Revista Brasileira para Cegos Ano LXXIX, n.o 563, outubro/dezembro de 2021 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Publicação Trimestral de Informação e Cultura Editada e Impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1942 pelo Prof. José Espínola Veiga Av. Pasteur, 350/368 Urca -- Rio de Janeiro-RJ CEP: 22290-250 Tel.: (55) (21) 3478-4457/3478-4531 ~,revistasbraille@ibc.gov.br~, ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.br~, Livros Impressos em Braille: uma Questão de Direito

Diretor-Geral do IBC João Ricardo Melo Figueiredo Comissão Editorial: Geni Pinto de Abreu Heverton de Souza Bezerra da Silva Hyléa de Camargo Vale Fernandes Lima João Batista Alvarenga Maria Cecília Guimarães Coelho Rachel Ventura Espinheira Colaboração: Carla Maria de Souza Daniele de Souza Pereira Regina Celia Caropreso Revisão: Hyléa de Camargo Vale Fernandes Lima Transcrição autorizada pela alínea *d*, inciso I, art. 46, da Lei n.o 9.610, de 19/02/1998. Distribuição gratuita. Arquivo da revista disponível para impressão em Braille: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ~ publicacoesÿrevistas~, Nossas redes sociais: Anchor: ~,https:ÿÿanchor.~ fmÿpodfalar-rbc~, Facebook: ~,https:ÿÿwww.~ facebook.comÿibcrevistas~, Instagram: ~,https:ÿÿwww.~ instagram.comÿrevistas{-~ rbc{-pontinhosÿ~, Spotify: ~,https:ÿÿopen.~ spotify.comÿshowÿ~ 1EA1x0ITAu~ UEUR5GoLU5$9y~, Youtube: ~,https:ÿÿwww.~ youtube.comÿ~ RevistasPontinhoseRBC~,

Revista Brasileira para Cegos / MEC/Instituto Benjamin Constant. Divisão de Imprensa Braille. n.o 1 (1942) --. Rio de Janeiro : Divisão de Imprensa Braille, 1942 --. V. Trimestral Impressão em braille ISSN 2595-1009 1. Informação -- Acesso. 2. Pessoa cega. 3. Cultura -- Cego. 4. Revista – Periódico. I. Revista Brasileira para Cegos. II. Ministério da Educação. III. Instituto Benjamin Constant. CDD-003.#edjahga Bibliotecário -- Edilmar Alcantara dos S. Junior -- CRB/7 6872

Sumário Editorial :::::::::::::: 1 Ex-aluno deficiente visual do Polo Cederj de Rio Bonito dá exemplo de superação ::::::::::::: 4 Nunca amei ninguém ::::: 11 Observe suas mãos :::::: 16 O Peru de Natal :::::: 21 Tirinhas ::::::::::::::: 39 Calvin e Haroldo :::::: 40 Desafios ::::::::::::::: 45 Pensamentos :::::::::::: 47 No Mundo das Artes ::: 48 Vik Muniz ::::::::::::: 48 Maravilhas do Mundo ::: 54 Taormina ::::::::::::::: 54 Nossa casa ::::::::::::: 62 Vida e Saúde :::::::::: 66 Síndrome da cabana: isolamento pode causar medo excessivo de sair de casa ::::::::::::::: 66 Culinária :::::::::::::: 75 Humor :::::::::::::::::: 77 RBC *News* ::::::::::: 80 Espaço do leitor ::::::: 82 Editorial Caro leitor, Aqui estamos novamente. E como esse ano passou rápido, repleto de acontecimentos, nem todos para comemorar, mas todos, com certeza, marcantes e transformadores. Este número vem para fazer você relaxar um pouco com as ideias muito peculiares, ou talvez mais comuns do que pensamos, da Tati Bernardi e para você refletir sobre o trabalho das mãos, parte do corpo tão importante para os cegos. Mas será que só para eles? Vem também trazendo um estímulo para quem acha que passou da hora de continuar seus estudos. Existem muitas maneiras de conciliar nossas atividades se houver interesse, acessibilidade e, acima de tudo, um objetivo a alcançar. Veja aqui a história de nosso colega Elvis Filgueiras. Mário de Andrade nos fará refletir, com seu humor um pouco ácido, sobre situações que toda família já viveu. Natal é tempo de amar a cada um como é, com qualidades e defeitos. Relaxe também sonhando, quem sabe, com uma viagem a Taormina, na Sicília. Talvez, quando as viagens estiverem liberadas... Parece que a pandemia, que ainda não acabou, já deixou em muitas pessoas marcas bem profundas. Você já ouviu falar em Síndrome da Cabana? Conheça alguns aspectos desse transtorno e observe bem seu próprio comportamento para poder se ajudar sempre que necessário. Toda criança gosta de brincar com os mais diferentes materiais. Vik Muniz prova que elas têm razão, utilizando coisas inimagináveis para fazer suas obras de arte. Conheça um pouco da trajetória desse artista brasileiro, conhecido internacionalmente. Calor, no Brasil, é melhor nem comentar. Parece que, só de falar, ele aumenta. Então, aproveite nossos sucos detox, anote dicas para sua casa, exercite a mente com os desafios, que são bem mais fáceis do que os da vida. Que nosso trabalho traga sempre, para você, momentos de diversão, descontração, cultura e muita, muita leitura em braille, pois isso é fundamental. Boa leitura! Comissão Editorial õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Ex-aluno deficiente visual do Polo Cederj de Rio Bonito dá exemplo de superação Os novos alunos do Consórcio Cederj, que reúne instituições de ensino superior do Estado do Rio de Janeiro, começaram a jornada rumo ao diploma do ensino superior no dia 20 de fevereiro, quando aconteceu a aula inaugural. Trajetória que Elvis Filgueiras Ramos, de 36 anos, já percorreu e que serve de inspiração para os calouros. Deficiente visual, Elvis é exemplo de superação e de que, com força de vontade e dedicação, é possível conciliar trabalho, estudos e família. No dia 30 de janeiro, ele defendeu o trabalho final do curso de Pedagogia ofertado pela UniRio e deixou familiares, colegas e equipe do Polo Cederj de Rio Bonito, onde estudou, muito orgulhosos com a conquista e com a nota obtida: 10,0. “Ver meu esposo subir esse degrau na vida é uma grande alegria, pois a vitória dele é a nossa também. Por muitas vezes, o vi virar noites sem dormir para dar conta dos estudos, principalmente em dia de prova. Ele é bastante dedicado e disciplinado em tudo o que faz e não foi diferente na graduação, sem se esquecer dos cuidados com a família, sendo um excelente esposo e pai”, fala com carinho Sebastiana de Carvalho Campos Ramos, de 36 anos, com quem Elvis é casado há dez e tem duas filhas, Rafaela, de 7 anos, e Lara, de 4. Elvis perdeu a visão aos três anos de idade devido a uma alergia medicamentosa. Com uma febre muito alta e que não passava, ele tomou um remédio que provocou manchas e feridas em todo o seu corpo. Os pais o levaram rapidamente para o hospital, onde ficou internado 21 dias no Centro de Tratamento Intensivo. Elvis acabou ficando com sequelas que atingiram suas córneas. Ele conta que optou por Pedagogia, porque queria estudar Educação Especial. A escolha do tema do seu trabalho de conclusão de curso – Tecnologias Assistivas em Sala de Aula e Sua Importância – foi algo natural: “A abertura de novas perspectivas de aprendizagem, que a Tecnologia Assistiva oferece aos alunos com necessidades educacionais específicas, revela-se como um impulsionador para que esses estudantes alcancem seus objetivos. Os profissionais também precisam estar preparados para atender esses alunos em sala de aula”. Parafraseando a escritora Mary Pat Radabaugh, “para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis; para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis”. Para dar autonomia a Elvis na elaboração do trabalho final, a equipe do Polo Cederj Rio Bonito utilizou ferramentas como leitores de tela, gravador, atividades como vídeos e filmes com audiodescritores, além de sites com acessibilidade. “Fiquei lisonjeada em ser a orientadora do Elvis, um aluno extremamente inteligente, e porque a inclusão deve ser uma realidade. Fui sua ledora e *escriba* e estipulamos metas. Ele fazia as leituras por áudio, através dos arquivos em PDF, e fichávamos os pontos mais pertinentes”, explicou a professora

