õieieieieieieieieieieieieieieo õ o õ PONTINHOS o õ o õ Ano LI -- n.o 339 o õ abril-junho de 2011 o õ Instituto o õ Benjamin Constant o õ Diretora-Geral do IBC o õ Sra. Maria Odete o õ Santos Duarte o õ Fundador de Pontinhos o õ Prof. Renato o õ M. G. Malcher o õ Responsável por o õ Pontinhos o õ Kate Q. Costa o õ Imprensa Braille o õ do IBC o õ o õ Av. Pasteur, 350-368 o õ Urca, Rio de Janeiro, o õ RJ -- Brasil o õ 22290-240 o õ Tel.: (21) 3478-4457 o õ o õ Brasil um País de Todos o õ*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?o Sumário Seção Infantil A Vovó Conta Histórias: A Lua no Poço ::::::: 1 Gralha-Azul :::::::::: 3 A Tartaruga Voa- dora ::::::::::::::::::: 5 Divertimentos: O que É, o que É? ::: 6 Só Rindo ::::::::::::: 10 Para você Recitar: Pardalzinho ::::::::::: 12 Zoologando: Pescadores Litorâneos Notívagos ::::::::::::: 13 Historiando: As Sete Cores do Arco-Íris :::::::::::: 14 Seção Juvenil Narrando a História: Figuras de Proa :::::: 15 Johann Wolfgang von Goethe :::::::::::: 17 Marco na História :::: 18 Dubai ::::::::::::::::::: 21 Conhecendo nossos Escritores: Basílio da Gama :::::: 23 Não custa Saber :::::::: 25 Leitura Interessante ::: 28 Nosso Brasil: Vila Rica :::::::::::: 31 Muito Além do Frango Xadrez :::::::: 33 Curiosidades :::::::::::: 38 Fim do Mundo com Endereço :::::::::::::: 41 Ecoando: Multiplicação dos Peixes :::::::::::::::: 44 Invenções Brasileiras mais Injustiçadas ::::: 51 Conhecendo o Mundo: Alentejo :::::::::::::: 56 O Fruto Proibido :::::: 59 Ameno e Instrutivo: Por que o Polo Sul É mais Frio que o Polo Norte? :::::::::: 62 Por que a Formiga não Gosta de Adoçante? ::: 63 Coleção de Moedas Vira Oferta :::::::::::::::: 65

Qual a Diferença entre Imperador, Rei, Sul- tão, Xeque, etc. :::::: 66 É Útil Saber: Cabral e o Descobri- mento do Brasil ::::::: 69 As Comunicações :::::: 70 Festas Juninas ::::::: 71 O Dicionário Esclarece ::::::::::::: 73 Fontes de Pesquisa ::::: 74 Ao Leitor :::::::::::::: 75 ¨ :::::::::: Seção Infantil A Vovó Conta Histórias A Lua no Poço Numa noite clara e enluarada, Nasrudim vai ao poço tirar água. Ao olhar para baixo, vê o reflexo da lua brilhando na água e na mesma hora diz: -- Nossa, coitada da lua, ela caiu dentro da água! Espere lua, que eu já vou tirá-la daí! Nasrudim vai correndo até a sua casa e volta com uma corda com um gancho de ferro amarrado na ponta. Rapidamente atira a corda dentro do poço, gritando de forma encoraja- dora: -- Vamos lua, força, agarre firme que eu já vou puxá-la para fora daí! Mas aconteceu que a corda ficou presa numa grande pedra no fundo do poço e Nasrudim precisou puxar com toda a sua força. -- Ufa! -- pensou Nasrudim com os seus botões. -- Mas como a lua é pesada! De repente, a corda se solta num tranco e Nasrudim cai de costas no chão. Quando consegue recuperar o fôlego, ainda estendido no chão, ele se depara com a lua no céu, brilhando no meio das estrelas. Então Nasrudim diz à lua: -- Não foi nada fácil, mas conseguimos, hein, lua! Que sorte a sua, eu ter chegado bem a tempo de poder ajudá-la! Foi um prazer estar a seu serviço. -- Adeus lua, e boa noite! Moral da História: Quantas vezes, acreditamos piamente numa verdade, num conceito ou numa regra e, de repente, nos damos conta de que tudo não passava de uma ilusão, um equívoco, uma espécie de miragem?! Pois então, não se considere o dono de nenhuma verdade, nunca, pois você poderá correr o sério risco de se sentir um tolo. No final das contas, o mundo é sempre aquilo que a gente acredita que ele é. ¨*** Gralha-Azul Gralha-azul é o nome dado a uma linda ave que motivou no Paraná, a tradição de plantadores de pinheiros, enterrando as sementes com a ponta mais fina para cima e devorando a cabeça, que seria a parte apodrecida. Não deve ser abatida e é comumente respeitada pelo povo como ave protetora dos pinheirais. Conta a lenda que, uma certa gralha negra, dormia num galho de pinheiro e foi acordada pelo som dos golpes de um machado. Assustada, voou para as nuvens, para não presenciar a cena do extermínio do pinheiro. Lá no céu, ouviu uma voz pedindo que ela retornasse para os pinheirais, pois assim ela seria vestida de azul-celeste e passaria a plantar pinheiros. A gralha aceitou então a missão e foi totalmente coberta por penas azuis, exceto ao redor da cabeça, onde permaneceu o preto dos corvídeos. Retornou então aos pinheirais e passou a espalhar a semente da araucária, conforme o desejo divino. Esta lenda na verdade é um fato real. A Gralha-azul tem o hábito de enterrar pinhões. Após encontrar o local correto, ela pressiona-o a entrar, dando-lhe golpes com o bico, até a completa introdução. Não contente com isso, ainda coloca algum material das redondezas como folhas, pedras ou galhos em cima do local remexi-

