õeieieieieieieieieieieieieieio õ o õ Revista Brasileira o õ para Cegos o õ o õ Ano LXVII n.o 516 o õ Julho-Setembro de 2009 o õ o õ Instituto o õ Benjamin Constant o õ Diretora-Geral do IBC o õ Sra. Érica Deslandes o õ Magno Oliveira o õ Fundador da RBC o õ Prof. José o õ Espínola Veiga o õ Responsável pela RBC o õ Kate Q. Costa o õ Imprensa Braille o õ do IBC o õ Av. Pasteur, 350-368 o õ Urca -- Rio de Janeiro o õ RJ -- Brasil o õ 22290-240 o õ Tel.: (21) 3478-4457 o õ o õ Brasil um País de Todos o õ*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?o Sumário Editorial :::::::::::::: 01 Gratidão ::::::::::::::: 03 Atos que Salvam ::::::: 05 Lixo do Pelourinho :::: 10 Refrigerantes :::::::::: 14 Mar de Corfu :::::::::: 19 O Falo Fala :::::::::: 24 Serendipidade :::::::::: 30 O Casamento Dura- douro ::::::::::::::::: 33 Viver :::::::::::::::::: 36 Cantiga da Chuva :::::: 41 Joias da Humanidade ::: 43 Histórias Interessantes :::::::: 44 Artes :::::::::::::::::: 48 Brasil ::::::::::::::::: 53 Ecologia ::::::::::::::: 59 Lugares do Mundo :::::: 61 Ciência e Saúde ::::::: 68 Informativo IBC :::::: 107 Noticiário Especializado :::::::: 110 Troca de Ideias ::::::: 119 Ao Leitor ::::::::::::: 120 ¨ :::::::::: Nosso Planeta Azul Quando Yuri Gagarin teve a oportunidade de ver nosso planeta do alto, de muito alto, admirado exclamou que ele era azul. Será que hoje este azul não estará desbotado por causa do nível de poluição que o envolve? Será que nós, humanos poluidores, conseguiremos transmitir aos nossos descendentes um planeta ainda respirável? A ganância por bens materiais tornará a Terra inabitável. Quem saberá que o homem, um dia, evoluiu da pré-história, quando morava em cavernas e ainda não possuía, sequer, um vocabulário, até “escrever poemas e pesar as vias lácteas"? Que lhe foi permitido -- por uma força cósmica não identificada -- transpor limites físicos e mentais, a ponto de decifrar os mais difíceis teoremas, construir pirâmides que ultrapassam os séculos e chegar à Lua? Como pode o mesmo ser humano tentar destruir tudo o que foi construído ao longo dos milênios? Os valores eternos, como o amor, o conhecimento, o esforço para atingir o inatingível, nada significaram para esse super-homem, tão capaz de ul- trapassar limites, mas tão incapaz de manter conquistas duramente alcançadas a salvo do extermínio que inexoravelmente vem se aproximando? E se este mesmo homem não se conscientizar de que nosso planeta azul merece ainda uma chance de continuar azul? Quem sabe se um último impulso de sobrevivência não fará o homem refletir na importância que tem o planeta Terra para a harmonia e o equilíbrio, talvez, de outros planetas habitados? Somente o homem com novas atitudes poderá responder. ¨::::::::::: Gratidão Geraldo José de Souza "Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus." Velhinho, quase centenário, aprendeu, na longa vida, lições preciosas. Entre elas, as de humildade e de gratidão, belíssimas virtudes que lhe ornavam o caráter íntegro. Pequeno e um pouco curvado, mãos calejadas pelas muitas canseiras e pelo bom hábito de cultivar a terra, sua predileção era a de plantar, sobretudo árvores frutíferas. Muitos lhe diziam, constantemente: -- "Seu" João, o senhor não vai comer frutas dessa árvore! está perdendo seu tempo! Como quem diz: vai morrer logo! Numa frase revelando, não só o próprio egoísmo, mas, também, falta de caridade para com o bom velhinho. A esses, respondia ele, sem se agastar, generosa e fraternalmente: -- Outro come, meu filho! Outro come! quando nasci, comi frutos de árvores que ou- tros plantaram. Quando partir da Terra, a vida aqui vai continuar. Crianças e passarinhos -- criaturinhas de Deus -- irão encontrá-los e se alimentarão. E acrescentava, ilustrando sabidamente: -- Em viagem, quando chego a uma tapera e estou com sede e faminto, às vezes vejo uma laranjeira carregada de frutos. Colho-os e sacio a sede e a fome, dando graças a Deus, rogando a Ele que abençoe as mãos daquele que a plantou! Como vemos, nessa bela lição de amor a Deus e ao próximo, demonstra ele a reverência pela vida, além das virtudes do desprendimento, da humildade, mas, sobretudo, da gratidão, que enobrece a alma de quem a cultiva! Apesar de quase analfabeto das letras do mundo, sábio e generoso. Belíssimo exemplo de um homem que revela grandeza em sua humildade, em sua pobreza honrada e feliz! ¨:::::::::: Atos que Salvam No mês de agosto de 2001, Moshê (nome fictício), um bem-sucedido empresário judeu, viajou para Israel a negócios. Na quinta-feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o empresário aproveitou para ir fazer um lanche rápido em uma pizzaria na esquina das ruas Yafo e Melech George no centro de Jerusalém. O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrar na pizzaria, Moshê percebeu que teria que esperar muito tempo numa enorme fila, se realmente desejasse comer alguma coisa -- mas ele não dispunha de tanto tempo. Indeciso e impaciente, pôs- -se a ziguezaguear por perto do balcão de pedidos, esperando que alguma solução caísse do céu. Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelense perguntou-lhe se ele aceitaria entrar na fila na sua frente. Mais do que agradecido, Moshê aceitou, fez seu pedido, comeu rapidamente e saiu em direção à sua próxima reunião. Menos de dois minutos após ter saído, ele ouviu um estrondo aterrorizador. Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelo mesmo caminho que ele acabara de percorrer o que acontecera. O jovem disse que um homem-bomba acabara de se explodir na pizzaria Sbarro's... Moshê ficou branco. Por apenas dois minutos ele escapara do atentado. Imediatamente lembrou do homem israelense que lhe oferecera o lugar na fila. Certamente ele ainda estava na pizzaria. Aquele sujeito salvara a sua vida e agora poderia estar morto. Atemorizado, correu para o local do atentado para verificar se aquele homem necessitava de ajuda. Mas encontrou uma situação caótica no local. A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos para aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista, de vinte e três anos, outras dezoito pessoas morreram, sendo seis crianças. Cerca de outras noventa ficaram feridas, algumas em condições críticas. Moshê procurou seu “salvador”, mas não conseguiu encontrá-lo. Decidiu que tentaria de todas as formas saber o que acontecera com o israelense que lhe salvara a vida. Moshê estava vivo por causa dele. O senso de gratidão fez com que esquecesse a importante reunião que o aguardava. Começou a percorrer os hospitais da região para onde tinham sido levados os feridos do atentado. Finalmente encontrou o israelense num leito de um dos hospitais. Ele estava ferido, mas não corria risco de vida. Moshê conversou com o filho daquele homem e contou tudo o que acontecera. Disse que faria tudo que fosse preciso por ele. Depois de alguns momentos, Moshê se despediu do rapaz e deixou seu cartão com ele. Caso seu pai necessitasse de qualquer tipo de ajuda, o jovem não deveria hesitar em comunicá-lo. Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema em seu escritório em Nova Iorque daquele rapaz contando que seu pai precisava de uma operação de emergência. Segundo especialistas, o melhor hospital para fazer aquela delicada cirurgia fica em Boston, Massachussetts. Moshê não hesitou. Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada dentro de poucos dias. Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e acompanhar seu amigo em Boston, que fica a uma hora de avião de Nova Iorque. Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanhar seu amigo -- e deixou de ir trabalhar. Sendo assim, pouco antes das nove horas da manhã, naquele onze de setembro de 2001, Moshê não estava no seu escritório no 101º andar do World Trade Center. ¨:::::::::: Lixo do Pelourinho O majestoso prédio construído em 1582 por jesuítas e que abrigou o primeiro curso superior criado no Brasil ficou completamente abandonado por quase 30 anos -- de 1972 a 2003. O teto da biblioteca desabou, soterrando 90 mil livros, alguns deles exemplares raros, datando de até 1643, e muitos dos mais im- portantes tratados de medicina já escritos no país. O arquivo de documentos, que guarda boa parte da história do ensino da medicina no Brasil, foi parcialmente comido pelas traças e dissolvido pela umidade. O anfiteatro, em jacarandá, foi arrancado para abrir espaço na sala para aulas de dança. Saques eram constantes, e boa parte dos móveis de época desapareceu. O jardim virou uma montanha de lixo. Hoje, se tenta recuperar ao menos parte do patrimônio. -- Era a casa-da-mãe-joana -- conta o atual diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, José Tavares Neto, que assumiu o posto em 2003 reocupando o prédio. -- Para você ter uma ideia, o Olodum ensaiava no jardim. O dono do bar aqui do lado guardava seus engradados de cerveja no pátio. E tinha muito lixo. Tirei oito caminhões de lixo. Todo ser humano que passou pela praça naquela época jogou um troço aqui dentro. Isso aqui virou a lixeira do Pelourinho. O abandono soterrou boa parte dos 200 anos da História da medicina e do ensino superior no país, que começou a ser escrita em 22 de janeiro de 1808, quando a família real fez uma escala em Salvador a caminho do Rio de Janeiro. Em sua fuga de Portugal, D. João veio acompanhado do cirurgião-mor da corte, José Estrela Picanço, um pernam- bucano formado em Coimbra. Por problemas climáticos ou seguindo uma estratégica agenda política, o príncipe regente alterou os planos originais de seguir direto para o Rio de Janeiro e aportou em Salvador. Ao que tudo indica, Picanço o convenceu, ao longo de dois meses da insalubre travessia, da importância de criar cursos de medicina no igualmente insalubre Brasil daqueles tempos. Morria-se fácil na colônia, onde grassavam a desnutrição e as mais variadas doenças e faltavam médicos. Diferentemente do que ocorria em colônias espanholas, onde cursos superiores existiam desde o século XVII, no Brasil eles eram proibidos pela Coroa. A transferência apressada da Corte alterou as diretrizes da metrópole. O decreto assinado em 18 de fevereiro de 1808 previa a criação da primeira escola médico-cirúrgica do Brasil, que passou a funcionar no prédio dos jesuítas, onde já havia um hospital militar. -- Era uma cidade imensamente atrasada, em que a educação era privilégio de muito poucos, basicamente aqueles que conseguiam pagar professores particulares -- afirma o historiador Luiz Henrique Dias Tavares, um dos maiores especialistas em história da Bahia. -- E a verdade é que não se criou uma faculdade, mas sim um curso de aulas práticas em que se ensinava a fazer parto ou tratar uma fratura. De fato, o curso só foi transformado em faculdade em 1832 -- data a partir da qual passou a formar médicos. ¨:::::::::: Refrigerantes Na verdade, a fórmula “secreta” da