Denise Barbosa Pinto Neves. Além da professora Denise, que é mediadora pedagógica de apoio, o diretor do polo de Rio Bonito Charlles da Fonseca Luca, e a professora Leomar Rodrigues de Avellar Baptista, articuladora acadêmica e mediadora pedagógica na licenciatura em Pedagogia/ /UniRio, acompanharam de perto a formação de Elvis. “O Polo Cederj de Rio Bonito, do qual sou diretor desde 2016, *preconiza* o cumprimento do acolhimento humanizado de todos os estudantes, que trazem trajetórias bem diferentes. E o primeiro aluno com deficiência visual formado no polo foi o Victor Uchôa, que cursou Tecnologia em Sistemas de Computação pela Universidade Federal Fluminense (UFF)”, relembra.

Polos Cederj O Polo Cederj de Rio Bonito é uma das 35 unidades espalhadas pelo Estado e oferece os cursos de Matemática/UFF e Pedagogia /UniRio, Tecnologia em Sistemas de Computação/ /UFF e em Segurança Pública/UFF e, a partir do 1º Semestre de 2021, o bacharelado em Biblioteconomia/UFF. “O Polo Cederj de Rio Bonito é um marco em minha trajetória acadêmica, pois me abriu as portas para ingressar no ensino superior, sem contar a maravilhosa equipe de profissionais que muito contribuiu para minha formação. Sinto uma imensa alegria em vencer mais uma etapa e a sensação de iniciar um ciclo e poder fechá-lo, é algo indescritível”, disse Elvis, que é morador de São Gonçalo. O presidente da Fundação Cecierj, Jorge Roberto Pereira, destaca que a esta Fundação, através do Consórcio Cederj, entrega o conteúdo, e cabe ao aluno a parte mais importante dessa trajetória, que é incorporar os conhecimentos e a prática de uma profissão. “O Elvis, que já revelou o desejo de dar prosseguimento aos estudos, nos enche de orgulho por ter sido nosso aluno. Que a história do Elvis sirva de inspiração para os estudantes que começam a jornada da graduação”. Publicado em 22 de fevereiro de 2021 Fonte adaptada: ~,http:ÿÿ~ folhadaterradigital.~ com.brÿÿex-aluno-~ deficiente-visual-~ do-polo-cederj-de-~

rio-bonito-da-exemplo-~ de-superacaoÿ~, Nota: Elvis Filgueiras Ramos é ex-aluno do Instituto Benjamin Constant e trabalha como revisor na Imprensa Braille desse instituto. Vocabulário Escriba: s. m. Profissional que copiava manuscritos ou escrevia textos ditados. Preconizar: v. Recomendar, incentivar, pregar. :::::::::::::::::::::::: Nunca amei ninguém Tati Bernardi Não sei quem deu meu telefone para Clécio, mas ele, ignorando por completo a versão mais *atribulada* e

desinteressada da minha voz, noticiou meu prêmio com o timbre alegre-lobotomizado dos vendedores que confundem boçalidade com ambição: "A senhora foi sorteada e ganhou 70% de desconto na dedetização!" Expliquei que tinha cachorro, rinite, trabalho, mas Clécio insistiu, dizendo que usaria um gel natural e seria tudo muito rápido. Falei que receberia visitas nos próximos dias, link que Clécio rapidamente usou para falar das "indesejadas" como baratas, ratos, cupins e até mesmo escorpiões. Eu estava prestes a implorar pra desligar o telefone quando fui nocauteada por um golpe baixo: "Isso pra não falar das doenças causadas por bactérias e viroses". Combinamos uma visita "sem compromisso" (a frase que eu mais odeio no mundo, seja para ex- terminar pragas, escrever um filme ou jantar numa quarta-feira) para a manhã seguinte. Desmarquei uma reunião e fiquei aguardando Clécio, que estava agendado para às nove, reagendou para às 11 e mandou uma mensagem às três da tarde: "Problemas pessoal". Não gostei de ler aquilo. Então a pessoa te liga, insiste, dá desconto, deixa claro que você é especial, te coloca medo falando de vírus... e não vem? E o que ele quis dizer com "problemas pessoal"! Outra mulher? Mais nova do que eu, mais magra do que eu, com menos dores *sacrolombares* do que eu. No dia seguinte nada e no outro dia seguinte, nada. Chegou sexta e nada. Apenas porque a natureza é ao mesmo tempo gloriosa e terrível, naquela específica semana em que Clécio desapareceu, as

formigas aumentaram consideravelmente e um filhotinho de barata apareceu no armário dos sapatos. Eu estava ilhada num mundo impuro com meus amigos rastejantes e a rejeição era o nosso principal alimento. Recém-completados sete dias do descarado sumiço de Clécio, comecei a bombardear seu celular com mensagens que 1) davam o recado; 2) me colocavam em posição superior pra não dar o braço a torcer; 3) traziam alguma leveza para não assustá-lo. Tais quais "estou ocupada, mas tenho horário na quinta, ok?"; "falei com outra empresa e eles combinaram de vir hoje" e "sumiu mesmo, hein, insetobusters?". Clécio não só ignorou todas como, de repente, eu não conseguia mais ver se ele estava *on-line*. Era a guerra declarada. Liguei para a dedetizadora e mandei chamar o chefe de Clécio. Eu ia acabar com a vida desse sacana iletrado. Eu tremia de nervoso. Qual era o problema desse cara? Tudo bem que não terminei o mestrado, sem legenda eu perco 40% das piadas e nem três vezes por semana de pilates estão segurando a realidade, mas eu não merecia isso! Me liga, me convence, me dá desconto, me faz sentir especial, fala em bactérias e some? Clécio estava de férias, mas Edelvânio poderia vir no dia seguinte. Jamais! A obsessão morre, mas não se vulgariza! Quando Clécio volta? Não sabiam informar. Era mentira! Se eu tivesse o sobrenome dele, era jogar no Facebook e descobrir tudinho. Clécio tinha acabado de dar *check-in* no mictório da firma. Ele estava lá todos esses insuportáveis dias de silêncio, oferecendo descontos, falando de pestes, prometendo visitas sem compromisso, fazendo outras se sentirem especiais. A dor foi tanta que apenas bati o telefone. Da estante vi a barata, ainda infantilizada, mas um pouco mais graúda, me observar. Vocabulário Atribulada: adj. Atarefada Lobotomizada: adj. Emburrecido, estupidificado. Sacrolombares: adj. Sacro é um osso situado logo abaixo da coluna, acima das nádegas. :::::::::::::::::::::::: Observe suas mãos Meu avô, com noventa e tantos anos, sentado no banco do jardim, não se movia. Estava cabisbaixo, olhando suas mãos. Quando me sentei ao seu lado, nem notou minha presença. E o tempo passava… Sem querer incomodá-lo, mas querendo saber como ele estava, lhe perguntei como se sentia. Levantou sua cabeça, me olhou e sorriu. -- Estou bem, obrigado por perguntar, disse com uma forte e clara voz. Expliquei que não queria incomodá-lo, mas queria ter certeza de que estava bem, já que estava sentado, imóvel, simplesmente, olhando para suas mãos. Então ele me perguntou: -- Alguma vez já olhou para suas mãos? Quero dizer, realmente olhou para elas? Lentamente soltei minhas mãos das mãos de meu avô, as abri e as contemplei. Virei as palmas para cima e logo para baixo. Creio que realmente nunca as havia observado. Queria saber o que meu avô queria me dizer. Meu avô sorriu e me disse: -- “Pare e pense um momento sobre como suas mãos têm te servido através dos anos. Estas mãos, ainda que enrugadas, secas e débeis têm sido as ferramentas que usei toda a minha vida para alcançar, pegar e envolver. Elas puseram comida em minha boca e roupa em meu corpo. Quando criança, minha mãe me ensinou a juntá-las em oração. Elas amarraram os cadarços dos meus sapatos e me ajudaram a calçar minhas botas. Estiveram sujas, esfoladas, ásperas, entrelaçadas e dobradas. Foram decoradas com uma aliança e mostraram ao mundo que estava casado e que amava alguém muito especial. Foram inábeis quando tentei embalar minha filha recém-nascida.

