultura e expliquei a situação. A reação inicial foi de surpresa, mas ele acabou aceitando o meu pedido. No fim de semana seguinte, busquei Tenzin, sua esposa e suas provisões para a tarde: chá, manteiga, sal, xícaras, biscoitos, almofadas e livros de preces. Deixei-os na floricultura e combinei de pegá-los às 17 horas. No outro fim de semana, visitamos mais uma floricultura. E assim por diante. Na quarta semana, comecei a receber convites das floriculturas para Tenzin e sua mulher voltarem. Um dos gerentes disse: "Temos uma nova remessa de nicotinas e lindas fuchsias. E temos belas dafnias. Ah, quase esqueci! Também compramos novos bancos para o jardim, que Tenzin e sua esposa irão adorar!" No mesmo dia, outra floricultura ligou dizendo que eles tinham recebido birutas coloridas para que o tibetano soubesse em qual direção o vento estava soprando. Logo, as floriculturas estavam competindo pelas visitas de Tenzin, e as pessoas começaram a se importar com o casal. Os empregados arrumavam os móveis de frente para o vento. Ou- tros traziam água quente para o chá. Alguns fregueses regulares deixavam seus carrinhos de compras próximos do casal. No final do verão, Tenzin voltou ao seu médico para novos exames e determinar o desenvolvimento da doença. Mas ele não achou nenhuma evidência do câncer. Ficou abobalhado. Disse a Tenzin que simplesmente não sabia explicar o que havia acontecido. O tibetano levantou o dedo e disse: "Eu sei por que o câncer se foi. Ele não podia mais viver num corpo tão cheio de amor. Quando comecei a sentir a compaixão das pessoas da clínica, dos empregados da floricultura e todas essas pessoas que queriam saber de mim, comecei a mudar por dentro. Agora, me sinto afortunado por ter a oportunidade de ser curado dessa forma. Doutor, por favor, não acredite que somente a sua medicina possa curar. Às vezes, a compaixão pode também curar um câncer." ¨:::::::::: A Efemiridade das Mídias Umberto Eco Foram suportes da informação escrita a estela egípcia, a tábua de argila, o papiro, o pergaminho e, evidentemente, o livro impresso. Este último, até agora, demonstrou que so- brevive bem por 500 anos, mas só quando se trata de livros feitos de papel de trapos. A partir de meados do século XIX passou-se ao papel de polpa de madeira, e parece que este tem uma vida máxima de 70 anos. Mas aqui surge outro pro- blema: todos os suportes para a transmissão e conservação de informações, da foto ao filme cinematográfico, do disco à memória USB que usamos no computador, são mais perecíveis que o livro. Isso fica muito claro com alguns deles: nas velhas fitas cassete, pouco tempo depois a fita se enrolava toda; tentávamos desemaranhá-la enfiando um lápis no carretel, geralmente com resultado nulo; as fitas de vídeo perdem as cores e a definição com facilidade, e se as usarmos para estudar, rebobinando-as e avançando com frequência, danificam-se ainda mais cedo. Tivemos tempo suficiente para ver quanto podia durar um disco de vinil sem ficar riscado demais, mas não para verificar quanto dura um CD- -ROM, que, saudado como a invenção que substituiria o livro, saiu rapidamente do mercado porque podíamos acessar *online* os mesmos conteúdos por um custo muito menor. Não sabemos quanto vai durar um filme em DVD, sabemos somente que às vezes começa a nos dar problemas quando o vemos muito. E igualmente não tivemos tempo material para experimentar quanto poderiam durar os discos flexíveis de computador: antes de podermos descobrir, foram substituídos pelos CDs, e estes pelos discos regraváveis, e estes pelos "pen drives". Com o desaparecimento dos diversos suportes, também desapareceram os computadores capazes de lê-los (creio que ninguém mais tem em casa um computador com leitor de disco flexível), e se alguém não copiou no suporte sucessivo tudo o que tinha no anterior (e assim por diante, supostamente durante toda a vida, a cada dois ou três anos), o perdeu irremediavelmente (a menos que conserve no sótão uma dúzia de computadores obsoletos, um para cada suporte desaparecido). Portanto, sabemos que todos os suportes mecânicos, elétricos e eletrônicos são rapidamente perecíveis, ou não sabemos quanto duram e provavelmente nunca chegaremos a saber. Enfim, basta um pico de tensão, um raio no jardim ou qualquer outro acontecimento muito mais banal para desmagnetizar uma memória. Se houvesse um apagão bastante longo, não poderíamos usar nenhuma memória eletrônica. Mesmo tendo gravado em meu computador todo o "Quixote", não o poderia ler à luz de uma vela, em uma rede, em um barco, na banheira, enquanto um livro me permite fazê-lo nas piores condições. E se o computador ou o *e-book* caírem do quinto andar, estarei matematicamente seguro de que perdi tudo, enquanto se cair um livro, no máximo se desencadernará completamente. Os suportes modernos parecem criados mais para a difusão da informação do que para sua conservação. O livro, por sua vez, foi o principal instrumento da difusão (pense no papel que desempenhou a Bí- blia impressa na Reforma protestante), mas ao mesmo tem- po, também da conservação. É possível que dentro de alguns séculos a única forma de ter notícias sobre o passado, quando todos os suportes eletrônicos tiverem sido desmagnetizados, continue sendo um belo incunábulo. E, dentre os livros modernos, os únicos sobreviventes serão os feitos de papel de alta qualidade, ou os feitos de papel livre de ácidos, que muitas editoras hoje oferecem. Não sou um conservador reacionário. Em um disco rígido portátil de 250 gigabytes gravei as maiores obras-primas da literatura universal e da história da filosofia: é muito mais cômodo encontrar no disco rígido em poucos segundos uma frase de Dante ou da "Summa Theologica" do que levantar-se e ir buscar um volume pesado em estantes muito altas. Mas estou feliz porque esses livros continuam em minha biblioteca, uma garantia da memória para quando os instrumentos eletrônicos entrarem em pane. Umberto Eco é professor de semiótica, crítico literário e romancista. Entre seus principais livros estão "O Nome da Rosa" e "O Pêndulo de Foucault". ¨ ::::::::::

Um Anjo no Paraíso Revista Superinteresante Todos os dias, assim que os primeiros raios de sol aparecem, o pequeno vilarejo de Camburi, no litoral paulista, na divisa com o Rio de Janeiro, é invadido pelo som de palmas. É como a professora Andréia Arantes, 28 anos, avisa aos moradores que é hora de ir para a escola. No percurso de quase trinta minutos até a pequena construção de pau-a- -pique dezenas de crianças vão surgindo do meio do mato, saltitantes e sorridentes a seguir os passos da professora. A escola fica à beira de um rio recortado por pedras escorregadias. Do outro lado, mais crianças estão a sua espera. Com agilidade impressionante, Andréia salta pelas rochas e volta carregando uma, às vezes duas crianças no colo. Ao todo são setenta alunos. Todos descendentes de um quilombo que luta para reaver suas terras e resgatar sua cultura. O trabalho missionário da professora com o quilombo começou há nove anos. Atraída pela beleza de praias selvagens e de boas ondas, envolveu-se de tal forma no dia-a- -dia dos nativos que decidiu mudar-se de vez. Há quatro anos mora em uma casa de pau-a-pique, cedida pela comunidade, e só vai à cidade uma vez por mês, quando precisa comprar material de limpeza. Filha de uma costureira e de um operário aposentado, Andréia não sente falta dos comodismos urbanos. Seu quintal é a Mata Atlântica e a água vem de uma nascente a poucos metros. Não há eletricidade. Portanto, nada de televisão, geladeira nem outros utensílios modernos. O fogão é a lenha e as casas são iluminadas por velas ou pequenas lamparinas a gás. Difícil