PONTINHOS Ano LII, n.o 344, Dez. de 2012 Ministério da Educação Instituto Benjamin Constant Publicação Quadrimestral de Educação, Cultura e Recreação Editada na Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação Impressa na Divisão de Imprensa Braille Fundada em 1959 por Renato M. G. Malcher Av. Pasteur, 350/368 -- Urca Rio de Janeiro -- RJ CEP: 22290-240 Tel.: (55) (21) 3478-4458 E-mail: ~,pontinhos@ibc.gov.br~, Site: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.br~, Livros Impressos em Braille: Uma Questão de Direito PAÍS RICO É PAÍS SEM POBREZA

Diretora Geral do IBC Maria Odete Santos Duarte Comissão Editorial Ana Luísa Mello de Araújo Ana Paula Pacheco Claudia Lucia Lessa Paschoal João Batista Alvarenga Leonardo Raja Gabaglia Maria Cecília Guimarães Coelho Vitor Alberto da Silva Marques Colaboração Ana Paula Souza Almeida Ana Bárbara Nicolay Levinspuhl Publicação e distribuição em braille, conforme Lei n.o 9.610 de 19/02/1998 e Normas Técnicas para Produção de Textos em Braille, MEC/SEESP, 2006. Arquivo da revista disponível para impressão em braille: ~,http:ÿÿwww.ibc.gov.brÿ~ ?itemid=381~,