do, de forma a camuflar ou disfarçar o feito. ¨*** A Tartaruga Voadora Era uma vez uma tartaruga que queria conhecer o mundo. Confiou este seu desejo a dois patos que viviam perto dela, numa lagoa. Um belo dia, a lagoa secou e os patos prepararam-se para partir. Antes, porém, foram despedir-se da sua amiga e fizeram-lhe um convite: -- Se quiseres, podes vir conhecer o mundo conosco. Cada um de nós segura a ponta de um ramo e tu agarras-te bem a ele com a boca. Assim, ficarás em segurança e poderás ver, lá do alto, cidades e reinos maravilhosos. A tartaruga nem pensou duas vezes: aceitou o convite e, nesse mesmo dia, partiram todos à aventura. Sobrevoaram aldeias, cidades e reinos de encantar. Quando passavam por cima de um campo, os camponeses admiraram-se com o que viram e gritaram: -- Vejam! Vejam! Uma tartaruga a voar! -- Como sou extraordinária! -- gritou a tartaruga cheia de orgulho. Porém, assim que abriu a boca, largou o ramo e estatelou-se no chão. Moral da história: Aceita o triunfo com modéstia. ¨:::::::::: Divertimentos O que É, o que É? 1. Ronca, mas não é trovão; faz buraco, mas não é tatu; voa, mas não é ave; quem é? R: O besouro. 2. Cru não existe, cozido não se come; o que é? R: O sabão. 3. Qual é o lamento que é doce? R: O suspiro. 4. O que é que, antes de ser, já era? R: A pescada. 5. Por que o preço do bacalhau é alto? R: Porque é salgado. 6. Qual a palavra que nunca diz a verdade? R: Somente. 7. Por que é melhor sentar-se nos últimos lugares do circo? R: Ri melhor quem ri por último. 8. Por que Zezinho não lava o pé esquerdo? R: A mãe fala: -- Menino, lava o pé direito. 9. Qual é a diferença entre um carpinteiro e um bebê chorão? R: O carpinteiro quer boa madeira, e o bebê quer mamadeira. 10. Se você dá, fica com ela; se você não dá, fica sem ela. R: A amizade. 11. Sou uma caixinha de bom parecer, e não há carpinteiro que possa fazer? R: O amendoim. 12. Tem dentes, e não comem; tem barbas, e não é homem. R: O alho. 13. Dentro de uma caçapinha, mora uma sapinha; chova ou não chova. Está sempre molhadinha. R: A língua. 14. Independente de qualquer religião, qual a casa de maior respeito? R: A casa do marimbondo. 15. O que é que só anda a cavalo e nunca sozinho? R: As ferraduras. 16. Qual é o peixe que tem título de nobreza? R: O tubarão. 17. Qual o inseto que tem duas partes de marido e duas partes de esposa? R: A mariposa. 18. Quantos dentes tem a tartaruga? R: Nenhum. 19. O que fez o ovo do pato: subiu ou desceu? R: Pato não põe ovo. 20. Para quem os dias passam voando? R: Piloto de avião. 21. O que é que tem pés redondos, mas deixa rastro comprido? R: Bicicleta. 22. Qual é o estado mais respeitado em todo o Brasil? R: Espírito Santo. 23. O que só pode ser usado se for quebrado? R: O ovo. 24. O que o lápis disse para o papel? R: Você vive me desapontando.

25. O que falta para o sol virar militar? R: Um dado -- soldado. ¨*** Só Rindo Criança mimada Pedrinho está no quarto. De repente, ele começa a gritar, cada vez mais alto: -- Mãe, traz um copo de água para mim! O menino berra sem parar, até que a mãe responde: -- Pedrinho, se você não parar de gritar eu vou até aí bater em você! -- Então, quando vier me bater, traz um copo de água para mim!!! Coragem O menino está se gabando para a menina: -- Está vendo esta cica- triz? Foi por causa de um cavalo. Está vendo esta ou- tra, aqui? Foi por causa de um leão. E esta maior foi por causa de uma girafa. E a menina: -- Mas você não percebeu que os bichos do carrossel são de plástico? Ato falho Ao distribuir as notas da prova escrita na classe, o professor vai falando em voz alta quanto cada aluno tirou: -- Luís, dez. Pedro, oito. Zezinho, zero... -- Professor, por que você me deu zero? -- Porque você colou a prova do Pedro. E como você sabe? Porque todas as respostas estão iguais, menos a última, na qual o Pedro respondeu "esta eu não sei" e você escreveu "nem eu". O rapaz da cidade grande, em visita à fazenda, chega ao curral e sussurra no ouvido da vaca: -- Eu tenho uma surpresa pra você: Hoje sou eu quem vai tirar o seu leite. -- Eu também tenho uma surpresa pra você: Eu sou o boi. ¨:::::::::: Para você Recitar Pardalzinho Olhei pela janela, vi uma chuva caindo. Chovia miúdo, fininho, e molhou um passarinho. Estava tremendo de frio pertinho do tamarindo. Pus retalhos, fiz quentinho, pus ternura, fiz carinho. Quando o sol apareceu, ele voou pro telhado. Dali viajou para o mundo. Danado, nem me disse adeus! ¨ ::::::::::

Zoologando Pescadores Litorâneos Notívagos Eles vivem em áreas litorâneas ou próximas a rios e lagos e, em grupos de, no máximo 20 integrantes, sobrevoam os espelhos d'água para pescar. Seus corpos são alaranjados, com cerca de 70 gramas de peso e 70 centímetros de envergadura. Pássaros? Não, morcegos. Ou melhor, morcegos-pescadores. Durante o dia, esses exóticos animais se escondem em cavernas ou em troncos ocos, de onde saem no fim da tarde para a caça. Eventualmente, podem ser encontrados próximos aos centros urbanos, em busca de alimentos como as baratas e os pequenos peixes conhecidos como "barrigudinhos", que são colocados em chafarizes e reservatórios de água para evitar a proliferação de larvas de mosquitos. O mais intrigante nesses animais é o seu cheiro característico, definido por pesquisadores como uma "mistura de suco de uvas e peixes". ¨:::::::::: Historiando As Sete Cores do Arco-Íris Na mitologia grega, Íris era a mensageira da deusa Juno. Como descia do céu num facho de luz e vestia um xale de sete cores, deu origem à palavra arco-íris. A divindade deu origem também ao termo íris, do olho. As cores do xale eram: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. ¨ :::::::::

Seção Juvenil Narrando a História Figuras de Proa Os navegantes de antigamente cortavam a cabeça de um carneiro e a colocavam na proa da embarcação. Eles acreditavam que ela iria protegê-los de todos os perigos do mar. Com o tempo, passou-se a usar uma escultura de madeira em vez da cabeça do animal e o vinho tinto no lugar do sangue. Daí o costume de quebrar no casco do navio uma garrafa de champanhe, mais caro que o vinho, para batizar uma embarcação nova. Além de animais, também eram feitas esculturas de personagens da mitologia, reis, generais, entre outras. Na segunda metade do século XIX, os veleiros estrangeiros que chegavam ao Brasil, também traziam algumas figuras na proa. Elas representavam, por exemplo, o dono do barco ou um leão. Nessa época, alguns nobres e fazendeiros poderosos viviam na região próxima ao Rio São Francisco, entre as cidades de Pirapora, em Minas Gerais, e Juazeiro, na Bahia. Acredita-se que por volta de 1875 um deles, para imitar os estrangeiros, tenha pedido a um escultor da região que colocasse uma figura na proa de sua barca. A moda pegou. E virou símbolo de elegância. Mas as pessoas que viviam à beira do rio eram muito supersticiosas e as carrancas (figuras de proa), voltaram a ter sua antiga função. Além de proteger os navegantes dos perigos das águas, espantavam os inúmeros maus espíritos do rio, como o minhocão, o caboclo-d'água, o bicho-d'água e o cavalo-do-rio. Até meados do século XX, praticamente todas as barcas tinham carrancas. Mas essas pesadas embarcações foram substituídas pelas ligeiras e leves canoas sergipanas, que não suportavam o pesado ornamento. Essas figuras foram abandonadas e muitas delas, usadas como lenha, para fazer cerca etc. Acredita-se que aproximadamente 120 carrancas para barcas foram esculpidas no século XIX, e só a metade delas encontra-se em museus e coleções particulares. As carrancas de hoje em dia, com raras exceções, são cópias malfeitas das esculturas de antigamente. ¨*** Johann Wolfgang von Goethe Nascido em Frankfurt, em 1749, faleceu em Weimar, em 1832. Foi o maior poeta da língua alemã e um dos mais famosos do mundo. Escreveu obras como "Fausto" e "Os Sofrimentos do Jovem Werther", entre outras. De sua produção poética fazem parte poesias líricas, muito delicadas e singelas, além de poesias dramáticas e épicas. Seus poemas, quase sempre muito realistas, provocam emoção nos seus leitores, que chegam a considerá-los assustadores. Essa emoção, transmitida por seus escritos, faz de Goethe um mestre em todos os gêneros. Poeta, dramaturgo e romancista, Goethe foi um verdadeiro gênio. ¨*** Marco na História Nossa primeira Casa da Moeda -- Em Salvador, na Bahia -- Em consequência da descoberta do ouro na região de Minas Gerais, é criada no Brasil a primeira Casa da Moeda, com sede em Salvador, na Bahia. Ela passaria a usar o metal, abundante na época, para fabricar moedas que estavam em falta no país desde que a mineração havia estimulado o comércio. As primeiras moedas ficariam prontas no início do ano seguinte. Eram de mil, 2 mil e 4 mil réis, em ouro, e de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis, de prata. Vitória Romana -- Perto das ilhas Aegates, na Itália -- Os romanos vencem a batalha decisiva da Primeira Guerra Púnica, iniciada 23 anos antes contra Cartago. Com o fim do conflito, um tratado de paz obriga os cartagineses a pagar uma indenização de guerra e a ceder aos romanos as ilhas da Sicília, Córsega e Sardenha.