Elas tremeram quando enterrei meus pais, e quando entrei na igreja com minha filha no dia de seu casamento. Elas têm coberto meu rosto, penteado meu cabelo e lavado e limpado todo meu corpo. E, até hoje, quando quase nada de mim funciona bem, estas mãos me ajudam a levantar e a sentar e ainda se juntam para orar. Estas mãos têm as marcas de onde estive e a dureza de minha vida. Mas, o mais importante, é que são estas mãos que Deus tomará nas Suas quando me levar a Sua presença!” Desde então, nunca mais vi minhas mãos da mesma maneira. Mas lembro quando Deus esticou Suas mãos e tomou as de meu avô e o levou a Sua presença. Na verdade, nossas mãos são uma bênção. Cada vez que uso minhas mãos penso em meu avô, e me pergunto: -- Estou fazendo bom uso delas? E sempre que minha consciência responde que estou usando minhas mãos para praticar o bem, para trabalhar honestamente, que as estou usando para dar carinho e amparo a quem necessita, sinto-me em paz. E agradeço ao Criador por tamanha bênção, esperando que Ele estenda Suas mãos para que, também eu, um dia, possa nelas repousar! A vida acontece no presente, sempre. Há somente o hoje, o agora, e este é o seu momento com Deus! Agradeça, por tudo o

que tens na vida, e também pelas tuas mãos... Fonte: ~,http:ÿÿportalwebgospel.~ com.brÿmensagem-do-dia-~ observe-suas-maos-2ÿ~, :::::::::::::::::::::::: O Peru de Natal Mário de Andrade O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser *desprovido* de qualquer *lirismo*, de uma exemplaridade incapaz, *acol- choado* no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de águas, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro-sangue dos desman- cha-prazeres. Morreu meu pai, sentimos muito, etc. Quando chegamos nas proximidades do Natal, eu já estava que não podia mais pra afastar aquela memória *obstruente* do morto, que parecia ter sistematizado pra sempre a obrigação de uma lembrança dolorosa em cada almoço, em cada gesto mínimo da família. Uma vez que eu sugerira à mamãe a ideia dela ir ver uma fita no cinema, o que resultou foram lágrimas. Onde se viu ir ao cinema, de luto pesado! A dor já estava sendo cultivada pelas aparências, e eu, que sempre gostara apenas regularmente de meu pai, mais por instinto de filho que por espontaneidade de amor, me via a ponto de aborrecer o bom do morto. Foi decerto por isto que me nasceu, esta sim, espontaneamente, a ideia de fazer uma das minhas chamadas "loucuras". Essa fora aliás, e desde muito cedo, a minha esplêndida conquista contra o ambi- ente familiar. Desde cedinho, desde os tempos de ginásio, em que arranjava regularmente uma reprovação todos os anos; desde o beijo às escondidas, numa prima, aos dez anos, descoberto por Tia Velha, uma detestável de tia; e principalmente desde as lições que dei ou recebi, não sei, de uma criada de parentes: eu consegui no reformatório do lar e na vasta parentagem, a fama conciliatória de "louco". "É doido, coitado!" falavam. Meus pais falavam com certa tristeza condescendente, o resto da parentagem buscando exemplo para os filhos e provavelmente com aquele prazer dos que se convencem de alguma superioridade. Não tinham doidos entre os filhos. Pois foi o que me salvou, essa fama. Fiz tudo o que a vida me apresentou e o meu ser exigia para se realizar com integridade. E me deixaram fazer tudo, porque eu era doido, coitado. Resultou disso uma existência sem complexos, de que não posso me queixar um nada. Era costume sempre, na família, a ceia de Natal. Ceia *reles*, já se imagina: ceia tipo meu pai, castanhas, figos, passas, depois da Missa do Galo. Empanturrados de amêndoas e nozes (quanto discutimos os três manos por causa dos quebra-nozes...), empanturrados de castanhas e monotonias, a gente se abraçava e ia pra cama. Foi lembrando isso que arrebentei com uma das minhas "loucuras": — Bom, no Natal, quero comer peru. Houve um desses espantos que ninguém não imagina. Logo minha tia solteirona e santa, que morava conosco, advertiu que não podíamos convidar ninguém por causa do luto. — Mas quem falou de convidar ninguém! essa mania... Quando é que a gente já comeu peru em nossa vida! Peru aqui em casa é prato de festa, vem toda essa parentada do diabo... — Meu filho, não fale assim... — Pois falo, pronto! E descarreguei minha gelada indiferença pela nossa parentagem infinita, diz-que vinda de bandeirantes, que bem me importa! Era mesmo o momento pra desenvolver minha teoria de doido, coitado, não perdi a ocasião. Me deu de *sopetão* uma ternura imensa por mamãe e titia, minhas duas mães, três com minha irmã, as três mães que sempre me divinizaram a vida. Era sempre aquilo: vinha aniversário de alguém e só então faziam peru naquela casa. Peru era prato de festa: uma imundície de parentes já preparados pela tradição, invadiam a casa por causa do peru, das empadinhas e dos doces. Minhas três mães, três dias antes já não sabiam da vida senão trabalhar, trabalhar no preparo de doces e frios finíssimos de bem feitos, a parentagem devorava tudo e ainda levava embrulhinhos pros que não tinham podido vir. As minhas três mães mal podiam de exaustas. Do peru, só no enterro dos ossos, no dia seguinte, é que mamãe com titia ainda provavam num *naco* de perna, vago, escuro, perdido no arroz alvo. E isso mesmo era mamãe quem servia, catava tudo pro velho e pros filhos. Na verdade ninguém sabia de fato o que era peru em nossa casa, peru resto de festa. Não, não se convidava ninguém, era um peru pra nós, cinco pessoas. E havia de ser com duas farofas, a gorda com os miúdos, e a seca, douradinha, com bastante manteiga. Queria o papo recheado só com a farofa gorda, em que havíamos de ajuntar ameixa preta, nozes e um cálice de xerez, como aprendera na casa da Rose, muito minha companheira. Está claro que omiti onde aprendera a receita, mas todos desconfiaram. E ficaram logo naquele ar de incenso assoprado, se não seria tentação do *Dianho* aproveitar receita tão gostosa. E cerveja bem gelada, eu garantia quase gritando. É certo que com meus "gostos", já bastante afinados fora do lar, pensei primeiro num vinho bom, completamente francês. Mas a ternura por mamãe venceu o doido, mamãe adorava cerveja. Quando acabei meus projetos, notei bem, todos estavam felicíssimos, num desejo danado de fazer aquela loucura em que eu estourara. Bem que sabiam, era loucura sim, mas todos se faziam imaginar que eu sozinho é que estava desejando muito aquilo e havia jeito fácil de empurrarem pra cima de mim a... culpa de seus desejos enormes. Sorriam se entreolhando, tímidos como pombas desgarradas, até que minha irmã resolveu o consentimento geral: — É louco mesmo!... Comprou-se o peru, fez-se o peru, etc. E depois de uma Missa do Galo bem mal rezada, se deu o nosso mais maravilhoso Natal. Fora engraçado: assim que me lembrara de que finalmente ia fazer mamãe comer peru, não fizera outra coisa aqueles dias que pensar nela, sentir ternura por ela, amar minha velhinha adorada. E meus manos também, estavam no mesmo ritmo violento de amor, todos dominados pela felicidade nova que o peru vinha imprimindo na família. De modo que, ainda disfarçando as coisas, deixei muito sossegado que mamãe cortasse todo o peito do peru. Um momento aliás, ela parou, feito fatias um dos lados do peito da ave, não resistindo àquelas leis de economia que sempre a tinham *entorpecido* numa quase pobreza sem razão. — Não senhora, corte inteiro! Só eu como tudo isso! Era mentira. O amor familiar estava por tal forma incandescente em mim, que até era capaz de comer pouco, só-pra que os outros quatro comessem demais. E o *diapasão* dos outros era o mesmo. Aquele peru comido a sós, redescobria em cada um o que a quotidianidade abafara por completo, amor, paixão de mãe, paixão de filhos. Deus me perdoe mas estou pensando em Jesus... Naquela casa de burgueses bem modestos, estava se realizando um milagre digno do Natal de um Deus. O peito do peru ficou inteiramente reduzido a fatias amplas. — Eu que sirvo! "É louco, mesmo" pois por que havia de servir, se sempre mamãe servira naquela casa! Entre risos, os grandes pratos cheios foram passados pra mim e principiei uma distribuição heróica, enquanto mandava meu mano servir a cerveja. Tomei conta logo de um pedaço admirável da "casca", cheio de gordura e pus no prato. E depois vastas fatias brancas. A voz severizada de mamãe cortou o espaço angustiado com que todos aspiravam pela sua parte no peru: — Se lembre de seus manos, Juca! Quando que ela havia de imaginar, a pobre! que aquele era o prato dela, da Mãe, da minha amiga maltratada, que sabia da Rose, que sabia meus crimes, a que eu só lembrava de comunicar o que fazia so- frer! O prato ficou sublime. — Mamãe, este é o da senhora! Não! não passe não! Foi quando ela não pode mais com tanta comoção e principiou chorando. Minha tia também, logo percebendo que o novo prato sublime seria o dela, entrou no refrão das lá- grimas. E minha irmã, que jamais viu lágrima sem abrir a torneirinha também, se esparramou no choro. Então principiei dizendo muitos desaforos pra não chorar também, tinha dezenove anos... Diabo de família besta que via peru e chorava! coisas assim. Todos se esforçavam por sorrir, mas agora é que a alegria se tornara impossível. É que o pranto evocara por associação a imagem indesejável de meu pai morto. Meu pai, com sua figura cinzenta, vinha pra sempre estragar nosso Natal, fiquei danado. Bom, principiou-se a comer em silêncio, *lutuosos*, e o peru estava perfeito. A carne mansa, de um tecido muito tênue boiava *fagueira* entre os sabores das farofas e do presunto, de vez em quando ferida, inquietada e redesejada, pela intervenção mais violenta da ameixa preta e o estorvo petulante dos pedacinhos de noz. Mas papai sentado ali, gigantesco, incompleto, uma censura, uma chaga, uma incapacidade. E o peru, estava tão gostoso, mamãe por fim sabendo que peru era manjar mesmo digno do Jesusinho nascido. Principiou uma luta baixa entre o peru e o vulto de papai. Imaginei que gabar o peru era fortalecê-lo na luta, e, está claro, eu tomara decididamente o partido do peru. Mas os defuntos têm meios *visguentos*, muito hipócritas de vencer: nem bem gabei o peru que a imagem de papai cresceu vitoriosa, insuportavelmente obstruidora. — Só falta seu pai... Eu nem comia, nem podia mais gostar daquele peru perfeito, tanto que me interessava aquela luta entre os dois mortos. Cheguei a odiar