Coca-Cola se desvenda em 18 segundos em qualquer espectrômetro-ótico. Só que não dá para fabricar igual, a não ser que você tenha uns 10 bilhões de dólares para brigar com a Coca-Cola na justiça, porque eles vão cair matando. A fórmula da Pepsi tem uma diferença básica da Coca-Cola e é proposital, exatamente para evitar processo judicial. Não é diferente porque não conseguiram fazer igual não, é de propósito, mas próximo o suficiente para atrair o consumidor da Coca-Cola que quer um gostinho diferente com menos sal e açúcar. Tire a imensa quantidade de sal que a Coca-Cola usa (50 mg de sódio na lata) e você verá que a Coca-Cola fica igualzinha a qualquer outro refrigerante sem-vergonha e porcaria, adocicado e enjoado. É exatamente o Cloreto de Sódio em exagero -- que eles dizem ser “very low sodium” -- que refresca e, ao mesmo tempo, dá sede em dobro, pedindo outro refrigerante, e não enjoa porque o tal sal mata literalmente a sensibilidade ao doce, que também tem de montão: 39 gramas de “açúcar” (sacarose). É ridículo: dos 350 gramas de produto líquido, mais de 10 por cento é açúcar. Imagine numa lata de Coca-Cola mais de 1 centímetro e meio da lata é açúcar puro. Isso dá aproximadamente umas 3 colheres de sopa cheias de açúcar por lata!... Fórmula da Coca-Cola?... Simples: Concentrado de açúcar queimado -- Caramelo -- para dar cor escura e gosto; ácido ortofosfórico (azedinho); sacarose -- açúcar (HFCS -- *High Fructose Corn Syrup* -- açúcar líquido da frutose do milho); extrato da folha da planta COCA (África e Índia) e poucos outros aromatizantes naturais de outras plantas, Cafeína e conservante, que pode ser Benzoato de Sódio ou Benzoato de Potássio Dióxido de Carbono de montão para fritar a língua quando você a toma e, junto com o sal, dá a sensação de refrigeração. O uso de Ácido Ortofosfórico e não do Ácido Cítrico como todos os outros usam, é para dar a sensação de boca e dentes limpos ao beber, o fosfórico literalmente frita tudo e em quantidade pode até causar desencapamento do esmalte dos dentes, coisa que o cítrico ataca com muito menor violência, pois o ortofosfórico “chupa” todo o cálcio do organismo, podendo causar até osteoporose, sem contar o comprometimento na formação óssea, dos 2 aos 14 anos. Tente comprar ácido fosfórico para ver as mil recomendações de segurança e manuseio (queima o cristalino do olho, queima a pele, etc.). Só como informação geral, é proibido usar ácido fosfórico em qualquer outro refrigerante, só a Coca-Cola tem permissão... (claro! se tirar, a Coca-Cola ficará com gosto de sabão). Refrigerante DIET. Quer saber a quantidade de lixo que tem em refrigerante diet? Não uso nem para desentupir a pia, porque tenho pena da tubulação de PVC... Olha, só para abrir os olhos das pessoas: os produtos adocicantes *diet* têm vida muito curta. O aspartame, por exemplo, após 3 semanas de molhado passa a ter gosto de pano velho sujo. Para evitar isso, soma-se uma infinidade de outros químicos: um para esticar a vida do aspartame, outro para dar buffer (arredondar) o gosto do segundo químico, outro para neutralizar a cor dos dois químicos juntos, que deixam o líquido turvo, outro para manter o terceiro químico em suspensão, senão o fundo do re- frigerante fica escuro, ou- tro para evitar cristalização do aspartame, outro para realçar, dar “edge” no ácido cítrico ou fosfórico que acaba sofrendo pela influência dos 4 produtos químicos iniciais, e assim vai... A lista é enorme. Depois de toda essa minha experiência com produção e estudo de refrigerantes, posso afirmar: sabe qual é o melhor refrigerante? Água filtrada, de preferência duplamente filtrada, laranja ou limão espremido e gelo... Mais nada!!! Nem açúcar, nem sal. ¨:::::::::: Mar de Corfu No leilão da Christie's, o representante de alguém fará o pequeno sinal combinado ou um abonado levantará a mão aberta para arrematar as pérolas de Maria Antonieta. Sempre houve quem almejasse joias imantadas de história e sofrimento. Se penso nessas pérolas, as imagino rodeando o pescoço longo e branco da rainha. As vejo quase como um sinal premonitório, marcando o lugar onde a guilhotina haveria de separar do corpo a cabeça não mais coroada. Nos anos cinquenta, levada pelas circunstâncias, a segunda maharani de Baroda é obrigada a vender suas joias. O grande joalheiro Harry Winston compra uma parte, desman- cha e utiliza brilhantes e esmeraldas para confeccionar um colar estonteante, logo vendido a Wallis Simpson, duquesa de Windsor. O fato se espalha. E lá vai Wallis a um baile, exibindo sua nova joia. O sucesso teria sido absoluto se, entre uma e outra contradança, não cruzasse com a maharani, a qual, olhando o colar com desprezo, murmurou em voz suficientemente alta para ser ouvida que aquelas pedras eram as que ela usava como pulseiras nos tornozelos. Não sei se Wallis saiu do baile na hora, mas é fato que o colar foi devolvido ao joalheiro. As pérolas mais estonteantes, as joias mais inacreditáveis vi em dois museus, o Topkapi, de Istambul, e o Museu Nacional de Teerã. Foi lá que compreendi o que são os tesouros de que falam os contos de fadas. Foi lá que me encantei com o sarpech. O sarpech é aquela joia imponente em feitio de pena, que os príncipes Moghul primeiro, e os marajás depois, prendiam no centro do turbante como símbolo de poder. Dito assim é pouco, vou tentar de outra maneira. O sarpech é aquela pluma de diamantes, rubis, safiras, esmeraldas e pérolas de que qualquer pavão teria inveja, e que quase como pluma se move, não apenas na dança dos brilhos, mas nas partes mais delicadas presas a pequenas molas, que de fato estremecem. No final do século XIX, os marajás ainda eram suficientemente ricos para comprar as grandes joias que revoluções e mudanças políticas punham em circulação. E para seus tesouros foram as joias dos czares, das grandes famílias russas, da imperatriz Eugênia, do sultão otomano, do que se aproveitam os grandes joalheiros europeus, como Cartier e Fabergé, para oferecer seus serviços e criar aqueles sarpeches e colares e broches grandiosos, que menos de um século mais tarde os marajás falidos foram, por sua vez, obrigados a vender. Pedras preciosas não se jogam fora. Giram de uma joia a outra, de um país a outro, de um a outro momento histórico. Nem todas, porém. Algumas se perdem, como o broche de brilhantes que uma grande cantora lírica jogou fora inadvertidamente, ou as pedras que a maharani de Oudth triturou e misturou ao veneno do seu suicídio. Outras dormem, guardadas na escuridão dos cofres ou no balanço do mar. Como as pérolas de Sissi. As pérolas da imperatriz Sissi eram belíssimas e, é claro, naturais, não cultivadas. Talvez estivessem perdendo um pouco da sua luz. A fim de recuperar ou apenas manter a sua saúde, Sissi as colocou em um pequeno baú de ferro perfurado preso por uma corrente a um rochedo, e as atirou ao mar, para que ficassem por um tempo em seu habitat primeiro. Não podia prever que seria em breve assassinada por um fanático. No mar de Corfu, em algum ponto que ninguém mais conhece, as pérolas, que já se soltaram do

seu fio comido pelo sal, jazem num baú escuro. ¨:::::::::: O Falo Fala Revista Superinteressante Se pudéssemos voltar aos primórdios da civilização, desembarcaríamos em uma época em que a mortalidade infantil era alta e a expectativa de vida trombava nos 20 anos, quando muito. Ter uma penca de filhos era uma estratégia familiar -- representava uma chance maior de algum descendente alcançar a vida adulta e dar continuidade à família. O maior terror do homem não era broxar uma ou outra vez, mas ser estéril. Se um “velhinho” de 30 anos fosse incapaz de ter ereção depois de ter vários filhos, beleza, não tinha importância. Um pulo à antiguidade clássica revela uma situação bem diferente. Para os gregos, o casamento era apenas um contrato, e os filhos poderiam ser adotados se houvesse problema na reprodução. Quando a necessidade de uma descendência numerosa deixou de ser obrigação, o monstro mudou de cara. Foi provavelmente a partir do século VI a.C. que o medo da disfunção erétil, como os médicos chamam o problema, virou o inimigo a ser combatido. Os gregos, liberais quando o assunto era sexo (eram comuns o adultério e a promiscuidade), costumavam rir de quem “navegasse sem remo”. Na Roma antiga, o poeta Catulo ê84-54 a.C.) referia-se com carinho ao seu “pardal morto”. As metáforas da época deixam claro que o pênis estava associado ao poder. Para os povos guerreiros da antiguidade, sexo significava penetração -- no homem ou na mulher. Em sociedades como a grega e a romana, em que os membros da elite podiam usufruir de quem quisessem, o pênis era a viga de sustentação da transa. Não havia problema na cama desde que o homem dominasse seus parceiros. A mulher assumia um papel coadjuvante. O homem frequentemente era bissexual -- só importava que ele fosse ativo. Quem sentisse “fraquezas” podia se valer de afrodisíacos, palavra que remete à deusa grega do amor, Afrodite. No salto no tempo, novas mudanças. No medievalismo cristão, o homem de verdade voltou a ser aquele que tinha muitos filhos. Sexo só era admitido para procriação e o autocontrole -- algo inimaginável para os antigos gregos e romanos -- era incentivado como uma qualidade do bom cristão. E assim, se na cultura antiga o falo ereto era um sinal de poder, no início da Idade Média virou um símbolo do pecado original. Acreditava-se que feiticeiras com pacto com o demônio tinham o poder de lançar maldições sobre a vítima. O antídoto era mandar diretamente para a fogueira a feiticeira que havia amaldiçoado o órgão. O front psicológico, porém, experimentava poucos avanços. Embora a Igreja não controlasse mais, tanto a vida das pessoas, os homens eram levados a acreditar que um pênis eternamente flácido era resultado de abusos na juventude. Era a época de um sucesso de vendas, o livro "Onania", publicado em 1712 pelo cirurgião John Marten. O subtítulo da obra é tão avantajado quanto esclarecedor: O Horrendo Pecado da Autopolução e Todas as Assustadoras Consequências em Ambos os Sexos, com Aconselhamento Espiritual e Físico para Aqueles Que Já Se Machucaram por Causa Dessa Prática Abominável. A bola da vez passava a ser a masturbação, responsabilizada por toda a desgraça física e moral da humanidade, do câncer à esquizofrenia, da fadiga crônica à, é claro, impotência. A coisa ficou mais dura (ok, mais mole) quando as concepções artísticas e filosóficas do romantismo ganharam espaço na Europa do século XIX, associando a culpa pelo sexo solitário ao culto à santidade da mulher e à idealização do casamento. Provavelmente o exemplo mais pitoresco é o do escritor inglês John Ruskin (1819-1900), que teria proposto à esposa que esperassem cinco anos antes de ter relações. Ela acabou não aceitando, alegando que o marido ficou chocado porque o corpo feminino era diferente do