õeieieieieieieieieieieieieieio õ o õ Revista Brasileira o õ para Cegos o õ Ano LXIII n.o 505 o õ julho-dezembro o õ de 2005 o õ o õ Instituto o õ Benjamin Constant o õ Diretora-Geral do IBC o õ Sra. Érica Deslandes o õ Magno Oliveira o õ Fundador da RBC o õ Prof. José o õ Espínola Veiga o õ Responsável pela RBC o õ Kate Q. Costa o õ Imprensa Braille o õ do IBC o õ Av. Pasteur, 350-368 o õ Urca -- Rio de Janeiro o õ RJ -- Brasil o õ 22290-240 o õ tel: (0xx21) 3478-4457 o õ o õ Brasil um País de Todos o õ*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?o Sumumário Editorial ::::::::::::::: 1 Paz Perfeita ::::::::::: 2 Jesus Cristo Cruxifi- cado ::::::::::::::::::: 3 O Guardião da Ponte ::: 5 Os Misteriosos Etruscos :::::::::::::: 7 Invencismos ::::::::::::: 13 Onde está Bin Laden? :::::::::::::::: 16 Um Incansável Professor ::::::::::::: 24 Jóias da Humanidade :::: 27 Histórias Interessantes ::::::::: 29 Artes ::::::::::::::::::: 35 Brasil :::::::::::::::::: 36 Ecologia :::::::::::::::: 43 Lugares do Mundo ::::::: 45 Ciência e Saúde :::::::: 52 Variedades :::::::::::::: 69 Informativo IBC ::::::: 86 Noticiário Especializado ::::::::: 89 Troca de Idéias :::::::: 90 Ao Leitor :::::::::::::: 92 :::::::::: Constatação Temos absoluta certeza de que a RBC atinge seu objetivo maior: a preferência de seus leitores. É certo que o apoio logístico, a publicação e distribuição de nossas revistas contam com o suporte da direção do IBC. No entanto, o incentivo, a crítica construtiva e o reconhecimento de um trabalho feito com muito esforço -- pois dependemos apenas de nossos ledores voluntários para a pesquisa dos temas -- encontram retorno nos telefonemas e nas cartas, de nossos assinantes do Brasil e de mais 21 países. Tal fato muito nos sensibiliza, uma vez que é para eles que a revista é editada, e deles vem a nossa inspiração. Com este respaldo, temos a consciência do dever cumprido. Continuaremos, apesar das dificuldades, tentando sempre fazer o melhor possível. ¨:::::::::: Paz Perfeita Certa vez, um rei teve de escolher, entre duas pinturas, qual a que melhor representava a paz perfeita. A primeira era um lago muito tranqüilo. Este lago era um espelho perfeito onde se refletiam algumas plácidas montanhas que o rodeavam. Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com nuvens brancas. Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ela refletia a paz perfeita. Já a segunda pintura também tinha montanhas, mas eram escabrosas e não tinham uma só planta. O céu era escuro, tenebroso e dele saíam faíscas de raios e trovões. Nada disto era pacífico. Mas, quando o rei observou mais atentamente, reparou que atrás de uma cascata, havia um pequeno galho saindo de uma fenda na rocha. Neste galho encontrava-se um ninho. Ali, no meio do ruído da violenta camada de água, estava um passarinho, placidamente sentado no seu ninho. Paz perfeita. O rei escolheu a segunda pintura e explicou: "Paz, não significa estar num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor. Paz significa que, apesar de se estar no meio de tudo isto, permanecemos calmos em nosso coração. Este é o verdadeiro significado da paz". ¨:::::::::: Jesus Cristo Crucificado Arnaldo Jabor Jesus Cristo está sendo crucificado de novo, no século XXI. O mundo ficou tão cruel e frio que apagou o Cristo vazado de luz, amor e compaixão. Estamos criando o Cristo militar, o Cristo de mercado, o Cristo de Hollywood. No cinema, em vez de lágrimas, curtimos sua morte como em um filme de terror e violência. E os fariseus lucram milhões. O Al-Bush também o pregou na cruz republicana, na cruz do petróleo e das armas. Em nome de Cristo, ele destrói o Oriente. Os fanáticos jogam Alá contra Cristo. Homens- -bomba matam inocentes em nome de Deus. Os falsos evangélicos usam Jesus para fazer templos de mármore com o dinheiro suado dos verdadeiros pobres de Cristo. E Cristo, coitado, morre de novo na cruz. Nunca seu nome foi tão usado em vão. ¨ ::::::::::

O Guardião da Ponte SEI Todos os finais de semana, Chen Si deixa o modesto apartamento em que vive com a mulher e a filha pequena e parte em direção à histórica ponte do rio Yangtzé, na cidade de Nanquim, aonde costuma chegar por volta das 7 e meia, levando nas mãos apenas uma garrafa térmica com chá. Há um ano ele tornou-se o "anjo da guarda" da ponte, de onde mais de mil pessoas já pularam, desde 1968, quando foi inaugurada. "Se eu salvar uma única pessoa, para mim já é o bastante", diz Chen, que observa, atento, o vai-e-vem de transeuntes na ponte, que tem mais de cem metros de altura. Segundo ele, é fácil reconhecer os potenciais suicidas. "São pessoas que caminham de maneira desanimada", descreve. Usando boné e óculos escuros, para escapar do sol escaldante, Chen Si, que tem 30 anos e ganha a vida vendendo pequenos painéis publicitários, pode ser avistado sempre no extremo sul da ponte, onde distribui folhetos com o número do seu celular, uma espécie de linha de emergência. Até o momento, Chen já salvou 42 pessoas. Seu trabalho começou depois que viu na imprensa, reportagens sobre o suicídio, hoje a principal causa de morte dos chineses entre 15 e 34 anos. Conta que ficou chocado quando leu sobre uma multidão, em outra cidade chinesa, que gritava insultos para um imigrante desesperado, quando ele subiu ao topo de um *outdoor* para se matar. "Temos de ensinar às pessoas a amar a vida, a vê-la como o dom mais precioso." Nos últimos meses, Chen ganhou um importante auxílio: estudantes universitários da China, decidiram ajudá-lo e agora se revezam na patrulha da ponte, juntamente com algumas das pessoas que ele convenceu a não saltar. ¨:::::::::: Os Misteriosos Etruscos Silvio Piersanti Pouco se sabe sobre os etruscos, embora as pesquisas arqueológicas sugiram que esse povo misterioso desenvolveu uma civilização avançada, com façanhas extraordinárias no campo da tecnologia, da política e da cultura. Os habitantes da Etrúria viveram entre os séculos VII e III a.C. no local hoje conhecido como a região central da Itália: Toscana, Úmbria e o norte do Lácio. Foi o pacifismo desse povo antigo a causa da sua submissão gradual aos agressivos romanos. Provavelmente, o principal motivo de sabermos tão pouco sobre os etruscos é que suas casas eram construídas de madeira e barro, pois consideravam a vida terrena transitória: por conseguinte, os arqueólogos encontraram pouca coisa que pudesse trazer revelações sobre a vida quotidiana desse povo. Felizmente os etruscos, profundamente religiosos, eram muito dedicados ao culto dos mortos e deixaram grande número de cemitérios bem conservados e sepulcros entalhados em pedra, construídos para durar uma eternidade. De fato, tudo o que sabemos sobre essa civilização provém desses túmulos, descobertos principalmente nas povoações de Tarquínia, Toscânia e Cerveteri. Esta última, que foi uma das cidades etruscas mais ricas e poderosas -- cerca de 48 km ao noroeste de Roma -- é conhecida por seus sarcófagos de terracota, jarros pintados e cerâmicas vivamente decoradas. O desenho dos sepulcros era inspirado em suas casas -- assim, os visitantes podem hoje atravessar uma espécie de cemitério-cidade, com ruas e praças, onde há milhares de túmulos retangulares subterrâneos escavados na rocha vulcânica. O Museu Nacional Etrusco de Arqueologia em Cerveteri, localizado na fortaleza do Palácio Ruspoli, exibe as descobertas arqueológicas locais, tais como jarros, móveis, ânforas e relíquias dos templos. Entre os artefatos encontrados em Cerveteri, está o Sarcófago "degli Sposi" -- Sarcófago do Casal --, datado de aproximadamente 520-510 a.C.; essa famosa peça de terracota representa o falecido casal em um abraço eterno, reclinado sobre um leito para banquetes. As mulheres da Etrúria parecem ter desfrutado de uma situação social única, de mais liberdade do que suas contem- porâneas gregas e latinas. Antigos textos gregos revelam que, antes de casar-se, as etruscas tinham permissão para manter relações com vários homens -- um costume que as tornava mais atraentes para os futuros maridos. Elas aparecem lindamente vestidas e adornadas de jóias, nos magníficos afrescos que decoram os túmulos e as tampas dos sarcófagos em Tarquínia, participando de grandes banquetes e na platéia de acontecimentos esportivos, ao lado dos homens. Suas contemporâneas romanas, por outro lado, ficavam em casa