papai. E nem sei que inspiração genial, de repente me tornou hipócrita e político. Naquele instante que hoje me parece decisivo da nossa família, tomei aparentemente o partido de meu pai. Fingi, triste: — É mesmo... Mas papai, que queria tanto bem a gente, que morreu de tanto trabalhar pra nós, papai lá no céu há de estar contente... (hesitei, mas resolvi não mencionar mais o peru) contente de ver nós todos reunidos em família. E todos principiaram muito calmos, falando de papai. A imagem dele foi diminuindo, diminuindo e virou uma estrelinha brilhante do céu. Agora todos comiam o peru com sensualidade, porque papai fora muito bom, sempre se sacrificara tanto por nós, fora um santo que "vocês, meus filhos, nunca poderão pagar o que devem a seu pai", um santo. Papai virara santo, uma contemplação agradável, uma *inestorvável* estrelinha do céu. Não prejudicava mais ninguém, puro objeto de contemplação suave. O único morto ali era o peru, dominador, completamente vitorioso. Minha mãe, minha tia, nós, todos alagados de felicidade. Ia escrever felicidade gustativa, mas não era só isso não. Era uma felicidade maiúscula, um amor de todos, um esquecimento de outros parentescos distraidores do grande amor familiar. E foi, sei que foi aquele primeiro peru comido no recesso da família, o início de um amor novo, reacomodado, mais completo, mais rico e inventivo, mais *complacente* e cuidadoso de si. Nasceu de então uma felicidade familiar pra nós que, não sou exclusivista, alguns a terão assim grande, porém mais intensa que a nossa me é impossível conceber. Mamãe comeu tanto peru que um momento imaginei, aquilo podia lhe fazer mal. Mas logo pensei: ah, que faça! mesmo que ela morra, mas pelo menos que uma vez na vida coma peru de verdade! A tamanha falta de egoísmo me transportara o nosso infinito amor... Depois vieram umas uvas leves e uns doces, que lá na minha terra levam o nome de "bem-casados". Mas nem mesmo este nome perigoso se associou à lembrança de meu pai, que o peru já convertera em dignidade, em coisa certa, em culto puro de contemplação. Levantamos. Eram quase duas horas, todos alegres, bambeados por duas garrafas de cerveja. Todos iam deitar, dormir ou mexer na cama, pouco importa, porque é bom uma insônia feliz. O diabo é que a Rose, católica antes de ser Rose, prometera me esperar com uma champanha. Pra poder sair, menti, falei que ia a uma festa de amigo, beijei mamãe e pisquei pra ela, modo de contar onde é que ia e fazê-la sofrer seu bocado. As outras duas mulheres beijei sem piscar. E agora, Rose!... Mário de Andrade (1893-1945) nasceu em São Paulo, mostrando desde cedo inclinação pela música e literatura. Seu interesse pelas artes levou-o a realizar em São Paulo, em parceria com Oswald de Andrade, a Semana de Arte Moderna, que rasgou novas perspectivas para a cultura brasileira. Sua obra, essencialmente brasileira, reflete um nacionalismo humanista, que nada tem de *místico* e abstrato. "Macunaíma", baseada em temas folclóricos, é, geralmente, considerada a sua obra-prima. O texto acima foi extraído do livro "Nós e o Natal", Artes Gráficas Gomes de Souza, Rio de Janeiro, 1964, pág. 23. Vocabulário Acolchoado: adj. Apoiado, acomodado. Complacente: adj. Afável, afetuoso, amável. Desprovido: adj. Carente, escasso. Dianho: s. m. Diabo. Diapasão: s. m. (fig.) ritmo acelerado de vida. Entorpecido: adj. Paralisado, imobilizado. Fagueira: adj. Contente, alegre. Inestorvável: adj. Indestrutível, inabalável, intocável. Lirismo: s. m. Encanto, sentimento. Lutuoso: adj. Fúnebre. Místico: adj. Sobrenatural, espiritual. Naco: s. m. Grande pedaço ou fatia. Obstruente: adj. Que causa embaraço. Reles: adj. De qualidade de ordinária. Sopetão (supetão): adv. Surpreendentemente, de repente. Visguentos: adj. Grudentos, pegajosos. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Tirinhas A tira de jornal ou tirinha, como é mais conhecida, é um gênero textual que surgiu nos Estados Unidos devido à falta de espaço nos jornais para a publicação de passatempos. O nome "tirinha" remete ao formato do texto, que parece um "recorte" de jornal. Estrutura-se em enunciados curtos e traz um conteúdo em que predomina a crítica, com humor, a modos de comportamento, valores, sentimentos, destacando-se, portanto, nessa composição, códigos verbais e não verbais. Calvin e Haroldo Com humor fino e cheio de ironia, as tiras de “Calvin & Haroldo”, criadas pelo norte-americano, Bill Watterson, começaram a ser distribuídas para publicação em jornais em 18 de novembro de 1985, e foram produzidas até dezembro de 1995, quando o artista anunciou sua aposentadoria da série. No quadrinho, o sagaz garoto de 6 anos e seu tigre de pelúcia -- que ganha vida na imaginação do menino -- protagonizam diálogos divertidos e surreais. Em suas conversas inteligentes e bem-humoradas, debatem o jeito de ser dos humanos, enquanto expõem particularidades do mundo infantil e contradições do mundo adulto. O nome do garoto foi inspirado no teólogo Calvino (1509-1564), um dos responsáveis pela reforma na Igreja Católica. Já o do tigre Haroldo, chamado de “Hobbes” na versão original, deriva do filósofo e cientista político, Thomas Hobbes (1588-1679). A mãe e o pai de Calvin nunca recebem um nome na série. _`[{tirinha 1 “Calvin e Haroldo” em quatro quadrinhos: Q1: O pai e a mãe de Calvin estão recolhendo os itens do acampamento. O pai diz: “Como as férias