¨ I Sumário Seção Infantil ::::::::::::: 1 Histórias para Ler e Contar :::::::::::::::::::: 1 O gato vaidoso :::::::::::::: 1 O burro juiz :::::::::::::::: 2 Minha vida de cão ::::::::::: 4 O mistério da casa mágica ::: 8 Curiosidades :::::::::::::::: 13 Animais superdotados :::::::: 13 Palavras em língua de índio :::::::::::::::::::::: 18 Seção Juvenil ::::::::::::: 21 Quadro de medalhas paralímpico :::::::::::::::: 21 As medalhas brasileiras ::::: 23 Piadas :::::::::::::::::::::: 25 Pescaria :::::::::::::::::::: 25 Trato é trato ::::::::::::::: 26 Trato é trato 2 :::::::::::: 27 Motorista esperta ::::::::::: 27 Cale a boca ::::::::::::::::: 28 Penso, logo... :::::::::::::: 29 Historiando ::::::::::::::::: 29 Os escravos de Zumbi ::::::: 29 O reverso da história ::::::: 32 Tome Nota :::::::::::::::::: 55 Seis regras de ouro para ficar de boca fechada! ::::: 55 Leitura Interessante ::::::: 56 Gol de letra, minha superação :::::::::::::::::: 56 Costurando a vida ::::::::::: 58 Teste ::::::::::::::::::::::: 59 Recomendamos discrição :::::: 59 Seção Infantil Histórias para Ler e Contar O gato vaidoso Monteiro Lobato Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pelo, mas desiguais na sorte. Um, animado pela dona, dormia em almofadões. Outro, no borralho. Um passava a leite e comia em colo. O outro, por feliz, se dava com as espinhas de peixe do lixo. Certa vez, cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo: -- Passa ao largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa ao largo… -- Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te de que somos irmãos, criados no mesmo ninho. -- Sou nobre. Sou mais que tu! -- Em quê? Não mias como eu? -- Mio. -- Não tens rabo como eu? -- Tenho. -- Não caças ratos como eu? -- Caço. -- Não comes rato como eu? -- Como. -- Logo, não passas dum simples gato igual a mim. Abaixa, pois a crista desse orgulho e lembra-te que mais nobreza do que eu não tens -- o que tens é apenas um bocado mais de sorte… Fonte: ~,http:ÿÿcontosdocovil.~ wordpress.comÿ2008ÿ05ÿ17ÿ~ o-gato-vaidosoÿ~, :::::::::::::::::::::::: O burro juiz Monteiro Lobato Disputava a gralha com o sabiá, afirmando que a sua voz valia a dele. Como as outras aves rissem daquela pretensão, a bulhenta matraca de penas, furiosa, disse: -- Nada de brincadeiras. Isto é uma questão muito séria, que deve ser decidida por um juiz. Canta o sabiá, canto eu, e a sentença do julgador decidirá quem é o melhor artista. Topam? -- Topamos! piaram as aves. Mas quem servirá de juiz? Estavam a debater este ponto, quando zurrou um burro. -- Nem de encomenda! exclamou a gralha. Está lá um juiz de primeiríssima para julgamento de música, pois nenhum animal possui maiores orelhas. Convidemo-lo. Aceitou o burro o juizado e veio postar-se no centro da roda. -- Vamos lá, comecem! ordenou ele. O sabiá deu um pulinho, abriu o bico e cantou. Cantou como só cantam sabiás, garganteando os trinos mais melodiosos e límpidos. Uma pura maravilha, que deixou mergulhado em êxtase o auditório em peso. -- Agora eu! disse a gralha, dando um passo à frente. E abrindo a bicanca matraqueou uma grita de romper os ouvidos aos próprios surdos. Terminada a justa, o meritíssimo juiz deu a sentença: -- Dou ganho de causa a excelentíssima senhora dona Gralha, porque canta muito mais forte que mestre sabiá. Moral da História: Quem burro nasce, togado ou não, burro morre. Fonte: ~,http:ÿÿcontosdocovil.~ wordpress.comÿ2008ÿ05ÿ15ÿ~ o-burro-juizÿ~, :::::::::::::::::::::::: Minha vida de cão Ariane Bomgosto Pela frestinha da janela posso ver o sol entrar. Sinal que já é de manhã. Pior. Sinal que é hora de acordar. Não é que eu tenha preguiça. Afinal, preguiça de quê? Já sei que meu dia, como todos os outros trezentos e poucos dias que se passaram desde que vim ao mundo junto com os meus outros doze irmãozinhos, será mais um dia de sono, até que este mesmo sol, que vejo raiar agora, faça o favor de ir embora. Só nesta hora, enfim, poderei sair para passear, como também já é de costume. Minha orelha esquerda levantou. Opa. Esta é a prova definitiva de que o relógio está marcando exatamente sete horas da manhã. Vamos lá. Um olho de cada vez. Primeiro o direito, lentamente. Deste ângulo, vejo dois pezinhos pequenos encostarem no chão. Dois seriam se eu não tivesse esquecido mais uma vez de abrir o olho esquerdo. Admito. A memória não é lá o meu forte. Pois bem, são quatro. Agora com certeza. Os dois de mamãe e os dois de papai. Demorei um pouco para me acostumar a chamá-los assim, afinal, mamãe e papai verdadeiros, não vejo desde que eu nasci. Eles ficaram na minha antiga casa, de onde fui tirado quando este casal, que agora vejo bem nitidamente, resolveu me adotar. Eu gostava da “casinha de sapé” -- nome que eu e meus doze irmãozinhos combinamos de chamar àquela casinha pequenina em que nascemos. Lá, tudo era pequenino e vivíamos todos amontoados, uns caindo por cima dos outros. Mas mamãe fazia com que tudo estivesse sempre aconchegante. Não estou reclamando da minha casa de agora. Aqui é bem maior e é pertinho da praia, onde posso fazer aqueles buracos na areia e me esconder depois. Já não me lembro mais nem do nome, nem da carinha daqueles doze danadinhos que nasceram junto comigo. Desta vez, não vou por a culpa na minha memória. É uma daquelas coisas explicadas por essas circunstâncias da vida que não têm explicação. Quando saí de lá, eu só tinha cinco dias de vida, então, dá um desconto. Meu nome original -- aquele que recebi quando nasci -- é Joca, mas desde que cheguei aqui, percebi que os seres humanos demonstram carinho com nomes terminados em “inho”. Pois bem, passei a me chamar Binho. A única coisa de que não gosto muito é quando a mamãe -- essa de carne e osso -- fica apertando minhas orelhas. Fico logo bravo e mostro os dentes para ela. A outra mamãe -- aquela de pelos como os meus -- não fazia isso. Mas o que ainda estou fazendo aqui debaixo da cama? Me perdi nos meus pensamentos e nem vi a hora passar. Vou lá à cozinha porque mamãe, como todos os dias pela manhã, já deve ter posto o meu leite naquela tigelinha. Exagerada como mamãe, eu nunca vi. Tirou uma foto minha e colou neste pratinho. Achei meio infantil. Na verdade, acho que meu pai e minha mãe não se deram conta que a idade biológica de uma pessoa não corresponde à idade biológica de um cãozinho como eu. Portanto, com um ano e pouco, já sou adulto. Eles saíram, foram trabalhar. Ainda não entendi por que os humanos trabalham tanto. Acho que quero ser um deles na minha próxima encarnação. Ou melhor, não quero não. Esta vida de dormir, passear na praia e brincar com os meus donos é muito boa. Se pudesse ser outra coisa na minha próxima vida, seria um cãozinho de novo, só que com menos pelos, porque estes insistem em cair no meu rosto, e, quando esbarram no meu focinho, me dão vontade de espirrar. Fonte: ~,http:ÿÿwww.qdivertido.~ com.brÿvercronica.php?~ codigo=1~, :::::::::::::::::::::::: O mistério da casa mágica Ariane Bomgosto Há muito tempo atrás, na pequena vila de Águas Claras, todos viviam na mais perfeita harmonia. As famílias se conheciam umas às outras, as crianças brincavam juntas perto do riacho e costumavam se reunir à noite, em frente à casa abandonada, que ficava no alto de uma colina. A casa era o mistério da vila, pois nunca alguém havia entrado lá e voltado para contar como era. Uma das menininhas de Águas Claras, porém, era muito curiosa e faminta. Seu nome era Molly. E todas as vezes que passava em frente à velha casa, davam uma espiadinha e tinha vontade de entrar. Os pais diziam aos filhos que na casinha não morava ninguém, mas Molly sabia que não era verdade, pois sempre que passava por ali sentia um cheiro tão gostoso que era impossível não parar e ficar sonhando com o que estava sendo feito naquela cozinha. O cheirinho saía da chaminé e impregnava todo o vilarejo, mas os mais velhos continuavam a dizer que não havia ninguém cozinhando ali dentro. Molly nunca tinha visto a dona da “casinha mágica” -- como ela gostava de chamar --, até que um dia tomou coragem e bateu à porta: -- Quem é?, respondeu de dentro uma voz cansada. -- Sou eu, a Molly, disse a pequena. Meus pais dizem que aí não mora ninguém, mas eu sei que a senhora existe e gostaria de conversar um pouco. -- Vá embora Molly, nenhum dos pais nunca deixará que seus filhos conheçam a minha velha casa. -- Não vou não, retorquiu Molly. O cheiro que vem daí é muito bom e eu estou faminta. Se abrir, posso comer um pedaço de bolo e depois eu vou embora. Ninguém vai descobrir. Uma velhinha com uma cara bondosa abriu devagar a porta. Quando a pequena Molly olhou ao redor, ficou maravilhada. Havia biscoitos em forma de coração por toda a casa, chocolates borbulhando nas panelas e umas bolachas dentro de uns potinhos. Ainda tinha o mel feito na hora que jorrava sem parar de dentro das vasilhas em formato de ursinhos. Mas o que mais surpreendeu Molly foram as árvores no fundo do quintal cheinhas de frutas fresquinhas, que podiam ser tiradas do pé e deliciadas na hora. -- Por que a senhora não abre a sua casa para que todos venham aqui ver todos estes quitutes maravilhosos? Indagou Molly. -- Ah, pequena Molly, infelizmente nem todas as pessoas pensam como você, falou a velhinha. Todos os pais de Águas Claras acham que o ato de cozinhar assim, por puro prazer, é um pecado, e não deixam que seus filhos venham me visitar! -- Pois a partir de hoje, falarei a todas as crianças que no alto deste vale existe uma pessoa com mãos de fadas, falou empolgada a menininha. E todos, crianças e adultos, virão aqui provar todas estas iguarias. E eu garanto, quando entrarem aqui e virem que linda casa você tem, não haverá mais preconceito com a senhora nem com as delícias que faz. Dentro de poucos dias, Molly organizou uma festa e convidou a todos da vila. Não disse que as comidas seriam preparadas pela senhorinha misteriosa. Todos amaram as comidas e entenderam que é o amor o que dá o gosto especial aos alimentos. Desde então, a “casinha mágica” passou a ser visitada todos os dias por todos que queriam aprender a arte da culinária ou simplesmente comprar alguma das delícias. A pequena vila deixou de se chamar Águas Claras e passou a ter o nome de “Casa Mágica”, em homenagem à senhora que lá vivia. Depois desse dia, o mundo inteiro quis conhecer “Casa Má-