fiando, sujeitas a regras mais severas; durante anos foram proibidas até mesmo de beber vinho, sob pena de morte. O Professor Luciani Agostiniani, da Universidade de Perugia, declarou: "A Etrúria era um país muito rico, principalmente graças à sua riqueza mineral." Plínio, o Grande, costumava dizer: "Os metais são a verdadeira riqueza e a base do preço de todas as coisas." Os etruscos sabiam extrair ferro e ouro, e como trabalhá-los. Essa capacidade fez deles um dos povos mais ricos do Mediterrâneo e explica por que foram encontradas tantas obras-primas da antiga cerâmica grega nas sepulturas. De fato, os etruscos podiam comprar os artefatos mais caros do mercado mediterrâneo. Eles aproveitavam a vida. "Ainda hoje estamos sob a influência da civilização etrusca. Por exemplo, o arco foi inventado pelos arquitetos etruscos; algumas palavras que usamos diariamente, como pessoa, satélite e vinho, procedem daquele idioma." Os etruscos eram um povo pacífico, composto principalmente de artesãos e comerciantes que estabeleceram uma sociedade desconhecida, que chegou a ter uma estrutura social urbana. Construíam suas cidades com paredes, sistemas de esgoto, ruas pavimentadas, praças para reuniões públicas e centros comerciais, preparando o terreno para o conceito moderno de cidade. Muitas de suas características foram assimiladas pelos romanos e, através das conquistas destes últimos, transmitidas ao resto do mundo ocidental. Talvez os etruscos fossem parcos em palavras, mas sem dúvida foram generosos com sua sabedoria. ¨:::::::::: Invencismos José Cândido de Carvalho Manequinho, não precisa mandar mais carta para a oficina de lanternagem de Zuzu Tavares, uma vez que mudei de ofício e abracei a carreira de escultor moderno. Sei como o pessoalzinho de São José do Monte vai rir ao saber que o filho de Santinho Reis está fazendo nome, a poder de ferro-velho e coisa destorcida. Peguei inclinação pelo ramo no dia em que vi nos jornais um pára-lama de sucata que pegou o primeiro prêmio numa demonstração de esculturagem no estrangeiro, e mais depois em São Paulo. Aí, primo, meti os peitos. Nem retirei o macacão de lanterneiro. E de macacão, todo lambuzado de óleo e sujo de graxa, pulei para o negócio de lata velha. Peguei de um jeito uma porta de automóvel, meti o maçarico nela, furei e bordei. Em seguimento, lasquei por cima uma pá de ventilador e arrematei a obra com uma antena de televisão. Parti para a IV Exposição da Primavera com esse trabalho que chamei de Vento Outonal nas Rosas do meu Coração. Não tirei o primeiro prêmio porque um cretino teve a idéia genial de aparecer com um fogão econômico de 1917 soltando fumaça por todos os buracos. Começo e fim da Criação, como era o nome do dito fogão econômico, venceu de ponta a ponta. Uma dona ficou tão esfogueteada que comeu três quilos de fumaça e foi esvaziar o estoque no hospital. Em todo o caso, meu Vento Outonal tirou o segundo posto e uma braçada de palmas nos jornais. Agora, na próxima vez, vou aparecer de macacão, barba escorrida no peito e boné listrado na cabeça, de modo a ficar nas evidências do mundo. Vou entupigaitar a praça com o Jarro do Barão, um penico que muni de uma trombeta de gramofone e um vidro de magnésia leitosa. Primo, em matéria de invencismo eu sou fogo-selvagem. E para despedir, recomendações aos tios, principalmente um grande abraço na prima Noca. E não deixe de ver se compra em São José do Monte e redondezas, uma caixa de descarga antiga, daquelas de puxar por uma correntinha, porque pretendo concorrer a uma exposição na Bahia que vai render uma nota bonita. Uma caixa desse tipo não é só folclorítica como fotografática. Calha muito bem em recantos de sala de visita por baixo daqueles quadros de família em feitio oval. ¨ ::::::::::

Onde Está Bin Laden National Geographic Em Tora Bora, no Afeganistão, há cavernas às dúzias nas encostas, todas vazias agora, exceto por alguns cartuchos que sobraram da época em que o lugar foi sitiado por tropas americanas. Segundo testemunhas, pouco antes do cerco de Tora Bora em dezembro de 2001, Bin Laden, com seu 1 metro e 93 de altura, pousou ali, fez um discurso de exortação a centenas de seus combatentes e desapareceu. Até o início de outubro de 2004, quando este artigo ficou pronto, o homem mais procurado do mundo, não foi mais visto, apesar dos rumores de que, já preso, ele seria exibido às vésperas da eleição presidencial nos EUA. Aonde ele pode ter ido? Pode ser que Bin Laden esteja escondido em algum lugar -- na terra ancestral de sua família, no sul do Iêmen, ou posando de rato de praia com trancinhas rastafári na Costa Rica. O que não faltam são teorias, algumas delas ridículas. Espionagem eletrônica da CIA, depoimentos de combatentes capturados da Al Qaeda e vídeos mostrando Bin Laden andando pelos arredores, porém, são indícios persuasivos de que o homem ainda está bem ali, na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Poder-se-ia chamar essa região montanhosa e agreste, do tamanho de uma Irlanda, de "Bin-Ladenistão", por causa de seu famigerado inquilino. Para qualquer fora-da-lei, esse é o esconderijo perfeito: uma geografia labiríntica, delineada por uma muralha de 1,6 mil quilômetros de montanhas do Hindu Kush ao mar da Arábia. Essas formidáveis cadeias formam uma barreira entre a Ásia Central e as planícies da Índia. Parecem a fila dos pretensos conquistadores históricos da região, de Alexandre, o Grande, que não a conseguiu transpor, no século IV, à Grã-Bretanha do século XIX, derrotada duas vezes (1839 e 1878) ao tentar anexar o Afeganistão -- sem contar a extinta União Soviética, outra que aprendeu a lição na marra, na década de 1980. Mais complicada que as rochas e a neve, no entanto, é a gente local, uma espantosa plêiade de tribos e clãs conhecida pela denominação geral de pashtun ou patane, ou pakhtun. São mais de 25 milhões vivendo de ambos os lados da fronteira e partilhando a mesma língua, o pashtu, o gosto por armas, piadas e tabaco verde de mascar, o naswar, uma profunda desconfiança de estranhos e a crença num antigo e rígido código de honra, o pashtunwali. Um dos mandamentos desse código -- o nanawateh, ou lei do asilo -- é particularmente frustrante para os caçadores de Bin Laden. Reza que todos são obrigados a ajudar quem quer que venha bater à porta em busca de refúgio, até mesmo seu pior inimigo. Um pashtun deve dar sua vida para defender seu hóspede, e muitos já o fizeram: "Se um americano vem à minha casa pedindo proteção, eu o protejo. E se vem Osama, também lhe dou refúgio". É a "Lei Pashtun". Os pashtuns, dizem, podem agir com nobreza e também como completos canalhas. "São capazes de cometer todo tipo de traição -- até mesmo contra seus pais. Mas são rigorosos quando se trata de oferecer asilo. É como uma missão sagrada". Quem entregar Bin Laden aos americanos pode ficar 25 milhões de dólares mais rico, com a recompensa. Mas a desgraça se abaterá sobre essa pessoa, junto com sua família, clã e tribo, durante muitas gerações. Osama é um grande herói islâmico. A vida de quem o trair passará a valer menos que uma cebola. Os pashtuns devem ser o povo mais ingovernável da Terra. Encontram-se divididos em dezenas de tribos e centenas de clãs, todos em permanente estado de guerra entre si. A presença de um invasor -- mesmo um par de jornalistas da National Geographic -- une os membros das tribos pelo tempo suficiente para expulsar o intruso. Daí, voltam a atirar uns contra os outros, como sempre. Costuma-se dizer que a única época em que os pashtuns estão em paz consigo mesmos é quando se acham em guerra contra alguém de fora. Nas áreas tribais, a típica moradia pashtun ergue-se qual fortaleza, com altas torres de vigia e muros de 6 metros de altura. Ninguém vive sem armamento pessoal. Um lar sólido pode ter um canhão antiaéreo montado na torre, um ou dois lançadores de morteiros, uma metralhadora calibre 50, uma dúzia de fuzis AK-47 e uma pilha de granadas-foguetes. O que salva os pashtuns de se aniquilarem mutuamente é um conselho tribal de velhos dignitários, a jirga. Escolhidos por seus respectivos clãs, esses homens sábios são os intérpretes do pashtunwali. Suas decisões sobre disputas de terras e vendetas de sangue são definitivas e imperiosas. É um sistema democrático, pois os pashtuns se recusam a acatar qualquer outra instância de poder além da