õieieieieieieieieieieieieieieo õ o õ PONTINHOS o õ o õ Ano LI -- n.o 336 o õ julho-setembro de 2010 o õ Instituto o õ Benjamin Constant o õ Diretora-Geral do IBC o õ Sra. Érica Deslandes o õ Magno Oliveira o õ Fundador de Pontinhos o õ Prof. Renato o õ M. G. Malcher o õ Responsável por o õ Pontinhos o õ Kate Q. Costa o õ Imprensa Braille o õ do IBC o õ o õ Av. Pasteur, 350-368 o õ Urca, Rio de Janeiro, o õ RJ -- Brasil o õ 22290-240 o õ Tel.: (21) 3478-4457 o õ o õ Brasil um País de Todos o õ*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?o Sumário Seão Infantil A Vovó Conta Histórias: Os Pássaros e seus Instintos ::::::::::::: 1 O Caranguejo ::::::::: 2 Os Cães :::::::::::::: 3 Divertimentos: O que É, o que É? ::: 4 Só Rindo ::::::::::::: 7 Vamos Aprender: Adjetivos Pátrios :::: 9 Para você Recitar: O Último Andar :::::: 9 Zoologando: O Pássaro-Abelha :::: 10 Historiando: Por que a Aliança de Casamento É Colocada na Mão Esquerda? ::::: 14 Seão Juvenil Narrando a História: Obra-Prima Renascen- tista :::::::::::::::::: 15 No Mundo Romano ::::: 17 Mártir da Ecologia ::: 20 Da Pedra Internet :::::::::::::: 22 Conhecendo nossos Escritores: Hélio Pellegrino ::::: 23 O Paliteiro Francês ::::::::::::::: 25 Não custa Saber :::::::: 26 Mentes que Brilham :::: 28 Nosso Brasil: De Jeri a Lenóis ::::::::::::::: 31 Casal nas Nuvens ::::::: 34 Curiosidades :::::::::::: 40 Casa de Rui Barbosa ::::::::::::::: 46 Ecoando: Medicina Cruel ::::::: 50 Mausoléu do Imperador Qin ::::::::::::::::::: 51 Conhecendo o Mundo: Corrida contra o Destino ::::::::::::::: 54 Quais São os Animais mais Barulhentos? ::::: 57 Ameno e Instrutivo: O Microscópio :::::::: 62

Uma Lenda Muçul- mana ::::::::::::::::::: 63 É Útil Saber: Floresta o mais Rico Ecossistema ::::::::::: 64 Oraão do Amigo e da Amiga ::::::::::::::::: 66 Quantas Vezes... ::::: 67 Minha Escola ::::::::: 69 Árvores :::::::::::::::70 O Dicionário Esclarece ::::::::::::: 73 Fontes de Pesquisa ::::: 75 Ao Leitor :::::::::::::: 76 ¨ :::::::::: Seão Infantil A Vovó Conta Histórias Os Pássaros e seu Instinto Era uma vez dois ninhos no mesmo jardim. Um ficava num cipreste, e o outro, numa oliveira. Um dia o passarinho que morava no cipreste roubou um ovo do que morava na oliveira e juntou-o aos ovos que estava chocando. Passado algum tempo, os ovos de ambos os ninhos abriram e os filhotes nasceram. Cresceram e tornaram-se cobertos de penas e, finalmente chegou o grande dia de seu primeiro voo. Um após o outro, os filhotes que moravam na oliveira atiraram-se ao espaço, deram uma volta e voltaram felizes para seu ninho. Um após o outro os filhotes que moravam no cipreste atiraram-se ao ar e voaram pelo jardim. Porém um deles, em vez de voltar para o cipreste, voou para o ninho que ficava na oliveira. Era o passarinho que nascera do ovo roubado, voltando instintivamente para sua verdadeira mãe. ¨*** O Caranguejo Um caranguejo notou que diversos peixinhos preferiam, ao invés de se aventurarem pelo rio afora, nadar prudentemente em torno de uma pedra. A água era límpida como o ar, e os peixes nadavam tranquilamente, gozando tanto a sombra quanto a luz do sol. O caranguejo esperou a chegada da noite e, ao certificar-se de que ninguém o veria, escondeu-se embaixo da pedra. De seu esconderijo, como um ogro em sua caverna, ficou à espreita e, quando os peixinhos passaram perto, atacou-os e devorou-os. -- Isso não está certo -- resmungou a pedra -- Não quero ajudar você a matar esses