passam depressa! Já está na hora de voltarmos!” Q2: O pai continua: “Após esta temporada aqui, será um choque voltarmos à civilização, não é?” Q3: Calvin diz: “Puxa, mal posso esperar para entrar no carro e respirar um pouco de poluição! Vamos logo com isso, tá?” Q4: O pai de Calvin, pensativo, diz: “Ainda farei um teste genético para saber se ele é mesmo meu filho!” A mãe diz: “Vá por *mim* que é!”_`] _`[{tirinha 2 “Calvin e Haroldo” em quatro quadrinhos: Q1: No acampamento, Calvin e sua mãe estão sentados, e o pai de Calvin, com uma máquina fotográfica na mão, diz para eles dois: “Vamos, sorriam!” Q2: A mãe de Calvin, cobrindo o rosto, diz: “Não, não tire minha foto! Há três dias que não lavo o cabelo e estou cheia de picadas de mosquitos!” O pai de Calvin pergunta: “Mas não querem uma lembrança de nossa viagem?” Q3: Calvin, com os braços abertos, diz: “Eu não quero me lembrar desta viagem! Estou tentando esquecê-la desde que chegamos! Quando vamos embora?” Q4: O pai de Calvin, abaixando a câmera fotográfica, diz: “Da próxima vez que eu vir um daqueles comerciais mostrando que linda é a natureza, vou quebrar o aparelho de TV!”_`] _`[{tirinha 3 “Calvin e Haroldo” em quatro quadrinhos: Q1: Calvin e Haroldo estão no meio do mato. O menino diz: “Droga de mosquitos! Estou me coçando todo!” Q2: Haroldo diz: “Não coce onde foi picado, ou será pior!” Calvin pergunta: “Que devo fazer? Isto está me enlouquecendo!” Q3: Haroldo responde: “Pense em outra coisa!” Calvin pergunta: “Que outra coisa?” Q4: Haroldo diz: “Em sair, por exemplo, do meio dessas urtigas!” Calvin grita: “Detesto este lugar!”_`] _`[{tirinha 4 “Calvin e Haroldo” em quatro quadrinhos: Q1: Calvin está lendo, deitado no sofá. Sua mãe diz: “Calvin, leve o lixo pra fora, por favor!” Q2: Calvin grita: “Levar o lixo? Eu sou o quê? Seu escravo? Por que não faz isso?” Q3: A mãe responde: “Tá legal... E você vai lavar as suas roupas, fazer a sua comida, recolher os seus brinquedos, fazer a sua cama e limpar a sujeira que você fizer, dia após dia!” Q4: Calvin diz: “Há mulheres que não dão pra ser mãe!"_`] õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Desafios 1. Uma garrafa com sua rolha custa R$1,10. Sabendo que a garrafa custa R$1,00 a mais que a rolha, qual é o preço da rolha? a) R$0,01 b) R$0,05 c) R$0,10 d) R$0,50 2. Você está dirigindo um ônibus. Na primeira parada, sobe Roberto. Na segunda, sobe Ana. Na terceira, sobe João. Qual é o nome do motorista? 3. Num carro estavam: um avô, dois pais, dois filhos e um neto. Quantas pessoas tinham no carro? 4. Meia careca tem 50 mil fios. Quantos fios tem uma careca inteira? 5. Com 7 algarismos 4, monte numerais que serão parcelas de uma adição cujo resultado será 100. Resposta 1. A rolha custa R$0,05 e a garrafa custa R$1,00 a mais que ela (ou seja, a garrafa custa R$1,05). Somando, temos R$1,05 + R$0,05 = R$1,10. 2. O seu nome. 3. Três. O avô é pai do pai. O pai é pai do filho. O filho é filho do pai e neto do avô. Assim são dois pais, dois filhos, um avô e um neto, embora sejam apenas três pessoas. 4. Nenhum, porque é careca. 5. 44+44+4+4+4=100. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Pensamentos “A literatura é uma defesa contra as ofensas da vida.” (Cesare Pavese, 1908-1950) “Um livro é a prova de que os homens são capazes de fazer magia.” (Carl Sagan, 1934-1996) “O fato de a gente não entender alguma coisa não significa que ela precise ser ex- plicada de uma forma sobrenatural. A ciência vive da dúvida. E a gente não precisa entender tudo para se ter