acreditar que se está em Ubatuba, perto de praias badaladas e a 295 quilômetros de São Paulo. A resistência à exploração comercial e imobiliária tem ex- plicação. Coberta de Mata Atlântica até as encostas que tocam o oceano, a região é protegida por leis estaduais e federais. Faz parte do Parque Estadual da Serra do Mar e do Parque Nacional da Serra da Bocaina. Camburi é um dos últimos refúgios selvagens do litoral paulista. Possui duas pequenas e sinuosas praias de areias branquinhas, cercadas por paredões rochosos e enormes amendoeiras. Delas saem trilhas que cruzam a Serra do Mar. Caminhos pouco explorados, que revelam cachoeiras, riachos, piscinas naturais e inúmeras espécies de orquídeas e bromélias. A fauna é riquíssima. A região é habitada por bichos como: preguiças, guaribas, cutias, capivaras e tucanos. Mas a mata também esconde animais ameaçadores, como onças e jararacas. No coração desse paraíso, Andréia montou uma escolinha, que também funciona como oficina de artes. Ali a garotada aprende a valorizar e preservar a região. "Criar uma consciência ecológica entre as crianças é fundamental", diz a professora. "Se souberem preservar a natureza, terão uma riqueza inesgotável e poderão trabalhar com o ecoturismo." Por todo esse trabalho, ela recebe ajuda de custo de 30 reais por semana, pagos pela administração do Parque Estadual da Serra do Mar. O pouco dinheiro tem destino certo: os cofres da escolinha e da oficina de artes. Uma das atividades da oficina é reciclar o que é aparentemente imprestável. Com o lixo, as crianças fazem cestos, enfeites para a casa, brinquedos e pintam placas coloridas, com desenhos, inspirados na natureza e mensagens sobre conservação ambiental. Para coletar a matéria-prima, a meninada se aventura pelos rincões da floresta, subindo e descendo os rios em canoas de madeira. "Alguns turistas sujam o lugar, sem preocupação alguma, mas nós vamos mudar isso", salienta Camila dos Santos, 10 anos. ¨ ::::::::::

Disfarce da Nobreza Revista Aventuras na História Uma incursão à Veneza do século XVIII provoca uma combinação de estranhamento e incompreensão. Essa é uma sociedade de mascarados. Caminhar pelas ruas da Veneza de então era como andar numa cidade fantasma, não pela ausência de pessoas. A cidade estava mais viva do que nunca. No entanto, sua população optou pelo anonimato. Escondidos atrás de máscaras, criou-se um pacto social de respeito ao sigilo. A moda das máscaras foi tão difundida que mostrar o rosto em público passou a ser exceção. E, nesse caso, por uma questão de exclusão social. Veneza se expandiu impulsionada pela necessidade de aumentar sua população, que foi praticamente dizimada pela peste negra de 1348. O fim da República Sereníssima se deu em 1797 quando Napoleão a conquistou e aboliu o sistema dos doges. Assim, é num contexto de decadência que a máscara se popularizou como acessório de vestuário. Nessa época a sociedade venesiana estava estratificada em castas. No ano de 1770 a nobreza contava com 3.557 membros. Os "cittadini" (cidadãos) eram 5.211 e o resto da população, que vivia em situação de miséria, era de 125.239 pessoas. Diante dessa situação, as autoridades optaram por soluções que desviassem do problema. Acostumados a uma era de riqueza e enorme importância geopolítica, a nobreza decadente encontrou nas festividades uma maneira de reviver os dias perdidos. O carnaval, que já era um chamariz da cidade, passou a durar seis meses. Além de dar à cidade um falso aspecto de riqueza e fausto, a festividade contribuía na circulação de dinheiro, tão em falta, então, na cidade. Durante esses meses a população de Veneza dobrava. O compromisso da cidade com a promoção do carnaval era tão sério que quando o doge Paolo Renier morreu em 13 de fevereiro de 1789, o anúncio de sua morte foi adiado até 2 de março, para não atrapalhar a festa. Se hoje em dia a máscara tem uma conotação de disfarce, na Veneza do século XVIII ela era um instrumento de libertação. Tendo sua identidade omitida, o indivíduo estava livre para agir como bem entendesse. Assim, as tradicionais máscaras de carnaval foram uma maneira encontrada pela nobreza para poder se misturar com as classes baixas e realizar transições ilegais sem risco. O uso de tão conveniente acessório se estendeu para além dos meses de carnaval e foi incorporado ao vestuário do dia-a-dia. Com a popularização da moda, os modelos de máscaras foram ganhando diferentes conotações. A "bautta" era uma combinação de máscara branca, capa preta e um chapéu de três pontas, reservada aos nobres da cidade. As mulheres eram obrigadas a usarem-na sempre que iam ao teatro, e os homens, nas cerimônias oficiais. Já a "gnaghe" era uma máscara muito utilizada por homossexuais. A "moretta" era usada exclusivamente por mulheres. Essa máscara não era amarrada na cabeça. Na parte interna, na altura da boca, havia um botão que a mulher mordia e assim segurava a máscara. O fato de a mulher estar impossibilitada de falar, dava ao disfarce, um ar ainda mais misterioso. Aliás, o hábito de se transvestir era também comum às mulheres, que encontravam nas fantasias masculinas o disfarce perfeito para frequentarem cassinos e outros ambientes impróprios. Cabe aqui lembrar que, numa época em que a nobreza via sua fortuna esmaecer, muitas jovens optaram pela vida de cortesã a ter de trabalhar para a burguesia. A segurança da máscara foi também um estímulo para que mulheres de outras partes da Europa viessem a Veneza para fazer fortuna como cortesãs. Com isso, a cidade ganhou a reputação de ser um refúgio para pessoas de moral duvidosa. Foi esse ambiente misterioso, marcado por um acordo implícito de vista grossa à ilegalidade, que inspirou Shakespeare a escrever "O Mercador de Veneza", obra que retrata com distinção esta sociedade tão peculiar. Já na história de Veneza, os cidadãos são pouco a pouco coagidos a abandonar seus disfarces. Leis foram promulgadas a fim de conter o uso abusivo das máscaras. Uma das primeiras restrições era quanto ao porte de armas por pessoas mascaradas. Em seguida os mascarados foram proibidos de entrar em igrejas. Eventualmente a lei chegou aos cassinos. As máscaras caíram de vez quando Napoleão entregou a cidade ao governo austríaco, que proibiu o uso de máscaras até em festas públicas ou particulares. Era o fim da farsa. Não havia mais onde se esconder. ¨ ::::::::::

Escultura Virgínia Vendramini Poetisa Cega Tenho sempre a meu lado vulto amigo, Doce presença que me é tão cara... Mas cujo rosto constantemente velado Em meu sonho, apenas imagino. Sensível, discreta nas atitudes, Me diz poemas, me sussurra versos. Quero-a muito e preciso dela. Dá-me alento, me faz companhia. Por vezes, sentindo-a junto a mim, Vulto sutil, sombra informe, Tento moldar-lhe um semblante, Esculpi-lo pouco a pouco Com aquilo que de mais belo e nobre existe. De bronze lhe faço a cabeça E peço ao mar seus mistérios, Seus segredos mais profundos Para compor-lhe o ar de deusa. Mergulho as mãos na noite luminosa E ela me dá de presente Duas estrelas distantes E um raio novo de luar Com que lhe componho os olhos E a claridade do olhar. Roubo o talhe da palmeira, Flexível, gracioso E o sol me empresta seu ouro Para formar-lhe os cabelos. Depois, vestida de seda, Retalhos de um céu de verão, Rendas de fina espuma, Completam sua figura. Parece-me quase perfeita... Falta-lhe algo, porém, um quase nada... Quero que seja exatamente Como a vê minha emoção. De repente dou-me conta Daquilo que está falando. Coloco-lhe um coração no peito, Repleto de amor e saudade... Duas lágrimas no rosto E um livro de versos nas mãos... ¨*** Guiar o Cego Silvio Souza Poeta da "Casa do Poeta de São Paulo" Grande, pequeno