pobres inocentes. O caranguejo não deu ouvidos à pedra. Satisfeito e feliz, continuou a atacar os peixinhos, que tinham um sabor delicioso. Porém um dia houve uma enchente inesperada. O rio avolumou-se e empurrou a pedra com toda a força. A pedra rolou pelo leito do rio e esmagou o caranguejo que se escondia embaixo dela. ¨*** Os Cães Andavam uns cães esfaimados pelo campo quando, ao passarem por um rio, viram umas peles de animais à tona da água. Como as não podiam alcançar, combinaram beber toda a água do rio. Pensavam que, assim, poderiam chegar-lhes. Beberam, beberam... e acabaram por rebentar! Moral da história: Não tentes fazer o que é impossível. ¨:::::::::: Divertimentos O que É, o que É? 1. O que é que sempre bate, mas ninguém reclama? R: O coraão. 2. O que é que anda para frente com a barriga para trás? R: A perna. 3. O que é que na horta é flor, na mesa é doce e no peito é respiraão forte? R: O suspiro. 4. Qual o animal que vive no centro do purgatório? R: O gato. 5. Qual o animal que valia, mas hoje não vale mais nada? R: O javali. 6. Quando é que o pão fica doido? R: Quando fica sem miolo. 7. O que é que a formiga tem maior que o boi? R: O nome. 8. O que é que todo mundo sabe abrir, mas ninguém sabe fechar? R: O ovo. 9. São vinte vacas com vinte e um bezerros; nenhuma teve dois. Como explicar? R: Nenhuma é o nome da vaca. 10. O que é que o burro faz quando nasce o sol? R: Faz sombra. 11. Como se chama o mosquito que canta à noite no ouvido da gente? R: Ele vem sem ser chamado. 12. Qual a fruta que já foi cartomante? R: O limão. 13. O que dá uma dúzia de melancias e dez bolos? R: Indigestão. 14. Qual o animal grande que veste o homem? R: O macacão. 15. O que é que o noivo não deve dar à noiva no dia do casamento? R: O bolo. 16. O que se corta, mas não se come? R: O baralho. 17. Qual a fruta que se usa na blusa? R: A manga. 18. O que é que bate em pessoas, carros, prédios, e ninguém vê? R: O vento. 19. O que é que só queima dentro da boca? R: A pimenta. 20. Qual o olho que nunca vai precisar de colírio? R: Olho mágico das portas. ¨ ***

Só Rindo Nossos sobrinhos estavam assistindo à TV quando anunciaram um concerto de violinos de um famoso músico. Atenta à notícia, Alice, a mais nova, não hesitou: -- Até parece que ele vai conseguir tocar e consertar o violino ao mesmo tempo! Piada no Museu A professora reúne sua turma de #,a série para fazer um passeio cultural pelo Museu Imperial. Ao chegarem ao local, ela comunica aos alunos que não é permitido tocar em nenhuma das relíquias expostas. Joãozinho, menino levado, dá uma escapulida e vai até a sala onde estão os pertences de Dom Pedro II, e logo se senta no trono do Imperador. Passa um guarda no corredor e reclama: -- Não pode sentar aí, não, garoto! É a cadeira de Dom Pedro II! E o menino responde: -- Ué! Quando ele chegar, eu saio! Beijando Bichos A professora explicava aos alunos que as doenças podem ser transmitidas por animais e os aconselhava a não beijar os bichos, principalmente os gatos. -- Quem aqui pode dar um exemplo? -- Eu, professora -- disse o Joãozinho, levantando a mão -- A minha tia toda hora beijava o cachorrinho dela. E na boca! -- Que perigo! -- disse a mestra -- O que aconteceu com ela? Ficou com alguma alergia? -- Com ela, nada. Mas o cachorrinho morreu, coitado! ¨:::::::::: Vamos Aprender Adjetivos Pátrios Indicam o lugar de origem. Exemplos: Tênis da América, igual a americano Vinho do Chile, igual a chileno Queijo de