uma...” (Marcelo Gleiser, 1959) “Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável devemos transformá-la e quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos.” (Viktor Frankl, 1905-1997) “Amor, pra mim, é ser capaz de permitir que aquele que eu amo exista como tal, como ele mesmo. Isso é o mais pleno amor. Dar a liberdade de ele existir ao meu lado do jeito que ele é.” (Adélia Prado, 1935) õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo No Mundo das Artes Vik Muniz Vicente José de Oliveira Muniz, Vik Muniz, nasceu em São Paulo, no dia 20 de dezembro de 1961. Formou-se em Publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, em São Paulo. Em 1983, mudou-se para Nova Iorque. É um artista plástico brasileiro, fotógrafo e pintor, conhecido por usar materiais inusitados em suas obras. A partir de 1988, começou a desenvolver trabalhos que faziam uso da percepção e representação de imagens, usando diferentes técnicas, a partir de materiais como o açúcar, chocolate, *catchup*, gel para cabelo e lixo. Naquele mesmo ano, criou desenhos de fotos que memorizou através da revista americana “Life”. Fotografou os desenhos e, a partir de então, pintou as fotos para conferir um ar de realidade original. A série de desenhos foi denominada “The Best of Life”. Vik Muniz fez trabalhos inusitados, como a cópia da Mona Lisa de Leonardo da Vinci, usando manteiga de amendoim e geleia, como matéria-prima. Em 2005, Vik lançou um livro denominado “Reflex - A Vik Muniz Primer”, contendo uma coleção de fotos de seus trabalhos já expostos. Uma de suas exposições mais comentadas foi denominada “Vik Muniz: Reflex”, realizada no University of South Florida Contemporary Art Museum, também exposta no Seattle Art Museum Contemporary e no Art Museum em Nova York. O processo de trabalho do artista consiste em compor imagens com os materiais, normalmente perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las, resultando no produto final. As fotografias de Vik fazem parte de acervos particulares e também de museus de Londres, Los Angeles, São Paulo e Minas Gerais. Em 2010, foi produzido um documentário intitulado “Lixo Extraordinário” sobre o trabalho do artista, com catadores de lixo de Duque de Caxias, cidade localizada na área metropolitana do Rio de Janeiro. A filmagem recebeu um prêmio no festival de Berlim na categoria Anistia Internacional e no Festival de Sundance. Vik também se dedicou a fazer trabalhos de maior porte. Um deles foi uma série de imagens das nuvens, a partir da fumaça de um avião, e ou- tras feitas na terra, a partir do lixo. No dia 7 de setembro de 2016, na abertura dos "Jogos Paralímpicos Rio 2016", Vik Muniz, um dos diretores da cerimônia, criou uma obra de arte formada por peças de um quebra-cabeça que eram levadas por cada delegação, com o nome do país de um lado e a foto dos atletas do outro. Cada peça era colocada no centro do palco do Maracanã, e com a colocação da última peça, pelo artista, formou-se um enorme coração que começou a pulsar com o uso de projeção de luzes. A obra de arte fez referência ao conceito central da cerimônia resumido na frase: “O coração não conhece limites”. O mais recente trabalho de Vik Muniz são os 37 mosaicos que decoram as paredes internas do novo trecho do metrô de Nova Iorque, que liga a Rua 72 à Segunda Avenida. Inaugurado em dezembro de 2016, a obra, que durou três anos para ser concluída, ex- plora os diversos tipos de frequentadores do metrô de Nova Iorque. Nas palavras do artista: “A ideia de você criar uma construção a partir de um material, cuja estética, pela associação ao significado do lixo, já está muito poluída, já *impregna* tudo que não é usável. Você pegar aquilo e fazer uma coisa bonita, você já está recarregando o potencial desses materiais com a promessa de reutilização. Quase tudo é reutilizável.” Fontes: ~,https:ÿÿwww.todamateria.~ com.brÿvik-munizÿ~, ~,https:ÿÿwww.ebiografia.~ comÿvik{-munizÿ~, Vocabulário Impregna: v. Infiltra õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Maravilhas do Mundo Taormina Taormina é uma pequena joia da Sicília, situada entre o mar transparente dos mil tons e o Monte Etna que do alto domina todo o território. A cidadezinha é recolhida, as estradas são estreitas e os restaurantes são pequenos com mesas na calçada. Com certeza, é uma das cidades imperdíveis da Sicília! Quando se fala da Sicília, sempre vem o nome de Taormina. É uma das cidades da ilha que registra o maior número de turistas todos os anos. Está situada harmoniosamente sobre uma falésia, de frente para o mar. A água sobe e esconde as brancas praias que se estendem entre as fendas das falésias, alongando-se até tocar os pequenos pontos que surgem nas águas marinhas. A cidade agrada por muitos motivos. Difícil não amar esse lugar tranquilo e elegante que olha para o mar. Entre seus tesouros está Isola Bella, que merece ser visitada. A vila surpreende, ligada a terra firme através do *istmo* que aparece e desaparece dependendo da maré. O Teatro Grego e a concentração de achados históricos e arqueológicos não podem fugir nem dos olhos mais distraídos. Este Teatro é a primeira maravilha dos monumentos de Taormina. Construído no século III a.C. e depois recuperado pelos romanos que o utilizavam para organizar as produções de verão, ergue-se em uma colina sobre o mar, ou seja, tem uma vista fabulosa que abraça Capo Taormina e Isola Bella. O Teatro não é somente um pedaço do patrimônio arqueológico de Taormina, mas também um local de incomparável beleza panorâmica. O olho admira a baía de Naxos, as costas da Calábria, o Monte Etna. É aberto todos os dias das 9 h às 16 h até março, depois a cada quinze dias, fechando meia hora mais tarde, por causa das condições das marés. Está localizado a poucos passos do Corso Umberto e do centro histórico da cidade. Fácil de chegar também a pé. Outro motivo válido é ver a zona medieval. Entre os monumentos indicativos de Taormina não podemos deixar de mencionar a Torre do Relógio que permite a entrada na antiga aldeia medieval. Na realidade, muito graciosa e vivaz, é toda a praça onde se ergue a torre, autêntica varanda sobre o mar. Dela se tem uma excep- cional vista de todo o *golfo*. Daqui chegamos na rua principal, Corso Humberto, onde é possível fazer compras. Interessante uma ida à Praça Vittorio Emanuele para uma visita ao Museu das Artes e Tradições Sicilianas. Como não citar a Piazza del Duomo? Um dos pontos de encontro de Taormina onde surge uma linda fonte barroca com um centauro e a igreja de San Nicola construída em 1400. O Duomo di Taormina é uma imponente construção medieval que teve muito remanejamentos no passar dos séculos. O interior do edifício é de um mármore rosa especial, chamado de “rosa de Taormina”, o teto é em madeira *incrustado*. A harmonia entre os dois materiais nos oferece uma atmosfera única ao lugar de culto. Outra curiosidade é que, no exterior, a construção possui *ameias* como as dos castelos medievais. A igreja é dedicada a San Nicola di Bari, que é também o padroeiro da cidade. Depois tem a Vila Comunal de Taormina, um triunfo de flores e de beleza, construção sugerida por Lady Florence Trevelyan Cacciola, apaixonada por botânica. E para terminar, existem as praias locais que obviamente são um dos motivos principais para quem vai visitar essa cidade. São todas maravilhosas. As praias oferecem pequenas *enseadas* isoladas mas também praias mais amplas, equipadas com guarda-sóis e espreguiçadeiras. Entre elas uma das mais populares é definitivamente a Isola Bella, perto da cidade e de fácil acesso. Isola Bella foi declarada em 1998 reserva natural, para tutelar a vegetação do micro- habitat que se formou nessa linha de terra surgida das límpidas águas. Um espetá- culo da natureza. Podemos defini-lo como um lugar exótico, caracterizado por uma praia de areia branca e finíssima. Em frente, se forma uma ilhazinha muito verde, que é acessível a nado ou a pé nos dias de baixa maré. Esses são os motivos mais que válidos para escolher Taormina como meta de uma viagem. Como chegar O aeroporto de Catânia é o mais importante da Sicília oriental sendo o ponto de chegada dos visitantes de Taormina e arredores. O aeroporto oferece conexões com todas as maiores cidades italianas e europeias, inclusive todas as capitais. De lá, o serviço de trens realiza conexões com a estação de Catânia a cada 20 minutos. É disponível também um serviço de ônibus direto ao Aeroporto Taormina. Escolhendo Taormina você se encantará com seu enorme patrimônio arqueológico, artístico e cultural, que o levará para o início dos tempos. Não se esqueça de saborear a excelente gastronomia local e para terminar faça as pazes com o mundo passeando ao longo das maravilhosas praias. Fonte com alteração: ~,https:ÿÿwww.viajando~ paraitalia.com.brÿitalia-~ do-sulÿsiciliaÿpor-que-~ visitar-taorminaÿ~, Nota: Vila Comunal de Taormina é um jardim público, esplêndido cantinho para passar momentos tranquilos longe do frenesi da badalada cidade.