que ele havia imaginado. Crítico de arte acostumado a admirar a beleza das estátuas gregas, Ruskin teria se escandalizado com o fato de a mulher real ter pelos púbicos e aí... isso mesmo, broxava. O ideal romântico e a vida real se confundiam também na cabeça de um paciente impotente descrito por um médico americano. Segundo seu depoimento, “a esposa era muito boa, muito delicada para um mero animal como ele... era impossível dessacralizar seu lindo corpo com um ato tão vil”. Veio o século XX e com ele os estudos de Sigmund Freud (1856-1939), defendendo que a impotência resultava na inabilidade individual de conciliar os ímpetos primitivos (os desejos sexuais) com as convenções sociais e a realidade. Vale a pena lembrar a frase: “tudo nasce com um estímulo”. Só depois do incentivo erótico é que o cérebro envia para o pênis, por meio dos nervos da espinha dorsal, as mensagens químicas que possibilitam a ereção. Sobre o tal estímulo não há remédio que atue: ele vem da nossa relação com as pessoas que vivem no mundo. Isso quer dizer que a ereção pode até ser uma máquina -- mas nós não somos. Mais complicado? Sem dúvida. Mas, se não fosse assim, provavelmente a vida seria, digamos, meio broxante. ¨:::::::::: Serendipidade A palavra feiosa do título aí de cima vem do inglês, *serendipity*. No original soa bonita, tão bonita que, numa pesquisa feita em 2000, os ingleses a elegeram a mais bela do idioma. O aportuguesamento tem variações que não ajudam muito: Serendipismo, serendipitia ou serentipitismo. Tanto que muitos entre os poucos brasileiros que a utilizam ficaram mesmo com o inglês. Num caso ou no outro, bonito, sem dúvida, é o seu significado: “A afortunada tendência de encontrar coisas interessantes ou valiosas por mero acaso” (Cambridge) ou “A faculdade de se encontrar coisas valiosas ou agradáveis pelas quais não se procurava” (Webster). O Houaiss não faz por menos: “Aptidão, faculdade ou dom de atrair o acontecimento de coisas felizes ou úteis, ou de descobri-las por acaso”. A serendipidade é ainda mais bela por nada ter de sobrenatural ou esotérico: está mais ligada à intuição e à inteligência. Ao explicar o papel que o acaso desempenha no jazz, a noção de *serendipity* funciona como ponto de partida para descortinar a incrível saga dos heróis improvisadores. A própria improvisação, mesmo quando variação de um tema, encontra sua melhor forma pelo aproveitamento feliz do acaso, da marcha livre das ideias, da iluminação que nasce do deslize, da imaginação que subverte as soluções fáceis, corre riscos e, no meio do caminho, converge para o inesperado final feliz. Feliz, embora, no mais das vezes, diferente daquilo que se planejava: a agilidade do pensamento -- dom que coroou os gênios do jazz -- também pode ser o motor fundamental da felicidade cotidiana, desde que se dê livre acesso ao fluxo irresistível do acaso. Nem sempre felicidade, mas sempre esperança: Bud Powell, perseguido por policiais racistas, foi parar num asilo e salvou-se graças a um teclado desenhado numa das paredes de sua cela. Na epopéia dos jazzistas, instrumentos foram forjados por acaso, e acidentes como o chute que deram no trompete de Dizzy Gillespie fizeram nascer cornetas “apontadas para o céu”: a campana torta produzia um som inigualável. Depois Dizzy mandou fabricar réplicas. “Esqueceu a letra? Inventa!”, é o lema que marca a lenda da invenção do *scat singing*, por Louis Armstrong (cujo trompete muitos desconfiavam que era “envenenado”, quando aquele som era mero acaso, química do corpo com o metal e a mente). ¨::::::::: O Casamento Duradouro Luis Fernando Veríssimo Minha esposa e eu temos o segredo pra fazer um casamento durar. Duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida, e um bom companheirismo. Ela vai às terças-feiras, e eu às quintas. Nós também dormimos em camas separadas. A dela é em Fortaleza e a minha em São Paulo. Eu levo a minha esposa a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta. Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento: “Em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!” ela disse. Então eu sugeri a cozinha. Nós sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras. Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica. Então ela disse: “Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar”. Daí, comprei para ela uma cadeira elétrica. Ela usou máscara de beleza por dois dias e ficou bonita. Então, ela tirou a máscara... Noutro dia ela saiu correndo atrás do caminhão do lixo, gritando: “Estou atrasada para o lixo?” Ao que o motorista respondeu: “Não, pula aí dentro.” Lembrem-se... O casamento é a causa número um para o divórcio. Estatisticamente, 100 por cento dos divórcios começam com o casamento. Eu me casei com a “Senhora Certa”. Só não sabia que o primeiro nome dela era “Sempre”. Já faz dezoito meses que não falo com a minha esposa. É que não gosto de interrompê-la. Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: “O que tem na TV?” E eu disse: “Poeira”. No começo, Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem o mundo tiveram mais descanso. ¨:::::::::: Viver Manoel Carlos Pode-se ter uma grande razão para viver. E por essa mesma razão pode-se morrer. São muitos os episódios, na história, de gente que viveu por uma causa pela qual morreu. Acho que todos nós admiramos essas pessoas e gostaríamos de viver (e morrer) com esse desprendimento que revela, ao mesmo tempo, forte determinação. Gosto muito da história de Adrienne Lecouvreur, atriz da Comédie-Française, que viveu na França, no século XVIII. Como se sabe, para a Igreja, naquela época, o teatro era considerado maldito e atores e atrizes, vítimas da mesma maldição, eram compulsoriamente excomungados e não mereciam, ao morrer, o benefício da extrema-unção, o mais importante entre os sete sacramentos da Igreja Católica. Pois bem: Adrienne, ao adoecer e sentir a proximidade da morte, quis se confessar e comungar, para merecer o perdão da Igreja e alcançar, assim, em sua visão de agonizante, as delícias do paraíso. A Igreja acatou a sua decisão, mas impôs, como condição, que ela renegasse a profissão de atriz. O que se esperava fosse uma opção de fácil escolha acabou por surpreender a todos: Adrienne, entre lágrimas de indisfarçável sofrimento, recusou o sacramento, pois faria qualquer sacrifício pela salvação da sua alma, menos renegar o que chamava de a sua arte. A arte de representar. Com isso, conta-nos Camus em "O Mito de Sísifo", Adrienne demonstrou uma grandeza que, no palco, nunca teve. E acabou sendo esse, seu último papel, o mais belo e mais difícil de interpretar. Diante desse episódio, nos perguntamos: então é possível alguém arriscar-se ao inferno para não renegar sua arte, a sua profissão, o seu trabalho? Então pode uma atriz recusar o céu por amor ao teatro? Então existem pessoas assim? E, se a perda do paraíso não significa nada para os que nele não acreditam, existirão artistas que hão de preferir morrer a viver sem poder exercer a sua arte? Por que estou eu a lembrar aqui de Adrienne Lecouvreur, artista de um tempo que não existe mais? Explico contando a vocês uma pequena história que conheço e que, ao contrário do longínquo tempo de Adrienne, se deu há pouco mais de cinquenta anos. Em 1954, Portinari, nosso artista plástico maior, foi proibido de usar -- sequer tocar -- tintas e pincéis. Com isso, os médicos faziam uma derradeira tentativa de interromper o processo de envenenamento que vinha minando gravemente a sua saúde: uma reação alérgica à grande quantidade de chumbo presente em algumas tintas. A sentença era clara: ou parava de pintar ou morria. Inconsolável, ele declarou numa entrevista: “Estou proibido de viver!”. E nesse caso era morrer ou... morrer, já que era o seu trabalho a razão da sua vida e a sua própria vida. Sem ele, sem seus pincéis e tintas, de que valia continuar vivendo? E, afinal, seria então apenas isso: respirar, comer, dormir e andar de um lado para o outro o que chamavam de viver? Não para um artista. Mil vezes não para um artista como Portinari. Pintar, para ele, era como escrever para Rilke, que dizia: “Se sinto que posso viver sem escrever, é porque já não mereço escrever”. Ironia das ironias, nessa mesma ocasião Portinari foi convidado a pintar os murais Guerra e Paz na sede da ONU, em Nova Iorque: duas imensas paredes de 14 metros de altura e 10 metros de largura, e que lá estão, testemunhando uma verdade de pungente humanidade, para orgulho de todos os brasileiros. A família, os médicos, os amigos, todos, enfim, aconselharam Portinari a recusar o trabalho em benefício da sua saúde e da sua vida. Desprezando todas as recomendações, mas consciente do perigo que corria, Portinari aceitou o convite, que consumiu quase um ano inteiro de um trabalho sem descanso. Foram milhares e milhares de pinceladas que se revelariam fatais. E foi assim, perdendo a vida pela sua arte, que Portinari saciou sua fome de viver. ¨:::::::::: Cantiga da Chuva Virgínia Vendramini Poetisa cega À noite, recolhida em meu silêncio interior, Gosto de ouvir a chuva cantando Sua canção sem palavras Que, no entanto, conta tantos segredos... Tantas histórias... Essa cantiga, Sempre a mesma, sempre nova, Fala de coisas que ninguém jamais ouviu. Não entendo bem o que ela diz, Mas pressinto os seus mistérios Na cadência ritmada com que veste A melodia sutil dos pingos, Notas sempre iguais, Tão em harmonia com o tom monótono da vida. Gosto de ouvir essa música indefinida... É uma cantiga doce, terna, É quase um acalanto que me envolve Num abraço de saudade... Saudade de coisas que não sei bem Onde e quando aconteceram... Gosto dessa cantiga leve Que me faz dormir devagarinho... Acordando os sonhos que sempre moraram em mim... ¨::::::::: Joias da Humanidade Epidauro Epidauro era uma cidade da Grécia antiga, situada na Argólida, às margens do Mar Egeu e célebre pelo santuário de Esculápio, deus da Medicina, que atraía doentes de todo o mundo. Seu teatro ao ar livre está bem conservado. Fundada pelos jônicos, foi ocupada pelos dóricos e aliou- -se a Esparta, perdendo sua importância com o desenvolvimento da cidade de Egina, na ilha de mesmo nome. Decaiu com a conquista romana. Famoso também é o anfiteatro de Epidauro, dos maiores de seu tipo e de seu tempo, possuía uma acústica considerada perfeita para a época, reproduzindo com precisão e, principalmente, de forma audível, mesmo o som de um alfinete jogado ao chão, que podia ser ouvido mesmo nas últimas bancadas. ¨:::::::::: Histórias Interessantes Prefeito das Gafes Ken Livingstone, um dos políticos mais polêmicos da História do Reino Unido, é famoso pela língua comprida e pelo pavio curto, mas também pela habilidade na administração de uma cidade cujas rédeas ele pegou em 2000, ano em que o cargo foi criado. Seus críticos podem até enxergar uma série de defeitos. No entanto, não