Minas, igual a mineiro Perfume da França, igual a francês Boneca da Holanda, igual a holandesa Bandeira do Brasil, igual a brasileira ¨:::::::::: Para você Recitar O Último Andar Cecília Meirelles No último andar é mais bonito: do último andar se vê o mar. É lá que eu quero morar. O último andar é muito longe: custa-se muito a chegar. Mas é lá que eu quero morar. Todo o céu fica a noite inteira sobre o último andar. É lá que eu quero morar. Quando faz lua, no terraço fica todo o luar. É lá que eu quero morar. Os passarinhos lá se escondem, para ninguém os maltratar: no último andar. De lá se avista o mundo inteiro: tudo parece perto, no ar. É lá que eu quero morar: no último andar. ¨:::::::::: Zoologando O Pássaro-Abelha Os beija-flores, são aves da família dos *Trochilidae* que só existem nas Américas, são também conhecidos como colibris. Estão distribuídos por 330 espécies, das quais cerca de 80 vivem no Brasil. O beija-flor -- que os japoneses chamam de *hashimori*, pássaro-abelha -- tem capacidade de não só parar no ar, como de voar para trás. Eles são as aves que têm o mais alto ritmo cardíaco: mil batimentos por minuto. Isso faz com que o coraão do beija-flor seja comparativamente maior do que o de qualquer ou- tro pássaro. O da avestruz, a maior ave existente, por exemplo, bate em torno de 180 vezes por minuto, mesmo em grande atividade. Por ter essa capacidade única de voo, todo o metabolismo do beija-flor é muitas vezes mais veloz. Como ele perde muita energia, precisa repô-la com mais frequência que os outros animais. Sua digestão, por isso, é mais acelerada, assim como sua respiraão e a circulaão do sangue por seu corpo pequenino. Toda essa agitaão, no entanto, cessa à noite, quando ele praticamente hiberna. Seu metabolismo se reduz quase a zero, para que ele possa so- breviver com as reservas do alimento ingerido durante o dia. Todos os beija-flores se alimentam de néctar e pequenos invertebrados -- ácaros, minúsculas aranhas e insetos -- que retiram, com seus bicos longos, de dentro das flores. Ou de bebedouros especiais, colocados pelo homem e carregados com água e aúcar, preferentemente mel. Aqui vale um esclarecimento: é preciso trocar todos os dias a água desses bebedouros, além de lavá-los muito bem com água e uma escovinha, pois os fungos que se concentram na abertura das garrafinhas podem produzir doenças nos pássaros e até provocar-lhes a morte. Os beija-flores desempenham um papel fundamental na cadeia biológica, pois são polinizadores de plantas. Na sua tarefa de tirar o néctar das flores, eles transportam pólen de uma para outra, tornando possível sua reproduão. Há plantas que dependem exclusivamente do beija-flor para se reproduzir. Outra característica dos beija-flores é o material de construão utilizado nos seus ninhos. Eles usam liquens, musgos e pequenas flores coloridas, que atam caprichosamente com fios de teia de aranha. Em geral os ninhos são tão bonitos e graciosos como seu voo e a cor metálica de sua plumagem. ¨::::::::: Historiando Por que a Aliança de Casamento É Colocada na Mão Esquerda? Os primeiros a adotar esse costume foram os hindus. Por volta de 2800 a.C., o hábito já havia alcançado a parte de cá do mundo, sendo adotado pelos egípcios. Alexandre conquistou o Egito no século III a.C. e trouxe o costume para a Grécia. Os romanos, posteriormente, fizeram o mesmo quando conquistaram a Grécia. Entre os gregos, o anel usado para garantir uma união matrimonial ganhou o nome