gica” e a vila ficou pequena para tantos visitantes. Fonte: ~,http:ÿÿwww.qdivertido.~ com.brÿvercronica.php?~ codigo=5~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Curiosidades Animais superdotados Ter um cérebro grande significa ser inteligente? Nem sempre. A esperta baleia tem um órgão nanico -- em proporções cetáceas. Aranha: Predadoras e exímias engenheiras de teias, aranhas têm, em geral, cérebro grande. Pesquisas mostram que, quanto menor a aranha, maior o cérebro, que pode chegar a cerca de 80% da massa do corpo. E mais: em algumas variedades, como é o caso da genus Mysmena, o cérebro chega a extrapolar a cavidade corporal e ocupar até um quarto das pernas. Tubarão: O temido animal tem um cérebro de dar risada, equivalente a menos de 0,01% de sua massa. Predadores tendem a ser mais espertos que presas, afinal eles podem aprender com o erro, enquanto o outro, se errar, vira comida. Mesmo assim, o tubarão não é um animal dos mais inteligentes. Como tem pouca concorrência no mar, caça sem dificuldades. Papagaio: Pequenas aves têm cérebros grandes se comparados ao corpo, com uma proporção de cerca de 2%. Os papagaios exploram bastante o pálio, parte do cérebro responsável pela capacidade cognitiva. Segundo estudos com papagaios-cinzas-africanos, além de pronunciar palavras, há indícios de que eles consigam contar até 6 e reconhecer formas e cores. Golfinho: O cérebro de um golfinho-nariz-de-garrafa, por exemplo, tem uma proporção baixa para suas capacidades. Ele se comunica por meio de ultrassons, com frequências específicas e únicas. É como a voz humana, que nunca é igual a outra. Já o golfinho comum, que pesa aproximadamente 60 kg, tem um cérebro de cerca de 800 g, o que equivale a 1,3% da massa corporal. Chimpanzé: É o primata com capacidade cognitiva mais próxima da do ser humano. Mas seu cérebro é pequeno, equivale a cerca de 1% do corpo. O órgão cresce 3,2 vezes durante a vida, praticamente o mesmo crescimento que o do homem. Cientistas acreditam que isso ajude a explicar a similaridade dos processos de aprendizado de humanos e chimpanzés. Crocodilo: Há 200 milhões de anos eles são os maiores predadores de água doce no mundo. Mas levam a vida a lagartear na água, dormir muito, locomover-se pouco e dar o bote quando a fome bate. Logo, não precisaram evoluir muito. E têm um cérebro risível: 8,5 g, o tamanho de uma noz. Isso se tratando de uma máquina assassina que pode ter mais de 3 metros de comprimento. Cão: São muitas raças, mas a proporção entre cérebro e corpo varia pouco, ficando em torno de 0,3%. As medidas medíocres, no entanto, não querem dizer que falta inteligência à cachorrada. Pelo contrário. Eles têm um olfato muito aguçado, podem reconhecer pessoas pelo timbre da voz e ainda conseguem desenvolver suas habilidades com a repetição de exercícios. Elefante: Tem o maior cérebro entre mamíferos terrestres, mas que equivale a apenas 0,1% de seu corpo. O neocórtex é desenvolvido, ou seja, há um bom espaço para o desenvolvimento da inteligência e da memória. Eles se lembram da localização de fontes de alimento e água, por exemplo. Assim como o homem e o chimpanzé, seu cérebro também cresce ao longo da vida.

Polvo: Junto com a aranha, tem o maior cérebro entre invertebrados, por menor que seja se comparado ao dos vertebrados. Dois terços de seus neurônios estão nos tentáculos. Além de enxergar bem, o polvo tem boa capacidade de tomar decisões. Pode abrir potes com tampa de rosquear e até apagar a luz do aquário à noite. Além de adivinhar o campeão da Copa do Mundo, é claro. Baleia: Um cérebro de cerca de 10 kg parece muito. Mas se considerarmos que baleias podem passar de 10 toneladas, a proporção entre massa cerebral e corporal do animal é 0,1%, muito menor que a do homem, que é de quase 2%. Mas, mesmo com um cérebro pequeno para suas dimensões, as baleias são bichos sofisticados, que se

comunicam com muitos sons e podem aprender, ensinar e cooperar. Fonte: ~,http:ÿÿ~ planetasustentavel.abril.~ com.br~, :::::::::::::::::::::::: Palavras em língua de índio Nem todas as expressões que conhecemos hoje eram faladas pelos indígenas brasileiros Tupi or not tupi? Muitas expressões para descrever locais, plantas e animais do Brasil são indígenas e não há mistério nisso: quando os portugueses não tinham palavra para descrever algo, usavam a do índio. Tucano e jacaré, por exemplo, são grafias aportuguesadas do tupi *tukana* e *îakaré*. Também adotaram o apelido com que os índios os batizaram, como no caso de *kari'oka* (carioca, “casa de branco”). Até a independência, o Brasil foi um país mais índio do que português. No interior (incluindo a cidade de São Paulo), falava-se a língua-geral, uma versão do tupi, usada por bandeirantes e tropeiros. E esses falantes de tupi que não eram índios continuaram a dar nomes aos lugares: Curitiba foi batizada em língua-geral. *Kuri'i* é “pinheiro” em guarani, e *tiwa* significa “muitos” em tupi. Em 1757, o marquês de Pombal tornou o português obrigatório no Brasil. A lei colou nas capitais, mas pouco afetou as populações do interior. Só com a chegada dos imigrantes europeus, no século XIX, o português se tornou a língua oficial e os caipiras abandonaram a língua-geral (caipira vem de *ka'apir*, “cortador de mato”, origem de carpir). Autores do romantismo, como José de Alencar, escreveram romances idealizando os índios em busca da identidade brasileira. Nomes como Iracema (“doce como mel”) e Ubirajara (“senhor do mato”) são criações de Alencar, e não nomes indígenas de verdade. O tupi de dicionário continuou pelo século XX. Novas cidades ganhavam nomes para ter um tom mais “nativo”. “Engenheiros fundavam um lugar e ligavam para a USP, consultando os professores de tupi”, diz Eduardo Navarro, da USP. Votuporanga (“bons ares”, fundada em 1937) e Umuarama (“lugar de fazer amigos”, de 1955) nunca foram chamadas assim pelos índios. Nhenhenhém? Não. A expressão, famosa na boca de FHC, vem do tupi. Significa “fala, fala, fala”. Um tupi na vizinhança Moema: Mentira. Vem do livro Caramuru, de santa Rita Durão (1781).