Dinastia Nipônica -- No Japão -- 585 a.C. data provável da morte de Jimmu, considerado o primeiro imperador do Japão. De acordo com crônicas posteriores, ele se chamava Kamuyamato Iwarebiko e se tornou soberano por volta de 660 a.C. Considerado descendente de Amaterasu, deusa do sol, fundou a dinastia imperial no país. Massacre de Inocentes -- Em My Lai, no Vietnã -- Durante a Guerra do Vietnã, soldados americanos invadem a aldeia de My Lai, no Vietnã do Sul, em busca de soldados Inimigos. Em algumas horas, mais de 500 aldeões do vilarejo são mortos, a maioria crianças, mulheres e idosos. Eu me Lembro -- "Havia chegado ao Vietnã em fevereiro de 1967 e fiquei um ano. Quando ocorreu o Incidente, estava com minha unidade num local chamado Khe Sanh. Só fui saber do ocorrido já de volta aos Estados Unidos. Não queria crer num massacre assim, pensei que fosse propaganda comunista." Earl Clark, ex-soldado do Exército americano. ¨:::::::::: Dubai A expressão arranha-céu é perfeita para descrever o Burj Khalifa, o maior prédio do mundo, inaugurado em Dubai. O edifício tem 828 metros e 160 andares, superando, com folga, as dimensões do recordista anterior, o Taipei 101. O Burj Khalifa -- que ia se chamar inicialmente Burj Dubai -- tem mais de duas vezes a altura do Empire State Building, aquele onde King Kong se "pendurou" em Nova Iorque. O novo maior prédio do mundo coleciona outros recordes. Tem o andar habitado mais alto entre todos os outros edifícios do planeta. É também a estrutura mais alta da Terra, superando uma antena de televisão em Dakota do Norte, nos Estados Unidos. Além disso, o seu observatório, no 124º andar, é o mais longe do chão. A construção do Burj Khalifa começou em 2004 e foi considerada muito rápida. Em uma fase da obra, um novo andar era completado em apenas três dias. Todo o projeto custou 1,5 bilhão de dólares. A torre abrigará escritórios e apartamentos. Dubai tem muitos outros arranha-céus, mas vive uma crise no mercado imobiliário. Os preços dos imóveis chegaram a cair pela metade. Nem por is-

so a gente deixa de ficar admirado com o novo gigante. ¨:::::::::: Conhecendo nossos Escritores Basílio da Gama O poeta José Basílio da Gama nasceu em Tiradentes (MG) em 1741 e faleceu em Lisboa, Portugal, em 1795. Órfão, foi criado por um militar, que o entregou aos 15 anos à Companhia de Jesus, para que o educasse no Rio de Janeiro. Depois, estudou direito em Coimbra, Portugal. Perseguido sob suspeita de jesuitismo, mudou-se para Lisboa e, em seguida, para Roma. De novo no Rio e mais uma vez acusado de jesuitismo, foi levado para Lisboa e quase deportado para Angola. Salvou-o um poema feito para o noivado da filha do marquês de Pombal (1699-1782) -- este se interessou por ele e, em 1769, deu-lhe um cargo público. O árcade Basílio -- para alguns críticos, precursor do romantismo, por revelar a grandeza e a opulência de nossa natureza -- escreveu odes, sátiras, sonetos, o poema "Quitúbia" e sua obra mais importante e que o consagrou, o épico "O Uruguai", em que, pela primeira vez, exaltou nosso índio. Para o professor de literatura da USP, Ivan Teixeira, "O Uruguai" não é a única obra relevante do poeta. Ele escreveu alguns dos melhoes sonetos da língua, como "A uma Senhora Natural do Rio de Janeiro", cujo primeiro verso transcrevemos abaixo: Já, Marfisa cruel, me não maltrata saber que usas comigo de cautelas, que inda te espero ver, por causa delas, arrependida de ter sido ingrata. ¨:::::::::: Não custa Saber Sem saída -- Um repórter de rádio, anunciando a situação caótica que nossa cidade está vivendo, falou da expedição de "mandato de prisão" aos traficantes. Com mandatos, jamais se conseguirá prender os bandidos. Observe: mandato -- missão, delegação ou representação delegada pelo povo: "O mandato de prefeito é de quatro anos"; mandado -- incumbência, mandado judicial. O locutor deveria ter se referido a mandado de prisão. Mudança brusca -- Uma repórter de rádio, comentando a falta de dinheiro do povo: "Mudou muito os hábitos com a alimentação." É uma verdade! Inaceitável é a concordância verbal errada. O verbo deve sempre concordar com o sujeito (os hábitos com a alimentação). Frase correta: Mudaram muito os hábitos com a alimentação. Só você -- É o título de uma linda música interpretada por Vinícius Cantuária. Entretanto, licença poética à parte, o verso: "Meu pensamento voa de encontro ao teu" dá uma mensagem errônea do que o autor quis dizer. Observe: de encontro a -- contra; ao encontro de -- a favor, à procura de. Verso correto: Meu pensamento voa ao encontro do teu. Resposta aos leitores -- Quando na formação de uma palavra há prefixo e sufixo simultâneos, diz-se que houve parassintetismo: enriquecer (prefixo en mais rico mais sufixo ecer). O rapaz espera que a namorada pontue o texto corretamente, pois ela possui os conhecimentos básicos da nossa Língua. Nós também! Construção perfeita. Os verbos terminados em *uar*, como pontuar, fazem a 3ª pessoa do singular do presente do subjuntivo em *ue*: pontue, continue etc. Já os verbos terminados em *uir*, como possuir, fazem a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo em *ui*, sem acento: possui, constitui etc. Exceções: os verbos construir, destruir e reconstruir. O vocábulo *tal* é classificado como pronome demonstrativo quando é usado no sentido de este, isto, isso, aquilo, aquele: não falei tal, nem fa-