de *diathake* -- que, traduzido ao pé da letra, significa “relaão mútua”. Foram eles que escolheram usá-lo na mão esquerda. A explicaão era poética: acreditavam que dali saía uma veia que ia direto ao coraão. Com a conversão do mundo greco-romano ao cristianismo, o símbolo da troca de anéis entre noivos veio junto. E, com o papa Nicolau I, em 860, tornou-se obrigatório para todos os que se casavam na Igreja. ¨:::::::::: Seão Juvenil Narrando a História Obra-Prima Renascentista 1504 -- Acredita-se que a escultura de David, do artista italiano Michelangelo (1475-1564), tenha sido instalada na catedral da cidade. A encomenda havia sido contratada em 1501. Feita de mármore, a obra é considerada uma das principais demonstraões do ideal renascentista da natureza humana perfeita. ¨*** Morte no Oriente 1190 -- O rei Frederico I, também conhecido como Frederico Barbarossa (1120-1190), morre afogado. Ele tentava atravessar o rio Saleph, na Turquia, durante a Terceira Cruzada, para libertar Jerusalém do exército de Saladino (1138-1193), que havia tomado o local em 1187. Frederico I era rei germânico desde 1147 e havia se tornado imperador do Sacro Império Romano no ano de 1152. ¨*** Arapongas Tupiniquins 1964 -- Idealizado pelo general Golbery do Couto e Silva (1911-1987), é criado o SNI -- Serviço Nacional de Informaão -- durante o governo do presidente Castelo Branco (1897-1967). O serviço era encarregado de controlar adversários do regime militar, coletar informaões, analisar acontecimentos políticos e prever seus possíveis desdobramentos. “Era estudante e soube da criaão do SNI em casa, na companhia do meu pai, que era senador e um dos líderes da oposião ao regime militar. Em minha família estávamos convencidos de que o SNI seria péssimo para o país. A entidade espionou, torturou e cassou mandatos. Ou seja, implantou um clima de terror.” Arthur Virgílio, senador do PSDB-AM. ¨*** No Mundo Romano Além da Grécia, outra grande civilizaão cuja influência foi decisiva na formaão do que chamamos de mundo ocidental é a romana. Oriunda da cidade-estado de Roma, ela foi, inicialmente, uma monarquia, passando depois para a república, até se constituir em um império, que praticamente anexou metade do mundo conhecido de então. Diz a lenda que Roma foi fundada por dois irmãos gêmeos, Remo e Rômulo, que foram amamentados por uma loba, além de descenderem de um herói lendário de Troia, o príncipe Eneias. Esta história possui um trágico desfecho: Rômulo assassinou Remo. Para além das lendas, a civilizaão romana nos legou uma grande literatura, uma ex- traordinária arquitetura, a arte militar, as línguas latinas -- português, espanhol, italiano, francês, romeno e outras --, além do direito romano. Sua cultura, no entanto, foi nitidamente influenciada pelos gregos, a começar pela própria religião. Deuses e mortais na Roma antiga -- A religião antiga dos romanos era politeísta e os seus deuses eram similares aos dos gregos, mas com outros nomes. Zeus virou Júpiter, Afrodite virou Vênus e por aí afora. Além dos deuses de origem grega, muitas outras divindades, provenientes dos mais diversos povos, foram aos poucos integrando o caldo cultural e religioso dos romanos. Uma interessante característica da antiga religião romana era o culto aos espíritos dos antepassados, chamados de deuses dos lares ou penates. Esses deuses eram cultuados dentro das casas e protegiam as famílias. Essa tradião comprova que os romanos acreditavam na vida após