Tijuca: Rio podre, brejo, pântano. Ibirapuera: Lugar que foi uma vez uma floresta. Morumbi: Mosca verde, varejeira. Jaguaré: Casa da onça. Pirapora: Pulo do peixe. Itabuna: Pedra chata e preta, ferro. Fonte: Aventuras na História, Edição 110, Setembro 2012, p. 18. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Seção Juvenil Quadro de medalhas paralímpico -- 2012 1- China -- Ouro: 95. Prata: 71. Bronze: 65. Total: 231. 2- Rússia -- Ouro: 36. Prata: 38. Bronze: 28. Total: 102. 3- Grã-Bretanha -- Ouro: 34. Prata: 43. Bronze: 43. Total: 120.

4- Ucrânia -- Ouro: 32. Prata: 24. Bronze: 28. Total: 84. 5- Austrália -- Ouro: 32. Prata: 23. Bronze: 30. Total: 85. 6- Estados Unidos -- Ouro: 31. Prata: 29. Bronze: 38. Total: 98. 7- Brasil -- Ouro: 21. Prata: 14. Bronze: 8. Total: 43. 8- Alemanha -- Ouro: 18. Prata: 26. Bronze: 22. Total: 66. 9- Polônia -- Ouro: 14. Prata: 13. Bronze: 9. Total: 36. 10- Holanda -- Ouro: 10. Prata: 10. Bronze: 19. Total: 39. 11- Irã -- Ouro: 10. Prata: 7. Bronze: 7. Total: 24. 12- Coreia do Sul -- Ouro: 9. Prata: 9. Bronze: 9. Total: 27. 13- Itália -- Ouro: 9. Prata: 8. Bronze: 11. Total: 28.

14- Tunísia -- Ouro: 9. Prata: 5. Bronze: 5. Total: 19. 15- Cuba -- Ouro: 9. Prata: 5. Bronze: 3. Total: 17. 16- França -- Ouro: 8. Prata: 19. Bronze: 18. Total: 45. 17- Espanha -- Ouro: 8. Prata: 18. Bronze: 16. Total: 42. 18- África do Sul -- Ouro: 8. Prata: 12. Bronze: 9. Total: 29. 19- Irlanda -- Ouro: 8. Prata: 3. Bronze: 5. Total: 16. 20- Canadá -- Ouro: 7. Prata: 15. Bronze: 9. Total: 31. :::::::::::::::::::::::: As medalhas brasileiras Ouro Atletismo Feminino: Terezinha Guilhermina e Shirlene Coelho (Record Mundial). Atletismo Masculino: Felipe Gomes, Alan Fonteles Oliveira, Yohansson Nascimento (Record Mundial), e Tito Sena. Bocha misto: Dirceu Jose Pinto, Eliseu dos Santos, Maciel Santos. Esgrima em cadeira de rodas masculino: Jovane Silva Guissone. Natação masculino: André Brasil e Daniel Dias (4 Records Mundiais). Futebol de 5 masculino: Equipe. Prata Atletismo feminino: Jerusa Santos. Atletismo masculino: Lucas Prado, Odair Santos, Daniel Silva, Yohansson Nascimento e Claudiney dos Santos. Judô feminino: Lúcia Teixeira. Natação masculino: André Brasil e Phelipe Rodrigues.

Natação feminino: Edenia Garcia. Goalball masculino: Equipe. Bronze Atletismo feminino: Jhulia Santos. Atletismo masculino: Felipe Gomes e Jonathan De Souza. Bocha misto: Eliseu dos Santos. Judô masculino: Antônio Tenório. Judô feminino: Michele Ferreira e Daniele Bernardes. Natação feminino: Joana Silva. Fonte: ~,http:ÿÿgloboesporte.~ globo.comÿparalimpiadasÿ~ medalhas.html~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Piadas Pescaria No hospício, o doido, sentado num banquinho, segura uma vara de pescar mergulhada num balde de água. O médico passa e pergunta: -- O que você está pescando? -- Otários, doutor. -- Já pegou algum? -- O senhor é o quinto! Fonte: ~,http:ÿÿwww.freewebs.~ comÿrir10ÿpiadasdeloucos.htm~, Trato é trato Depois de exaustivas brigas, o marido grita: -- Eu não aguento mais!!! Vamos fazer o seguinte: eu fico com um lado da casa e você com o outro! -- Tudo bem! -- concorda a esposa -- Eu fico com o lado de dentro! Fonte: ~,http:ÿÿwww.aspiadas.~ comÿpiada-965.html~,

Trato é trato 2 Mais de meio século de harmonia total naquele casamento. Então, morre ele e, não demora muito, é ela que vai, também, para o céu. Lá encontra o marido, amor da vida inteira. Corre até ele: -- Querido!!! -- Pera aí... Não vem não! Nosso trato foi: “Até que a morte nos separe”. Fonte: ~,http:ÿÿwww.sosquimica.~ com.brÿpiadascurtas2.htm~, Motorista esperta A mulher liga toda esbaforida para o marido no escritório: -- Querido, o carro não quer pegar... Está com água no carburador. -- Você já chamou um mecânico? -- Não! -- Então como é que sabe que o problema é com o carburador? -- Palpite! -- Tá bom, eu vou até aí... Onde está o carro? -- Dentro da piscina! Fonte: ~,http:ÿÿ~ alexandredoradio.blogspot.com.~ brÿ2012ÿ03ÿpiadas-para-~ alegrar-o-seu-dia{-28.html~, Cale a boca -- Mamãe... Por que o papai não tem cabelo? -- Porque ele trabalha muito, é cheio de preocupações e é muito inteligente. -- Ah, e porque você tem tanto cabelo? -- Cale a boca. Fonte: ~,http:ÿÿleoninadigital.~ blogspot.com.brÿ2011ÿ09ÿ~ mamae-mamae.html~,