jirga. É importante notar que nem todos os pashtuns são terroristas e matadores. Eles também dão bons soldados, médicos, capitães do mar, poetas, caminhoneiros e astros famosos de cinema na Ásia inteira. São homens de palavra e, até mesmo em Calcutá, pode-se encontrar agiotas pashtuns que administram sistemas bancários de empréstimos baseados apenas na confiança. Os túmulos dos militantes da Al Qaeda se tornaram pontos de peregrinação para os pashtuns. Mulheres rezam ali para dar à luz filhos valentes. Em 1994 nasceu o bando de fanáticos guerreiros pashtuns, conhecidos como Talibã ou "estudantes", saídos das madrassas, as escolas religiosas do Paquistão, custeadas pelos sauditas. Depois do 11 de setembro, muitos dos talibãs de turbante negro, junto com seus mentores da Al Qaeda, fugiram para a área tribal pashtun. São muitos os relatos sobre combatentes da Al Qaeda vivendo entre os pashtuns na região tribal a oeste de Peshawar conhecida como Agência Mohmand. Logo depois de 11 de setembro de 2001, diz a história, o cabeça dos nômades kuchis aproximou-se do líder talibã, mulá Omar, e ofereceu- -se para proteger Bin Laden. O homem mais procurado do mundo deve ter apreciado a idéia: os kuchis, com seus rebanhos de cabras, carneiros e camelos, são pashtuns que vagueiam pelo Paquistão, Afeganistão e, às vezes, Irã. Raramente são parados nas fronteiras, e sabem manter os intrusos longe dos acampamentos, com seus ferozes mastins e sua famosa pontaria. Evitando as cidades e seguindo suas velhas rotas através de colinas e desertos, os kuchis têm a reputação de possuir uma rede de informações de causar inveja a qualquer agência ocidental de espionagem. E são mais de 1 milhão de pessoas, o que facultaria a Bin Laden desaparecer no meio deles ou ficar passando de tribo para tribo. ¨:::::::::: Um Incansável Professor O professor Hercen Rodrigues Torres Hildebrandt, concluiu o estudo fundamental no IBC, no final dos anos 50 e retornou 21 anos depois, concursado, para exercer o magistério. O jovem professor tentou de tudo para profissionalizar-se, mas jamais perdeu o elo com o Instituto, como todo ex-aluno. Sua caminhada profissional foi bastante complicada. Ele sempre procurou oportunidades no ensino público; mesmo com garra e empenho, o trabalho demorou a aparecer. "A culpa é da imagem estigmatizada de incapaz que a sociedade formou sobre a pessoa cega; o mercado é muito fechado, mas já foi pior. Hoje há mais diversidade, novos setores se abriram, o descrédito diminuiu", enfatiza o mestre. A música entrou em sua vida através dos amigos que lhe deram a oportunidade de transcrever partituras musicais para o Sistema Braille. "Todo cego que se preza gosta de ouvir rádio", explica. Além das notícias, Hercen gostou sempre de ouvir música instrumental brasileira, principalmente choro e MPB de qualidade. A paixão pela harmonia era tanta que formou-se no ano de 1971 em Teoria Musical e Solfejo, no Instituto Villa-Lobos, a Escola de Música da UNIRIO. À época, já lecionava na Escola Oscar Clark, onde manteve-se até retornar de vez ao IBC. Atualmente, o professor Hercen ensina informática, alfabetização em Braille para crianças e faz parte da comissão editorial da Revista Benjamin Constant. Hercen Hildebrandt tem planos para o futuro e jura que não se aposenta tão cedo: "Tenho disposição de sobra; enquanto estiver assim, não paro de trabalhar." Ao ser escolhido para esta edição, Hercen mostrou-se surpreso, dizendo achar sua vida pessoal muito comum para render um perfil. Mas acabou reconhecendo que não é um cidadão tão comum assim: "A vida de qualquer pessoa deficiente visual que viveu por conta própria, como cidadão normal e produtivo, é exemplo para todos os outros cegos. Não sinto a menor falta de cor, nem de luz, pois essas coisas são aprendidas, não são naturais; existem na ideologia hegemônica da sociedade", garante o incansável professor. ¨:::::::::: Jóias da Humanidade Vale do Loire O jardim dos reis da França Revista Próxima Viagem A região do Vale do Rio Loire (pronuncia-se "loar") pouco mais de 100 quilômetros ao sul de Paris, foi a residência preferida dos reis franceses durante o Renascimento. Isso fez com que as margens do Loire se enchessem de castelos, palácios e igrejas, desenhados pelas mãos dos grandes arquitetos da época. Dos 30 castelos que margeiam o rio, o de Chambord talvez seja o maior exemplo desse período. Construído a partir de 1519, por ordem do rei Francisco I, acredita-se que tenha sido um projeto de Leonardo da Vinci, amigo pessoal do rei e que vivia na corte francesa naquela época. Com 440 cômodos, foi idealizado como uma amostra do poder da realeza francesa para o resto da Europa. Outro castelo famoso é o de Chenonceau, às margens do Rio Cher -- um afluente do Loire --, que tem um salão de baile erguido sobre os arcos de uma ponte. Além dos castelos, o Vale do Loire tem outros 70 monumentos importantes para entender o período dourado dos reis franceses, incluindo propriedades feudais, igrejas e catedrais, como a de Chartres, tombada pela UNESCO. ¨ ::::::::::

Histórias Interessantes Na Corte de D. João, aulas de francês para escravos -- Em tempos politicamente corretos, a idéia, no mínimo, causaria arrepios. Mas, em 1808, foi apenas uma solução rápida para abrigar um problemão: onde instalar a Família Real portuguesa? A resposta estava na Quinta da Boa Vista, a melhor e maior residência da cidade, prontamente doada a Dom João, o príncipe-regente, e sua Corte. Por trás do donativo, um dos maiores empresários da época, Elias Antônio Lopes, que fizera fortuna com o comércio de escravos, como conta o economista Carlos Lessa, em seu livro "O Rio de todos os Brasis". "A doação da Quinta mostra a força do tráfico negreiro no Rio", diz Lessa no livro. Com D. João, vieram 15 mil portugueses que, acostumados ao fausto de Lisboa, inflacionaram a demanda por escravos: em 1821, 46 por cento da população do Rio eram servos -- em 1799, eram 21 por cento. Em 1850, entre as maiores fortunas da cidade, 39 por cento eram representantes do tráfico negreiro. E, para nobres e cortesãos, a presença de serviçais nas mansões exigia um certo refinamento. A tal ponto que, nos jornais cariocas da primeira metade do século XIX, proliferam os anúncios de aulas de francês e de prendas domésticas, destinadas aos escravos das boas famílias. Professores particulares ensinavam a ler, escrever, cozinhar, conduzir coches ou fazer jardins à moda de Paris. "Um escravo francófono e bom cozinheiro valia muito", observa Lessa no livro. ¨ *** Situação Estranha -- No mundo animal, os bichos mais bem adaptados para vencer grandes distâncias são os pássaros migratórios, como o maçarico-das-rochas. Esses passarinhos cruzam, todo ano, milhares de quilômetros ao sabor das estações. Imagina-se que, para cumprir essa tarefa, os bichinhos tenham que estar no auge de sua forma, o que, para um ser humano, significaria estar bem magro. Engano. Seu "treinamento" para a jornada não poderia ser mais surpreendente: um regime de engorda. Os maçaricos-das-rochas, por exemplo, chegam a dobrar de peso nos dez dias que antecedem a partida -- a maior parte do que ganham é gordura, que é queimada durante o vôo e usada como combustível. Seria interessante, então, para maratonistas humanos engordarem? Com as regras atuais das corridas, claro que não. Se a prova fosse intercontinental, uma travessia de centenas de quilômetros, em que os competidores não pudessem comer nada, os atletas mais gordos teriam mais chances de vencer, com certeza. Nas corridas humanas tradicionais, os competidores podem comer quando e quanto quiserem durante uma prova. Ou seja, é melhor correr magro para carregar o menor peso possível. Assim, a maior parte dos corredores de elite tem no máximo 6 por cento do peso do seu corpo constituído por gordura. Comer e beber durante o caminho tem suas desvantagens. Ultramaratonistas, que correm mais de 100 quilômetros, são obrigados a defecar e urinar durante a prova. E muitas vezes, eca! fazem isso sem parar de correr. ¨ *** Justiça Alternativa -- Uma tribo africana faz da lembrança e da afirmação do lado bom e positivo a melhor forma para inibir a delinqüência -- A tribo Babemba, do sul da África, tem uma estrutura social com um código surpreendente para a conduta delituosa. O fato de viver de um modo comunitário torna desnecessária a "mão forte", a repressão dura. Um visitante ficou comovido profundamente pelo modo tribal de manejar condutas anti-sociais e delituosas que são, na verdade, pouco freqüentes. Quando uma pessoa atua de uma maneira injusta, ou irresponsável, ela é deixada no centro da aldeia, sozinha. O trabalho é interrompido para que todos possam se reunir ao redor do acusado. Então cada um -- de todas as idades -- começa a lhe falar em voz alta. Um de cada vez, em público, vai dizendo as coisas boas que o acusado fez ao longo de sua vida. Cada experiência, cada incidente que possa ser recordado, é narrado com precisão e nos mínimos detalhes. Todos os atributos positivos, boas ações, valentias e amabilidades são recitadas extensamente e de forma muito amável. Não é permitido inventar, exagerar ou dramatizar esses aspectos positivos, mas dizê-los com sinceridade. A cerimônia termina depois que todos fizeram os comentários positivos. Ao final, se desfaz o círculo tribal e começa uma celebração festiva, e ao infrator é dada as boas- -vindas simbólicas e literais pelo seu regresso à tribo. ¨ ::::::::::