há quem possa chamá-lo de inconsistente, uma vez que Livingstone, desde os tempos de vereador, é conhecido pelas opiniões fortes. Em 1982, por exemplo, quando a capital do Reino Unido ainda era governada por uma espécie de Conselho, o então líder da Casa provocou a ira nacional ao convidar para uma visita oficial representantes do Sinn Fein, o braço político do Exército Republicano Irlandês -- convite feito no auge da crise na Irlanda do Norte. Além disso, Livingstone afirmou ainda que a ocupação britânica na região tinha sido mais cruel que o tratamento recebido pelos judeus por parte de Hitler no Terceiro Reich. Mais de vinte anos depois, o prefeito novamente se veria em maus lençóis com a comunidade judaica ao, inadvertidamente, comparar a um guarda de campo de concentração um repórter judeu que o assediava para uma entrevista. A gafe valeu ao prefeito uma suspensão de quatro semanas, posteriormente revogada pela Alta Corte. Antes disso, porém, ele quase havia provocado uma úlcera no então primeiro-ministro Tony Blair ao chamar publicamente o presidente dos EUA, George W. Bush, de criminoso de guerra. Detalhe: Bush estava em Londres para uma visita oficial. ¨ *** Bilac ao volante, perigo constante -- Um dos primeiros brasileiros a ganhar o título de “Ruim de Roda” foi o poeta Olavo Bilac. Para aprender a “difícil arte de dirigir”, em fins do século XIX, ele costumava pedir emprestado o carro do jornalista José do Patrocínio e sair pelas então tranquilas ruas do Rio de Janeiro. Apesar do reduzido movimento de trânsito, o poeta conseguiu destruir o carro do amigo, chocando-se com uma árvore na Estrada da Tijuca. Bilac costumava demonstrar

orgulho por seu pioneirismo na “barbeiragem”. ¨ *** Goleiro de bosta -- O que não se faz pela ciência... O norueguês Svein Hauge coleta fezes de vaca para análise. Já não é tarefa agradável, mas fica pior porque as amostras precisam ser livres dos germes do solo. Cabe a Svein prever, pelo jeitão da vaca, que o material está vindo e usar toda sua agilidade para catá-lo antes que caia no chão. ¨ *** Trevas felinas -- Amigos dos gregos e endeusados pelos egípcios, os gatos foram perseguidos na Idade Média. Bastante associados às bruxas, os felinos eram torturados, enforcados e linchados. Muitas vezes, as mulheres acusadas pela Inquisição eram amarradas em sacos cheios de gatos e atiradas na água. A sorte dos bichanos só mudou quando as pessoas perceberam que eles matavam os ratos que ajudavam a espalhar a peste negra na Europa. ¨:::::::::: Artes Ritmo do Lamento Kalleo Coura A música começa a soar do outro lado do portão. Sim, temos uma orquestra de 16 homens, todos prisioneiros. Essa orquestra, que conta com algumas personalidades do mundo da música, sempre toca quando vamos e voltamos do trabalho ou quando os alemães recolhem um grupo que será executado. Sabemos que um dia, para muitos de nós, senão para todos, a orquestra também tocará o “Tango da Morte”. A cena, descrita pelo engenheiro polonês Leon Weliczker Wells em "O Caminho de Janowska", mostra como era comum até nos campos de concentração da Segunda Guerra um gênero musical caracterizado por melodias tristes e nostálgicas. “Tango da Morte” era a forma genérica como eram conhecidos os tangos tocados principalmente durante os fuzilamentos e enforcamentos e antes de os judeus entrarem nas câmaras de gás em locais como Auschwitz, Terezin, Dachau e Buchenwald. Wells, por sorte, não chegou a ouvi-lo. Fosse em iídiche, em russo ou em espanhol, sua língua de origem, o tango era um estrondoso sucesso na Europa e no resto do mundo nos anos 40. A música melancólica, como a conhecemos, nasceu entre o fim de março e o começo de abril de 1917. A história do tango, no entanto, é mais antiga e obscura do que isso. Devido à discrepância entre o número de homens e mulheres, os imigrantes e os jovens argentinos, mesmo os mais abastados, visitavam frequentemente os prostíbulos, principalmente nos bairros periféricos de Las Catalinas, La Boca e Las Barracas. Até nesses locais a quantidade de mulheres era bem menor que a de clientes, o que ocasionava imensas filas. Situação só contornada no dia em que alguém teve a ideia de tocar músicas dançantes para amainar a espera. Em seus primeiros anos, o ritmo era tocado por um trio -- composto por um violeiro, um flautista e um violinista, geralmente todos italianos, nacionalidade da maioria dos imigrantes -- de maneira altamente dançante e sem letras. A dança era bem mais rápida que a de hoje, mas, em comum, tinha os passos sensuais. Na década de 1890, surgiram as primeiras letras do gênero, que faziam referência explícita, de maneira chula, às partes íntimas do corpo das prostitutas e ao sexo -- como “Dos sin Sacar” (duas sem tirar). Já o registro mais antigo do uso do bandoneon, instrumento alemão parente do acordeão e hoje característico do gênero, é de apenas 1899. Fora da zona do meretrício, nenhuma mulher ousava dançar aquele ritmo. Na época, uma inocente dança entre homens e mulheres abraçados, já era considerada pecaminosa. Mas nem a beatitude nem a escassez de mulheres foram entraves para a realização de bailes populares. Jornais e revistas argentinos do fim do século passado, como "La Prensa" e "Caras y Caretas", relatam que os rapazes se encontravam, no cair da noite, no meio das ruas, para dançar tango. Eram os chamados bailes callejeros. Os homens praticavam entre si para treinar. Então, quando chegassem nos prostíbulos, poderiam dançar com as melhores dançarinas. Enquanto a alta sociedade portenha desdenhava vociferando “Del fango viene el tango” (da lama vem o tango), o ritmo já chamava a atenção dos europeus. Para surpresa dos argentinos mais ricos, que tinham condição de viajar até a Europa, ele havia se tornado, por volta de 1910, a dança preferida na noite parisiense. Depois de perceber o quanto os franceses gostavam da música e da dança que tanto des- prezava, a alta sociedade portenha mostrou-se mais disposta a aceitá-las. Mesmo assim, quando passou a figurar nos grandes salões portenhos, o ritmo já havia sofrido a influência européia. Antes rápido, ágil e repleto de cortes bruscos, o tango tornou-se mais lento e melodioso, exatamente como é hoje. ¨:::::::::: Brasil Morros que Fazem Voar a Imaginação Laura Antunes Se a beleza do Rio é consenso, grande parte desse mérito vai para a topografia da cidade. Mas a exuberante cadeia de montanhas, que espreme o carioca numa faixa de 70 quilômetros de orla, reserva também curiosidades a nativos e visitantes. Provavelmente, poucos relevos de cidades brasileiras, apostam praticantes de *trekking* e montanhismo, apresentam formatos tão peculiares, capazes de fazer voar a imaginação de quem os vê. Na metrópole que abriga o Parque Nacional da Tijuca, a Serra da Carioca e o Parque Estadual da Pedra Branca, talvez a montanha mais cercada de lendas e mistérios seja a Pedra da Gávea, um gigante de granito, com 842 metros de altitude, entre São Conrado e Barra da Tijuca. Inscrições encontradas nessa montanha já chamavam a atenção de ninguém menos que o imperador Dom Pedro II e passaram a reforçar a tese, por exemplo, de que a Pedra da Gávea seria o túmulo de um rei fenício. E, no alto da montanha, reentrâncias fazem surgir o rosto de um ancião. -- A silhueta das montanhas é algo que sempre chama a atenção de quem faz *trekking*. As pessoas costumam procurar os melhores ângulos para fazer fotos que registrem essas curiosidades -- conta Martinus van Beeck, um holandês que vive no Rio e trabalha como guia de grupos de montanhistas. O Pão de Açúcar tem a sua história fantástica encravada em duas faces da pedra. Numa delas, com 200 metros de ex- tensão, é possível perceber a silhueta de um ancião, que, reza a lenda, é São Pedro abraçando o Pão de Açúcar. Há quem acredite que a silhueta seria do guardião da pedra. Mas a montanha reserva outra surpresa, que pode ser vista num determinado período da manhã, quando, acerca de 120 metros de altura, uma cavidade da face norte da pedra fica na sombra. É nesse momento que surge a silhueta de um pássaro, chamado de Íbis do Pão de Açúcar. -- É incrível como se parece mesmo com um pássaro -- diz Marlene Trindade da Silva, que costuma caminhar pela orla de Botafogo e do Flamengo. De Niterói, o perfil de Noel Rosa -- Mas o conjunto de montanhas ganha outro formato curioso se avistado de Niterói, mais especificamente de Itaipu ou da Praia da Reserva. Visto desses ângulos, o relevo faz surgir a silhueta de um gigante deitado -- a Pedra da Gávea seria o queixo e o Maciço da Tijuca, o tronco. O Pão de Açúcar virou o pé do tal gigante. Há quem jure reconhecer perfis de pessoas famosas surgindo no topo das montanhas cariocas. O Maciço da Tijuca, visto de Niterói ou da Leopoldina, faz surgir o perfil, por exemplo, de Noel Rosa, com o queixo e o nariz característicos do compositor de Vila Isabel. O reino animal também tem seu lugar no relevo carioca. É difícil existir um morador da região de Jacarepaguá e bairros vizinhos que não conheça a famosa Pedra da Águia prestes a levantar voo. É do Recreio dos Bandeirantes que surge o melhor ângulo para ver a silhueta da ave de rapina na montanha, que fica junto aos estúdios do Projac. Entre as cadeias de montanhas no estado, a Serra dos Órgãos, na avaliação do guia Martinus van Beeck, é imbatível na formação de silhuetas curiosas. A mais conhecida, é claro, é o Dedo de Deus. Mas quem faz trekking também conhece a Verruga do Frade, a Agulha do Diabo e a Cabe- ça de Peixe, entre outras formações. ¨*** Paladar Diferente Os índios detestaram a comida portuguesa -- Ao chegar ao Brasil em 1500, os portugueses da frota de Pedro Álvares Cabral tentaram conquistar os índios pelo estômago. Dois dias depois de chegar, eles convidaram dois tupiniquins a subir a bordo. Segundo o escrivão Pero Vaz de Caminha narrou em carta ao rei Dom Manuel, “foram recebidos com muito prazer e festa”. A intenção era das melhores. A tripulação tratou de oferecer o que havia de mais sofisticado na despensa das embarcações. Mas o resultado foi desastroso: os índios nem ligaram para o carneiro, tiveram medo das galinhas e odiaram tudo o que comeram. Confira o desfecho desse incidente diplomático nas palavras do próprio Caminha: “Deram-lhes ali de comer: pão, peixe cozido, confeitos, farteis (doces), mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada; e, se alguma coisa provaram, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram de nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na bo- ca, que lavaram e logo a lançaram fora.” ¨:::::::::: Ecologia Balada sustentável Anna Balloussier Se acabar na pista virou questão de ecologia -- Ficar dançando até 5 da manhã pode esgotar a sua energia. Mas pode ajudar a iluminar o mundo -- ou pelo menos um pedacinho dele. Acaba de ser inaugurada em Londres uma casa noturna em que a eletricidade não