ou de qualquer tamanho, Aquele que não vê a luz do dia Jamais será tratado como estranho Por quem na vida a luz sempre irradia. E se um cego avistares tateando Ali parado à frente do caminho, Ansioso o rumo certo procurando, Dá-lhe o braço, conduze-o, de mansinho Empresta-lhe os teus olhos de bom grado Mas nunca penses que ele é um coitado Talento muitas vezes tem de sobra. Às vezes impedido da visão Enxerga muito mais com o coração Estejas certo que esta é boa obra. ¨:::::::::: Joias da Humanidade Anuradhapura Revista Superinteressante A névoa da selva eleva-se como fumaça de incenso sobre a estupa de Runaweli, ponto de peregrinação budista na cidade sagrada de Anuradhapura. Templos e estátuas erguem-se pelo conjunto de 2,5 mil anos. O tombamento não protegeu o local da violência política: em 1985, separatistas tâmeis atacaram a cidade e mataram quase 200 pessoas. Com a destruição dos Budas de Bamian, no Afeganistão, a UNESCO discutiu formas de evitar tais crimes. A convenção do Patrimônio Mundial necessitaria de meios de coerção legal, incluindo a imposição de sanções econômicas. ¨:::::::::: Histórias Interessantes Patriarca doidão -- Pesquisador diz que Moisés usava alucinógenos -- Ao subir ao monte Sinai para receber os "Dez Mandamentos", Moisés estaria chapado. A tese ex- plosiva, divulgada pelo jornal britânico "Time and Mind", é de Benny Shanon, professor do Departamento de Psicologia Cognitiva da Universidade Hebraica de Jerusalém. Para o pesquisador, o consumo de psicotrópicos era comum nos rituais religiosos do povo de Israel. Shanon achou, em locais citados na Bíblia, a planta acácia, que seria usada para fazer uma bebida alucinógena. Seus efeitos, diz ele, são parecidos com os do chá do Santo Daime. ¨ *** Casca grossa -- Quem tinha o privilégio (ou o azar) de se sentar à mesa com Napoleão Bonaparte (1769-1821) conhecia um lado nada glamuroso do imperador da França. Glutão, ele comia com as mãos e adorava pratos banhados em gordura. No desjejum, comia ovos fritos com azeitonas e pimenta. No almoço, devorava muita linguiça. O pior, no entanto, vinha à noite. De acordo com uma revelação do cozinheiro do palácio, Denis Dunant, o patrão tomava uma sopinha de feijão com legumes antes de dormir. O caldo era tão espesso que a colher ficava em pé no meio do prato. Coitada da Josefina, a mulher do imperador... ¨ *** Josef Stálin -- Ele tinha um braço bem menor que o outro e uma doença de pele salpicava-lhe manchas pelo corpo. Ao andar, as pontas dos pés voltavam-se para dentro. Além disso, ele nasceu com o segundo e o terceiro dedos do pé esquerdo grudados. Facetas de seu comportamento sugerem uma personalidade desajustada. Só dormia em cadeiras ou divãs e, à mesa, era capaz de jogar cascas de laranja no prato do vizinho -- arroubos infantis que não o impediram de ordenar a morte de, calcula-se, 20 milhões de pessoas. "Dizem que sou um monstro, mas, como você pode ver, faço piada com isso. Talvez não seja tão horrível, afinal", disse, certa vez, Josef Stálin, que governou a União Soviética entre 1924 e 1953. ¨ *** Mitridates, rei de Pontus e inimigo de Roma, testava antídotos de venenos em prisioneiros e tomava pequenas doses de uma mistura de 54 ingredientes para proteger-se. O romano Nero usava escravos para distinguir cogumelos comestíveis dos venenosos. Um guarda armado escoltava o jantar até a mesa na corte de Luís XIV, e Colombo levou cães em sua segunda viagem para provar a comida que sua tripulação tinha de comer nas ocasiões de confraternização com nativos de culturas recém-descobertas. Governantes medievais tentaram usar taças de cristal e pedras que acreditavam poder detectar veneno ao contato. Mas o jeito eficaz de sobreviver após o jantar era dá-lo primeiro ao provador. A comida era posta em um aparador, ou credenza. Essa palavra vem do latim *credenzia*, "confiança". Hoje, o mercado de trabalho para provadores está em declínio. Na Inglaterra, o palácio de Buckingham informa que não existe procedimento formal de prova de alimentos. "Os servidores do palácio são contratados após minuciosa investigação", diz um porta-voz. O imperador japonês não usa um provador há anos, mas o presidente George W. Bush já recorreu a especialistas da Marinha para a tarefa. Nas cozinhas dos governantes da Tailândia, os humanos foram dispensados. Ali, em um exemplo de igualdade de oportunidade de emprego, os heróis provadores na mesa de banquetes -- dirigidos pelo ministro da Saúde -- são uma legião de camundongos brancos. ¨:::::::::: Artes O Rei Sol Jenny Barchfield O rei sol brilha de novo em Versalhes. Centenas de re- tratos, esculturas e tapeçarias celebrando Luís XIV que estavam dispersos, voltaram a Versalhes, um alojamento para a caça que o autocrático monarca francês transformou em um palácio de opulência sem rival, para refletir a sua glória. A exibição "Luís XIV: o homem e o rei" mostra aos visitantes, variadas encarnações assumidas pelo governante francês que marcou o século XVII. Uma enorme pintura a óleo retrata a criança com rosto de anjo que ascendeu ao trono aos 5 anos. Bustos de mármore imponentes enaltecem o maduro "Luís, o grande", cuja liderança, com mão de ferro, ajudou a forjar o moderno estado francês. Um relevo captura a velhice do monarca, encarnando sua própria mortalidade. Um grande defensor da música, da arquitetura e da jardinagem, o Rei Sol também se interessava por teatro, tapeçaria, iluminuras e manufatura de joias. As mais de 300 peças reunidas refletem este interesse variado. Dispersas durante e após a Revolução Francesa, algumas delas não haviam voltado ao país desde aquela época. O rei tinha ligações conhecidas com artistas influentes da época, como o arquiteto Louis Le Vau, o paisagista Andre Le Notre e o pintor Charles Le Brun, mas sua afinidade por artistas menos famosos do Norte da Europa eram menos conhecida. Luís XIV morreu em 1715, aos 76 anos, depois de reinar por mais de meio século. Observando seus retratos, como mítico matador de dragões, em roupas de imperador romano, num robe com o emblema da flor-de-lis, a insígnia da coroa francesa, é fácil perceber por que ele ficou conhecido como o Rei Sol. Desde uma criança com cachos dourados, até um idoso decrépito e desdentado. Uma peça de armadura em ferro polido dá uma pista do homem, por trás do mito: ele media um metro e sessenta e nove centímetros. ¨ ::::::::::

Brasil Os Guardiães da Caçandoca Ricardo Martins Há pelo menos 150 anos eles estão escondidos na natureza de Ubatuba, protegidos pela densidade da vegetação nos morros da Mata Atlântica em um dos mais belos trechos do litoral paulista. Descendentes de escravos que trabalhavam numa antiga fazenda de café e de cana-de-açúcar, os moradores da Caçandoca levam uma vida simples. Pescam, coletam mariscos e plantam frutas, alheios ao constante movimento de turistas na região. Anos atrás, a rotina desse antigo quilombo foi quebrada por uma visita inesperada: Luiz Inácio Lula da Silva, em pessoa. A passagem do presidente foi rápida, mas valiosa. Lula esteve na Caçandoca para reconhecer o interesse social da área e regulamentar os procedimentos para titulação das terras dos seus atuais moradores. Em outras pala- vras, veio para atestar a essa gente o direito de viver em paz no lugar ocupado por seus antepassados. A região tem sido motivo de disputa desde a construção da BR-101, nos anos 1970, conhecida nesse trecho como Rodovia Rio-Santos, pois conecta a capital do Rio de Janeiro à cidade paulista. A passagem da malha rodoviária pela região valorizou as terras do litoral norte de São Paulo, entre elas a parte habitada pelos descendentes dos quilombolas. Para a alegria dos banhistas -- e tristeza dos