Artes O Bolero de Ravel Artur da Távola Ravel era filho de mãe espanhola e pai francês. Nasceu na fronteira entre a França e Espanha e o ensolarado país de sua mãe, sempre foi obsessão na obra dele. Tinha a Espanha no sangue. O Bolero é uma das peças mais surpreendentes e ao mesmo tempo mais populares da música erudita. Parece que é a mesma coisa tocada várias vezes, mas apesar da simplicidade de suas duas únicas melodias e do ritmo do bolero espanhol, a cada passagem há um jogo de instrumentação diferente na sua original e maravilhosa orquestração. E também modificações na intensidade, no ritmo e na sonoridade que vêm para o primeiro plano: primeiro a melodia, depois harmonia e ritmo. É uma obra que antecipou o som estereofônico, já provocou vaias e aplausos. E para que se veja como os autores desconhecem o mistério das próprias obras, em carta a um amigo, dizia Ravel: "Desejo que meu bolero não seja incompreendido e desprezado. Trata-se de uma experiência feita numa direção muito original que não tem por objetivo senão ser ela mesma." Acreditando que seria uma obra descartável, Ravel criou um clássico. ¨:::::::::: Brasil Gonçalves Lúcia Monteiro Olhando as ruas de Gonçalves recoberta com paralelepípedos, dá para perceber que esta cidade não é um lugar comum: das sete vias, duas são de sentido único, e, à noite, alto-falantes transmitem uma missa que pode ser ouvida em todas as casas das redondezas. Sua singularidade se torna especial quando se olha ao redor e se percebe a sua geografia privilegiada. O lugar fica num ponto muito particular da Serra da Mantiqueira, rodeado por picos -- o mais alto, Pedra Bonita, tem 2.120 metros --, cachoeiras e paisagens bucólicas. Em cada canto há uma pedra de nome esquisito, pedindo para ser escalada. Dá até vontade de saber o que pensaria João Cabral de Mello Neto dessa poesia da pedra em alto-relevo. Ao pé dessas montanhas, os 3.500 habitantes não se despedem de um visitante sem lhe contar uma boa história e mostrar os bairros repletos de araucárias, bromélias e casas centenárias. No meio dessa calmaria, algumas pessoas estão descobrindo o cenário de Gonçalves. A exploração mal começou -- o que significa que cada uma de suas pedras pode ainda esconder muitas surpresas. ¨*** Dinheiro Vai, Dinheiro Vem Cláudio Vieira A grande distância entre a Corte, de onde partem as decisões judiciais, e a Colônia, onde se burla a lei a três por dois, favorece o desmando. Roubos acontecem por toda a parte e são de toda ordem, muitas vezes com a colaboração das autoridades. Os piores, como iremos ver, são praticados por elas. A desordem beira o absurdo. Luiz Vahia Monteiro, o Onça, que governa o Rio entre 1726 e 1730, resolve acabar com a ladroagem. Entope cadeias, as celas dos fortes e ainda aluga residências, transformando-as em prisões. Mas os corruptos se multiplicam. Desesperado, Onça escreve ao Rei: "Senhor, nesta terra todos roubam, menos eu". Semanas depois, o governador é preso. Era suspeito demais. Com a chegada da Corte Portuguesa, em 1808, a maracutaia se instaura de vez. Mas é preciso manter a fachada de lisura e probidade. Por isso, no ano seguinte, D. João VI cria a Intendência Geral de Polícia, entregando seu comando ao desembargador Paulo Fernandes Viana -- um carioca honestíssimo, então com 59 anos. A ordem é trancar os corruptos na cadeia. Qual o quê! Viana começa a descobrir tanta coisa, envolvendo tanta gente importante, que acaba deixando a polícia em situação delicada. Como poderia levar os processos adiante? Em um deles, apura que há uma quadrilha de falsificadores de cavalos agindo no Rio de Janeiro. Os espertalhões arrematam pangarés por uma bagatela e depois os remarcam, usando os ferros da Cocheira Real. Os animais são vendidos como sendo de raça, dando margem a lucros fabulosos. Viana descobre que o chefe da quadrilha era Antônio Pereira de Abreu, barbeiro da Corte, que age mancumunado com Pedro de Alcântara, filho de D. João, que, mais tarde, viria a ser o Imperador do Brasil. É Pedro, aliás, quem fornece os ferros. O processo não dá em nada. Plácido fica com o dinheiro e D. João coloca um ponto final de *playboy* do filho, obrigando-o a casar com Dona Leopoldina de Habsburgo, arquiduquesa da Áustria. -- Quando chegou ao Brasil, D. João ficou impressionado com a quantidade de dinheiro que os daqui guardavam no colchão. Coisa de subdesenvolvimento. Para incentivar os depósitos e deixar o dinheiro sob a guarda do governo, cria, em 1808, o Banco do Brasil. Treze anos depois, em março de 1821, quando retorna a Portugal e deixa o Brasil nas mãos do filho, D. João manda raspar os cofres do BB e leva tudo para Lisboa. Ao todo, são 13 milhões de contos de réis. Os contistas ficam a ver navios. O monarca deixa apenas 200 contos de réis para que o filho toque as finanças do País. D. Pedro entra em desespero, pois só o pagamento das tropas absorveria 52 contos de réis. Escreve ao pai, queixando-se. E esse, mais tarde, envia a resposta: "Muito mais há de vir..." D. João estava certo. Em 1822, D. Pedro I proclama a Independência do Brasil. Mas, que independência era essa, que Portugal, a matriz, e Inglaterra, principal credora dos lusitanos, não reconheciam? Em 1825 D. Pedro viaja a Portugal para negociar com o pai, que retornara ao trono. D. João, então, faz a sua oferta: reconhece a autonomia do Brasil pela bagatela de 6 milhões de libras esterlinas. O Imperador não dispõe dessa fortuna. Aproveita a viagem e parte para a Inglaterra, onde obtém um empréstimo, inaugurando a dívida externa brasileira. Finalmente, Portugal, Inglaterra e as demais nações européias reconhecem que o Brasil já pode caminhar com as próprias pernas. No ano seguinte, D. João morre. Antes, declara, em testamento, que o filho Pedro de Alcântara é herdeiro de todos os seus bens. Ou seja, por questão de alguns meses, a nossa independência sairia de graça. ¨:::::::::: Ecologia Luz: A Nova Vilã Revista Superinteressante A República Tcheca proibiu toda a iluminação externa que não for realmente necessária. Os tchecos deram um passo à frente num assunto que está começando a freqüentar as conversas dos ambientalistas: a poluição luminosa. Relegada a segundo plano durante décadas, só agora ela parece atrair a atenção de cientistas. Há poucas pesquisas a respeito, mas todas revelam efeitos nefastos do excesso de luz. "Os luminosos de hotéis e outros estabelecimentos nas praias têm causado a morte de muitos filhotes de tartarugas do mar". Com a luminosidade, as tartarugas recém-nascidas se confundem e passam a caminhar sem rumo, em vez de ir para o oceano. Com isso, muitas amanhecem na areia e morrem torradas pelo sol, devoradas por predadores ou atropeladas nas estradas do Estado. Menos grave que o caso das tartarugas, mas também preocupante é a situação de insetos, sobretudo mariposas. O avanço das áreas urbanas quase sempre significa seu desaparecimento. Segundo o pesquisador americano Kenneth Frank, da Universidade de Nebraska, a tão comum revoada em torno das lâmpadas é um fenômeno nada natural, que acaba matando parte delas pelo contato com os bulbos e parte pelo ataque de predadores. Estudos mostram que, enquanto circulam em torno da luz, as mariposas perdem sua habilidade de detectar a presença de morcegos e outros