vem da tomada: vem da animação da galera. Tudo graças a uma pista de dança piezoelétrica, que consegue transformar o movimento das pessoas em eletricidade. Conforme elas dançam, pressionam a pista com os pés. Aí o chão, que é feito com uma cerâmica especial, sofre uma pequena deformação (imperceptível para quem está dançando) e isso gera energia elétrica para alimentar o som e a luz da boate. Segundo seus criadores, a pista *high tech* consegue gerar até 60 por cento de toda a eletricidade consumida pelo clube, que se chama Surya (Deus-Sol em sânscrito). Mas o que acontece se o DJ não empolgar a galera e ninguém entrar na pista? Acaba a luz? Para evitar que isso aconteça, a boate conta com um sistema de baterias, painéis de energia solar e uma turbina eólica. Somando tudo isso, os donos do clube dizem que a eletricidade dá e sobra -- o excedente é doado aos imóveis vizinhos. Mas a temática ecológica não para aí. As paredes do Surya são sensíveis ao calor e mudam de cor quando a casa está cheia e, literalmente, “fervendo” -- a ideia é fazer uma referência ao aquecimento global. No banheiro, as descargas e torneiras utilizam água de chuva. E como não poderia deixar de ser, todos os vi- dros, metais, plásticos e papéis são reciclados. Já o bar causa certo estranhamento. Só serve bebidas orgânicas, feitas sem nenhum tipo de agrotóxico ou produto químico, e seu destaque é bem esquisito: uma tal de “biocerveja”. ¨::::::::::: Lugares do Mundo Fortalezas do Deserto Sólido, luminoso e deserto de nuvens: assim é o céu que seca os rios, tinge as montanhas de rosa e protege as mais intrigantes estruturas de defesa do Marrocos, as casbás, que só nasceram e sobreviveram por tantos séculos por causa do clima extremamente seco da região. As casbás (domínio de uma única família) e os ksour (do singular ksar, abrigo de toda uma comunidade). Feitos de adobe, uma mistura de argila, terra, pedra e palha, as fortalezas mais parecem frágeis castelos de areia que podem desmoronar à primeira chuva. O interior dos ksour obedece a uma ordem hierárquica, segundo a classe social. Naturalmente, os mais ricos habitam as construções mais imponentes, mas todos dividem poço, mesquita, assembleia e cemitério. As torres e janelas minúsculas dessas fortalezas guardam histórias de amores impossíveis entre clãs rivais e guerras feudais. Vivendo sob o comando de um sistema pa- triarcal, órfãos de um poder central e controlados por chefes de clãs que se intitulavam “Os Senhores do Atlas”, os berberes eram apenas figurantes de uma terra de ninguém. Com o estabelecimento do protetorado francês em 1912, teve início um processo de pacificação que durou duas décadas. Até então era extremamente perigoso viajar por essa região. Chegar aqui hoje é pura emoção. Estradas estreitas e sinuosas rasgam as montanhas e se abrem para imagens vertiginosas: áreas profundas e escalvadas, vilarejos que se confundem com as cores dos planaltos e oásis, muitos oásis, que nem sempre são verdes. No vale do Dadès, a natureza generosamente cortou um pedaço da montanha, criando um dos lugares mais magníficos e refrescantes do deserto: a Garganta do Todra. Seus paredões de pedra se elevam até 300 metros e fazem sombra durante a maior parte do dia sobre um curso de água fresca e cristalina que morre onde se estende uma gigantesca colcha de retalhos: oliveiras, pomares, plantações de grãos, hortaliças e uma infinidade de tamareiras. Embora o Vale do Dadès seja conhecido como a “Rota das Mil Casbás”, é no Vale do Drâa, entre duas cidades de criação francesa, Ouarzazate e Zagora, que se percorre o caminho mais charmoso. O Drâa, no passado, era um rio permanente, que desembocava no Atlântico. Hoje suas águas, que nascem no Alto Atlas, percorrem montanhas e vão desaparecendo nas areias do deserto, deixando um rastro de mais de 100 quilômetros de palmeirais. Um vale onde o silêncio e as grandes muralhas -- das montanhas e das casbás -- provocam uma inquietante sensação de isolamento. As caravanas nômades, que até o século XIX atravessavam o deserto para buscar ouro, sal e escravos no Níger, no Sudão e em Timbuktu, no Mali, abriram caminho para cenários tão antigos quanto bíblicos. Neles, rebanhos de cabras e ovelhas invadem as cidadelas como se surgissem do nada, e crianças nos lombos de burricos parecem vagar sem destino. Mas são as mulheres que roubam a cena. Com seus lenços, elas caminham carregando nas costas ou na cabeça imensos sacos de hortaliças. Enquanto isso, os homens aram as terras e se ocupam da compra e da venda de mercadorias. Os sinais dos tempos modernos em muitos vilarejos ainda são poucos, mas visíveis. Os terraços das casbás e dos ksour abriram espaço para antenas parabólicas e, há cerca de quatro décadas, os fios de eletricidade passaram a integrar-se à arquitetura. Apesar da escuridão da “noite absoluta”, vivia-se razoavelmente bem até então -- do leite de camelo e das tâmaras. Mas a energia elétrica, que chegou para todos em 1975, e os aparelhos de televisão conectaram os berberes com o resto do mundo. Com as influências do mundo capitalista, veio a necessidade de se ganhar dinheiro, e o processo de emigração para grandes centros urbanos se intensificou. Os oásis do sul já foram a base da economia pré-colonial. Contudo, sob o domínio francês, essas terras foram perdendo importância com o desenvolvimento do norte. Mas Ouarzazate, capital do deserto, ganhou notoriedade no mundo do cinema. Além de abrigar o maior estúdio cinematográfico da África, a cidade guarda uma relíquia considerada Pa- trimônio da Humanidade, a casbá de Aït Benhaddou, um dos lugares mais espetaculares do Atlas. Conhecida como “A Casbá das Estrelas”, a fortaleza serviu de locação para filmes hollywoodianos, como "Lawrence da Arábia", "A Múmia" e "Gladiador". Graças à restauração e proteção da UNESCO e ao dinheiro injetado por produtores de cinema, Aït Benhaddou é uma das casbás mais bem conservadas. Mas resta saber quanto tempo vão durar as outras fortalezas. Algumas já resistem há mais de quatro séculos, outras bem menos -- cem, cinquenta, vinte anos. Enquanto as chuvas sazonais permitirem, elas vão continuar existindo, protegidas pelo céu sólido do Saara. ¨ ::::::::::

Ciência e Saúde Alimentos Reduzem Ação de Remédios -- Pessoas que tomam medicamentos com muita frequência devem ter uma preocupação maior com o efeito que alguns alimentos têm sobre eles. Um estudo realizado pelo pesquisador inglês Dennis Lower, chefe do serviço médico do Veterans Affairs Hospital, revelou que a interferência de alguns alimentos na ação dos medicamentos sobre o organismo é um problema bastante comum, ao qual os médicos costumam dar pouca atenção. O antibiótico tetraciclina, por exemplo, quando tomado com leite ou algum derivado deste, tem sua absorção pelo organismo sensivelmente diminuída -- o que reduz a eficácia do remédio. Para evitar o problema, o antibiótico deve ser tomado uma ou duas horas após a ingestão de leite, segundo o estudo. Um outro exemplo de remédio que pode ser afetado pela comida é o anticoagulante warfarin. Quando ingerido com alimentos ricos em vitamina K, como couve-flor, brócolis e outras verduras, o medicamento tem sua ação neutralizada. -- Quem toma warfarin deve ingerir quantidades moderadas de alimentos ricos em vitamina K, mas muitos médicos provavelmente não sabem disso. Pessoas que tomam drogas para baixar a pressão, chamadas inibidores ACE, devem evitar os substitutos do sal. O potássio presente nessas substâncias pode interferir no tratamento, tornando o ritmo cardíaco irregular. A absorção da droga lovatantina, usada para baixar o nível de colesterol no sangue, é substancialmente diminuída em pessoas que ingerem alimentos ricos em fibras, como cereais, mingau de aveia e farelo de aveia. Para solucionar definitivamente o problema, Lower defende o uso de tarjas coloridas especiais ou instruções impressas na bula dos medicamentos. ¨ *** Tecnologia -- Manuscritos do Mar Morto são digitalizados -- Cientistas israelenses estão tirando fotografias digitais dos Manuscritos do Mar Morto com o propósito de que os documentos, de cerca de dois mil anos de idade, estejam disponíveis na Internet. A Autoridade Israelense de Antiguidades, que tem sob custódia os textos que lançam luz sobre a vida dos judeus e dos primeiros cristãos, disse que serão necessários mais de dois anos para completar o projeto. Os documentos -- considerados alguns dos mais estudados e, ainda assim, controvertidos da História -- foram encontrados em cavernas próximas ao Mar Morto, em 1947, por pastores beduínos e, durante muitos anos, só um reduzido número de estudiosos pôde vê-los. O acesso, entretanto, foi ampliado depois e os tex- tos foram publicados na íntegra há sete anos. A chegada dos textos à Internet poderá aumentar a polêmica, pois permitirá novas interpretações para pontos que hoje já são debatidos. Usando câmeras de precisão e focos que não emitem calor, os cientistas israelenses puderam decifrar capítulos e caracteres invisíveis ao olho humano. Os manuscritos são as cópias mais antigas da Bíblia em hebraico e incluem textos apócrifos que remontam do século III a.C. até o primeiro século da era cristã. Os especialistas fotografaram cerca de nove mil fragmentos. No total há 900 rolos, com 15 mil fragmentos. Como estão partidos, os textos permitem mais de uma interpretação. Parte dos manuscritos está em exposição permanente no Museu de Israel. A coleção completa só havia sido foto- grafada uma vez, nos anos 50, com a ajuda de infravermelho. As imagens reveladas estão acomodadas em salas com temperatura controlada porque mostram detalhes que foram perdidos dos originais. Essas antigas fotos também serão escaneadas dentro do novo projeto. Os cientistas esperam que a tecnologia ajude também a preservar os manuscritos ao detectar qualquer dano causado por umidade e calor. ¨ *** Astronomia -- Novas evidências de água no Universo -- Investigadas pela sonda Cassini, duas luas de Saturno revelam ter as condições para “produzir” vida. Os estudiosos do campo da astrobiologia, que buscam por evidências de vida fora da Terra, tiveram um primeiro semestre agitado. E o mérito vai para a sonda Cassini e suas observações das luas de Saturno. Primeiro, em março, os pesquisadores ligados à sonda anunciaram a descoberta de indícios de que um oceano pode se esconder sob a superfície de Titã. Em abril, outro grupo de cientistas que analisou dados colhidos pelos instrumentos da sonda encontrou traços de moléculas orgânicas nos gêiseres que estão em atividade na superfície de Encélado, outro satélite de Saturno. Sabe-se que o gelo existe em abundância, tanto no Sistema Solar como por todo o Universo. Já a água parece ser bastante rara. Por isso, a descoberta do oceano em Titã foi uma notícia inesperada e bem-vinda. ¨ *** Arqueologia -- Ave Careca -- Encontrada estátua de