larei mais sobre tal (tal igual isto). ¨:::::::::: Leitura Interessante As Datas de Casamento: 1 ano -- bodas da algodão 2 anos -- bodas de papel 3 anos -- bodas de trigo ou couro 4 anos -- bodas de flores e frutas ou cera 5 anos -- bodas de madeira ou ferro 10 anos -- bodas de estanho ou zinco 15 anos -- bodas de cristal 20 anos -- bodas de porcelana 25 anos -- bodas de prata 30 anos -- bodas de pérola 35 anos -- bodas de coral 40 anos -- bodas de rubi ou esmeralda 45 anos -- bodas de platina ou safira 50 anos -- bodas de ouro 55 anos -- bodas de ametista 60 anos -- bodas de diamante ou jade 65 anos -- bodas de ferro ou safira 70 anos -- bodas de vinho 75 anos -- bodas de brilhante ou alabastro 80 anos -- bodas de nogueira ou carvalho Os Sete Anões: Dunga; Zangado; Atchin; Soneca; Mestre; Dengoso e Feliz Você sabia? Nos conventos, durante a leitura das Escrituras Sagradas, ao se referir a São José, diziam sempre *Pater putativus*, ou seja, *Pai suposto*, abreviado como P.P. Assim surgiu o hábito, nos países de colonização espanhola, de chamar os José de *Pepe*. Os três Reis Magos: O árabe Baltazar: trazia incenso, significando a divindade do Menino Jesus. O indiano Belchior: trazia ouro, significando a sua realeza. O etíope Gaspar: trazia mirra, significando a sua humanidade. As sete maravilhas do mundo Antigo: 1. As Pirâmides do Egito 2. As Muralhas e os Jardins Suspensos da Babilônia 3. O Mausoléu de Halicarnasso ou O Túmulo de mausolo, em Éfeso 4. A Estátua de Zeus, em Olímpia, esculpida por Fídias 5. O Templo de Ártemis ou Diana 6. O Colosso de Rodes 7. O Farol de Alexandria ¨ ::::::::::

Nosso Brasil Vila Rica Cláudio Manoel da Costa "Cantemos Musa, a fundação primeira Da Capital das Minas, onde inteira Se guarda ainda, e vive inda a memória, Que enche de aplauso de Albuquerque a história" A equipe do Jornal "O Inconfidente" parabeniza fraternalmente toda a população ouro-pretana. A antiga Vila Rica continua sendo palco de idealismo e exemplo de cidadania. Ouro Preto das ladeiras sinuosas, da mina de Chico Rei, do Triunfo Eucarístico de Tiradentes, dos amores clandestinos de Marília de Dirceu. Ouro Preto das noites de lua cheia, de serestas em noites de inverno, do frango ao molho pardo, dos artesanatos em pedra-sabão, de Dona Olímpia Cota. Ouro Preto do Pico do Itacolomi, dos tapetes da Semana Santa, de padre Simões, da Alcan, dos burricos transportando lenhas nas cangalhas. Ouro Preto dos chafarizes, da UFOP, dos casarios, dos dias ensolarados e neblinas noturnas, dos artistas. Ouro Preto das repúblicas de estudantes, do festival de inverno, da bandalheira, do bundalelê na Praça Tiradentes, do buraco da Padre Rolim. Ouro Preto de ontem, de hoje e de sempre. Nestes 313 anos de existência, nós a veneramos pela sua história, pelo exemplo de luta de seu povo, por seu encantamento. Felicita-a o Grupo Terceira Idade -- DEEFI- -UFOP. ¨::::::::: Muito além do Frango Xadrez A milenar gastronomia chinesa inclui receitas indigestas -- Os primeiros gourmets não eram franceses. Há 4 mil anos, os chineses já escreviam sobre comida. "Trata-se, talvez, do único país do mundo em que sábios, filósofos, pensadores políticos e poetas escreveram tratados sobre alimentação e organizaram coletâneas de receitas", afirma Ariovaldo Franco. Conheça as principais curiosidades dessa que é uma das mais antigas e ricas culinárias do mundo. Sem data conhecida -- ovo podre -- Iguaria esquisita, é preparada com soda cáustica e cal -- O pihtan é, disparado, o prato mais esdrúxulo da cozinha chinesa. Trata-se de um ovo de pata que apodrece dentro de um pote cerâmico, sob camadas de cinzas, cal virgem, soda cáustica, chá e sal. Ao cabo de alguns meses, a gema fica cinzenta e a clara, preta e cremosa, tudo com acentuado aroma de enxofre. Diz a lenda que essa birutice foi criada pela família de um nobre, encarcerado por seu opositor político, sem direito à alimentação -- para driblar os carcereiros que, os parentes do preso teriam escondido o ovo em um vaso. Hoje, o pihtan é servido como entrada e aperitivo e tratado como uma iguaria fina. Remédio de comer -- Os chineses sempre acreditaram que a saúde está diretamente ligada ao que se come -- tanto que, durante muito tempo, eram os farmacologistas que lideravam a cozinha dos palácios. Muitos deles publicaram livros de receitas saudáveis. É o caso de "Princípios da Dieta Correta", de Hu Su-Hui, publicado em 1330, segundo o qual a maioria das enfermidades poderia ser curada com uma dieta equilibrada. Ingredientes até hoje usados, como gengibre, alho-poró, cogumelos e botões secos de margaridas, chegaram à mesa por causa de suas funções medicinais. Há 4 mil anos -- vacas magras -- Para fugir da fome, habitantes aprenderam a comer de tudo -- Para quem gosta de esquisitices, a mesa chinesa é um prato cheio. Nas ruas das cidades, comem-se espetinhos de cavalo-marinho, escorpião e até cigarra -- os bichos vêm inteiros e são servidos bem crocantes. O ensopado de carne de cachorro também é muito apreciado. A escassez de recursos naturais está na raiz de hábitos tão estranhos. Há 4 mil anos, sucessivas guerras acabaram com a agricultura. Só que o imperador Xiang Yu não admitia cardápio repetido. "Os cozinheiros apelaram para a criatividade", explica Marcio Senji, professor de culinária asiática do Senac-SP. Na tentativa de economizar lenha, as verduras, os legumes e as carnes passaram a ir para a panela já picados, o que reduzia o tempo de cozimento. Século III a.C -- chá medicinal -- A princípio, a bebida era feita com cebola e casca de laranja -- O chá surgiu na Índia e foi levado para a China por volta do século III a.C. Era tido como erva medicinal e podia ser aromatizado com casca de laranja, cebola e gengibre. Depois vieram rosas, jasmins e camélias. Na dinastia Tang (618 a 907), beber chá já era hábito diário. Século XV -- pato com caramelo -- Era uma vez uma cidade onde o arroz, item número 1 da alimentação local, era transportado a pé pelos canais. Só que uma boa parte dos grãos acabava se perdendo e ia parar na barriga dos patos, que começaram a engordar feito loucos. Essa história é verdadeira e aconteceu na Pequim do século XV. Encantados com aquelas apetitosas aves rechonchudas, os moradores trataram de garantir o alimento para muitos meses: mergulharam os patos em uma conserva agridoce misturada com temperos salgados passaram uma leve camada de caramelo por fora e deixaram os bichos pendurados por semanas. Ainda hoje, o pato de Pequim continua sendo feito assim. ¨::::::::: Curiosidades É verdade que só as baratas sobreviveriam a um desastre nuclear? -- É mentira. Tudo indica que esse mito tenha nascido na década de 1960, com o relato nunca confirmado de que baratas teriam sobrevivido às bombas atômicas jogadas sobre Hiroshima e Nagasaki. A crença até que tem fundamento: baratas são mais resistentes que os humanos e que quase todos os outros animais não-insetos. Além do tamanho diminuto, a bichinha se vira muito bem em um ambiente hostil -- ela come matéria em decomposição e pode viver sem cabeça por algumas semanas. Mas a suposta resistência à radioatividade estaria relacionada à sua constituição: por serem organismos muito simples, elas têm poucos genes sujeitos a mutação. E, como suas células se dividem muito mais lentamente que as nossas, elas ganham mais tempo para consertar problemas causados pela radiação, como danos fatais ao DNA. Isso tudo faz das baratas cerca de 20 vezes mais resistentes à radiação que o homem, que afrouxa com meros 1.000 rads (unidade de radiação absorvida). Mas não basta para sobreviverem a uma bomba como a de Hiroshima, que irradiou 34 mil rads no seu epicentro. Os verdadeiros heróis da resistência seriam os mais simples dos seres, como musgos, algas e protozoários. É provável que a última das so- breviventes seria a bactéria *Deinocaccus radiodurans*, presente em ambientes ricos em matéria orgânica, que consegue se multiplicar até sobre lixo