inimigos. Assim, tornam-se presas fáceis. ¨:::::::::: Lugares do Mundo Fortalezas do Deserto Revista Terra "O céu aqui é tão estranho que é quase sólido, como se nos protegesse do resto. E o que é o resto? Não é nada, só a escuridão da noite. A noite absoluta." A frase é de Paul Bowles, escritor americano, no romance "O Céu que nos Protege". Sólido, luminoso e deserto de nuvens: assim é o céu que seca os rios, tinge as montanhas de rosa e protege as mais intrigantes estruturas de defesa do Marrocos, as casbás, que só nasceram e sobreviveram por tantos séculos por causa do clima extremamente seco da região. Parte da majestade do Marrocos está na Cordilheira do Atlas, que, dividida em três cadeias de montanhas -- Médio, Alto e Anti-Atlas -- corta o país ao meio de norte a sul. No inverno, seus picos, que chegam a ultrapassar 4 mil metros, são coroados de neve. E a cena se congela por longos seis meses. Depois desse período, os veios de água começam a escorrer, mantendo vivos os oásis que alimentam e dão sombra a um lugar onde o sol brilha quase todos os dias do ano. Não é à toa que o país é conhecido pelos árabes como Al-Maghreb al- -Aqsa, a terra mais distante do Sol poente. Ocupando quase metade de todo o território, o Saara aqui não é tão deserto e as dunas são poucas, ao contrário do que muitos imaginam. Os vales surgem de repente e os palmeirais formam extensas manchas verdes, indicando que os rios daqui são mesmo a fonte de vida. Conhecidos como oueds, os rios sazonais Drâa, Dadès e Ziz batizaram vales que abrigam boa parte daqueles que foram os primeiros habitantes do país, os berberes. De passado obscuro, origem nômade e famosos como guerreiros, eles foram resistindo às invasões de fenícios, romanos, vândalos, bizantinos, árabes, espanhóis e franceses -- sempre protegidos nos confins do Saara, onde se tornaram donos do deserto. Fixaram-se aos pés da Cordilheira do Atlas, agarraram-se à sua cultura e até hoje conservam seus dialetos e estruturas tribais. Mas a paz aqui nem sempre reinou. Tempestades de areia, saques e ataques de tribos inimigas obrigaram os habitantes dos vales a construir fortificações ao longo dos oueds: as casbás -- domínio de uma única família -- e os ksour -- do singular ksar, abrigo de toda uma comunidade --. Feitos de adobe, uma mistura de argila, terra, pedra e palha, as fortalezas mais parecem frágeis castelos de areia que podem desmoronar à primeira chuva. O interior dos ksour obedece a uma ordem hierárquica, segundo a classe social. Naturalmente, os mais ricos habitam as construções mais imponentes, mas todos dividem poço, mesquita, assembléia e cemitério. As torres e janelas minúsculas dessas fortalezas, guardam histórias de amores impossíveis entre clãs rivais e guerras feudais. Vivendo sob o comando de um sistema patriarcal, órfãos de um poder central e controlados por chefes de clãs que se intitulavam "Os Senhores do Atlas", os berberes eram apenas figurantes de uma terra de ninguém. Com o estabelecimento do protetorado francês em 1912, teve início um processo de pacificação que durou duas décadas. Até então era extremamente perigoso viajar por essa região. Chegar aqui hoje é pura emoção. Estradas estreitas e sinuosas rasgam as montanhas e se abrem para imagens vertiginosas: áreas profundas e escalvadas, vilarejos que se confundem com as cores dos planaltos e oásis, muitos oásis, que nem sempre são verdes. No Vale do Dadès, a natureza generosamente cortou um pedaço da montanha, criando um dos lugares mais magníficos e refrescantes do deserto: a Garganta do Todra. Seus paredões de pedra se elevam até 300 metros e fazem sombra durante a maior parte do dia sobre um curso de água fresca e cristalina que morre onde se estende uma gigantesca colcha de retalhos: oliveiras, pomares, plantações de grãos, hortaliças e uma infinidade de tamareiras. Embora o Vale do Dadès seja conhecido como a "Rota das Mil Casbás", é no Vale do Drâa, entre duas cidades de criação francesa, Ouarzazate e Zagora, que se percorre o caminho mais charmoso. O Drâa, no passado, era um rio permanente, que desembocava no Atlântico. Hoje suas águas, que nascem no Alto Atlas, percorrem montanhas e vão desaparecendo nas areias do deserto, deixando um rastro de mais de 100 quilômetros de palmeirais. Um vale onde o silêncio e as grandes muralhas -- das montanhas e das casbás -- provocam uma inquietante sensação de isolamento. As caravanas nômades, que até o século XIX atravessavam o deserto para buscar ouro, sal e escravos no Níger, no Sudão e em Timbuktu, no Mali, abriram caminho para cenários tão antigos quanto bíblicos. Neles, rebanhos de cabras e ovelhas invadem as cidadelas como se surgissem do nada e crianças nos lombos de burricos parecem vagar sem destino. Mas são as mulheres que roubam a cena. Com seus lenços, elas caminham carregando nas costas ou na cabeça imensos sacos de hortaliças. Enquanto isso, os homens aram as terras e se ocupam da compra e da venda de mercadorias. Os sinais dos tempos modernos em muitos vilarejos ainda são poucos, mas visíveis. Os terraços das casbás e dos ksour abriram espaço para antenas parabólicas e, há cerca de quatro décadas, os fios de eletricidade passaram a integrar-se à arquitetura. Apesar da escuridão da "noite absoluta", vivia-se razoavelmente bem até então -- do leite de camela e das tâmaras. ¨:::::::::: Ciência e Saúde Aparelho contra a seca no Nordeste -- Cientistas brasileiros e ingleses desenvolveram um aparelho que detecta água subterrânea a partir de variações eletromagnéticas perceptíveis da superfície. O aparelho, de fabricação australiana, foi eficaz ao encontrar água no Nordeste. ¨ *** Tecnologia -- Cirurgia sem corte trata tumor no cérebro -- Uma cirurgia sem corte, utilizada há dez anos no combate a tumores cerebrais benignos, vem sendo testada em alguns tipos de câncer no cérebro, um dos mais perigosos e mortais. O oncologista Hélio Lopes, do Instituto Nacional de Câncer-INCA, explicou que a técnica -- conhecida como radioneurocirurgia -- pode melhorar a qualidade de vida de milhares de pacientes. "Ao contrário da radioterapia tradicional, a radioneurocirurgia permite aumentar em até quatro vezes a quantidade de radiação sem afetar as demais partes do cérebro." A cirugia não envolve cortes ou incisões: a cabeça do paciente é fixada num equipamento que lê os dados sobre o tumor -- tamanho, localização e forma são reconstruídos num desenho tridimensional. "Ao invés de bombardear o cérebro inteiro com radiação, o tumor é atacado por finos raios, que penetram por vários pontos, mas atingem apenas o local afetado", explica Hélio, garantindo que os efeitos colaterais são insignificantes se comparados aos tratamentos convencionais. A técnica, que ainda é realizada experimentalmente, tem apresentado bons resultados contra tumores como meningioma e neurioma. ¨ *** Astronomia -- Por que não Vênus? -- Responda depressa: qual é o vizinho mais próximo da Terra? Se você falou Marte, errou. Vênus fica mais perto. Ainda assim, a NASA, a Agência Espacial Européia e até a China falam em ir para Marte. E ninguém se lembra de Vênus. Por quê? É verdade que as condições no vizinho não são nada convidativas. O calor, capaz de derreter uma bala de canhão, torna impossível encontrar água líquida por lá. A temperatura ambiente chega a 500 graus, o ar é composto por 96 por cento de gás carbônico e a pressão atmosférica é tão alta que se iguala à de 1 quilômetro de profundidade no mar. Marte, por sua vez, tem um clima nada caribenho -- calor lá é quando faz 30 graus negativos. Por que a preferência pelo gelado Marte ao tórrido Vênus? Há uma razão: é mais rápido pegar uma comida no freezer e aquecê-la do que tirá-la do fogo e esperar congelar. Mesmo com a vantagem para a ocupação de Marte, qualquer um dos planetas precisaria de milhares de anos de esforço para se tornar habitável. Marte teria que ser aquecido para evaporar a água que pode existir no subsolo e criar um efeito estufa que dê chance aos primeiros candidatos à vida. Vênus teria de ser resfriado para se livrar do gás carbônico e tornar o clima viável para a existência de água. Apesar de tudo, a Agência Espacial Européia planeja fazer um reconhecimento de Vênus. ¨ *** Arqueologia -- Cidade-fantasma no Egito -- Mina de ouro atraiu antigos para o deserto. Arqueólogos descobriram uma grande cidade-fantasma que foi