Júlio César aos 54 anos. Um Júlio César envelhecido, com rugas e sinais de calvície, foi localizado no sul da França. A estátua, em tamanho natural, estava no fundo de um rio da cidade de Arles, fundada pelo romano em 46 a.C. Os pesquisadores que a localizaram acreditam que a imagem representa o imperador aos 54 anos -- dois anos antes de sua morte. Recentemente, uma outra estátua de um imperador de Roma foi localizada, esta na capital italiana. Trata-se da imagem de Lúcio Verus (130-169), que governou ao lado de seu irmão Marco Aurélio (121-180). Só se conhecem outras quatro imagens de Lúcio. ¨ *** Paleontologia -- Uma floresta para o mundo -- Como que por encanto (mas por causas bem naturais), parte significativa de uma floresta de ciprestes foi mantida por oito milhões de anos. Cientistas fizeram a descoberta da floresta primitiva na Hungria: várias árvores bem preservadas e nas posições exatas que ocupavam originalmente. Muito mais do que uma curiosidade fóssil, os especialistas dizem que a descoberta pode fornecer pistas sobre o clima na pré-história. Os dados ajudarão a compreender atuais mudanças climáticas relacionadas ao aquecimento global. É que em vez de ter petrificado -- como ocorre com frequência -- a madeira das 16 árvores *Taxodium* foi preservada, permitindo que cientistas estudem suas amostras como se fossem de árvores vivas. As árvores estavam soterradas em uma mina de carvão na cidade de Bukkabrany e foram encontradas por acaso quando trabalhadores começaram a remover areia para alcançar depósitos de linhita (um tipo de carvão). -- A importância do achado é que muitas árvores foram preservadas em suas posições originais em um único lugar -- disse Alfred Dulai, geólogo do Museu de História Natural da Hungria, que está estudando as árvores. -- Mas a maior raridade sobre essas árvores é que suas madeiras originais foram preservadas, não viraram totalmente pedra. Os ciprestes encontrados medem de 4 a 6 metros de altura e têm de 1,5 a 3 metros de diâmetro. A datação coincide com o fim do período mioceno, época em que essa região era um grande lago cercado por pântanos. ¨ *** Pesquisa -- Células e audição -- Cientistas americanos conseguiram reproduzir em camundongos, pela primeira vez, algumas das delicadas células que ficam dentro dos ouvidos e são fundamentais para a audição. Segundo os pesquisadores, o trabalho pode abrir novas esperanças para pessoas afetadas pela surdez. ¨ *** Bem viver -- Semeando para colher. Sabes que caminhas... Sabes que vives... E tens certeza de que um dia chegará em que terás de colher tudo aquilo que semeaste. Aproveita, pois, a luz que te clareia o entendimento, aproveita a oportunidade que te foi concedida e semeia... Semeia com amor e carinho, porquanto colherás exatamente os frutos daquilo que semeares. Aduba a terra do coração com a boa vontade, tão necessária. Rega-o com carinho preciso como se a água fora de pura fonte e semeia. Aproveita a hora que tens, o tempo foge rápido e o pôr- -do-sol não tardará. Semeia sorrisos para aqueles que não te compreendem. Estende a mão fraterna e amiga para os necessitados de orientação; abraça os desvalidos, para que encontrem em ti âncora para suas fraquezas; dedica o teu tempo de lazer ao estudo edificante da doutrina, enriquecendo-te para o futuro; aplica esses estudos na prática sincera do bem, esquecendo com amor as injúrias que te fizeram. Perdoa sempre, o perdão é alavanca sublime a impulsionar-te o coração para as antiplanuras. Concebe planos de trabalhos que aproveitem o teu irmão; honra-o com o teu carinho fraterno. Semeia flores nos corações aflitos. ¨ *** Terceira idade -- No Rio, ter mais de 100 anos é sinônimo de amor -- pelo menos para o IBGE, que em seu último censo encontrou 903 idosos centenários vivendo na cidade, e 2.250 no Estado. Entre as cidades, Nova Iguaçu vem em segundo, com 164, seguido por São Gonçalo, com 137. No Grande Rio são 1.726 pessoas que já completaram um século de vida. O Jornal do Brasil conversou com três desses idosos centenários, para saber como eles vivem, e descobriu, em todos, duas coisas em comum: o amor incondicional da família e a preferência pelo rádio à televisão. Dona Mirtz, Seu Fortunato e Vó Lucíola, juntos, completam 308 anos de vida. Cada um com o seu segredo da longevidade. Entre cachimbo, rapé e discussões políticas, esses centenários esbanjam lucidez e alegria. É essencial que o idoso tenha o máximo de apoio da família e dos amigos. É preciso muita atenção nos hábitos de vida no período de 30 a 50 anos de idade. Eles serão responsáveis pelo seu estado de saúde aos 80 anos. Mas depois dos 80, é preciso uma pitada de sorte também. -- Acredito que chegar aos 70 anos, bem, é resultado de bons hábitos. Chegar aos 90, bem, é resultado de boa genética. Mas chegar aos 100, bem, não tem explicação -- concluiu Sérgio. ¨ *** Mulher -- Grávida é salva de câncer pelos bebês -- Gêmeas deslocaram o tumor com chutes quando estavam no útero -- Uma britânica que desco- briu um câncer durante a gravidez foi salva pelos chutes dos fetos, que expulsaram parte do tumor. Grávida de gêmeas Michelle Stepney, de 35 anos, foi levada para o hospital com um sangramento, que os médicos suspeitaram se tratar de um aborto. Mas logo descobriram que ela estava com câncer cervical e que, graças aos chutes, acabara de expelir um pedaço do tumor do colo do útero. -- Eu não poderia imaginar que os chutes que eu sentia seriam tão importantes -- desabafou Michelle. -- Mal pude acreditar quando os médicos disseram que os movimentos tinham expulsado o tumor. Os oncologistas sugeriram que a futura mãe, de Cheam, no Sudeste de Londres, fizesse quimioterapia e retirasse o útero para remover o câncer por completo, o que significaria o fim da gravidez. Michelle conta que, depois de muito refletir, preferiu seguir com a gestação, sendo submetida a doses limitadas de quimioterapia, aplicada a cada 15 dias. As gêmeas Alice e Harriet nasceram de cesariana, na 33ª semana de gravidez. As meninas estavam em perfeito estado de saúde, mas nasceram sem cabelo por causa dos efeitos da quimioterapia. -- Devo minha vida às minhas filhas. É por isso que eu nunca teria concordado em retirar o útero. Michelle, que já tem um filho de 5 anos chamado Jack, preferiu fazer a cirurgia para a retirada do tumor e do útero quatro semanas depois do parto. Os médicos do Royal Marsden Hospital acreditam que ela esteja curada. -- Foi uma decisão muito difícil. Queríamos fazer o que era certo pelo Jack, mas sem que tivesse um efeito negativo sobre as meninas -- disse a mãe. A britânica disse ter contado ainda com o apoio do marido Scott, de 36 anos, para enfrentar as dificuldades. -- Não teria conseguido sem ele, acrescentou. -- As gêmeas também foram de grande apoio, mantiveram-me forte por todo o tempo. No dia 12 de fevereiro, Michelle recebeu o prêmio Mulher de Coragem, do Cancer Research UK, um centro na Grã-Bretanha dedicado a pesquisas sobre o câncer. ¨ *** Zoologia -- Desinfetante natural -- Os cientistas não sabem explicar, até hoje, como o urubu consegue comer carne podre sem passar mal. Mesmo vivendo na podridão, ele não transmite doenças. Há pesquisadores que acham que os anticorpos do seu sistema imunológico são mais importantes do que eventuais proteínas ou enzimas especiais do seu suco gástrico. O que se sabe é que “a diferença entre o sistema digestivo deles e o de outras aves é a maior quantidade de ácido clorídrico no estômago”, diz o biólogo Luiz Francisco Sanfilippo. Mas isso não resolve o enigma. Os urubus são imunes a várias doenças que atingem os homens, como o botulismo. Por isso, seu sistema imunológico está sob estudo. Ele pode vir a ajudar a combater vírus como o da AIDS. ¨ *** Alimentos -- As células cancerosas se alimentam de: Açúcar é um alimentador do câncer. Ao cortar o açúcar, corta-se um importante abastecimento alimentar para as células cancerosas. Os substitutos do açúcar, os adoçantes, como Nutrasweet, Equal, Spoonful, etc., são feitos com Aspartame, que é nocivo. Os melhores substitutos naturais seriam o mel ou o melado, mas apenas, em quantidades, muito pequenas. O sal tem um produto químico adicionado para torná-lo branco. A melhor alternativa é o sal marinho. O leite faz com que o organismo produza muco, especialmente no trato gastrointestinal. O câncer se alimenta de muco. Ao cortar o leite e substituí-lo por leite de soja sem o açúcar, as células cancerosas são mortas de fome. Células cancerosas prosperam num ambiente ácido. A dieta à base de carne é ácida e é melhor comer peixe ou um pouco de frango, do que boi ou porco. A carne também contém antibióticos para gado, hormônios do crescimento e parasitas, que são todos nocivos, em especial para pessoas com câncer. Uma dieta feita de 80 por cento de legumes frescos e sumos, grãos, sementes, nozes e um pouco de frutas ajuda a pôr o corpo em um ambiente alcalino. Cerca de 20 por cento pode ser de alimentos cozidos inclusive feijão. Sucos de vegetais frescos fornecem enzimas vivas, que são facilmente absorvidas e atingem as células em 15 minutos para nu- trir e aumentar o crescimento de células saudáveis. Para obter enzimas vivas para construir células saudáveis experimente beber sucos de vegetais frescos e de brotos de feijão e comer alguns vegetais crus 2 ou 3 vezes por dia. As enzimas são destruídas a temperaturas de 40 graus C. Portanto, mantenha os vegetais e os brotos de feijão em local fresco. Evite café, chá e chocolate, que têm alta concentração de cafeína. Chá-verde é uma alternativa melhor e tem a propriedade de combater o câncer. Água: é melhor beber água purificada ou filtrada, para evitar as toxinas e metais pesados da água. ¨ *** Remédios caseiros -- Tomar suco de beterraba diminui a pressão -- O consumo de meio litro de suco de beterraba por dia pode ajudar a baixar a pressão sanguínea significativamente, segundo uma pesquisa britânica publicada na revista *Hypertension*. Aparentemente, a substância-chave é o nitrato, também encontrado em vegetais verdes-escuro e folhosos. Os pesquisadores concluíram que, em voluntários saudáveis, a pressão arterial diminuiu uma hora depois de consumido o suco, mas o efeito era ainda mais forte depois de três a quatro horas, e continuava a ser sentido até 24 horas depois de tomada a bebida. O estudo da Queens University e da Universidade de Exeter pode abrir caminho para um tratamento de baixo custo contra a pressão alta. Guaco *Mikania glomerata* -- com poder dilatador dos brônquios, é indicado na prevenção e tratamento da asma, desobstruindo as vias respiratórias. Alecrim é muito bom para a memória porque ajuda a circulação no cérebro. Alecrim na cachaça: encher 1 terço de um vidro com as folhinhas, completar com uma cachaça boa, deixar curtir um mês em lugar escuro, coar e ir tomando go- tinhas na água. Mas também pode tomar alecrim como