moradores da Caçandoca --, os municípios à beira-mar se desenvolveram com a chegada do asfalto. "A pressão imobiliária foi muito grande", lembra Eloíza Lourenço dos Santos, vice-presidente da comunidade, referindo-se à compra da área do antigo quilombo por uma construtora. A empresa ergueu um condomínio de luxo num terreno vizinho, mas encontrou forte resistência quando quis repetir a dose na Caçandoca. Os moradores conseguiram impedir as obras, mas por pouco não se envolveram em conflitos armados com jagunços contratados pela empresa. Com o decreto assinado pelo presidente Lula, a Caçandoca recuperou o sossego -- embora, da área original de quase 9 quilômetros quadrados, seus moradores tenham recebido títulos de propriedade sobre pouco menos de um terço. "Só queremos tocar nossas vidas", diz Eloíza. Até novas fontes de renda estão surgindo para os herdeiros do antigo quilombo -- caso da extração do açaí-juçara, como é chamado o fruto da palmeira juçara, típica da Mata Atlântica. A intenção é produzir doce e vender para os turistas que, cada vez mais, chegam às redondezas. Na praia da Lagoa se encontram ruínas de uma antiga senzala. ¨*** A Prostituição no Brasil A profissão cresceu junto com o processo de urbanização -- A prostituição já existia no Brasil na época colonial e foi por muito tempo vista como um "mal necessário" para preservar as "mulheres de família". As escravas negras muitas vezes vendiam o corpo em troca de alforria. A chegada da família real portuguesa, em 1808, trouxe também as cortesãs. "No fim do século XIX, com o surgimento das cidades e a entrada da mulher na vida social urbana, médicos e higienistas passaram a pressionar o Estado para que interferisse e delimitasse as zonas de atuação das prostitutas nas cidades". No Rio de Janeiro, a zona principal ficava no Estácio e, em 1960, chegou a abrigar 12 ruas e 7 mil mulheres. O Brasil, que hoje aparece como "exportador" de profissionais, recebeu, após a Segunda Guerra, prostitutas judias vindas do Leste Europeu. Discriminadas, elas se viram obrigadas a construir sua própria sinagoga e seu cemitério, no Rio. A paulistana Gabriela Leite, diretora da ONG Davida, trabalhou na região da Boca do Lixo, em São Paulo, na década de 1970. "Conseguimos avançar em muitas coisas. Hoje estamos inclusive na lista de classificação de ocupações do Ministério do Trabalho", diz. ¨:::::::::: Ecologia Tirar o Sal Tom Pankratz Atualmente, 300 milhões de pessoas são obrigadas a usar a água do mar ou de lençóis freáticos salobres -- em ambos os casos salgada demais para o consumo humano. As usinas de dessalinização começaram a ser implantadas no Oriente Médio na década de 1970 e, desde então, foram instaladas em 150 países. Nos próximos seis anos, novas usinas podem acrescentar até 50 bilhões de litros ao suprimento global de água doce. O motivo desse crescimento explosivo é simples: com o aumento demográfico e a expansão industrial e agrícola, a água doce está ficando cada vez mais escassa. "O problema é que a água é indispensável", comenta Tom Pankratz, editor de "Water Desalination Report". "A dessalinização não é bara- ta, mas por vezes é a única opção." O processo agora é bem mais em conta que há duas décadas. O método inicial de dessalinização -- e o mais comum -- é uma destilação em grande escala: a água do mar é aquecida até ser vaporizada, perdendo assim o sal, e depois condensada. Já o processo mais avançado se baseia na osmose reversa, na qual a água é forçada a passar por uma membrana que recolhe o sal. ¨:::::::::: Lugares do Mundo Charmosa Cidade-Ilha É o Ponto de Partida Jornal O Globo A bela Besançon, capital da região de Franche-Comté, é uma cidade-quase-ilha: foi erguida num círculo de terra rodeado pelo Rio Doubs -- "parece riscado por um compasso", teria dito, um dia, o general romano Júlio César, responsável pela primeira referência histórica à cidade que batizou de Visontio. Experimente embarcar num dos passeios fluviais pelo antigo Doubs. As diversas pontes fazem lembrar um pouco Paris, cortada pelo Rio Sena. Por terra, descobre-se mais. Caminhe sem compromisso pela deliciosa Grande Rue para entrar em charmosas lojinhas de brinquedos artesanais, papelarias, floriculturas, chocolatarias... Nela fica o Museu do Tempo, que funciona no Palácio Granvelle (uma joia arquitetônica de influência florentina, erguida no século XVI). O museu rende homenagem a uma antiga vocação de Besançon: a fabricação de relógios. Inusitado? Nem tanto. Relojoeiros suíços atravessaram a fronteira no fim do século XIX e levaram a arte à cidade. E que tal passear de bicicleta? A prefeitura oferece 200 delas gratuitamente, distribuídas por 30 pontos. No caminho, admire as fachadas recobertas da rocha ocre e azulada típica da região. Veja as casas onde nasceram Victor Hugo (o autor de "Os miseráveis" veio ao mundo ali por acaso: seu pai era militar e estava de passagem) e os irmãos Auguste e Louis Lumière, os pais do cinema. Visite o monumento mais antigo da cidade, a Porta Negra, um arco romano de 175 d.C. Escolha um dos vários parques verdes para relaxar. E, por fim, conheça a Citadelle, fortificação planejada pelo mestre da arquitetura militar Sébastien de Vauban no topo

de uma colina. Do alto, admire a cidade-quase-ilha. ¨:::::::::: Ciência e Saúde Desconhecida até pouco tempo, a fibromialgia, uma síndrome que engloba dores pelo corpo, fadiga e dormência nas mãos e nos pés, já corresponde a 10 por cento das re- clamações nos consultórios de reumatologia. Mais comum no sexo feminino, ela vem sendo chamada de "doença da mulher moderna", já que costuma ser identificada na pré-menopausa e tem como gatilhos o estresse e o sedentarismo. Como o diagnóstico é difícil, muitos pacientes são diagnosticados com "dor psicológica", que, segundo Luciano Braun, é completamente incorreto. Chega a ser maldade dizer que a dor do paciente é psicológica. Um estudo feito pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, comprova que os exercícios podem melhorar o sono e diminuir a fadiga dos portadores de fibromialgia. ¨ *** Doenças -- Descoberta a causa da depressão pós-parto -- Sentimentos de tristeza e raiva, falta de interesse pelo bebê, sensação de culpa, ansiedade, perda de apetite e alterações no sono, dias depois de dar à luz, podem ser sintomas de depressão pós-parto, mal que atinge cerca de 10 por cento das mulheres. Segundo pesquisadores do Instituto Max Planck de Ciências do Cérebro e da Cognição, em Leipzig, na Alemanha, a queda acentuada nos níveis de estrogênio depois da gestação, libera uma enzima que bloqueia as substâncias químicas responsáveis pelo bem-estar no cérebro. Estudos anteriores mostraram que nos primeiros três a quatro dias após o parto os níveis de estrogênio caem até mil vezes. Na pesquisa alemã, publicada na revista “Archives of General Psychiatry”, à medida que isso ocorre, os índices da enzima monoamino oxidase A, aumentam muito. Esta enzima é capaz de decompor, quebrar a serotonina e a dopamina, neurotransmissores associados fortemente à sensação de bem-estar. ¨ *** Tecnologia -- A Polícia Civil ganhou importante aliado no combate ao crime, principalmente nos casos de homicídio em que o corpo da vítima está desaparecido ou quando o assassino limpa o local para tentar destruir provas que possam incriminá-lo. Há dois meses, o luminol brasileiro, mais eficaz que o importado e mais barato, segundo especialistas, é usado por investigadores para descobrir vestígio de sangue na cena de crime. O novo produto rende 80 por cento mais que o anterior, não é tóxico e libera por 30 minutos intensa luminosidade, oferecendo mais tempo e melhor condição para o perito analisar o local ou objetos suspeitos. Por