um centro de mineração de ouro, no Egito, durante os séculos V e VI. A cidade tem 221 casas feitas com pedras de granito e fica em uma região do deserto raramente visitada, 100 quilômetros a leste da cidade de Luxor, entre o Nilo e o Mar Vermelho. As casas tinham portas e teto de madeira que desapareceram com o tempo. Chamada de Bir Umm Fawakhir, a cidade que pertenceu ao império bizantino contém vasos e cerâmicas com rótulos gregos datados daquela época. O apogeu de Bizâncio ocorreu após a queda do Império Romano. A civilização bizantina ocupou a Grécia e o Egito, que se tornaram parte de um novo império cristão. Mas o domínio cristão no Egito logo desmoronaria com o avanço do islamismo. A arqueóloga Carol Meyer, da Universidade de Chicago, disse que a região foi uma mina de ouro desde o tempo dos faraós. O metal ocorre em veios espalhados por entre o quartzo dos penhascos de granito da região. Meyer acha que os mineiros daquela época provavelmente usavam picaretas de ferro para quebrar o quartzo, que era triturado e lavado em água para separar o ouro. Um dos artefatos encontrados foi uma pedra usada para esmagar quartzo. "Estava lá, exatamente como foi deixada por um trabalhador, que interrompeu suas tarefas há mil anos e nunca mais voltou". A arqueóloga acha que a cidade foi abandonada quando o ouro se esgotou. As casas têm de dois a três cômodos. "Os estudiosos acham que as pessoas viviam miseravelmente naquela época devido ao declínio da economia e ao aumento dos impostos." Mas a cidade perdida mostra que havia mais poder econômico do que se pensava, porque os líderes locais foram capazes de sustentar uma grande comunidade no deserto. ¨ *** Paleontologia -- Genitais Milenares -- Uma equipe de alemães encontrou na Escócia os órgãos genitais fossilizados mais antigos da história, com 400 milhões de anos. Eles pertencem a um macho tipulídeo, inseto com patas longas que se alimentava do sumo de flores. Segundo a revista "New Scientist", o aparelho reprodutor equivale a dois terços do seu corpo. O fóssil também conservou o aparelho respiratório mais velho de que se tem notícia. A descoberta sugere que esses insetos haviam deixado há muito tempo o oceano. ¨ *** Pesquisa -- Boca Venenosa -- Após anos procurando a cola cicatrizante ideal, pesquisadores brasileiros a encontraram. E com a ajuda de um dos animais menos populares da Terra: as cobras cascavéis. Foi a partir desses répteis que pesquisadores da UNESP- -Universidade Estadual Paulista desenvolveram uma cola composta pelo seu veneno e pelo fibrinogênio -- uma proteína do plasma responsável pela coagulação do sangue -- de grandes animais. O veneno possibilita a aderência. A combinação dos dois componentes forma uma espécie de coágulo na região da cirurgia, facilitando sua cicatrização. A substância foi utilizada em enxertos de gengiva. Os pacientes receberam a cola em um lado da arcada dentária e pontos cirúrgicos no outro. Os enxertos com adesivos cicatrizaram mais rápido. A substância também apresentou bons resultados em enxertos realizados em pacientes com câncer de pele na região do nariz. ¨ *** Bem Viver -- Sinta-se Especial! -- A fé em si mesma começa a partir do momento em que você enxerga os seus próprios valores. Portanto, valorize seus pontos positivos, comemore a sua natureza humana e enxergue a sua bondade. Só assim você será capaz de perceber o quanto é especial, importante e única. Outra sugestão: resgate suas origens, recupere sua trajetória, retome projetos e realize desejos antigos. Atitudes como essas vão ajudá-la a fortalecer a sua personalidade e a colocar em prática os dons que a vida lhe deu. ¨ *** Infância e Adolescência -- Dar limites é dar Amor -- É proibido proibir? Como psicólogo e pai acredito que não. O limite é necessário para os parâmetros que a criança desenvolverá em sua vida. Anos atrás, quando a repressão fazia parte do cotidiano, ergueu-se a bandeira do "é proibido proibir". Pegaram carona nesse lema pais e educadores dando aos seus baixinhos uma liberdade total, acreditando que assim se encontraria o comportamento feliz e inteligente. Como resultado da ausência completa de limites, surgiram adultos inseguros, com dificuldade para escolher uma profissão, amadurecer e adaptar-se socialmente. Após uma reflexão, pais e educadores conscientizaram-se de que reprimir não é, e nunca será, o melhor caminho, mas "liberar geral" também não é. Hoje sabemos que "educar é saber frustrar", ou seja, colocar limites bem definidos, estabelecer parâmetros entre o sim e o não. ¨ *** Mulher -- Salomé, a musa das Dominadoras -- Mulheres demasiadamente possessivas e dominadoras devoram a identidade masculina dos companheiros e filhos. São as castradoras, cujo modelo histórico é Salomé, que pediu a Herodes a cabeça de João Batista. A castração é simbólica, mas o efeito é devastador. Dominam o parceiro e o deixam sem idéias próprias, desejos pessoais e individualidade. -- A Bíblia conta a história de Salomé, musa inspiradora da tribo das mulheres castradoras. No dia do aniversário do rei Herodes, da Galiléia, preparou-se um grande banquete e todos os poderosos foram convidados. Herodias, cunhada e amante do monarca, mandou-lhe, como presente, a filha Salomé executar a dança do ventre para hipnotizar o rei e seus convidados. No final da dança, Herodes, extasiado com a beleza e a sensualidade da jovem, lhe disse: "Eu te darei tudo que me pedires, mesmo se for a metade do meu reino." Indecisa, Salomé foi consultar a mãe: "O que eu vou pedir?" Herodias odiava o profeta João Batista, porque condenara sua relação com o rei, e sugeriu: "A cabeça de João Batista." Herodes cumpriu a promessa e Salomé dançou triunfante com a cabeça-troféu em uma bandeja. A tragédia apresenta um rico universo simbólico, que arranca, dos porões da alma masculina, antigas fantasias infantis de uma mãe devoradora. O grande paradoxo das Salomés surge na queixa de que seus parceiros são uns bananas, não tomam atitude alguma e não se comportam como homens. ¨ *** Zoologia -- Fidelidade Animal -- Os coiotes são extremamente leais com os seus companheiros. Se um deles cair em uma armadilha, o outro irá trazer-lhe pequenos animais para alimentá-lo e irá ensopar o seu pêlo no rio para o outro beber água. Está documentado que o coiote selvagem "se casa" para toda a vida. Sem parar de Voar -- A gaivota-negra vive cerca de oito anos, voando durante quase todos eles. Tanto que está dando um baile nos biólogos que tentam acompanhá-la no céu. Eles chegam a pensar que essa ave praticamente não pousa, depois que sai do nininho. Parte da história é conhecida. Logo após a primeira refeição, na região dos Pirineus, na França, os filhotes partem para o deserto do Saara, na África, onde passam o inverno. E aí começam as dúvidas. Biólogos suíços estudam o comportamento das gaivotas-negras. Verificaram que elas se alimentam de insentos, em pleno vôo. Mas não conseguiram ver nenhuma delas descansando, em algum oásis ou na própria areia do deserto. Nem mesmo na europa, para onde voltam na época de procriar. Este seria o único momento em que descem do céu. ¨ *** Alimentos -- A cebola -- A cebola contém uma substância, chamada glucoquinina, que fortalece o pâncreas, órgão responsável pela produção de insulina, hormônio que controla a taxa de glicose no sangue. Enquanto a maioria dos medicamentos para diabetes força o pâncreas a produzir mais insulina, sobrecarregando o órgão já deficiente, a cebola o fortalece, garantindo melhores condições para que ele trabalhe. O efeito terapêutico da cebola para os diabéticos, no entanto, só aparece quando a hortaliça é ingerida crua e em quantidade. É importante ressaltar que a cebola frita ou cozida perde 90 por cento da glucoquinina, a substância que "ajuda o pâncreas". Por isso, recomenda-se comer cebola crua ou levemente refogada. Recomenda-se tomar três xícaras de suco de cebola por dia. Se achar o gosto um pouco forte, vale a pena misturar com suco de limão. A cebola também é rica em vitamina C, compostos orgânicos sulfurados, que combatem resfriados, e adenosina, substância que melhora o fluxo sangüíneo. O suco de cebola pode e deve ser receitado a outros tipos de pacientes, como os que têm alta taxa de colesterol. A hortaliça também possui boa concentração de flavonóides, capazes de evitar o entupimento das artérias. ¨ *** Osteoporose: A Doença