Penso, logo... -- Por que a loura não passa no vestibular? -- Porque ela não sabe se marca as respostas com "x" ou com "ch". Fonte: ~,http:ÿÿmexicana-de-~ futebol-soccer-pergunte.infoÿ~ por-que-o-menino-jogou-o-~ relogio-pela-janela~, õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Historiando Os escravos de Zumbi Quilombo organizava incursões a fazendas para tomar cativos Há pouca informação confiável sobre o quilombo dos Palmares (1605-1695) e seu líder. Tudo que sabemos foi escrito por seus adversários, como o capitão holandês Johannes Blaer, enviado para atacar o quilombo. Não há menção a Zumbi ter escravos pessoais, mas Blaer diz que os quilombolas tinham, sim, escravos e mandavam capitães-do-mato contra eles, caso fugissem. Palmares foi formado por escravos fugidos e quem chegasse ao quilombo por seus próprios meios era considerado livre. Mas os quilombolas faziam incursões contra fazendas vizinhas e quem fosse capturado nesses ataques continuava a ser escravo, o que incluía escravas “brancas”, já que mulheres sempre estavam em falta na Colônia -- e mais ainda em Palmares. Se Zumbi era o líder de uma sociedade que fazia escravos, ele tinha escravos. Mas isso não devia ser uma surpresa. As maiores figuras no comércio de escravos eram os portugueses, os árabes e os próprios africanos. Os europeus não faziam escravos na África -- eles os compravam “feitos” pelos africanos ou árabes. Mas nem africanos, nem árabes, nem europeus inventaram a escravidão. Era uma instituição milenar, considerada fruto natural da guerra -- o preço de ter sua vida poupada pelo inimigo era tornar-se escravo. Apenas no século XVIII surgiram propostas sérias para abolir a escravidão e elas só se transformaram em leis no século XIX. Antes disso, nenhum escravo gostava da própria escravidão, mas não ocorria a ninguém que havia algo errado com a instituição em si. Era comum ex-escravos tornarem-se donos de escravos. Zumbi não era um personagem de um filme de Hollywood, em que alguém vivendo no século XVII pode pensar como uma pessoa moderna. A questão: Zumbi ter sido dono de escravos diminui sua importância? O historiador Mury Barbosa, da USP, responde: “O único fato histórico sobre Zumbi é que ele foi um dos líderes de Palmares, uma sociedade autônoma, organizada por africanos aquilombados, que fugiram do escravismo colonial. Se Zumbi tinha escravos ou não (algo que futuramente poderá ou não ser comprovado) não tem nenhuma importância em relação a esse fato histórico. Sua luta era contra o escravismo colonial. Por isso, as pessoas veem em Zumbi um ícone importante da sua história”. Fonte: *Aventuras na História*, Edição 110, Setembro 2012, p. 22. :::::::::::::::::::::::: O reverso da história No mês da Independência do Brasil, convidamos você a virar a página do que pensava saber sobre a história do país. A "Mundo Estranho" conversou com historiadores e pesquisou documentos que colocam sob nova perspectiva muitas lições que você aprende na escola. Prepare-se para enxergar dom Pedro I, Tiradentes, Lampião e outros personagens de um jeito que nunca imaginou antes! Aprendemos na escola que... Fomos descobertos por acidente O português Pedro Álvares Cabral usou os conhecimentos de navegação da época para procurar as Índias usando um caminho alternativo, em linha reta pelo oceano Atlântico. Sem querer, chegou ao Brasil e nem percebeu o erro -- por isso os habitantes daquela terra foram chamados de “índios”. Mas a verdade é que... Cabral sabia o que estava fazendo Os mapas portugueses indicavam que havia terras a serem exploradas a oeste, e elas não tinham nada a ver com as Índias. A notícia da chegada de Américo Vespúcio ao Caribe, em 1498, tinha circulado rápido. Portanto, quando chegou a Porto Seguro, Cabral sabia bem a importância da descoberta. Aprendemos na escola que... Os índios foram explorados (e massacrados) Os portugueses foram espertos no comércio com os índios: trocavam o valioso pau-brasil por quinquilharias sem nenhuma utilidade. Além disso, os nativos também foram escravizados ou forçados a adotar uma nova religião, o cristianismo. Com o tempo, a cultura local foi absorvida, e um povo que era pacífico e vivia em harmonia com a natureza desapareceu. Mas a verdade é que... Os índios se beneficiaram na relação com os europeus As novidades trazidas pelos portugueses (de armas a cavalos) causaram uma revolução na vida dos índios. Isolados do desenvolvimento da Ásia, África e Europa por 3 mil anos, eles não tinham saído da Idade da Pedra. Para eles, o pau-brasil é que era inútil. Os nativos foram incorporados às vilas, no geral, gostaram da experiência de viver com os portugueses. Aprendemos na escola que... Os bandeirantes dizimaram os índios Em São Paulo, eles dão nome às principais rodovias do estado e ganham estátuas como a do Borba Gato, instalada no bairro de Santo Amaro. Mas, a partir dos anos 60, descobriu-se que os bandeirantes escravizaram e mataram índios sem dó. Relatórios dos jesuítas acusam os bandeirantes de eliminar ao todo, 3 milhões de nativos.