obter provas científicas irrefutáveis, ao revelar sangue oculto em automóveis, paredes, pisos e objetos, a utilização do luminol tornou-se ferramenta indispensável para os peritos. Ao perceber isso, há dois anos, o Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) iniciou pesquisa para desenvolver um luminol mais eficiente. Atualmente, o luminol brasileiro também é usado por polícias do Rio Grande do Norte, São Paulo e Minas Gerais. ¨ *** Astronomia -- Em Marte, o maior vulcão do Sistema Solar -- Imagens inéditas do maior vulcão do Sistema Solar acabam de chegar à Terra. Elas foram transmitidas pela sonda espacial Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA). Localizado em Marte, o Monte Olimpo, como é chamado, tem 24 quilômetros de altura e foi fotografado pela sonda, a 266 quilômetros de altitude. As imagens revelam ainda uma falha de sete quilômetros de altura no flanco ocidental do vulcão e possíveis sinais de deslizamento de material que teria se des- prendido da montanha há milhões de anos. As informações são do Centro de Aeronáutica e do Espaço da Alemanha, que presume que a falha foi provocada pela instabilidade do terreno no local e não por erupções. ¨ *** Arqueologia -- Cadê a arte que estava aqui? -- Depois de lutar mais uma vez para tirar a rede do meio do mar Adriático, um grupo de pescadores italianos teve uma surpresa. Além dos peixes, haviam pescado uma escultura de bronze de um jovem corpo masculino nu, sem os pés e com um dos braços levantado à altura da própria cabeça, onde repousa- va uma coroa de louros. Era 1964 e, 13 anos depois, a escultura, chamada de "Juventude Vitoriosa" e identificada como uma peça grega produzida entre 300 e 100 a.C., foi comprada pelo Getty Museum, de Los Angeles, por cerca de 4 milhões de dólares. Quarenta anos mais tarde, a Itália, alegando que a escultura fora contrabandeada para fora do país, quer a obra de volta. O Getty Museum, por sua vez, afirma que a peça foi encontrada em águas internacionais antes de chegar à Itália -- portanto, os italianos não teriam direito sobre ela. Só que o problema não se encerra aí: a escultura provalvemente foi parar no fundo do mar quando estava sendo retirada da Grécia pelos romanos, há 2 mil anos. Italianos, americanos ou gregos: quem, na verdade, detém os direitos sobre a escultura? Esse é apenas um dos tantos fantasmas que assombram os museus de todo o mundo, quando se trata de explicar a origem de muitas de suas peças. Várias obras que estão todos os dias sob os olhares atentos de milhares de pessoas em locais como o Museu Britânico, em Londres, e o Louvre, em Paris, foram parar lá de formas que podem soar contestáveis, como troféu de guerra, por transferência cultural ou por roubo. Desde que se tem notícia das primeiras guerras da história, as nações vencedoras transferem para seu espólio, bens culturais dos países derrotados. Em "Teses Sobre a Filosofia da História", de 1940, o filósofo e crítico alemão Walter Benjamin observa o uso de tais bens do país conquistado como triunfo do conquistador e assinala: "Não existe um documento da cultura que não seja, ao mesmo tempo, um documento da barbárie." Esse é um dos motivos que ajudaram a fazer do Louvre, em Paris, o museu mais famoso do mundo. No começo do século XIX, fosse na Itália, fosse no Egito, uma vez que o país tivesse sido conquistado, lá estavam os peritos enviados por Napoleão Bonaparte para coletar o que havia de mais importante e levar para a França. Com a queda de Napoleão, o Tratado de Viena, em 1815, estabeleceu que as obras fossem restituídas ao país de origem: quer dizer, tesouros gregos tomados de Roma deveriam ser devolvidos aos gregos. A medida desagradou aos italianos, sobretudo à Igreja, que pressionou os franceses. Eles, a contragosto, devolveram as peças ao país tomado. O grupo Laocoonte, do século I a.C., agora está no Museu do Vaticano, em Roma. O ditador nazista Adolf Hitler também agiu como Napoleão: encarregou seus peritos de avançarem nos territórios conquistados e recolherem o que de melhor fosse encontrado para a formação de um grande museu alemão. Na Grécia, o caso mais famoso é o da chamada coleção de Elgin. Entre 1806 e 1811, o diplomata Thomas Bruce, o lorde Elgin, retirou do friso do templo grego Parthenon suas esculturas de mármore, provavelmente porque os achou bonitos. Na época, a Grécia era parte do Império Otomano e, como o governo otomono não fazia questão das peças, foi fácil levá-las para a Inglaterra. Os mármores acabaram sendo vendidos para o Museu Britânico, em Londres. Desde meados do século XX, o governo grego pede a devolução das peças. ¨ *** Paleontologia -- O fóssil mais antigo -- A pessoa mais antiga identificada no Brasil foi apelidada de "Luzia". Os restos esqueletais desse indivíduo do sexo feminino, de idade entre 20 e 25 anos, foram localizados no sítio arqueológico de Lagoa Santa, MG, com datação de radiocarbono entre 11 e 12,9 mil anos. É mais do que certo que Luzia não foi enterrada. Não se sabe bem por que, mas o fato é que seu corpo jazeu, durante meses ou anos, no fundo de um abrigo, que à época era uma fenda de mais de doze metros de profundidade. Com o tempo, o corpo foi sendo coberto por sedimentos, e os ossos foram se espalhando. Em outras palavras, Luzia deve ter caído em um buraco, e morrido na queda ou desaparecido na aflição de seu sepulcro solitário, de onde só saiu milênios depois, e em parte. ¨ *** Pesquisa -- Olhos sintéticos -- Uma técnica desenvolvida por cientistas canadenses e suecos é a esperança para pessoas que perderam a visão. A partir do uso de material biossintético, eles recuperaram a capacidade de enxergar em pacientes que sofreram danos nas córneas. A pesquisa pode ser uma alternativa aos transplantes, diante da escassez de córneas. -- Este é o primeiro estudo a demonstrar que uma córnea artificial pode integrar-se ao olho humano e estimar a sua regeneração. ¨*** Bem Viver Dá de Ti Giuseppe Ghiaroni Dá de ti. Da de ti quanto puderes: o talento, a energia, o coração. Dá de ti para os homens e as mulheres, como as árvores dão e as fontes dão. Não somente os sapatos que não queres e a capa que não usas no verão. Darás tudo o que fores e tiveres: o talento, a energia, o coração. Darás sem refletir, sem ser notado, de modo que ninguém diga obrigado nem te deva dinheiro ou gratidão. E com que espanto notarás, um dia, que viveste fazendo economia de talento, energia e coração!... ¨ ***

Infância e Adolescência Doce de mais, Altura de Menos Alô, criançada! É bom escutar o que sua mãe diz: nada de doces antes de dormir. Por incrível que pareça, comer muito açúcar momentos antes de cair na cama, pode prejudicar o crescimento. “O açúcar provoca o aumento de glicose no sangue e inibe a produção do hormônio do crescimento (GH)”, diz o endocrinologista Fadlo Fraige. O pico da fabricação de GH, se dá nas duas primeiras horas de sono, quando o organismo da criança está realizando a digestão de balas, bombons e outras guloseimas. ¨*** Mulher Heroica Puttana A paixão de Artemísia, de Susan Vreesland, põe em discussão o universo cultural pós-renascentista, onde a arte pertencia aos homens, sem lugar para as mulheres, mesmo as talentosas como a pintora Artemísia. Imaginem o período que vai de 1593 a 1653, em que o conhecimento do mundo ainda é limitado; o Papa tem poder absoluto e as mulheres não têm vez, nem voz. Foi quando viveu Artemísia, iniciada na arte da pintura pelo pai, Orazio Gentileschi. A bela Artemísia, que morava com o pai em Roma, era órfã e não tinha mãe que a defendesse dos perigos, principalmente da cobiça dos homens. Tornou-se presa fácil para Agostino Tassi, colaborador do pai e seu professor de