Silenciosa -- Para ajudar na prevenção da osteoporose é aconselhável uma alimentação balanceada e rica em cálcio, magnésio e vitaminas D e K. Tomar banhos de sol regularmente é mais uma medida importante. ¨ *** Remédios Caseiros -- Ervas: Arruda -- Boa para acabar com as pulgas dos animais de estimação. Um raminho amarrado na coleira é mais do que suficiente para deixá-las longe. Altamente tóxica, o uso da arruda deve ser restrito a banhos, cataplasmas e para purificar ambientes. Segundo a crença popular, afasta o mau-olhado e atrai boa sorte. Alecrim -- Útil nos estados depressivos, a erva dá força e vigor àqueles que sentem exaustão por causa da intensa atividade física e intelectual. No uso doméstico, ramos de alecrim são colocados entre as roupas para evitar as traças. Louro -- Bom para aliviar dores do reumatismo e de batidas. Adicionadas nos banhos de imersão, as folhas atenuam o cansaço. Seu óleo é usado para o tratamento de hemorróidas. Capim-limão -- Tem efeito relaxante, calmante e sedativo. É apropriado para o tratamento do reumatismo e das dores musculares. Amoreira -- Essa árvore é quase uma minifarmácia, pois suas propriedades terapêuticas são encontradas nas folhas, flores, raízes e até na casca. Cada uma tem a sua serventia: dor de dente, tosse, dores estomacais e prisão de ventre estão entre os males combatidos. ¨:::::::::: Variedades Dicas Contra os Insetos -- Espalhe cravos da índia no armário da cozinha e espante as formigas. Pedaços de limão murchos, espalhados pela casa, também fazem as formigas desaparecerem. Bolas de naftalina colocadas perto do lixo eliminam o mau cheiro e afastam os insetos. Para espantar moscas e mosquitos, corte limões ao meio, espete vários cravos e espalhe pelo ambiente. Para espantar as traças, espalhe pelos armários e gavetas um pouco de pimenta-do- -reino em grão ou naftalina. Um galhinho de arruda seco colocado sobre a mesa da cozinha afugenta as moscas. Para as formigas não ficarem no interior do açucareiro, ponha pedaços de casca de limão ou cravos. Contra baratas: Misturam-se partes iguais de açúcar e gesso, que as fará estalar por dentro e não poderão se reproduzir. O preparado é inócuo para os humanos e não contamina os alimentos. Coloca-se em tampinhas vazias, dentro de móveis, armários e bancadas. Folhas de tomate são excelentes repelentes contra mosquitos. Coloque essas folhas nas janelas para evitar que entrem. ¨*** Humor Um homem, que acabara de ser operado, comentou com o amigo: -- Aprendi muito enquanto estive internado, me recuperando da cirurgia, no hospital. Por exemplo, você sabe por que os cirurgiões usam luvas de borracha? -- Não -- respondeu o outro. -- Para não deixarem impressões digitais. Foram buscar o condenado à morte na cela e fizeram a clássica pergunta: -- Qual é o seu último desejo? -- Ver meus netinhos, seu juiz. -- Como, se aqui na sua ficha consta que nem casado o senhor é? -- Tudo bem, eu arranjo uma noiva, a gente se casa, tem filhos, espera crescerem e, depois de um tempo, eles também se casam e... Diante da cara e do silêncio do juiz, o condenado concluiu: -- É, já vi que vocês estão com má vontade! Dona Célia estava com algumas amigas em casa e resolveu gabar-se das qualidades de seu marido: -- Ele é muito bom, me trata muito bem, faz um planejamento financeiro ótimo aqui em casa, não deixa faltar nada. A única coisa que me desagrada nele é que é sifilítico. -- As amigas ficaram boquiabertas. Nesse exato momento, o marido colocou a cara pela porta da sala e berrou: -- Filatélico, mulher, filatélico! O bêbado que caiu de cara na poça d'água -- Um homem saiu do bar completamente bêbado e caiu de cara dentro de uma poça d´àgua. Lá ficou desmaiado por alguns minutos, até que uma alma caridosa resolveu parar e acudir o homem. -- Levanta daí, seu bêbado! -- dizia ele cutucando o cachaceiro. Então o bêbado acordou gritando: -- Leve as mulheres e crianças primeiro! (hic) Eu sei nadar! Terminado o velório, os agentes da funerária começam a fechar o caixão. Desesperada, a viúva se atira sobre o corpo do marido e começa a soluçar: -- Ai, meu querido! Eles vão te levar para onde não há luz, não há comida, não há bebida, não há nada... Nessa hora um bêbado encostado na soleira da porta, resmunga: -- Não é que vão levar esse desgraçado lá para a minha casa!? ¨*** Pensamentos "A coragem é muito importante. Tal qual os músculos, o uso a fortalece." Ruth Gordon (1896-1985), atriz americana. "A beleza é uma letra que se vence à vista, a sabedoria tem o seu vencimento a prazos." Marquês de Maricá. "Se a pessoa é interessante, o assunto não importa." Louis Kronenberger (1905-1980), crítico e escritor americano. "Ocupe-se, trabalhe e não pense na idade." Sarah Clark Knauss, americana, ao revelar o segredo de sua longevidade. "Cuidado com a solidão. Ela vicia tanto quanto as drogas." Paulo Coelho, escritor carioca. "Os cegos, mais do que aqueles que conseguem ver, precisam ser tocados. Um toque físico é igual a olhar alguém nos olhos." Diane Schuur, americana cega, cantora de jazz. "O passado é o futuro usado." Millôr Fernandes, escritor, dramaturgo, tradutor e humorista. "Não é o amor que é cego, mas o ciúme." Lawrence Durrell (1912-1990), escritor inglês, autor de "Quarteto de Alexandria", *best-seller* na década de 60 na Europa. "Devemos ter sempre velhas lembranças e novas esperanças." Arsène Houssaye (1815-1896), escritor francês. "A esperança é um sonho que caminha" Aristóteles (384-322 a.C.), filósofo grego. "Caminho sempre no rumo do horizonte, o que nunca me leva a nenhum lugar, mas a cada passo me promete o infinito." Sinval Medina, escritor gaúcho; lançou o épico Tratado da Altura das Estrelas. Edipcurs-Instituto Estadual do Livro. "Mede-se a força da virtude, não por ações excepcionais, mas pelos hábitos cotidianos." Blaise Pascal (1623-1662), escritor, filósofo, matemático e físico francês. "Um pouco de paixão, aumenta o espírito; demasiada, apaga-o". Henri Beyle, chamado Stendhal (1783-1842), escritor francês. "Dos teus alimentos farás a tua medicina." Hipócrates (460-377 a.C.), médico grego. "Aprendamos a lição da cana-de-açúcar que recebe a luz do sol, é moída, prensada e só oferece doçura." D. Hélder Câmara. "Se as coisas são inatingíveis... ora, não é motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos se não fora a presença distante das estrelas." Mario Quintana (1906-1994), poeta gaúcho. "Normalmente se leva mais de três semanas para preparar um bom discurso de improviso." Samuel Langhorne Clemens Twain, o Mark Twain (1835-1910), autor de "As aventuras de Tom Sawyer". "A obra de arte; é um fato histórico que continua agindo no presente." Giulio Carlo Argan (1909-1992), italiano, historiador de arte, escreveu "Clássico Anticlássico" Companhia das Letras. "O espírito esboça, mas é o coração que modela." Auguste Rodin (1840-1917), escultor francês. "O mito é o nada que é tudo." Fernando Pessoa (1888-1935), poeta português. "Quando começamos a deixar de levar a sério nossos fracassos, isso significa que não mais os receamos." Katherine Mansfield (1888-1923), escritora inglesa. ¨ *** História das Frases -- "Paris vale uma Missa" -- Quem disse essa frase foi Henrique IV (1553-1610), rei de Navarra e, depois, da França. Por achar que Paris valia uma missa, abjurou o protestantismo duas vezes, tornando-se católico por conveniência. Primeiro, para se casar com Margarida de Valois, a rainha Margot (1553-1615), a quem, mais tarde, repudiou. Escapou do massacre da Noite de São Bartolomeu, tornou-se rei da França, voltou ao protestantismo e abjurou-o de novo por motivos políticos. Morreu assassinado. Paris valeu-lhe outras tantas missas, mas por sua alma. O significado da frase é de que vale qualquer sacrifício quando o objetivo é essencial. ¨ *** Etimologia -- "Baderna" -- A bailarina italiana Marietta Baderna, ao apresentar-se no Brasil em 1851, causou verdadeiro rebuliço entre seus fãs, logo apelidados de "os badernas". Marietta tinha um comportamento liberal demais, considerado escandaloso para os padrões do Brasil do século XIX. Seu sobrenome deu origem ao termo que significa confusão, bagunça. ¨*** Que intriga... Intriga Por que a tartaruga é Lenta? -- Porque não precisa ser rápida. Durante a evolução, ela se adaptou a um outro tipo de vida. E se adaptou muito bem. Seu casco lhe dá proteção necessária contra