Mas a verdade é que... Os bandeirantes eram parceiros dos índios Eles não foram heróis, mas também não foram facínoras. Muitos forjaram parcerias com os índios, que os acompanhavam Brasil adentro. Quem não gostava nada disso eram os jesuítas – mais índios nas viagens significava menos convertidos nas igrejas. Os padres é que teriam sido responsáveis por atribuir a fama de truculência aos bandeirantes. Aprendemos na escola que... Somos a terra do coco e da banana Ilustrações e pinturas sobre a chegada de Cabral (e os primeiros anos de colonização) mostram um litoral parecido com o que conhecemos hoje: praias azuis, de areias brancas, ornadas por longas fileiras de coqueiros. E a banana

já era uma fruta típica do país, muito consumida pelos índios. Mas a verdade é que... O coco e a banana vieram com os europeus Pasme: os nativos se alimentavam de animais que caçavam... e de amendoim! Mas não existiam banana nem coco. Aliás, muitas frutas que associamos ao nosso “país tropical” foram trazidas por colonizadores ao longo do tempo -- entre elas, a jaca, a manga e o abacate. Aprendemos na escola que... Os brancos escravizaram os negros A sociedade brasileira era dividida de forma rígida pela cor da pele. Mesmo que conseguisse a alforria, um negro jamais conseguia enriquecer ou ser respeitado. Com frequência, líderes negros fundavam quilombos, comunidades inde-

pendentes onde todos viviam em situação de igualdade. Mas a verdade é que... Escravos tinham escravos Até Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, tinha os seus. Inclusive, era comum que escravos livres se tornassem traficantes de escravos. Nas maiores cidades de Rio de Janeiro e Minas Gerais, havia muitos casos como o de Chica da Silva -- escravas alforriadas que viviam da própria renda, ricas o bastante para comprar seus escravos. Aprendemos na escola que... Os europeus escravizaram africanos indefesos Os portugueses desembarcavam no litoral africano e invadiam a mata para caçar os nativos. Com poder de fogo superior, derrotavam tribos inteiras e as levavam de volta para a praia. Lá, as vítimas eram forçadas a embarcar em navios negreiros e eram vendidos como escravos ao redor do mundo. Mas a verdade é que... Os próprios africanos vendiam escravos Os portugueses não se aventuravam África adentro. Eles tinham entrepostos comerciais no litoral, onde compravam escravos de guerra. Esse tipo de comércio sustentava a economia africana havia séculos. Os reis locais mais poderosos tinham escravos brancos e tanta influência que trocavam cartas com monarcas europeus. Aprendemos na escola que... A feijoada foi criada pelos escravos Na casa grande, comia-se do bom e do melhor, o que incluía os mais suculentos pedaços de carne de porco. Os restos do animal eram aproveitados pelos escravos nas senzalas. Eles misturavam partes menos nobres (como rabo, nariz e orelha) com feijão e criaram assim um prato improvisado, que hoje é a cara do Brasil. Mas a verdade é que... A feijoada é uma invenção europeia Os ensopados são tradicionais na Europa. Os franceses comem o cassoulet, os ingleses, um feito de carne e batata. Os portugueses simplesmente incorporaram feijão a um prato já tradicional, de carne com legumes. A versão que dá autoria aos escravos não procede -- até porque, em casas menores, eles comiam na mesma mesa que seus senhores.

Aprendemos na escola que... Portugal só sugou as riquezas do Brasil Entre 1500 e 1821, enquanto dominou o território brasileiro, Portugal extraiu todas as riquezas locais -- e, de quebra, nas primeiras décadas, só mandou para cá bandidos renegados. Depois de retirar o pau-brasil, explorou o solo do Nordeste até a exaustão com a cana-de-açúcar. No século XVIII acabou com o ouro da região das Minas Gerais. Mas a verdade é que... Portugal também desenvolveu o país A montagem de engenhos era acompanhada por plantações e pela criação de animais. Era um sistema usado com sucesso no Caribe e na África e funcionava bem para os padrões da época. Assim como a cana, o ouro também trouxe riquezas para o Brasil, criou um comércio ativo e ajudou a desenvolver cidades. Aprendemos na escola que... Tiradentes se sacrificou pela liberdade do Brasil Simples e idealista, o alferes Joaquim José da Silva Xavier se tornou o maior símbolo da Inconfidência Mineira, em 1789. Grande defensor da independência do Brasil e da libertação dos escravos, ele foi condenado à forca pela Coroa Portuguesa. Seus companheiros de revolta, mais ricos, foram apenas exilados. Mas a verdade é que... Tiradentes foi uma figura menor num movimento elitista Ele foi um homem simples que nem queria pegar em armas. Mas se viu envolvido num movimento comandado pela elite. O objetivo nem era o fim da escravidão, e sim o fim dos altos impostos. Tiradentes foi preso sem resistência, tentando se esconder. Aprendemos na escola que... Aleijadinho foi um gênio deformado fisicamente Antônio Francisco Lisboa idealizou obras de valor incomparável no século XVIII. Mas era também um homem sofrido e recluso. Deformado por uma doença degenerativa, vivia escondido, só trabalhava à noite e segurava os instrumentos com as mãos trêmulas e envoltas em faixas. Seu corpo apodreceu lentamente, até sua morte. Mas a verdade é que... Aleijadinho é uma invenção literária O personagem foi inspirado em outro herói monstruoso -- o de *O Corcunda de Notre Dame*, de Victor Hugo. Seu criador foi Rodrigo José Ferreira Bretas, que em 1958 escreveu uma monografia para participar de um concurso. Existiu um Antônio Francisco Lisboa, mas sua biografia é pouco conhecida. Ele certamente não era deformado nem criou todas as obras creditadas a ele. Aprendemos na escola que... Dom João VI era um bobão No início do século XIX, Portugal era dominado economicamente pela Inglaterra e ameaçado pelas tropas de Napoleão, que exigia sua submissão. O Brasil surgiu como uma alternativa polêmica para receber a corte nesses tempos de incertezas. No meio disso tudo, o rei português era dom João VI -- um palerma gordo, preguiçoso e guloso.