Vocabulário Ameias: s. f. Saliências dentiforme no alto das muralhas dos castelos Enseada: s. f. Pequena baía na costa de mar, lago ou rio, que serve de porto a embarcações. Falésias: s. f. Paredões íngremes encontrados no litoral de quase todo o mundo, desenhados pela ação do mar. Golfo: s. m. Reentrância marítima de grande porte, maior do que a baía. Incrustado: adj. Embutido, preso. Istmo: s. m. Porção de terra estreita cercada por água em dois lados e que conecta duas grandes extensões de terra. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Nossa casa Mantenha a cozinha sempre limpa A cozinha, assim como o banheiro, é um ambiente muito utilizado na casa e requer bastante cuidado e limpeza. Portanto, limpe periodicamente os azulejos, a pia e os armários (principalmente os que armazenam alimentos). Com relação aos alimentos, lave sempre as mãos para prepará-los, a fim de evitar contaminação. Muitas pessoas gostam de usar luvas de limpeza, mas é importante também trocá-las com certa frequência. Evite deixar água acumulada Todo o cuidado com essa questão é pouco! Hoje, muito mais do que um cuidado, evitar água acumulada em casa é um dever de todos. O Aedes aegypti tem causado muito estrago por aí e todos precisamos nos conscientizar. Como sua reprodução acontece em água limpa e parada, algumas medidas precisam ser tomadas sempre: • Deixar tonéis e caixas d'água tampadas; • Fazer a limpeza constante das calhas; • Não deixar garrafas vazias com o bocal virado para cima, a fim de evitar o acúmulo de água; • Manter as lixeiras fechadas; • Fazer a limpeza dos ralos e colocar uma tela de proteção; • Preencher com areia os pratinhos de vasos de plantas e fazer a limpeza semanalmente;

• Limpar os potes de água dos animais de estimação com escova e produtos adequados; • Retirar a água que pode acumular atrás da máquina de lavar roupa e na bandeja atrás da geladeira. Não deixe roupas sujas no banheiro Deixar o cesto de roupas sujas no banheiro pode ser um grande problema mesmo que esteja bem fechado. As roupas no banheiro podem acumular umidade e fungos, bem como bactérias se ficarem por lá por alguns dias. Roupas íntimas, principalmente! É bom lavar tudo o quanto antes e não deixar acumular. Tenha cuidado com a lavagem de roupas Quando for lavar roupa, separe a pilha de roupa suja em três partes: roupas claras ou brancas, coloridas e roupas que mancham. Lave-as separadamente! É importante fazer isso para evitar que peças claras manchem ou roupas mais escuras se encham de pelos, por exemplo. Se a roupa for nova, é bom lavá-la até mesmo separadamente na primeira vez, para testar se ela solta tinta ou não. Também é importante ressaltar que é bom ter um lugar em casa para secar tudo à sombra. Cuidados com a casa são essenciais para vivermos bem e, como foi possível perceber, não tem nada de difícil. É possível manter a casa limpa, bem cuidada, longe de perigos e sempre confortável, não é mesmo? Compartilhe essas dicas nas redes sociais e auxilie outras pessoas! õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Vida e Saúde Síndrome da cabana: isolamento pode causar medo excessivo de sair de casa Luciana Borges "Estou 100% pronta pra não sair de casa até agosto de 2020", diz a jornalista mineira Lucila Longo. Antes dessa data, ela precisou deixar o apartamento onde mora com seus dois gatos, no bairro do Brooklin, zona sul de São Paulo, para ir por algumas horas a uma consulta de rotina. A tarefa deveria ser algo simples, mas a experiência gerou um estresse enorme para ela. "Esse dia que eu saí para ir ao médico foi horrível para mim. Entrei no carro já desesperada, carregando álcool em gel, máscara, prendi o cabelo. Olhava as pessoas nas ruas levando vida normal, conversando no bar, como se nada estivesse acontecendo. Era desesperador", conta ela. Talvez você tenha se identificado um pouco com essa situação pela qual a jornalista de 34 anos passou porque, ao contrário do que possa parecer, nem todo mundo está confortável com a diminuição nas restrições de isolamento por causa da pandemia de Covid- -19 no Brasil. A atual situação pode, sim, ser um gatilho para criar medo na hora de começar a sair de casa. É nesse momento que a chamada Síndrome da Cabana tem chances de se manifestar. Esse quadro pode começar com uma ansiedade excessiva gerada pela necessidade de sair do ambiente doméstico para fazer tarefas diárias e, principalmente, para se relacionar com outras pessoas após esse longo tempo de isolamento ao qual muita gente se submeteu desde a metade de março de 2020. Além dessa ansiedade e desse medo exacerbado, outros com- portamentos podem indicar que há algo mais de errado, como explica Luiz Scocca, psiquiatra e membro da APA (Associação Americana de Psiquiatria): "Quando a pessoa começa a apresentar sintomas da Síndrome da Cabana, há uma série de modificações na produção de hormônios do corpo. É muito comum, por exemplo, a alteração nos ciclos de sono e de vigília. Acontece também um aumento no gosto por alimentos mais gordurosos, mais prazerosos, suculentos, com bastante carboidrato", diz ele. "Além dessas alterações, vale perceber se os poucos compromissos que se têm fora de casa, neste período de desconfinamento, passaram a se tornar um verdadeiro fardo”. A Síndrome da Cabana está diretamente ligada à experiência do ser humano ficar longos períodos de tempo em isolamento social. Para alguns indivíduos, esse tipo de acontecimento pode ser um gatilho. "O termo foi descrito, à princípio, lá no começo dos anos 1900, em função de gente que ia para lugares remotos para caçar e, por isso, ficava isolado por longos períodos vivendo afastado", conta Wimer Bottura, médico psiquiatra presidente da ABMP (Associação Brasileira de Medicina Psicossomática) e membro do grupo de professores da cadeira de Psicologia Médica da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Quando retornavam ao convívio social, essas pessoas algumas vezes não conseguiam retomar a rotina e desenvolviam uma fobia de sair do ambiente doméstico e de se relacionar com os outros. "Atualmente, este termo está sendo utilizado como uma transformação do conceito por conta do isolamento causado pela Covid-19", diz Bottura. Isso não significa, porém, que qualquer desconforto com a ideia de sair de casa nesse momento se enquadre na Síndrome da Cabana. O diagnóstico correto só pode ser feito por especialistas, já que a síndrome não é classificada como um transtorno mental. Ela pode ser um precursor ou o primeiro conjunto de sinais para alertar sobre algo. "Se o medo mais intenso começar a aparecer, é extremamente importante a pessoa procurar ajuda de um psicólogo para entender melhor o que está ocorrendo e, assim, buscar um tratamento adequado", alerta Yuri Busin, psicólogo e diretor do CASME (Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio). Já de acordo com Bottura, também é importante perceber como andam as suas conexões com outras pessoas, mesmo que à distância por causa da pandemia: "Se eu prefiro me relacionar com animais em vez de pessoas, então preciso fazer uma pausa, olhar para mim, saber o que está acontecendo. Não há nada de errado com os bichos, mas o humano é o único ser que precisa de outro igual a ele para sobreviver desde o seu nascimento. Aliás, não só para sobreviver, como para definir a sua identidade. Se eu prefiro o isolamento, ficar conversando com o espelho, há sinais de alguma crença de ser incompreendido ou injustiçado, algo que precisa ser tratado", diz o médico. Como muitas situações que envolvem a saúde mental, prevenir ainda é a melhor forma de tratar a Síndrome da Cabana. "Estabeleça uma rotina diária, de trocar de roupa, tomar banho, fazer leituras e exercícios físicos. A atividade física, aliás, é o mais importante na prevenção de várias doenças, inclusive a depressão e os transtornos ansiosos. Coisas mais simples, como abrir a janela e ter contato com a luz do dia, do sol, já fazem diferença. Também vale se inscrever em um curso *on-line* sobre algo que você goste ou contatar mais os amigos", diz Scocca. Não há um tratamento específico neste caso, mas algumas medidas podem ser tomadas. A primeira delas é entender que a nossa saúde mental necessita de cuidado e atenção, bem como boa parte dos afazeres diários. "As pessoas podem ter muitos medos diferentes na atualidade, nossa geração nunca lidou com uma situação como essa da pandemia de covid-19. Por isso, é muito relevante o papel de psicólogos e psiquia- tras para ajudar as pessoas a se entenderem melhor nessas novas dinâmicas de vida", afirma o psicólogo Yuri Busin. "Pessoas que já lidam com depressão e transtorno de ansiedade têm naturalmente uma tendência de ficarem mais isoladas, então é preciso tomar cuidado. A solidão não é boa conselheira", reforça o psiquiatra Wimer Bottura. Até porque, para o psiquiatra, o cenário geral é preocupante. No entanto, dá para usar o momento para valorizar questões que andavam em segundo plano: "se podemos tirar alguma coisa de positivo -- já que fomos obrigados ao isolamento --, é a revalorização dessa convivência em família, dos pais voltarem a ser pais, das famílias se reunirem, se organizarem para cuidar da casa", reflete. Ele ainda aponta que podemos repensar questões na nossa vida: "as conquistas tecnológicas nos permitem ficar distante do escritório e, ainda assim, produzir algo de qualidade. Talvez aquele sonho de morar em uma outra cidade, sabe? Viver com muito mais saúde mental, qualidade de vida, mais barato, diminuindo a poluição e o estresse". Fonte: ~,https:ÿÿwww.uol.com.~ brÿvivabemÿnoticiasÿ~ redacaoÿ2020ÿ07ÿ15ÿ~ sindrome-da-cabana-~ isolamento-pode-causar-~ medo-excessivo-de-sair-~ de-casa.htm~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo

Culinária Sucos detox A palavra detox vem da abreviação de desintoxicação. Sendo assim, a proposta do suco detox é eliminar as toxinas e desinflamar o organismo. Combina diversos nutrientes derivados de alimentos naturais, como verduras, frutas e raízes, que são ricos em fi- bras, vitaminas, minerais, ácidos fenólicos, flavonoides e clorofila. Suco verde de couve e gengibre Ingredientes: 2 folhas de couve; meio limão; 2 rodelas de gengibre; 100 ml de água de coco; gelo a gosto. Modo de fazer: Junte e bata todos os ingredientes no liquidificador. Sirva em seguida com pedras de gelo. Se quiser, adoce com mel ou melaço. Suco de abacaxi com hortelã Ingredientes: 5 fatias de abacaxi; 3 folhas de hortelã; 2 folhas de couve; suco de 1 limão; 2 rodelas de gengibre; gelo a gosto. Modo de fazer: Acrescente todos os ingredientes no liquidificador e bata. Não é necessário coar. Adoce e sirva com pedras de gelo. Suco de beterraba e cenoura Ingredientes: 1 cenoura com casca; 1 beterraba sem casca; 1 maçã com casca; 200 ml de água; gelo a gosto. Modo de fazer: Bata todos os ingredientes no liquidificador até ficar um suco de consistência homogênea. Não é necessário coar, nem adoçar.

Suco de melancia e açaí Ingredientes: 1 colher de sopa de açaí; 2 fatias de melancia; suco de 1 limão; 1 rodela de gengibre; 1 colher de chá de linhaça triturada; gelo a gosto. Modo de fazer: Retire as sementes da melancia e corte-a em cubos. Coloque no liquidificador junto com os demais ingredientes. Bata bem e sirva com gelo. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Humor O fazendeiro tinha três filhos. Um dia o mais velho lhe fez um pedido: — Pai, o senhor podia me dar um carro. Na minha faculdade, só eu que não tenho carro. — Só quando eu terminar de pagar o trator, respondeu o pai. Vem o outro filho: — Pai, eu queria uma moto... — Só quando eu pagar o trator. Nisso vem o menorzinho: — Pai, me dá uma bicicleta. — Só quando eu pagar o trator. O pequenino vai para o quintal triste com a resposta do pai e vê galo em cima da galinha. Ele vai até lá, dá um chute no bicho e fala: — Enquanto papai não pagar o trator todo mundo anda a pé nessa casa. :::::::::::::::::::::::: O gaúcho vai até a escola da filha e reclama com a professora: — Tchê!!! Minha filha disse que tá sofrendo esse tal de *bullying*. E a professora: — Nossa isso é muito grave!!! E quem é sua filha??? Gaúcho: — Aquela gorducha ali com cabeça de capivara! :::::::::::::::::::::::: No hospício, um doido pulou na piscina para se matar, um outro doido pulou e salvou o doido que estava se afogando. No outro dia, o diretor do hospício foi conversar com o doido herói: — Rapaz, estamos surpresos com seu ato, reavaliamos seu caso e você terá alta! Vai poder ir pra casa, mas temos uma má notícia: Aquele seu amigo queria mesmo se matar, encontramos ele hoje cedo enforcado!

O Doido respondeu: — Fui eu que pendurei ele lá pra secar! õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo RBC *News* Caros leitores, Em 2022, a Revista Brasileira para Cegos completará 80 anos. Vamos comemorar esta data com uma Edição Especial. Mas, para isso, precisamos da colaboração de vocês. Enviem-nos textos de sua autoria, abordando um dos seguintes temas: 1. Redes sociais e seus benefícios. 2. Sua viagem dos sonhos - Como seria? 3. Tema livre (seja criativo). Cada texto deve ter, no máximo, 2 mil caracteres (cerca de 3 páginas). Coloque no texto seu nome, cidade, estado e país. Mande-nos algum contato: telefone (somente para residentes no Brasil) ou e-mail para possíveis dúvidas. Os textos devem ser enviados até o dia 1º de março de 2022, e os melhores textos serão publicados em uma edição especial da RBC. E-mail: ~,revistasbraille@ibc.gov.br~, Endereço: IBC - Revista Brasileira para Cegos 80 anos. Av. Pasteur, 350/368 -- Urca Rio de Janeiro-RJ CEP: 22290-250 Observação: O concurso é para todos os leitores da revista, brasileiros ou não. Se você não reside no

Brasil, não se esqueça de enviar seu e-mail para contato. :::::::::::::::::::::::: NOTA: Atenção, assinantes! A assinatura das revistas em braille, Pontinhos e RBC, publicações do Instituto Benjamin Constant, é totalmente gratuita. Cobrança de taxas, pedidos de doação ou qualquer solicitação de natureza financeira, devem ser desconsideradas. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Espaço do leitor "Convido vocês para conhecerem e se inscreverem no meu canal no YouTube e, também, para compartilharem, o meu canal é Carol Guimarães radialista oficial. O meu canal tem objetivo de evangelizar o mundo inteiro, basta ativar o sininho." Anne Caroline Santana Guimarães - Aracaju-SE õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra Transcrição: Diogo Silva Müller Dunley Coordenação de revisão: Geni Pinto de Abreu Revisão braille: João Eterno de Castro Nascimento Produção: Instituto Benjamin Constant Ano: 2021