radioativo. Coitada da ba- rata. Por que os médicos têm a letra tão feia? -- Caligrafia ruim pode fazer mal à saúde. Só em 2007, o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas registrou 1853 casos de intoxicação por erro de administração (remédios ou doses erradas). Desses, estima-se que 10 por cento sejam por "garrancho médico". Para Florisval Meinão, da Associação Médica Brasileira, a letra ilegível vem da faculdade: "Os estudantes têm de anotar muitas coisas muito rápido durante quase 10 anos de formação. Não há caligrafia que resista." Para Reinaldo Ayer, do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, o problema se agrava pelo uso de jargões incompreensíveis. Isso leva a casos como o de um paciente de Adamantina (SP), que foi comprar remédio para gripe (Dipirona) e levou um, para o coração (Digoxina). Além dos farmacêuticos, os próprios médicos se confundem com os garranchos: segundo uma pesquisa da UNIFESP, 34 por cento dos prontuários escritos à mão são mal interpretados pelos colegas de jaleco. ¨:::::::::: Fim do Mundo com Endereço No século XIX, quem porventura viesse a soçobrar na região do Cabo Horn poderia ver no alto de um rochedo as seguintes inscrições: "En la Isla de los Estados se socorre a los náufragos". Os náufragos em questão, então, deveriam percorrer 250 quilômetros de mar na direção noroeste para chegar à tal ilha. Lá, seriam recebidos pelo marinheiro argentino Luis Piedra Buena, que havia construído um refúgio com camas quentes, só para atender às vítimas de naufrágios. Piedra Buena chegou aqui em 1862. Foi o primeiro a ocupar essa ilha, 250 anos depois de ter sido descoberta pelos holandeses. Graças a ele, a Isla de los Estados hoje é Argentina. Esse é o último suspiro da Cordilheira dos Andes antes de morrer nas águas geladas do Atlântico Sul. Seria uma extensão oriental da Terra do Fogo, caso não estivesse separada pelos 24 quilômetros do Estreito de Le Maire. As montanhas andinas ainda dão as caras por aqui, embora mais discretas em seus 800 metros sobre o nível do mar. Elas enchem a Isla de los Estados, de uma topografia dura, recortada por fiordes profundos e baías escarpadas. Some a fúria do oceano, as ventanias austrais e a pluviosidade, só comparável à da Amazônia e você entenderá por que a ilha continua praticamente desabitada. Praticamente, porque nesse lugar ainda vivem quatro membros da Marinha Argentina, que se revezam a cada 45 dias. Sua função: acompanhar a travessia dos navios nesse pedaço inóspito do planeta e monitorar uma estação meteorológica num rochedo vizinho. Não vivem sozinhos, porém: estão acompanhados de enormes colônias de pinguins, lobos- -marinhos, lontras-marinhas, gaivotas e cormorões. O célebre farol de San Juan de Salvamento, desativado em 1902, continua de pé, mas porque foi reconstruído em 1998 por uma expedição francesa. Eles vieram de Paris por um motivo muito nobre: reerguer a obra que inspirou Júlio Verne a escrever o romance "O Farol do Fim do Mundo". O autor nunca esteve aqui, mas ouviu com tal atenção os relatos dos marinheiros, que sua descrição do lugar é de uma incrível exatidão. Graças a ele, a Isla de los Estados ficou famosa. E durante muitos anos foi o endereço fixo do fim do mundo. ¨::::::::: Ecoando Multiplicação dos Peixes Do aeroporto de Congonhas (SP) até Avaré são quase quatro horas de carro por estradas retas, que mais parecem um tapete. De um lado e de outro da pista, o que se vê são quilômetros de plantações de eucalipto, alternando-se com pastagens. A paisagem é triste. A floresta de árvores altas, com troncos finos, parece não ter vida, e a quantidade de área desmatada para pasto é muito grande em relação ao número de cabeças de gado. O cenário desolador, porém, não foi suficiente para aplacar a expectativa do que eu veria mais adiante: a soltura de 70 mil peixinhos nas águas da Bacia do Paranapanema, fronteira natural entre os estados de São Paulo e Paraná. O evento é tão curioso quanto divertido. Ele é feito pela Duke Energy, empresa norte-americana de geração de energia que tem oito usinas ao longo do Paranapanema. Todos os anos, para compensar o im- pacto ambiental de suas represas na biodiversidade local, ela promove a soltura de 1,5 milhão de alevinos -- ou peixes jovens criados em cativeiro -- nas águas calmas do rio. Desde 1999, quando começou a operar no Brasil, a empresa já soltou 16 milhões deles. A operação é uma verdadeira farra e encanta crianças como Vinícius Gonçalves, 12 anos. Em plena quarta-feira à tarde, ele matava aula para ver pela terceira vez a soltura. -- Não perco uma! Os peixinhos vêm meio dormindo e, quando chegam no rio, acordam e saem nadando. É uma alegria só! -- contou o garoto. E é mesmo. Eles são pequeninos -- não têm mais do que dez centímetros de comprimento. Os que foram soltos quando estive lá eram coloridos: bagres prateados e amarelos. Foram trazidos em tanques, em cima de caminhões, com água e uma solução anestésica. -- O procedimento é necessário para que os peixes não fiquem se debatendo no trajeto e morram -- disse Sandro Brito, biólogo e consultor de Meio Ambiente da Duke Energy. Quando chegam ao local onde serão soltos, desta vez à margem do camping club de Avaré, os alevinos são tirados dos tanques em bolsas plásticas ainda meio "dopados" e jogados num tobogã, por onde escorregam até o rio. Quando mergulham na água, despertam e nadam rapidamente. A cena parece de desenho animado. Talvez por isso a criançada adore e dispute espaço ao longo do tobogã para não perder um momento do espetáculo. Foi isso que fizeram os 30 alunos de escolas públicas de Avaré, convidados pelo programa de Educação Ambiental da empresa para assistir a última soltura, em setembro. A cada leva de peixes, a garotada gritava e batia palmas com entusiasmo. Ao final, ficaram em silêncio e ouviram as explicações de um técnico da Duke sobre o porquê de todo o processo de reprodução e soltura. -- Nunca tinha visto, mas estava curiosa para saber como era -- disse Bianca Oliveira Arruda, 10 anos. -- Eles falaram que os peixinhos são soltos para ajudar a manter a vida no rio -- completou a menina. As espécies reproduzidas são também as preferidas dos pescadores profissionais. Por isso a operação de soltura tem um impacto direto na produtividade das mais de 25 colônias de pesca da Bacia do Paranapanema. Em uma delas, Aldeia de Pesca Bairro do Aterradinho, próxima a Avaré, a média diária é de 15 quilos de peixe. Eles são vendidos na beira da estrada. -- Quando o dia está bom, eu chego a pescar 20 quilos. Com a venda ganho um pouco mais de um salário por mês -- contou José Mareio de Abreu Júnior, pescador novato na região que mora com mulher e filhos na Aldeia do Aterradinho. Assim como ele, mais 150 pescadores, todos profissionais, vivem na Aldeia, que tem apenas duas ruas de chão batido, paralelas ao rio. Ao todo moram ali cerca de 50 famílias nas pequenas casas, uma ao lado da outra, algumas de madeira, outras de concreto. Todas vivem do rio, como costumam dizer. As moradias têm luz elétrica e fossa. Há, na vila, uma pequena venda e dois restaurantes, um deles só de peixe e responsável pela compra de 200 quilos por mês dos pescadores locais. Outra que vive do rio é Madalena de Araújo, 55 anos. O marido é pescador e é ela que vende os peixes. Na casa, com dois quartos, sala e cozinha, ela tem dois refrigeradores cheios. O quilo do peixe pode custar de 5 a 8 reais, dependendo da espécie. Com a venda deles consegue em média dois salários por mês. Nos quatro meses em que a pesca é proibida, ela vende galinhas e o marido, como outros pescadores legalizados, ganha um salário desemprego. Um dos peixes mais procurados, segundo Madalena, é o Piracanjuba. Ele é grande, com carne saborosa e, até poucos anos estava desaparecendo da Bacia em função da pesca predatória. Hoje, segundo Joel Machado, espécie de pescador-chefe da Aldeia, já é visto novamente no Paranapanema. O Piracanjuba foi uma das espécies que voltou ao rio por conta do trabalho de repovoamento da Duke Energy. ¨ ::::::::::