Mas a verdade é que... Dom João VI tomou decisões corajosas O rei português era tímido e indeciso, mas sabia se cercar de auxiliares competentes. E tomou decisões difíceis, como deixar a Corte portuguesa e se mudar para cá. Foi sábio ao perceber que a independência do Brasil era um processo inevitável e conseguiu conduzir a situação de forma que seu próprio filho se tornasse o primeiro imperador do novo país. Aprendemos na escola que... A declaração da independência foi uma cena magistral Quando Dom João VI voltou para Portugal, em 1821, seu filho, dom Pedro I, decidiu ficar. Educado no Brasil e inconformado com nossa submissão à Coroa, ele declarou a independência num impulso, durante uma viagem de Santos a São Paulo, após receber uma carta exigindo seu retorno a Portugal. Mas a verdade é que... Dom Pedro I estava irritado e numa mula A cena em nada lembra o famoso quadro pintado por Pedro Américo. O príncipe regente subia a serra do Mar numa mula, sem roupa de gala. Estava acompanhado de poucos auxiliares e, para piorar, sofria de diarreia. Não disse “Independência ou morte!”, mas “Nada mais quero com o governo português e proclamo o Brasil, para sempre, separado de Portugal”. Aprendemos na escola que... Canudos era uma comunidade igualitária Antônio Conselheiro, o guia espiritual que fundou a comunidade de Canudos, no final do século XIX, era como Che Guevara: criou uma sociedade de direitos iguais e sem propriedade privada. Foi esse espírito de liberdade que levou os 25 mil moradores a superar a miséria e vencer três missões do exército brasileiro. Mas a verdade é que... Canudos tinha muita desigualdade social A maior luta de Conselheiro era contra os impostos. A comunidade que ele criou era mais aberta do que se imagina: comerciantes circulavam livremente e não pagavam taxas. Com isso, a cidade ganhou classes sociais diferentes. Alguns empresários, como Antônio Vilanova e Joaquim Macambira, enriqueceram ali.

Aprendemos na escola que... Manipulações inglesas causaram a Guerra do Paraguai Governado por Solano López, o Paraguai incomodava a Inglaterra. Era uma nação em crescimento e que rapidamente se tornava independente economicamente. Por isso, o governo inglês incitou Brasil, Argentina e Uruguai a guerrear contra o vizinho. O conflito durou de 1864 a 1870. e o Paraguai nunca mais se recuperou. Mas a verdade é que... A Inglaterra não queria a Guerra do Paraguai Não era do interesse dos ingleses um conflito na América Latina. Eles já estavam bem ocupados com as tensões colonialistas na África e na Ásia. Além disso, o Paraguai não era a nação desenvolvida que se diz nos livros. A guerra foi provocada pelos para-

guaios, que invadiram sem aviso o Mato Grosso. Aprendemos na escola que... Lampião defendia os pobres Virgulino Ferreira entrou para o cangaço para vingar o assassinato de seu pai. Por duas décadas do século XX, foi um dos homens mais temidos do sertão. Mas defendia os pobres e atacava os ricos -- nos anos 70, o historiador Eric Hobsbawm chegou a classificá-lo como um “bandido social”, ao lado do inglês Robin Hood e do norte-americano Jesse James. Mas a verdade é que... Lampião liderava um grupo de crime organizado Lampião não lutava contra os coronéis em defesa dos pobres. Ele liderou um grupo que hoje se assemelha ao crime organizado carioca, com forte senso de hierarquia e suas próprias noções de justiça. Ele não era rival de todos os ricos -- até gostava de ser bem tratado por eles e exibia com orgulho as joias que ganhava ou pilhava. Aprendemos na escola que... O Carnaval é uma festa popular espontânea Nas festas populares do Brasil Colônia, as pessoas saíam às ruas para jogar água e bolas de cera uma nas outras. Homens se vestiam de mulher, pessoas se vestiam de padres e simulavam missas bem-humoradas... Enfim, um caos. Ainda hoje, o Carnaval é essa manifestação desorganizada, integral à personalidade do brasileiro. Mas a verdade é que... O desfile de carnaval é uma invenção do governo Vargas O que hoje conhecemos como desfile de Carnaval foi uma invenção política nos anos 30. O presidente Getúlio Vargas se inspirou nas manifestações organizadas pelo ditador italiano Benito Mussolini: trajeto definido com antecedência, divisão em blocos temáticos e ritmo. O que era uma festa espontânea virou um evento controlado. Aprendemos na escola que... O milagre econômico não beneficiou o país Entre 1969 e 1973, a economia do Brasil cresceu rápido. Por ano, em média, o Produto Interno Bruto (PIB) subiu 10% e o setor de construção civil aumentou 15%. Mas nada disso valeu a pena porque o bolo cresceu, mas não foi distribuído. A ditadura impediu que essas informações chegassem ao público e a desigualdade social aumentou.

Mas a verdade é que... O milagre econômico melhorou a infraestrutura do país Eram tempos de ditadura e a desigualdade social realmente aumentou. Mas o crescimento econômico do começo dos anos 70 foi impressionante -- e benéfico. Permitiu a construção de obras estruturais fundamentais, como a hidrelétrica de Itaipu, a usina nuclear de Angra I, a ponte Rio-Niterói e as redes de metrô. Aprendemos na escola que... Os cara-pintadas derrubaram Collor Em 1992, jovens saíram às ruas para protestar contra o presidente Fernando Collor de Mello, envolvido em escândalos de corrupção. O movimento popular, que ficou famoso pelos rostos pintados de verde e amarelo, recebeu grande atenção da mídia e exerceu pressão

a ponto de forçar Collor a renunciar ao cargo, em 29 de dezembro. Mas a verdade é que... Collor não caiu por causa dos cara-pintadas O principal motivo para sua queda foi a economia. O congelamento de poupança proposto no Plano Collor irritou tanto a população que o índice de aprovação do presidente nunca passou dos 36% -- Lula, por exemplo, chegou a 55%. A impopularidade somada às denúncias de corrupção, criou o clima político para a renúncia. Aprendemos na escola que... Os grupos contra a ditadura queriam uma democracia Em 1º de abril de 1964, um golpe militar afastou o presidente João Goulart e instituiu um regime ditatorial no Brasil. Entre seus principais opositores, especialmente entre 1968 e 1974, estavam grupos armados clandestinos formados por jovens idealistas. Seu objetivo era levar o povo ao poder, restituindo um governo democrático. Mas a verdade é que... Um grupo contra a ditadura militar queria uma ditadura socialista Nem todos os grupos guerrilheiros que lutaram contra a ditadura queriam uma democracia. O objetivo era criar uma ditadura do proletariado, também sem liberdades civis, inspirada nos países socialistas. Esses grupos não eram unidos -- havia dezenas deles, re-