os inimigos naturais. Só se pode dizer que as tartarugas são lerdas, caminhando. As marinhas, nadam rápido, a mais de 20 quilômetros por hora. A temperatura do corpo também influi no ritmo da tartaruga. Com o inverno, o animal fica bastante lento e pode chegar até a hibernar. Morcegos que fecundam Plantas -- Algumas plantas são polinizadas pelos morcegos durante seus vôos. Entre elas, estão o maracujá, o imbiruçu, a unha-de-vaca, o pequi, a dedaleira e o cuietê. Os morcegos que visitam plantas, fazem parte da família dos filostomídeos, e a diversidade de seus hábitos alimentares é grande. É comum que muitas espécies visitem simultaneamente a mesma planta e o pólen é difundido através da sua pelagem. ¨*** Receitas Batatas cozidas com molho de Alecrim: 4 batatas grandes cozidas; um quarto de xícara de chá de folhas de alecrim; meia xícara de chá de folhas de salsinha; 1 dente de alho; meia xícara de chá de nozes; meia xícara de chá de azeite; 2 colheres de sopa de queijo ralado; sal e pimenta-do-reino. Modo de fazer: Corte as batatas com casca ao meio, no sentido do comprimento. Coloque-as em uma foma refratária, com o corte para cima. Reserve. Aqueça o forno em temperatura média de 180 graus. Coloque todos os outros ingredientes no liquidificador e bata. Será necessário ligar e desligar o aparelho algumas vezes, para facilitar o processo. Se achar necessário, acrescente mais um pouco de azeite; a idéia é obter um creme grosso. Distribua este creme sobre as batatas e leve ao forno por alguns minutos, para aquecer. Sirva imediatamente, como uma entrada. Sopa de Legumes: 200 gramas de carne magra (patinho ou chã); 100 gramas de cenoura; 100 gramas de vagem; 100 gramas de couve-flor em pequenos buquês; 100 gramas de brócolis em floretes; 1 cebola inteira; sal e molho shoyo de soja; 1 litro de água e orégano a gosto. Modo de fazer: Pique a carne, a cenoura e a vagem. Leve ao fogo, numa vasilha grande, com água. Junte os demais ingredientes discriminados acima. Deixe cozinhar em fogo lento. Depois de cozido, retire do fogo e espere esfriar um pouco. Leve ao liquidificador. Bata. Leve de volta ao fogo. Sirva bem quente, com a salsa e o orégano a gosto. Receitas com cascas de Frutas -- Bolo de Casca de Banana: cascas de 9 banana maduras; 1 xícara e meia de chá de açúcar; 2 ovos; 2 colheres de sopa de margarina; 2 xícaras de chá de farinha de trigo; 2 colheres de sopa rasas de fermento em pó; gotas de baunilha; canela em pó a gosto. Modo de fazer: Bata no liquidificador as cascas de banana, com água, e reserve. Numa tigela, bata as gemas, o açúcar e a margarina. Junte as cascas batidas, a farinha de trigo, o fermento em pó, a baunilha, a canela e misture; acrescente as claras em neve e misture com cuidado. Asse no forno, em assadeira untada. Pavê de Laranjas: 1 pacote de biscoito champagne de 200 gramas; 1 garrafa de sidra; 4 laranjas-baía em gomos sem as peles brancas; 200 gramas de creme de leite; 3 colheres de sopa de chocolate em pó; 4 colheres de sopa de nozes moídas; 2 colheres de sopa de manteiga; 5 colheres de sopa de açúcar. Modo de fazer: Molhe os biscoitos na sidra e monte nesta ordem: biscoitos, creme de leite batido com açúcar, chocolate e manteiga. Repita o processo, deixando o creme de leite por último. Em cima coloque os gomos de laranja, polvilhe as nozes moídas e sirva bem gelado. ¨*** Utilidade Pública on-line está no ar desde #aj.#aa.#bjjc Quem quiser tirar uma cópia da certidão de nascimento, ou de casamento, não precisa mais ir até um cartório, pegar senha e esperar um tempão na fila. O cartório eletrônico já está no ar! Nele você resolve estas e outras burocracias, 24 horas por dia, on-line. Cópias de certidões de óbito, de imóveis, e protestos também podem ser solicitadas pela Internet. Para pagar, é preciso imprimir um boleto bancário. Depois, o documento chega por Sedex. O endereço é: ~,http:÷÷www.~ cartorio24horas.com.br÷~ index.htm~, :::::::::: Informativo IBC Atletas de ouro do IBC dão exemplo de superação Os atletas paraolímpicos do Instituto Benjamin Constant-IBC, realmente brilharam em Atenas, na Grécia. Anderson Dias, Sandro Laina, Rodrigo Machado, Hilário Moreira e Carolina Ruas, além de trazer medalhas, deram exemplos de coragem e determinação. Os professores de Educação Física e treinadores do IBC, Ramon Pereira de Souza e Paulo Sérgio de Miranda, fizeram uma preparação intensiva com os desportistas, o que rendeu excelentes resultados. Anderson e Sandro, titulares da Seleção Brasileira de Futebol de Cinco, como dupla de área, sagraram-se campeões mundiais e conquistaram a me dalha de ouro. ¨ *** Teatro infantil ensina as crianças como foi inaugurado o Instituto Benjamin Constant -- As artes cênicas sempre foram uma das manifestações artísticas preferidas de alunos e professores do Instituto Benjamin Constant-IBC. Na manhã do dia 16 de setembro, véspera do aniversário de 150 anos da escola de cegos mais antiga da América Latina, as classes da Educação Infantil fizeram uma grande festa, sob a coordenação da professora Aparecida Maria Maia Cavalcante. A partir da idéia de mostrar às crianças a importância do IBC através da brincadeira tea- tral, as educadoras Luzia Lopes, Ana Nóbrega, Angélica Bastos, Rosane Mattos e Ana Lúcia Silva, proporcionaram, aos alunos, algo mais durante a encenação da peça sobre a fundação do Instituto Benjamin Constant. Na platéia da sala de recreação, estavam a diretora-geral, Érica Deslandes, a chefe-de-gabinete, Maria da Glória Almeida, professores, mães, pais, servidores e convidados, que aplaudiram emocionados a performance dos atores mirins: Carlos Oliveira, 5 anos; viveu o papel do Imperador D. Pedro II; o grande idealista José Álvares de Azevedo, foi representado por Rafael Viana, de apenas 4 anos; Patrick Barbosa, 5 anos, interpretou o ilustre Dr. Xavier Sigaud, o primeiro diretor do Instituto; um dos magnatas da corte, o Barão do Café, ganhou vida através de Luciano Lima, 7 anos, e o anunciador do palácio teve a graciosa interpretação de Alecsander Junior, de 5 anos. Além da brilhante participação na montagem teatral, as crianças cantaram uma adaptação da música *Linda Rosa Juvenil*, referindo-se ao período inativo do antigo Jardim de Infância, por motivos políticos. Distribuição de medalhas comemorativas, bolo e guaraná fizeram a alegria de todos. ¨:::::::::: Noticiário Especializado Aviso -- 1ª turma do curso de Leitura e Escrita em braille, promovido por um ex-aluno do IBC -- Josemar Araújo. Local do curso: Associação de Moradores Bairro de Cachoeira do Vale Município de Timóteo -- MG ¨:::::::::: Troca de Idéias Anderson de Castro Silva Rua Júlia Alves dos Santos n.o 71, casa 1, Bairro: Vale da Simpatia São João de Meriti, RJ 25565-240 Tenho 17 anos e gostaria de conhecer moças e rapazes de 17 a 25 anos que sejam evangélicos ou não, para fazer amizade. André da Silva Laranjeira Estrada do Camboatá n.o 4040 B Rua Rosinha Garotinho, n.o 32 Costa Barros, RJ 21650-100 Tenho 23 anos. Gostaria de fazer amizade com moças e rapazes de qualquer cidade do Brasil. João Carlos de Oliveira Rua Riscala Chacur, n.o 473 Bairro: Jardim Paulista Várzea Paulista -- SP 13220-000 Tenho 26 anos, sou evangélico e jovem trabalhador. Tenho visão subnormal. Gostaria de corresponder-me com moças de 18 a 29 anos para uma linda amizade ou, quem sabe, um compromisso sério. ¨:::::::::: Ao Leitor Solicitamos, aos leitores da RBC, que nos enviem seus endereços completos, para evitar que suas revistas voltem. Favor verificar se estão retidas no correio. Ailton Ribeiro de Souza Alesssandro Câmara de Souza Alzedio Cruz Ana Carmen Dias Ângelo Pastori Antônio José de Paula Antônio Luis Araújo Associação de Pais e Amigos de Deficientes Visuais Associação Fluminense de Amparo aos Cegos Carlos Alexandre de Oliveira Centro de Referência e Apoio à Educação Edmilson José da Silva Fabiano Batista de Freitas Fátima de Jesus Torres Fátima Eloísa O. dos Santos Fátima Santanna Curty Geraldo Ináci Geraldo Pinheiro da Fonseca Filho Gilberto Gomes João Musi Tavares João Pereira Netto José Pereira da Costa Laércio Sant'ana Luzia Belarmiro de Souza Marcelo Bondia Siqueira Marciano Monteiro Mariangela Cilleruelo Miguel Menezes Nilza Almeida Odair Antônio Artioli Ricardo Alves Teodoro Silmara Cristina de Souza Sônia Maria Salomon Tereza Patrocínio da Silva Vanildo Inácio Vargas ::::::::::