Invenções Brasileiras mais Injustiçadas Máquina de escrever -- Francisco João de Azevedo (1861) A invenção do padre Azevedo parecia com um piano de 24 teclas que imprimiam letras num papel -- para mudar de linha, era preciso pisar em um pedal na parte de baixo do aparelho. Alegando estar velho e doente, o padre entregou seu invento ao negociante George Napoleon Yost, com a promessa de que havia pessoas interessadas em fabricá-lo nos Estados Unidos. Péssima ideia... Em 1874, o americano Christofer Sholes apresentou um modelo quase igual ao do padre Azevedo. A empresa Remington se interessou e passou a fabricar as máquinas, sem nem lembrar do brasileiro. Fotografia -- Hércules Florence (1832) Nascido na França e radicado na atual Campinas (SP), esse franco-brasileiro foi quem primeiro descobriu uma forma de gravar imagens com o uso da luz. Ele bolou um método para imprimir fotos usando papel sensibilizado com nitrato de prata -- princípio fotográfico usado até hoje em revelações. Nascia a *photographie*. Três anos depois, o processo de revelação fotoquímica adquiria notoriedade na França com as pesquisas de Louis Daguerre e Joseph Niépce. Ao saber que os franceses estavam sendo considerados os pais da fotografia, Florence abandonou as pesquisas. Radiotransmissão -- Roberto Landell de Moura -- 1899 -- Padre brasileiro, Landell foi o precursor na transferência de voz por ondas de rádio. Da avenida Paulista, o cara emitiu um som Alô! Alô! que foi ouvido a 8 quilômetros de distância num telefone sem fio. No mesmo ano, o italiano Guglielmo Marconi, mundialmente considerado o pioneiro da radiotransmissão, só conseguiu transmitir sinais tele- gráficos -- aquele tec-tec- -tec -- a algumas centenas de metros. O nome de Landell só foi conhecido no mundo em 1942, quando a Justiça americana decidiu que Marconi (que leva a fama até hoje) não era o inventor da radiotransmissão. Avião -- Santos Dumont (1906) Até que essa invenção não é assim tão injustiçada... Mas, por causa dos americanos, a paternidade do avião ainda é polêmica. Segundo eles, os verdadeiros "pais" do invento seriam os irmãos Orville e Willbur Wright, que em 1903 voaram com o Flyer I. Os Wright fizeram seu avião voar com a ajuda de uma catapulta. Dumont foi o pioneiro da decolagem "automática": o 14 Bis subiu impulsionado por um motor a com- bustão. Abreugrafia -- Manuel Dias de Abreu (1936) Esse nome complicado indica um método rápido e barato de tirar pequenas chapas radiográficas dos pulmões, para facilitar o diagnóstico da tuberculose, doença mortal no início do século XX. O teste, que registra a imagem do tórax numa tela de raio X, espalhou-se pelo mundo. O inventor do exame, Manuel de Abreu, foi indicado ao Nobel em 1950 e teve o invento batizado em sua homenagem. Mas só no Brasil: em outros países, o exame recebeu nomes como "schermografia" (Itália), "roentgenfotografia" (Alemanha) e "foto- fluorografia" (França). Identificador de Chamadas (BINA) -- Nélio Nicolai (1982) O mineiro Nélio Nicolai foi o inventor da tecnologia capaz de identificar o número telefônico de quem faz e recebe ligações. Ele tem a patente da criação, batizada de BINA -- sigla que significa "B Identifica Número de A". Mesmo assim, ele vem travando uma briga na Justiça do Brasil e de vários países para provar que o invento é seu. Ele alega que as operadoras e fabricantes de telefones copiaram na caradura a tecnologia que ele inventou, sem pagar nem um tostão de direitos autorais. ¨ :::::::::