sultado de desentendimentos ideológicos. Fonte: *Mundo Estranho*. Edição 129, Setembro/2012, p. 20-28. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Tome Nota Seis regras de ouro para ficar de boca fechada! -- Segredos são presentes preciosos e devem ser tratados com muito cuidado. -- Contar o segredo de outra pessoa é falta de respeito. -- As pessoas que sempre contam segredos não são confiáveis... e logo acabam sozinhas. -- Qualquer segredo contado “só para você” logo acaba se espalhando super-rápido. -- Geralmente, os segredos vão sendo mudados à medida que passam de boca-a-boca, e, no final, acabam tornando-se mentiras. -- Se você contar os segredos de alguém, você não tem como controlar as consequências... e quem pode acabar sendo prejudicado é você. Fonte: *100 Magias para Guardar Segredos*. (Coleção Witch). õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Leitura Interessante Gol de letra, minha superação Gabriela Nunes Araújo (15 anos, baixa visão, Rio de Janeiro RJ.) Gol de letra para mim é enfrentar um desafio: de dia a dia achando o meu caminho. Gol de letra também é na escola aprendendo e estudando toda hora, você acaba vencendo. Gol de letra é ter um amigo sempre por perto. Você se considera invencível. Gol de letra meu amigo, você tem todo dia. É só saber lidar e com paciência e alegria. Gol de letra é ter família, alguém para conversar, para nos momentos difíceis desabafar. Gol de letra é superar as dificuldades, para na vida caminhar com dignidade. Fonte: *Folha Dirigida*. Projeto Redação [2010?], p. 77. :::::::::::::::::::::::: Costurando a vida Gabriela Nunes Araújo (15 anos, baixa visão, Rio de Janeiro RJ.) Costurar a vida é como costurar um vestido. Com agulha e linha, Vai puxando o tecido. Costurar a vida é costurar ideias e saberes, É aprender a viver, É aprender que, Se cair, levante e aprenda a se erguer. Costurar a vida é ter segurança Se faz errado ou certo, pense: Um dia eu acerto. Costurar a vida é viver em paz, Lute pela esperança E pela justiça a quem faz. Costurar a vida é perdoar Pois o perdão liberta Faz voar. Costurar a vida é dizer que ela é querida Ficar feliz e fazer o que quer. Assim, vamos costurando a vida. Fonte: *Folha Dirigida*. Projeto Redação 2011. p. 68. õoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõoõo Teste Você sabe o que significa ser uma pessoa discreta? Que tal responder o teste abaixo e descobrir? Recomendamos discrição Chegou uma nova colega na sua aula. Sua reação é: a) “Tomara que ela seja legal!” b) “Mas de onde veio essa aí?” c) “Ah, é mesmo?”

Uma das suas colegas tem faltado às aulas e você não sabe por que... a) Alguma coisa está errada. Você liga para ela para ver o que está acontecendo. b) Você pergunta para suas colegas se elas sabem de alguma coisa. c) Melhor assim. Você não a suporta. Sem querer, você escuta duas colegas brigando na sala depois que todos já saíram. a) Você volta para a sala com o seu amigo faixa-preta. b) Você fica escutando a briga do lado de fora. c) Como isso não é da sua conta, você vai cuidar da sua vida. Você encontra a agenda de uma colega no chão, ao lado da mesa da professora. a) Você pega para ver de quem é.

b) Sua chance de ouro! Uma ótima opção de leitura! c) Você deixa a agenda onde está. Você pega uma colega com a mão na massa mexendo na sua mochila. a) Você fica surpresa e pergunta pra ela o que ela está procurando. b) Você solta toda sua coleção de insultos e palavrões em cima dela. c) Você não dá a mínima, pois não tem nada a esconder. Você fica sabendo que a Lisa, uma menina que sempre tem boas notas, é uma coladora. a) Você já sabia disso, mas para que fazer fofoca? b) Você vai correndo contar para a professora. c) Você simplesmente ignora o fato: afinal, não é só ela que faz isso. Você vê o namorado da sua amiga dando um presente para outra menina. Como você reage? a) Você não faz nada, mas fica de olho nele. Nunca se sabe... b) Como você conhece a menina, você tenta descobrir o que foi que ele deu. c) Você não dá a mínima – afinal de contas, não tem nada a ver com isso! Faz um mês que uma colega sua não fala mais com você... a) Você pergunta para ela o que está acontecendo. b) Você não diz nada, mas tenta descobrir pelos outros. c) É mesmo? Você nem tinha percebido! Seu perfil! Se você tem mais respostas a) Você é a própria discrição. O seu detector de segredos funciona a mil, mas você sabe que o melhor é ficar na sua e não se meter nos assuntos dos outros. Você sabe que não dá pra acreditar em tudo que se ouve, e quando você quer saber algo, você pergunta diretamente para a pessoa envolvida. Você espera ser respeitada da mesma forma que respeita os outros. Infelizmente, corre o risco de conhecer pessoas que não agem com os mesmos princípios que você. Por isso, escolha cuidadosamente seus confidentes. Fora isso, não mude nada no seu comportamento! Se você tem mais respostas b) Ser discreto? Você não vai deixar uma coisa dessas interferir na sua curiosidade nata. Vá em frente, se meta na vida dos outros. Todas as situações guardam um mistério e você está sempre antenado para descobrir o que está havendo. Mas tome cuidado: imagine como você se sentiria se tivesse um segredo e algum xereta como você ficasse sempre incomodando! Se você tem mais respostas c) E eu com isso? Seu ditado é: “Isso não é da minha conta!” Você não se liga muito na vida dos outros -- a vida deles nem é muito interessante mesmo. Por outro lado, você é muito mais interessante. Se alguém está falando com você, você nem se dá conta porque está pensando no que fazer na quarta que vem. Perigo: se algum dia você precisar de uma amiga para conversar, você pode acabar tendo que falar com as paredes. Empate Você marcou 3 a) e 3 b) por exemplo? Então você é uma mistura dos dois tipos. Você ainda não decidiu de que lado você está -- e

até fazer isso você vai continuar sendo meio camaleoa. Fonte: *100 Magias para Guardar Segredos*. (Coleção Witch). õxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxo Fim da Obra