pintura, que a estuprou quando tinha apenas 17 anos. Orazio levou o amigo aos tribunais, mas acabou por expor a filha de modo ultrajante à corte, à Igreja e ao povo, deixando-a sem saída e frustrando seu futuro. Artemísia amadurece, mas é a raiva que dirige sua vida. Sente-se humilhada: "Puttana", gritam-lhe pelas ruas. Ela quer lutar pela sua inocência, mostrar aos homens sua capacidade de pensar por si mesma, e assim retrata personagens bíblicas como Judith e Holofernes em cenas sangrentas, em que Judith aparece como mulher determinada, cumprindo uma missão justiceira. Suas personagens femininas eram tudo que ela desejava ser: indestrutíveis e donas do próprio destino. Principalmente Judith, retratada muitas vezes. São respostas de uma mulher ofendida no corpo e na alma. Artemísia é a própria Judith: degola o homem que a humilhou, tira-lhe a força e o expõe à execração pública. Os quadros retratando Judith chocaram alguns de seus admiradores, tal a violência que expressavam. Estão entre os melhores da artista e podem ser considerados uma catarse. Depois do julgamento que considerou Agostino culpado mas, inexplicavelmente, não o condenou, Artemísia se casou por conveniência com o pintor Pietro Antonio di Vicenzo Stiattesi, e se mudou para Florença, onde pensava que seu passado não seria lembrado. Levou os quadros de Judith para a nova casa, e assim começou sua nova vida na Toscana. Ela não se reprimiu como mulher, amou o marido, foi amada por ele, teve a filha Palmira Prudenzia, cumpriu seus deveres de mãe, mas nunca desistiu de ser reconhecida como pintora e dona da própria vida. Batalhou muito para conseguir abrir portas, antes fechadas às mulheres, tendo sido admitida na exclusiva Academia de Desenho de Florença, onde mulher até então só entrava como modelo. Artemísia conheceu os poderosos de Florença, como os Médici, foi amiga de Galileu, pintou para nobres de várias cidades. O silêncio que paira sobre ela talvez esteja encoberto pelo silêncio que ocultou, durante anos, outras mulheres, grandes artistas. Não se sabe se ela perdoou ao pai o julgamento a que foi submetida quando jovem. Seus quadros revelam, apenas, que Artemísia finalmente encontrou a paz. Anos depois, superou o desejo de vingança, sem abandonar os temas bíblicos e o apelo dramático característico de sua pintura. Acabou virando uma espécie de heroína contra

o abuso do poder masculino e a favor da superação da mulher. ¨ *** Zoologia -- Quem tem medo de lagartixa? -- Ela é capaz de provocar tantos calafrios quanto uma barata. Mas basta deixar esse bicho asqueroso quietinho lá no canto dele que nada vai acontecer. É muita coisa. Existem 4.610 espécies de lagarto espalhadas pelo mundo e, desse número, fazem parte algumas dezenas de tipos de lagartixa. As mais comuns são essas de parede, tidas como cosmopolitas. "Provavelmente, as primeiras lagartixas urbanas desembarcaram por aqui na época da escravatura." Elas devem ter vindo de carona nos navios negreiros que partiam da África, entre os séculos XVI e XIX. Lagartixa tem sangue frio? -- Sua pele é seca e escamosa. A expressão dada à lagartixa e aos outros répteis, de que são animais de sangue frio, é inadequada. Elas não produzem calor pelo metabolismo, e como seus hábitos são noturnos, a temperatura corporal delas é mais baixa que a do ser humano -- em geral, é a mesma que a do ambiente. Quer sentir um calafrio? Tente encostar na bichinha... É o amor!!!! -- Durante o acasalamento, o macho monta na fêmea e abocanha a região da nuca ao mesmo tempo em que enlaça a cauda dela com a sua própria cauda. Em vez do pênis, o macho tem um órgão chamado hemipênis, cuja ponta é bifurcada. Ele introduz uma dessas pontas de cada vez. Depois de uma gestação de quase 2 meses, a fêmea gera 2 ovos. Lagartixa tem veneno? -- "Não existem espécies venenosas". Inofensivas, elas, na verdade, ajudam-nos a ficar livres de insetos. Para cap- turá-los, elas usam a tática da emboscada: ficam paradas, à espera. Quando estão bem perto, dão uma corridinha e os abocanham. Portanto, ao ver uma, passeando pela sua casa, relaxe. ¨ *** Alimentos -- O Gengibre e seus Poderes -- Pouca gente sabe dos muitos benefícios do gengibre para a saúde. Muito além de agradar ao paladar com seu sabor forte e picante, a raiz é conhecida na medicina ayurvédica, como "remédio universal" tamanhas as suas utilidades. Em época fria, gripe, tosse, congestão nasal, rouquidão e dores de garganta costumam aparecer. A boa notícia é que o gengibre é capaz de prevenir e atenuar estes sintomas! Sua capacidade de aquecer o corpo age também como aceleradora de metabolismo, de forma a ativar a circulação, mantendo a vitalidade. Fazer um escalda-pés ou tomar banho de banheira com algumas gotas de óleo essencial de gengibre, ajudam a manter o ânimo e livrar-nos do estresse. O gengibre também tem pro- priedades anti-inflamatórias, antibactericidas e alivia dores de cabeça, musculares e cólicas menstruais através de massagens, por exemplo. O uso diário é capaz até mesmo de prevenir a enxaqueca. Não bastasse isso, também é com- provada sua eficácia no tratamento de náuseas e enjoos. ¨:::::::::: Variedades Dicas Escolha a panela certa Cobre: A grande vantagem do cobre é ser um metal mais resistente à corrosão. Na culinária, conquista pela beleza e transmissão rápida de calor, de forma homogênea. "Mas o cobre migra para qualquer alimento com que entre em contato, especialmente os mais ácidos." Pequenas quantidades deste metal podem produzir náuseas, vômitos e diarreia. Já a ingestão contínua de quantidades maiores de cobre, pode causar dano renal, alterações osteoarticulares, dores nas juntas e até lesões cerebrais, demonstradas em tomografia computadorizada. Alumínio: As panelas de alumínio são as mais comuns e as mais baratas. Mas também são as que causam mais polêmica. Há três décadas, pesquisadores levantaram a suspeita de que a ingestão do alumínio estaria relacionada com a incidência dos males de Alzheimer e de Parkinson. Inox: É a mais usada na cozinha profissional. Por ter fundo triplo, atinge altas temperaturas mais rapidamente, além de ser uma panela resistente e de aparência bonita. O aço inoxidável, conhecido popularmente como inox, é composto por ferro, cromo e níquel. Demora a esquentar, mas também a esfriar. No Brasil não há dados que comprovem a transferência dos componentes do inox para a comida. Ferro: É ideal para grelhados de filé e peito de frango e também para a saúde. Os panelões de ferro, de cor escura e muito pesados, são bastante tradicionais em Minas Gerais. O uso regular destes panelões foi relacionado à prevenção e ao tratamento da anemia. Vidro: As panelas de vidro são as únicas que não transferem qualquer resíduo para a comida. O material é obtido por um processo de congelamento de líquidos superaquecidos. Cerâmica: As panelas de cerâmica, principalmente as de barro com superfície marrom brilhante, devem ter selo de qualidade que garanta que não são usados compostos à base de chumbo. É comum encontrar em países pouco desenvolvidos, produtos cerâmicos elaborados com óxido de chumbo na vitrificação. Teflon: O composto antiaderente atrai cozinheiros pela praticidade na limpeza e por ser dispensável o uso de gordura. A descoberta de um revestimento antiaderente em 1938 chegou às cozinhas americanas na década de 60 e provocou uma revolução de conceito de panela prática. Esmaltada: As panelas esmaltadas atraem pela beleza, mas podem fazer tão mal quanto as de cerâmica vitrificada. "O esmalte usado pode conter elementos tóxicos como o chum- bo e os decalques na superfície interna, os quais podem conter cádmio." É desaconselhável o uso de utensílios antigos (fabricados antes