Conhecendo o Mundo Alentejo Numa viagem pelo Alentejo, nem todos os prazeres estão ligados ao paladar. Há muito mais a fazer em suas cidades do que comer e beber -- embora isso seja o melhor. História, arquitetura, tradições folclóricas e uma rica herança cultural fazem desta região quente, rural e acolhedora um dos principais destinos turísticos de Portugal. Conheça o que algumas cidades têm de mais interessante. Arraiolos: Famosa pelos tapetes, tem um centrinho charmoso e uma fortaleza do século XIV com linda vista. Beja: É a principal cidade do Baixo Alentejo. Foi capital provincial do Império Romano no período de Júlio César. Tem um castelo antigo, o Museu Regional Rainha Dona Leonor, que fica numa linda construção, e a Pousada de São Francisco, instalada em um convento do século XIII. Elvas: Quase na Espanha, esta cidade é famosa pela produção de ameixas. A cidadela é das mais charmosas, e um passeio por sobre a muralha revela os mais lindos ângulos. Estremoz: No alto de um morro fica a fortaleza medieval, cercada por vinhedos e oliveiras. Lá está a majestosa Pousada da Rainha Santa Isabel, com mobiliário antigo. Redondo: Cidade das cerâmicas, tem um pequeno museu dedicado ao vinho e touradas concorridas. Sines: Vasco da Gama nasceu nesta vila litorânea e quase tudo ali se refere a ele. Há uma zona histórica simpática e, nos arredores, encontramos belas praias, lagoas e belos vilarejos de pescadores como Porto Covo. Évora: É a principal cidade do Alentejo. Além disso, fica em posição estratégica, bem no centro da região. Assim, é o melhor ponto de apoio para passeios de um dia às ou- tras localidades. Tem ótimos restaurantes, hotéis e lojinhas de artesanato. Dentro da muralha do castelo, as atrações são muitas: igrejas -- a Capela dos Ossos, feita com ossos humanos, é a mais curiosa --, praças, um aqueduto e até ruínas de um templo romano. Monsaraz: Uma pequena joia no alto de uma montanha, esta cidadela charmosa tem linda vista da região. Porto Alegre: Há dois museus muito interessantes, o Municipal, com arte sacra e cerâmicas portuguesas, e o José Régio, que tem entre os seus pontos altos a réplica de uma cozinha tradicional do Alentejo. ¨:::::::::: O Fruto Proibido Eva estava feliz da vida naquela maravilha que era o Jardim do Éden. Até que uma astuta serpente a seduziu a comer o fruto de uma árvore frondosa -- o único proibido por Deus. A mulher sucumbiu, comeu do fruto e o dividiu com Adão. Por causa da banana, os dois foram expulsos do paraíso. Não estranhe. A tradição cristã sempre relacionou o relato da Bíblia à maçã. Mas, segundo o jornalista americano Dan Koeppel, há muitas evidências de que o tal fruto proibido que teria desgraçado os dois moradores do Éden seja mesmo a banana. A maçã, só teria aparecido no ano 400, com a versão da Bíblia escrita em latim por São Jerônimo. O trabalho, conhecido como "Vulgata", foi largamente difundido nos séculos posteriores, especialmente após Johannes Gutenberg inventar os tipos móveis, no século XV. A confusão teria se espalhado assim: ao traduzir do hebreu a descrição do fruto proibido do Jardim do Éden, São Jerônimo escolheu a palavra *malum*. Segundo historiadores, com a intenção de dizer "malicioso". Mas *malum* também significa maçã em latim -- e, com a Bíblia impressa em larga escala por Gutenberg, o erro teria ganhado força. Adão e Eva, de acordo com a Bíblia que conhecemos hoje, teriam usado folhas de figueira para cobrir seus corpos nus. Folhas de figueira, argumenta Koeppel, não são grandes o suficiente para cobrir nada. Folhas de bananeira, sim. E a evidência é reforçada pelo que poderia ser mais uma confusão de tradução: banana, durante um período, era chamada de figo. A obsessão de Dan Koeppel por bananas começou em 2003. Nessa época, uma matéria publicada pela revista britânica "New Scientist" chamou a atenção do jornalista, editor contribuinte da americana "National Geographic". O texto falava de uma praga, ainda sem cura, que ameaçava plantações de banana. Koeppel decidiu que aquela matéria terminava exatamente onde começaria outra: a sua. O jornalista propôs o tema aos editores da "Popular Science", revista para a qual também colaborava. Eles toparam -- e o que era para ser uma matéria, virou livro. O resultado está em "Banana: the Fate of the Fruit That Changed the World" ("Banana: o destino da fruta que mudou o mundo"), publicado nos Estados Unidos em dezembro de 2007 e sem edição em português. A pesquisa incluiu viagens à Bélgica, ao Equador, a Honduras e à China, dezenas de entrevistas e uma extensa coleta de documentos. O texto demonstra que, se a banana não mudou o mundo, como quer provar o autor no títu- lo do livro, ela esteve presente em momentos decisivos da nossa história. E corre o risco de desaparecer. ¨:::::::::: Ameno e Instrutivo Por que o Polo Sul É mais Frio que o Polo Norte? No Polo Sul, a média durante o inverno é de 60 graus negativos. No Norte, 30 graus negativos. Não há mistério. Para começar, o Polo Sul fica situado a 2.800 metros acima do mar, enquanto o Norte fica ao nível do mar, em cima da calota de gelo so- bre o mar do Oceano Ártico. Cerca de 20 graus Celsius dessa diferença entre os dois têm relação com a altitude, já que a cada quilômetro de altura a temperatura cai 6 graus Celsius. O restante fica por conta da atmosfera mais fina, seca e com menos nuvens que fica sobre o Polo Sul. Com isso, o Continente Antártico retém menos calor que o Polo Norte e registra temperaturas mais baixas. Por que a formiga não gosta de adoçante? -- "Os adoçantes devem ser tão apetitosos para as formigas quanto o plástico é para os humanos", afirma o entomologista Márcio Pie, do departamento de zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Os alimentos preferidos desses insetos são proteínas (que elas conseguem se alimentando de outros animais) e carboidratos como a sacarose (o nosso açúcar de mesa, que nada mais é que sacarose em estado sólido). Os adoçantes enganam bem os humanos, com seu gosto até 300 vezes mais doce que o do açúcar, mas as formigas não são atraídas pela sacarina, que é a substância presente na maioria dos produtos do gênero. Além disso, as calorias da sacarose (um grama contém 4 calorias) são necessárias à sobrevivência das formiguinhas. Já a sacarina não é metabolizada pelo seu organismo -- nem pelo nosso -- e não produz nenhuma energia; ou seja: é inútil como alimento. ¨ ::::::::::