chá. ¨:::::::::: Variedades Conselhos Básicos Controle seus cacoetes: procure não balançar muito o corpo, rodar a cabeça ou colocar o dedo no olho. Não fale muito em cima da pessoa com quem está conversando. Mantenha seus óculos e calçados sempre limpos, pois do contrário dará uma péssima impressão. Se você está acima do peso, evite usar roupas muito estampadas e justas. Procure não vestir roupas claras duas ou três vezes seguidas, pois sujam facilmente. Procure manter seu cabelo com um bom corte, fácil de pentear, pois o cabelo é a moldura do rosto. ¨*** Humor Papagaio Clarence O ladrão está arrombando a janela de uma casa quando ouve uma voz às suas costas: -- Deus e Jesus estão te olhando! Apavorado, ele se volta em direção à voz e vê um papagaio em cima de um puleiro. -- Foi você que disse que Deus e Jesus estão me olhando? -- pergunta ele, incrédulo -- Sim! Fui eu mesmo! Meu nome é Clarence! -- Clarence? Isso não é nome de papagaio! Quem foi o imbecil que te deu esse nome? -- O mesmo que deu o nome de Deus e Jesus para os rottweilers! Trotes Medicinais Em uma conceituada faculdade de medicina, quatro enfermeiras resolvem pregar trotes em um estudante novato. Depois das brincadeiras, elas se encontram para contar o que fizeram: -- Eu coloquei algodão no estetoscópio dele! -- disse a primeira, caindo na risada. -- Eu troquei as fichas dos pacientes dele! -- comentou a segunda. -- Eu fui mais malvada! -- disse a terceira: -- Encontrei uma caixa de preservativos na sua jaqueta e furei todos eles com uma agulha! A quarta enfermeira desmaiou. Lição de Casa Na aula de Português, a professora pede que os alunos façam um poema romântico como lição de casa. No dia seguinte, ela pergunta: -- Alguém gostaria de ler o seu poema? -- Eu, professora! Eu! A professora fica desconfiada, mas pede que ele leia: -- Eu cavo, tu cavas, ele cava... Nós cavamos, vós cavais, eles... -- Para tudo, Joãozinho! -- diz a professora -- isto não é um poema romântico! -- É, pode não ser romântico -- responde ele -- mas é bem profundo! Piada no Cofre Sexta-feira à tarde. Dois funcionários de um banco ficam presos no cofre: -- Meu Deus! E agora? Essa porta é automática, só abre nos dias úteis! Imediatamente, o outro, mais calmo, saca a sua calculadora e, depois de muitas contas, diz: -- Olha... Tenho duas notícias pra te dar! -- Fala, fala! Fala logo! -- De acordo com a média de consumo de oxigênio do corpo humano, se permanecermos em repouso o ar dura até segunda-feira! -- Graças a Deus! E qual é a outra notícia? -- Segunda-feira é feriado... ¨*** Pensamentos "Um grama de ação vale mais que uma tonelada de teorias." Friedrich Engels (1820-1895), filósofo alemão. "A vida mais curta e a mais longa equivalem-se. O momento presente é igual para todos e o que se perde afigura-se ínfimo. Não se poderia perder o passado nem o futuro porque, não os tendo, como no-los poderiam tirar?" Marco Aurélio Antonino (121-180), imperador romano e filósofo. "Como é bom não fazer nada e em seguida discursar." Ditado espanhol. "É infinita a volúpia da onipotência." Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com 22 livros publicados. "Sadio é quem não foi examinado o suficiente." Ditado alemão. "Quem viaja encontra mudança climática, não mudança da alma." Quintus Horatius Flaccus, o Horácio ê65-8 a.C.), poeta lírico latino nascido em Veneza. "Tão bom que não presta para nada." Ditado italiano. "A amizade é uma alma dividida em dois corpos." Aristóteles ê384-322 a.C.), filósofo grego. "Quando um homem sadio discute com um maluco, é difícil distinguir um do outro." Ditado italiano. "Um dia desses é um dia nenhum." Ditado inglês. "Tenha só uma mulher e um amigo. As forças do corpo e da alma não toleram mais." Pitágoras (séculos VI-V a.C.), filósofo e matemático grego. "Enquanto se delibera, muitas vezes se perde a ocasião." Publilius Syrus (século I a.C.), escritor latino. "Quando se chega à glória, desaparece a memória." Ditado francês. "Grande homem é aquele que não perde o seu coração de criança." Meng-Tzu, ou Mencius ê371-289 a.C.), filósofo chinês. "A paciência é amarga, mas seu fruto, doce." Ditado francês. "Devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice." Platão ê428-348 ou 347 a.C.), filósofo grego. "Enquanto o sol não brilha, acendemos uma vela na escuridão." Confúcio ê551-479 a.C.), o mais famoso filósofo chinês de todos os tempos. "Ainda que a expulses com um forcado, a natureza voltará a aparecer." Horácio ê65-8 a.C.), filósofo, poeta lírico e satírico latino. "Quando a sorte chegar à sua casa, ofereça-lhe uma poltrona." Ditado alsaciano. "Nenhum gesto de gentileza, por menor que seja, é perdido." Esopo (séculos VII-VI a.C.), fabulista grego. "Pouca ingratidão encontramos quando estamos em condições de conceder favores." Provérbio francês. "Dinheiro público é como água benta: todos põem a mão." Ditado italiano. "A mosca sentou-se no eixo de uma carroça e disse: “Que poeira eu levanto!”. Esopo (séculos VII-VI a.C.), fabulista grego. "Não é difícil atingir o bem, nem suportar o mal com coragem." Epicuro ê342 ou 341-270 a.C.), filósofo grego, do livro "As Luzes da Ética", de Quartim de Moraes. "Se você quer encontrar um cônjuge, abra mais os ouvidos do que os olhos." Ditado. "Primeiro, hábitos são fios; depois, arames." Ditado espanhol. "A disciplina é a mãe do sucesso." Ésquilo ê525-456 a.C.), grego, dramaturgo trágico. "O segredo para o homem não é começar, mas perseverar." Ditado curdo. "Boas risadas e bom sono são as melhores curas." Ditado irlandês. "Cada um é atraído por seu prazer." Virgílio ê70-19 a.C.), poeta romano. "Aquele que conhece seus defeitos está muito próximo de corrigi-los." Aristarco (cerca de 215-143 a.C.), crítico e gramático grego. ¨*** História das Frases Algumas expressões usadas em nossa língua têm a origem na tradição greco-romana, de um lado, e judaico-cristã, do outro. Confira aqui uma delas. Bode expiatório: todos os anos, no Iom Quipur (o Dia do Perdão), o sacerdote lançava simbolicamente todos os pecados de Israel sobre um bode e o soltava no deserto. Hoje em dia a expressão é usada para designar aquele inocente que é escolhido para levar a culpa de outra pessoa. ¨*** Fala Sério Prefixo infeliz -- A implicância com o prefixo sub é notória. Num telejornal apareceu o Sr. Sebastião Alves, do Ministério do Trabalho, defendendo a cota reservada à integração dos deficientes físicos nas empresas. Ótimo! Entretanto, apareceu na telinha: “sub-delegado do Ministério do Trabalho”. Por favor: o prefixo sub só se separa por hífen quando a palavra que o segue começar por *r* ou *b*. Logo, subdelegado é uma palavra só. Não use o hífen! Houveram ou não houveram? Um repórter de uma rádio, comentando sobre a popularidade de um programa da TV Globo: “Houveram capítulos anteriores do Big Brother Brasil” Quando o verbo haver impessoal é flexionado, dói nos nossos ouvidos: Houveram capítulos é inaceitável! O verbo haver, no sentido de existir, só pode ser usado na 3ª pessoa do singular. Frase correta: "Houve ca- pítulos anteriores do Big Brother Brasil". “O pai do José teve uma aneurisma e está internado no hospital.” Já não basta a gravidade do caso? Aneurisma é uma palavra masculina. Período correto: O pai do José teve um aneurisma e está internado no hospital. ¨ ***

Que Intriga... Intriga Desabrochar brochante Tem gente na fila para ver uma flor bizarra no Jardim Botânico Nacional da Bélgica. O sucesso é tão grande quanto a atração vegetal, que mede 1,60 metro e só floresce duas ou três vezes ao ano. Para aumentar a expectativa, a “florzinha” não tem data marcada para desabrochar e só fica aberta por 72 horas. A desgraça é que, quando ela finalmente se abre, exala um fedor tipo peixe estragado. Os poucos corajosos que resistem na fila ainda têm a chance de observar o peculiar formato de pênis da *Amorphophallus titanum* -- ou “gigante estranhamente fálico”, numa tradução livre. ¨ ***

Receitas Arroz com espinafre e ricota Rende: 6 porções Ingredientes: 1 xícara de chá de folhas de espinafre; 1 xícara de chá de água; 3 colheres de sopa de azeite; 2 colheres de sopa de cebola picada; 1 dente de alho picado; 1 xícara de chá de arroz; 3 xícaras de chá de água fervente; sal a gosto; 1 xícara de chá de ricota esfarelada. Modo de fazer: Cozinhe o espinafre em 1 xícara de chá de água. No liquidificador, bata o espinafre com metade da água do pré-cozimento. Reserve. Em uma panela, aqueça o azeite, refogue a cebola e o alho. Adicione o arroz, misture e refogue por 3 minutos. Junte o espinafre batido e a água fervente. Tempere com sal e deixe cozinhar em fogo baixo e com a panela tampada. Se preciso, acrescente mais água para completar o cozimento. Quando o arroz estiver cozido, desligue o fogo, solte-o com um garfo e misture a ricota. Sirva em seguida. Patê de abacate Ingredientes: 1 abacate; orégano, limão, sal, molho de pimenta. Modo de fazer: Amasse o abacate e tempere-o com gotinhas de limão, sal a gosto, orégano e molho de pimenta. Misture tudo muito bem e sirva com torradas. Mousse de limão Rende: 8 porções Ingredientes: 1 lata de leite condensado; 1 lata de creme de leite; meia xícara de chá de suco de limão; 4 claras batidas em neve; 4 colheres de sopa de açúcar; raspas de limão para decorar. Modo de fazer: Bater na mão até engrossar o leite condensado e o creme de leite sem soro. Em seguida, acrescente, aos poucos, o suco de limão, batendo sem parar. Junte as claras em neve. Com uma colher de pau, misture devagar. Em um pirex, coloque 4 colheres de sopa de açúcar e, por cima, raspas de limão para decorar. Deixe na geladeira por 3 horas. Arroz-doce Rende: 12 porções. Ingredientes: 1 xícara de chá de arroz; 2 xícaras de chá de água; 1 pitada de sal; 1 colher de chá de manteiga; 1 tira grande de casca de limão; 1 litro de leite; 1 lata de leite condensado; 2 colheres de sopa de açúcar; 2 pedaços de canela em pau; 3 gemas; 1 colher de sopa de canela em pó para polvilhar. Modo de fazer: Em uma panela de fundo grosso, coloque o arroz com a água, o sal, a manteiga e a tira de casca de limão, misture e leve ao fogo baixo até que a água evapore e chegue ao nível do arroz. Junte o leite, o leite condensado, o açúcar e a canela em pau. Misture tudo e cozinhe por mais 30 minutos, até que o arroz absorva parcialmente o leite, mas que fique bem cremoso. Apague o fogo. Em uma vasilha, misture bem as gemas com três colheres do arroz. Volte essa mistura para a panela do arroz cozido, misture e leve ao fogo novamente por mais 5 minutos para que as gemas cozinhem. Tire a casca de limão, coloque num pirex e sirva quente ou em temperatura ambiente, polvilhado com a canela em pó. ¨ ::::::::::