de 1980ã, tanto esmaltados quanto os de cerâmica. Pedra-sabão: A natureza antiaderente e a capacidade de reter calor por muito tempo, são as características mais atrativas. Esse utensílio libera quantidades expressivas de elementos nutricionalmente importantes como cálcio, magnésio, ferro e manganês. ¨ *** Dor de Cabeça -- Evite tomar remédios em excesso -- Viver com dor de cabeça é humanamente impossível, mas exagerar nos analgésicos pode transformar a vida num inferno maior. O ideal é não tomar mais do que duas doses de remédio para dor, por semana, pois o exagero na medicação altera a capacidade analgésica do organismo e anula seus efeitos. O excesso de remédios pode causar problemas gástricos (queimação no estômago, azia, náusea) e até hepatite medicamentosa. ¨ *** Superstições, para quem acredita: Coceira na sola do pé é bom sinal. Você vai viajar. Se a palma da mão esquerda coçar, significa que você vai ganhar dinheiro. Se for a da mão direita, uma visita desconhecida vai aparecer. Passar por debaixo de uma escada ou abrir o guarda-chuva em casa, traz má sorte. Se encontrar um grilo dentro de casa, ele trará boa sorte. E nunca fale a palavra azar. Ele virá para junto de você! ¨*** Humor Um centavo Um casal atravessava certa dificuldade financeira e, depois de vender tudo, o marido diz para a mulher: -- É, acho que você é a nossa única saída agora. A mulher, aflita: -- Não entendi, meu bem... O que quer dizer? -- Você vai ter que cair na noite para nos sustentar. Assim, lá vai ela. Por volta das 5 horas da manhã, ela retorna e o marido pergunta: -- Quanto você conseguiu hoje, meu amor? -- Vinte reais e um cen- tavo. -- Mas qual foi o cafajeste que teve coragem de dar um centavo? -- Todos, meu bem... Conversa de Casal A esposa estava ouvindo no rádio um programa sobre o que os homens procuram numa mulher. Atenta às informações, descobriu que a maioria dos entrevistados preferia beleza à cultura em uma pretendente. Em dúvida sobre o que poderia ter atraído mais o marido, ela tem a infeliz ideia de perguntar: -- Querido, não é para estranhar, mas eu queria saber o que você prefere: uma mulher bonita ou uma inteligente? -- Ah, meu bem... Nem uma nem outra! Você sabe que, desde que te conheci, só gosto de você! Matando Moscas A mulher chega em casa e vê o marido agitado, correndo pra lá e pra cá com um pano na mão. Sem entender o que está acontecendo ali, ela decide perguntar: -- O que é isso, querido? O que você está fazendo? Ficou maluco? -- Não fiquei não, só estou matando moscas, meu amor! E estou com sorte, já matei cinco: duas machos e as outras três, fêmeas. -- Ué, e como é que você descobriu quais eram machos e quais eram fêmeas entre cinco? -- Foi muito fácil, duas estavam na garrafa de cerveja e três no telefone. Bêbado no Edifício De madrugada, o bêbado começa a apertar a campainha dos apartamentos do prédio. -- Ei, seu marido tá aí? -- Tá sim, bêbado safado. No próximo: -- Ei, seu marido tá em casa? -- É claro que sim, meu marido está dormindo!!! E por aí foi. O cachaceiro seguiu enchendo o saco das mulheres do prédio inteiro, até que, no último andar... -- Ei, seu marido está em casa? -- Não, não está! -- disse uma mulher, furiosa. -- Então a senhora pode descer aqui, só pra ver se sou eu? ¨*** Pensamentos "Quem venceu o medo da morte, venceu todos os outros medos." (Gandhi) "O melhor passeio de todas as viagens: o passeio dentro de nós mesmos." Shirley MacLaine, atriz e escritora americana. "Todo mundo tem medo do tempo; mas o tempo tem medo das pirâmides." Ditado egípcio. "O gosto é feito de mil recusas." Paul Valéry ê1871- -1945ã, poeta francês. "Nada persuade tanto as pessoas de pouco juízo como o que elas não entendem." Cardeal de Retz (1613-1679), político e religioso francês. "A beleza é o acordo entre o conteúdo e a forma." Henrik Ibsen. "Perseverança, paciência e tempo dão mais resultado do que força e raiva." Jean de La Foutaine -- (1621- -1695), fabulista francês. "A única coisa necessária é o supérfluo." Oscar Wilde, escritor. "Quando as paixões se tornam senhoras da pessoa, são vícios." Blaise Pascal (1623-1662), escritor, filósofo, matemático e físico francês. "Os grandes pensamentos não necessitam apenas de asas, mas também de algum veículo para aterrissar." "Nudista pobre é aquele a quem falta o que despir." Sofocleto (1926-2004), humorista peruano. "Bem pago está quem por satisfeito se dá." William Shakespeare (1564-1616), dramaturgo e poeta inglês. "São os inimigos da história que acabam por fazê-la." Eugène Ionesco ê1912- -1994ã, dramaturgo. "Carícias são necessárias à vida dos sentimentos, como folhas para as árvores. Sem elas, o amor morre pela raiz." Nataniel Hawthorne 1804- -1864ã, escritor americano. "A arte é uma revolta contra o destino." André Malraux (1901-1976), escritor e político francês. "O ciúme é a icterícia da alma." John Dryden ê1631- -1700ã, escritor inglês. "As mulheres gostam dos homens desesperados. Se não encontram, desesperam os homens que têm." León Daudí ê1905- -1985ã, escritor espanhol. "A sorte se esconde de quem tem medo de perder." João Bosco Marinho, médico paraibano, autor do livro "Máximas do Marquês de Sabugi". "A ambição sujeita os homens ao maior servilismo do que a fome e a pobreza." Mariano da Fonseca, marquês de Maricá (1773-1848), político carioca. "Ninguém escreve como um deus se não sofreu como um cão." Marie von Ebner- -Eschenbach ê1830- -1916ã, aforista austríaca. "Do sublime ao ridículo é só um passo." Napoleão Bonaparte (1769-1821), general e imperador francês. ¨ ***

Histórias das Frases "Dividir para governar" Essa é uma das recomendações do célebre político e historiador italiano Niccolò Machiavelli (1469-1527), mais conhecido entre nós por Maquiavel. De seu nome vem o adjetivo maquiavélico, para caracterizar algo sem ética, feito por quaisquer meios, visando-se apenas aos fins, conforme ele defendia. Suas ideias sobre o poder estão mais bem expostas em um livro clássico. "O Príncipe". Seus conselhos aos governantes são de um cinismo espantoso. Essa frase se desdobra em prescrições desconcertantes: "Aos subordinados não se pode permitir que se reúnam, se conheçam ou se amem." ¨ ***

Fale e Escreva Certo Com "s" ou com "z"? -- É preciso tomar cuidado com catequizar, que se escreve com "z", apesar de catequese se escreve com "s", e com batizar, que não aproveita o "s" de batismo. Com "g" ou com "j"? -- Substantivos que terminam em "gem" acabam nos deixando tentados a grafar com "g" algumas formas de verbos como: viajar, enferrujar e encorajar, o que pode ocorrer em frases como: Quero que vocês viajem hoje; tomara que estas peças não se enferrujem ou espero que vocês encorajem essas pessoas. Que fique claro: o substantivo viagem se grafa com "g"; a forma verbal viajem, com "j". As formas verbais enferrujem e encorajem também são escritas com "j". Escreva com "e" -- Também os verbos terminados em "uar" (continuar, efetuar, atuar, atenuar, etc.) e em "oar" (perdoar, magoar, abençoar, etc.) terminam com o final "e", quando conjugados no presente do subjuntivo: continue, efetue, atue, atenue, perdoe, magoe, abençoe, etc. ¨*** Que Intriga... Intriga Olfato mais Aguçado O olfato mais aguçado existente na natureza é o do macho da mariposa-imperador que segundo experimentos feitos na Alemanha em 1961, pode detectar da substância sexual produzida pela fêmea virgem à distância de 11 quilômetros, contra o vento. Os receptores localizados nas antenas do macho, são tão sensíveis que são capazes de detectar uma única molécula da substância. ¨ ***