Coleção de Moedas Vira Oferta A igreja St Joseph, em Plymouth (EUA), não vai precisar se preocupar com trocados por um bom tempo. O fiel Melvin Doyle doou à instituição 75 mil dólares em moedas. Os centavos do norte-americano foram reunidos ao longo de 84 anos. Ele começou a juntá-los aos 5, seguindo o conselho do avô que lhe dizia valer a pena economizar cada centavo. Muito do dinheiro reunido era de prata, por isso seu valor é alto. Para transportar a oferta de Doyle, que antes era armazenado em jarras, potes, cestos e caixas, foram necessários 12 homens e 3 caminhonetes. ¨ ::::::::::

Qual a Diferença entre Imperador, Rei, Sultão, Xeque, etc. Imperador -- Monarca soberano, ou seja, que não responde a uma autoridade maior. O termo foi usado pela primeira vez no Império Romano e depois se espalhou pela Europa e América. Hoje, o único imperador do mundo é Akihito, do Japão. Rei -- Tem os mesmos poderes do imperador, com um bônus: autoridade religiosa. Costuma exercer o cargo pela vida toda e pode governar sozinho (monarquia absolutista) ou com um Parlamento (monarquia constitucional) Sultão -- O nome vem do árabe e significa "liderança". Foi usado por egípcios, marroquinos e turco-otomanos, entre outros, para designar governantes soberanos. Hoje, ainda existem sultões em lugares como Malásia e Indonésia. Xeque -- O título significa "ancião" em árabe e é atribuído a quem completa estudos de história, filosofia e cultura islâmicas na faculdade. Nas últimas décadas, seu uso foi ampliado: no golfo Pérsico designa homens influentes e poderosos. Ditador -- Líder com autoridade absoluta que chega ao poder legalmente, ou seja, por eleição ou nomeação -- como Hitler, em 1933 -- ou ilegalmente, por golpe de Estado -- como Getúlio Vargas, em 1937. Grão-Duque -- Título de príncipes soberanos em países como Áustria e Rússia, especialmente a partir de 1500. Pode ser ainda o líder de um grão-ducado -- hoje, o único é Luxemburgo, do grão-duque Henri. Presidente -- É o chefe do poder executivo de um país democrático. Pode ser eleito direta ou indiretamente e comanda o trabalho de ministros, governadores e prefeitos. Emir -- É um título de no- breza islâmico, primeiro ligado a militares e depois a homens poderosos. Cada país o usa de um jeito -- é até nome próprio! Apenas no Kuwait e no Catar, o emir é o chefe de governo. Primeiro-Ministro ou Premiê-chanceler -- Chefe de governo em países parlamentaristas (o chefe de Estado é simbólico). Exemplo: o Reino Unido tem uma rainha, mas quem manda é o primeiro-ministro. Papa -- Lidera a igreja católica, é bispo de Roma e comanda o Vaticano, território independente dentro da capital italiana. Ali, o papa

manda nas esferas legislativa, executiva e judiciária. ¨::::::::: É Útil Saber Cabral e o descobrimento do Brasil -- Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, no ano de 1467 ou 1468. Estudou arte de navegar com D. Diogo Ortiz, um bispo de Ceuta. Graças ao curso, foi nomeado capitão de uma longa viagem com destino às Índias. Nesta empreitada, depois de enfrentar vários problemas -- até mesmo sete navios que afundaram no percurso graças a algumas tempestades, acabou descobrindo o Brasil. No início, Portugal não deu muita importância para o descobrimento. Tempos depois, quando conheceram o potencial de nosso país, que representava grande fonte de riquezas, o navegador retomou o seu prestígio e entrou para a História. "Dia 22 de abril -- Descobrimento do Brasil" ¨*** As Comunicações A vida nas cidades sofreu uma rápida e profunda mudança no século XX. Os jornais diários, que já existiam desde o século anterior, e o rádio -- a grande invenção do momento -- informavam o que acontecia no mundo inteiro. As notícias chegavam aos lugares mais remotos. Mais tarde, a televisão, primeiro em preto e branco, depois em cores, levaria os telespectadores aos lugares onde a notícia acontecia. Além das inovações técnicas, ocorriam mudanças fundamentais em outros setores. Uma das mais importantes foi a conquista pelas mulheres de postos de responsabilidade no trabalho, na vida social e na política. "Dia Internacional das Comunicações e das Telecomunicações -- 17 de maio" ¨*** Festas Juninas As festas juninas foram trazidas ao Brasil pelos portugueses e são uma expressão marcante da tradição festivo-religiosa europeia. As comemorações iniciam-se no dia 13 de junho com a festa de Santo Antônio -- protetor das moças solteiras -- no dia 24 celebra-se o dia de São João -- Santo dos Casados -- e no dia 29 é comemorado o dia de São Pedro -- protetor das viúvas. Essas festas eram comemoradas na Europa, além do motivo religioso, também pela chegada do período da colheita, no início do verão. No Brasil essa tradição não é mantida, pois neste mês estamos na estação do inverno. No entanto, o hábito de festejar os santos do mês de junho permanece entre a população. Fazem parte da tradição junina, as comidas típicas (pinhão, pipoca, pé-de-moleque etc.), a fogueira, as danças, as brincadeiras e os balões, sendo que cada um desses elementos possui um significado. As comidas remetem à ideia de fartura da terra. A tradição de acender fogueiras, dançar e brincar ao seu redor, é uma expressão de alegria pelos meses de fartura. As brincadeiras, como saltar a fogueira e pisar nas brasas, fortalecem os laços de amizade entre as pessoas, e os balões que sobem ao céu (hoje proibidos), levam as promessas para garantir uma boa colheita, saúde e dinheiro para as famílias e casamento para os solteiros. Por tudo isso, a festa junina é considerada uma comemoração democrática, pois há uma participação significativa de pessoas, independente de sexo, cor, raça, idade ou classe social. "Festas Juninas -- 13, 24 e 29 de junho" ¨:::::::::: O Dicionário Esclarece batéis -- pequenos barcos; canoas caótica -- confusa; desordenada dízimo -- a décima parte do salário; contribuição paga por fiéis a certas igrejas enseada -- pequeno porto; baía; recôncavo empreitada -- obra previamente ajustada infraestrutura -- a base econômica ou material de uma sociedade librés -- uniformes de criado de casas nobres litorâneas -- relativas ao litoral obsessão -- preocupação dominadora; fixação pluviosidade -- referente à intensidade de chuvas numa localidade renascentista -- relativo à Renascença réplica -- contestação; algo copiado ou imitado topografia -- discrição minuciosa de uma localidade ¨:::::::::: Fontes de Pesquisa Jornal do Brasil Jornal Fluminense Jornal O Dia Jornal O Globo Revista Aventuras na História Revista Galileu Revista Geográfica Internacional Revista Superinteresante ¨:::::::::: Ao Leitor Solicitamos aos leitores de Pontinhos abaixo mencionados, que nos enviem seus endereços completos, para evitar que suas revistas voltem. Favor verificar se estão retidas no correio. Antero Afonso Carla Andrea S. Marques João Dal Magno