Utilidade Pública Para evitar combustões perigosas, devemos tomar alguns cuidados: Não brincar com fogo; Não brincar com fogos de artifício, que podem provocar queimaduras e incêndios; Não mexer com fogo perto de combustíveis e explosivos, como álcool, gasolina e pólvora; Ter certeza de que os palitos de fósforo e os cigarros estejam bem apagados, quando são jogados fora; Observar se não há vazamento do gás de cozinha no fogão. O gás de cozinha é altamente inflamável; Desligar a chave geral do gás de cozinha quando não estiver sendo usado; Não acender fogo nos postos de gasolina. ¨ ::::::::::

Informativo IBC IBC e SENAC abrem as portas do mercado de trabalho aos deficientes -- O Instituto Benjamin Constant e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial-Senac formaram uma parceria para oferecer vários cursos profissionalizantes com o objetivo de incluir os alunos deficientes visuais no mercado de trabalho. Entre diversos ensinamentos totalmente gratuitos estão o artesanato e o telemarketing informatizado, que, através de duas turmas (manhã e tarde) semestrais, formarão os estudantes reabilitandos. As aulas, ministradas por um professor do SENAC com apoio de dois instrutores do IBC, acontecem às segundas, quartas e sextas-feiras. Girlaine Florindo, titular da Divisão de Reabilitação, Preparação para o Trabalho e Encaminhamento Profissional-DRT, vinculada ao Departamento de Estudos e Pesquisas Médicas e de Reabilitação-DMR, afirma que, havia alguns meses, o IBC e o SENAC tentavam viabilizar o programa de cooperação e que uma das salas de aula informatizadas da Instituição é utilizada para a realização do projeto educacional. Desde o dia 14 de abril, o curso de telemarketing é uma realidade e as pessoas interessadas, cegas ou de baixa visão, que preencherem os requisitos (mais de 18 anos, ensino médio, informática) façam contato pelo telefone (21) 3478-4418 ou através do endereço eletrônico ~,drt@ibc.gov.br~,; para o curso de artesanato não há exigência de escolaridade. Afinal, um dos lemas do Instituto Benjamin Constant, a primeira escola especializada na educação de cegos da América Latina, é não deixar que limites e deficiências impeçam a sociedade de ver o indivíduo com reais possibilidades de crescimento. De acordo com a lei federal N.o 8.213/91, as companhias com mais de cem empregados são obrigadas a destinar de 2 por cento a 5 por cento de suas vagas às pessoas com qualquer tipo de deficiência. Há seis anos o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial desenvolve o programa Deficiência e Competência, para ampliar o acesso e a inclusão dos deficientes no SENAC e também apoiá-los junto ao mercado de trabalho, visando à quebra de barreiras sociais, culturais e étnicas geradas pelo preconceito. ¨ ::::::::::

Noticiário Especializado Boletim Ponto a Ponto Com tiragem mensal de 2 mil exemplares, o Boletim Ponto a Ponto, patrocinado pela Petrobrás, reúne artigos de jornais e revistas e será distribuído gratuitamente em todo o Brasil diretamente para pessoas com deficiência visual, assim como também para instituições de cegos e bi- bliotecas públicas. O principal objetivo do projeto, além da integração, é a promoção de leitura braille. As edições de textos em Braille são onerosas e pouco disponíveis no Brasil, mas só o Braille atende a pessoas surdocegas e ensina a ortografia correta, não podendo ser substituído por nenhum outro meio de comunicação audiovisual ou de informática. Fiquei sabendo que mais de 100 exemplares do primeiro número do Boletim já foram enviados para várias localidades em Minas Gerais, tanto para pessoas físicas quanto para instituições. Os interessados em receber gratuitamente esta publicação devem escrever carta em Braille, informando nome e endereço completo para: Boletim Ponto a Ponto, Caixa Postal 823, Cotia, SP, CEP 06709-970. ¨ *** Dindin versos Tel O Senado, através das Comissões de Direitos Humanos-CDH e de Legislação Participativa-CLP, aprovou recentemente duas propostas de lei que atenderão às necessidades dos deficientes visuais. A primeira determinação garante a produção de cédulas de papel-moeda contendo uma identificação tátil. O elemento que permitirá o reconhecimento, que será em alto relevo ou em Braille, será definido após a regulamentação da medida. A emissão do dinheiro com essa característica será gradativa, ao longo de 10 anos, até que a troca das notas seja totalmente concluída. ¨ *** Brailledesco Mais uma novidade assegura a independência dos deficientes visuais. Desde o mês de novembro, os cegos contam com uma iniciativa inédita do Banco Brasileiro de Descontos (Bradesco): o extrato bancário impresso no sistema Braille. Números e letras ampliados também auxiliam os correntistas de baixa visão. ¨ *** Alô, alô, responde... Em pleno século XXI, tempo de Internet, Orkut, Youtube e MSN, surge o Blind Brazil, um portal de voz produzido exclusivamente para a interação de pessoas cegas, e que atualmente reúne milhares de membros na faixa etária dos 18 aos 85 anos. Criado no mês de março de 2007, o Blind Brasil tem uma vasta programação, que além da conversação possui notícias culturais, lazer e atualidades. Para participar é fácil; não precisa necessariamente ser um deficiente visual e o acesso é gratuito: paga-se somente o pulso da ligação local. O portal é pa- trocinado pela empresa Planet Voice, que, após um ano de análise, resolveu apoiar o projeto. Para conhecer o sistema ligue para 4003-0104. “Tudo começou com o hábito de frequentar salas de bate-papo. A partir daí, percebi que faltava um espaço desse tipo para deficientes visuais com a proposta de integrá-los à sociedade de forma justa, dinâmica e moderna”, afirma Charles Jatobá Queiroz Santana, ex-aluno do Instituto Benjamin Constant e criador do portal. Para ele, uma das maiores dificuldades encontradas pelo deficiente visual é a interação do cego com seus iguais, situação amenizada pelo Blind Brasil. “Essa iniciativa aumenta o poder de reconhecimento e a valorização do deficiente. Não existem distâncias! Os usuários se divertem e fazem do serviço uma excelente opção para quem não enxerga. Realizamos encontros mensais, passeios e prestamos atendimentos sociais. Através desse portal, muitos encontraram um emprego, dicas de cursos e concursos, e outros conheceram suas almas gêmeas no canal azaração. Sempre é bom lembrar que a deficiência pode

até limitar, mas jamais incapacitar”. ¨ *** Vivo patrocina equipe de surf de deficientes visuais A Vivo, por meio do Instituto Vivo, patrocina o pro- grama Especialmente Surf -- O Surf Visto Com Outros Olhos, que acontece durante o Circuito Vivo de Surf Profissional, de julho a novembro, no Rio de Janeiro. Em parceria com a Escola Carioca de Surf e a empresa Chantilly Entertainment, serão treinadas 12 pessoas com deficiência visual -- do Instituto Benjamin Constant -- que farão uma apresentação no último dia do circuito, para mostrar que a modalidade tam- bém pode ser inclusiva. Para a execução do projeto, são aplicados métodos de ensino diferenciados. Na primeira etapa, serão ministradas aulas teóricas, além dos primeiros contatos com o equipamento na água (na piscina e no mar). Os treinos acontecem uma vez por semana, na Escola Carioca de Surf, e a equipe é coordenada pelo professor Pedro B. Cunha, que atua, há cerca de 10 anos, como instrutor, além de 11 anos como surfista profissional. Os alunos com deficiência visual têm todo o suporte de segurança, como pranchas adaptadas, estrepes, guias especiais que ligarão os alunos aos instrutores, capacete especial para surf e coletes salva-vidas. A iniciativa se soma aos demais programas desenvolvidos pela Vivo, como o Eu Vivo Remando, que capacita jovens com algum tipo de deficiência física para a modalidade paraolímpica do remo adaptado, e reforça o compromisso da Vivo de trabalhar em prol da inclusão social de deficientes. “A Vivo, desde sua criação, em 2003, investe no esporte por acreditar que a prática esportiva é uma importante ferramenta de inclusão social e cultural”, afirma o Diretor de Eventos e Marketing Promocional da Vivo, Felipe Barahona. ¨ *** Safári Sensorial Você já pensou em ir ao Jardim Zoológico de olhos vendados? Não? Então, vá se acostumando com a proposta de um inusitado museu que funcionará no escuro e os visitantes, deficientes visuais ou não, serão guiados por pessoas cegas. A novidade foi inaugurada no mês de novembro de 2008. ¨ *** Trrriiiimmmmm... Recentemente entrou no mercado de telefonia móvel um aparelho que facilitará bastante o dia-a-dia da pessoa deficiente visual. O celular é dotado de um software (Talks) vocalizador que funciona como leitor de tela. Esse recurso tecnológico beneficiará os cegos, que acessarão várias facilidades do mundo moderno: identificador e registro de ligação, agenda, Internet, gravador digital, tocador de MP3 e transferência de arquivos, através de um conversor de voz. A novidade é parte inte- grante do Programa de Soluções Inclusivas da Vivo, criado para oferecer programas e serviços acessíveis ao deficiente, que selecionou exclusivamente o primeiro modelo deslizante da Nokia E65 Talks, que, além de inúmeras soluções, conta ainda com uma câmera de 2 megapixels, para implementar ainda mais o novo sistema. O aparelho está disponível em algumas lojas especiais, escolhidas pela facilidade de acesso através de transportes coletivos. A lista dos estabelecimentos encontra-se no endereço eletrônico ~,www.vivo.com.br~, ¨:::::::::: Troca de Ideias Eduardo Amaral de Lima Rua Américo Ribeiro, 76 ap. 21 São Paulo -- SP 04130-050 Gostaria de manter correspondência com pessoas de ambos os sexos e de todas as idades para falar sobre qualquer assunto. Sou uma pessoa de temperamento muito alegre, gosto de fazer novas amizades. Aguardo carta. ¨ ::::::::::

Ao Leitor Solicitamos aos leitores da RBC abaixo mencionados que nos enviem seus endereços completos, para evitar que suas revistas voltem. Favor verificar se estão retidas no correio. ADVIR -- Associação de Deficientes Visuais de Itajaí Ana Paula de S. Carvalho André Luiz de Assis Antônio Carlos Pereira Antônio Rezende APADEVI -- Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Bárbara Pierre Carmen Helena Gasparoni Celeste Cardoso Clovis Batista de Castro Dalva Conceição Ferreira Djalma Antonio Moreira Gonçalves Edinalva da Paz Eduardo G. Maidana Eliselina de Magalhães Andrade Eloilda Duarte Batista Ester Schoroter Fromeise Macedo da Silva Genésio Fernandes Vieira Gonçalo Rodrigues Melo Inaldo Monteiro da Silva Instituto dos Cegos de João Pessoa José Antônio Gaschineiro da Cunha José Antônio Ribeiro de Freitas José Helmt Tenório Padilha Júlia Graciela da Silva Laisa de Oliveira Luiz Carlos do Nascimento Luiz Telles Chaneski Luiza Paivão Martins Luzia George Balbino Maria Angélica Schemice Maria Marra da Fonseca Marilene Agostinho dos Santos Marília de Oliveira Ramos Marli Napier Paulo Romeu Filho Rogério Alexandre da Silva Sancler Fabrício Bezerra Secretaria de Educação Infantil de Barueri Thomé Rodolfo Nastrini Vasco Manuel Antunes Marques ¨ ::::::::::