Receitas Bifes enrolados com bacon e batata-doce: Ingredientes: 1 quilo de bifes cortados finos; 250 gramas de bacon em fatias; 500 gramas de batata-doce (cortada em tiras grossas); 1 cebola; 5 tomates; 1 pimentão; 1 molho de hortelã; 500 gramas de gengibre. Sal e azeite a gosto. Modo de fazer: Pique a cebola, os tomates, o pimentão, a hortelã e o gengibre bem picadinhos. Tempere os bifes com sal e azeite. Deixe ficar alguns instantes, enrole e recheie com um pedaço de batata-doce e uma tira de bacon por fora. Prenda com um palito. Leve ao fogo numa panela larga com um pouco de azeite no fundo. Deixe refogar até que fiquem dourados. Junte a água aos poucos para que não se prendam no fundo. Após 15 minutos, coloque os temperos. Tampe e espere até que cozinhe e fique com o molho grosso. Pode-se enfeitar o prato com azeitonas pretas. Suflê de folhas Ingredientes: 2 xícaras de chá de folhas bem lavadas, cozidas e picadas; 1 xícara de chá de leite; 2 colheres de sopa de farinha de trigo; 1 colher de sopa de margarina ou óleo; 3 ovos. Sal a gosto. Modo de fazer: Misture o leite, a farinha de trigo e a margarina ou o óleo. Leve ao fogo mexendo sempre até engrossar. Retire do fogo. Acrescente as gemas e as folhas. Misture bem. Coloque as claras em neve misturando cuidadosamente. Leve ao forno para assar em fôrma untada até dourar. Dica: Prepare essa receita com folhas de beterraba, cenoura, nabo, rabanete etc. Quindim Ingredientes: 7 gemas; 7 colheres de sopa de açúcar; 1 colher de sopa de manteiga em temperatura ambiente; 1 coco fresco ralado; meia xícara de chá de leite; manteiga para untar; açúcar para polvilhar. Modo de preparar: Bata as gemas com o açúcar até obter um creme esbranquiçado tipo gemada. Acrescente a manteiga, o coco e o leite. Unte uma fôrma com manteiga e polvilhe com açúcar. Coloque o quindim. Asse em banho-maria em forno quente 220 graus centígrados, preaquecido, por 40 min. Passe uma faca em volta da fôrma. Desenforme depois de frio. Torta de maçã Ingredientes: 300 gramas de farinha de trigo; 150 gramas de açúcar; 150 gramas de margarina; 1 ovo; 1 gema; meia colher de chá de sal. Recheio: 6 maçãs; 4 colheres de sopa de uva-passa sem semente; 2 colheres de sopa de açúcar; rum a gosto. Preparo: Misture bem todos os ingredientes da massa, sem trabalhar muito. Abra a massa e forre uma fôrma -- o fundo e as laterais. Descasque as maçãs e corte-as em fatias finas. Arrume as maçãs sobre a massa. Espalhe, por cima das maçãs, as passas previamente embebidas no rum. Cubra a torta com tiras de massa formando um xadrez. Pincele com gema e leve ao forno médio por, aproximadamente, 45 minutos. Depois de fria, polvilhe a torta com açúcar. ¨ ::::::::::

Utilidade Pública Ao viajar, comunique o fato a pessoa de sua inteira confiança -- vizinho, zelador, parente que resida nas proximidades, etc. -- telefone para ele de vez em quando para saber se está tudo bem. Não comunique sua viagem perto de pessoas estranhas. Não deixe luzes acesas, pois durante o dia significam ausência de pessoas. Evite colocar cadeados do lado externo do portão. Isso poderá denunciar a saída dos moradores. Desligue a campainha. Assim você deixa em dúvida quem usá-la para verificar se você está em casa. ¨:::::::::: Informativo IBC o célebre Rui Barbosa que, além de escritor e diplomata, era muito sábio, disse: "Um país sem memória não é apenas um país sem passado. É um país sem futuro." Com objetivo de preservar a história recente do Instituto Benjamin Constant, a ex-Diretora-Geral Érica Deslandes inaugurou, no aniversário do Educandário, dia 17 de setembro de 2010, o Centro de Memória Oral Professor Edison Ribeiro Lemos. Idealizado na década de 1990 e retomado em 2004, agora o projeto sai definitivamente do papel para instalar-se em um espaço próprio, no 3º andar do Instituto. A abertura do novo ponto de informação fez parte das comemorações dos 156 anos do IBC. As entrevistas acontecem no estúdio do Áudio Livro Professor Espínola Veiga e são conduzidas pelos professores Jonir Bechara e Hercen Hildebrandt, coordenadores do projeto. Os 25 registros são de antigos diretores, funcionários, professores e ex-alunos. Em breve, o Centro terá também depoimentos em vídeo. A iniciativa, que é resultado de uma parceria entre a Direção-Geral do Instituto e a Associação de Ex-Alunos do IBC, surgiu a partir do interesse de reunir um acervo formado por fatos, valores, ideias e experiências vivenciadas por quem já frequentou o Educandário. São histórias que não estão registradas em documentos, livros ou relatórios, mas que servem para lembrar o cotidiano de um passado recente da Instituição. O primeiro depoimento foi do professor José Espínola Veiga (1906-1998), que ocupou diversas funções no IBC. Depois concederam entrevistas o inspetor de alunos Manoel Simões, a servidora da Imprensa Braille Eloá Camargo e, por último, o ex-aluno e professor de música Rubinho Bastos. "A memória oral tem emoção, subjetivismo; é a própria configuração do sentimento", ex- plica a professora do IBC Maria da Glória de Souza Almeida. "O Centro de Memória é mais um sonho realizado que valoriza o passado da Instituição", conclui a professora. O Centro de Memória Oral Professor Edison Ribeiro Lemos estará aberto para visitas monitoradas de grupos, terça-feira, no horário da tarde, a partir de 13 h, e quinta-feira, de manhã, às 8:30 h, e deverão ser previamente agendadas pelo telefone 3478-4447. ¨ ::::::::::

Noticiário Especializado Central Braille Há três anos trabalhando pela inclusão -- Os Correios são uma empresa pública empenhada em ampliar suas ações de responsabilidade social e, ao mesmo tempo, são Instrumento de viabilização e valorização da cidadania. Oferecendo o Serviço Postal Braille para todo o Brasil, a partir de Belo Horizonte, se consolida diariamente como referência quando o assunto é inclusão por meio da responsabilidade social. Com o objetivo de transcrever correspondências em escrita comum (tinta) para o braile, e vice-versa, a Empresa Investiu na Ideia do advogado, também deficiente visual, Mário Alves de Oliveira. Projeto pioneiro no País e no mundo, o serviço tem ajudado a estreitar as relações entre pessoas que usam alfabetos diferentes, ou seja, formas alternativas de ler e escrever. ¨:::::::::: Troca de Ideias Maria Leonor de Jesus Biblioteca Municipal de Beja Rua Luis de Camões Beja -- Portugal 7800-508 Gostaria de manter correspondência com pessoas que saibam abreviaturas em inglês. João Pedro Dias Rua Trás os Montes Santo António da Charnéca 1 piso esquerdo Portugal 2835446 Olá gostaria de corresponder-me com raparigas de 27 anos ou mais. ¨:::::::::: Ao Leitor Solicitamos aos leitores da RBC abaixo mencionados que nos enviem seus endereços completos, para evitar que suas revistas voltem. Favor verificar se estão retidas no correio. Adélia de Menezes Ana Cristina Wagner Antero Afonso Argemira S. Sadim Biblioteca Braille -- DF Biblioteca Braille Hellen Keller do Núcleo Braille Amilton Garai Cap Tocantins -- Centro Carla Luzia de Freitas Cássio Rabello Talassi Centro de Ensino Especial para Deficiente Visual Daniela de Araújo Rocha Edilice Maria Pinto Elmo Luz Hélvio Silvino Varoz Inocêncio Rui Quinto Robes Ivone Ferreira de Lira Janethe Cotrin Negreiros João Alberto Margon João Moreira Cardoso José Jurandir da Silva José Paulino da Silva José Valdir de Andrade Josué Charles Juarez Feliciano Bezerra L'Association Valentim Haüy -- Paris Lauro Jung Maria da Conceição P. Vieira Maria Dolores Godoi Maria Lúcia Pereira Maria Luiza Dias Estevão Maria Samero Machado Rodrigues Orivaldo Vieira Pedro Henrique Soares Pessoa Roberto Emanuel da Silva Ronaldo Soares Marques Rosa Maria da Costa Sônia Maria Barbosa Thaysa Amanda Lourenço da Silva Trajano Figueiredo da Silva Vanessa Barbosa da Silveira William Monteverde ¨ ::::::::::