a morte e conferiam grande valor aos espíritos dos familiares. A im- portância do culto aos espíritos dos mortos era tanta que havia um festival chamado de Lemúria ou Lemuralia, celebrado nos dias 9, 11 e 13 de maio. O objetivo desse evento era apaziguar a alma dos mortos. De acordo com o grande poeta romano, Ovídio esse festival foi iniciado por Rômulo, como uma forma de apaziguar o espírito de seu irmão, Remo. ¨*** Mártir da Ecologia Já se disse que nunca um tiro dado no Brasil ecoou tão longe. Pois a bala que tirou a vida de Chico Mendes, em 22 de dezembro de 1988, ainda incomoda quem visita sua pequena Xapuri, de 5 mil habitantes, onde o clima pacato e interiorano convida a andar a pé -- e inevitavelmente cruzar o endereço onde essa infâmia está fielmente reconstituída, numa homenagem ao mártir. Mendes mobilizou não somente o Brasil, mas o mundo, em defesa da floresta amazônica. Armado apenas de um arsenal de boas ideias, demonstrou, na prática, ser possível combinar preservaão e desenvolvimento sem devastar a floresta. Celebrizou a eficaz tática do “empate”, que consistia em colocar seringueiros e suas famílias, desarmados, em trechos da floresta que seriam devastados, frente a frente com os peões e suas serras, para impedir a derrubada. Símbolo máximo do novo Acre, Chico Mendes tem a memória reverenciada por uma fundaão com o seu nome, administrada por Deuzamar Gadelha Mendes, sua cunhada. “Se você andar por a”, ela conta, “dá de cara com o Darli Alves da Silva, mandante do crime. E dia desses o Darci -- filho de Darli, assassino confesso -- passou de carro aqui em frente, com uma câmera, filmando nossa fachada. Não sei o que pretendia.” Condenados a 19 anos cada um em 1990, os algozes de Chico fugiram da cadeia em 1993, mas foram recapturados três anos depois. Cumpriram metade da pena em regime fechado e requereram -- com sucesso -- liberdade condicional. Recentemente, Darli voltou à prisão por conta de um crime financeiro. ¨:::::::::: Da Pedra à Internet Fred Linardi A humanidade demorou para evoluir em suas formas de comunicaão. Antes de inventar a escrita, passamos milhares de anos usando basicamente gestos e grunhidos. Até a fala custou a aparecer; quando ela começou a ser desenvolvida, as pinturas rupestres já existiam. Em compensaão, depois disso, tudo se acelerou. Na base da conversa, começamos a trocar conhecimentos, principalmente de caráter mitológico e religioso. A escrita não demorou a surgir, como uma forma de registro do sonoro. No século VIII a.C., os poemas gregos "Ilíada" e "Odisseia" foram escritos a partir de relatos orais. Da linguagem escrita em diante, começamos a aplicar a tecnologia à comunicaão. Nas últimas décadas, chegamos ao ponto em que um único emissor transmite sua mensagem para milhões de pessoas -- é o caso do rádio e da televisão. Temos à disposião telefones fixos, celulares e Internet. E o futuro promete. ¨:::::::::: Conhecendo nossos Escritores Hélio Pellegrino Mineiro, filho e neto de italianos, só íntimos sabiam que o psicanalista Hélio Pellegrino (1924-1988), sete filhos, era poeta; publicou em edião reduzida: "Poema do Príncipe Exilado", alguns poemas em jornais e revistas, e parou. No entanto, sempre fez versos sobre suas paixões: psicanálise, socialismo, paisagens, amor, revolta contra a repressão política. No cotidiano, defensor da liberdade e dos direitos humanos, seu senso de humor produziu cenas antológicas. Numa passeata antes do Ato Institucional n.o 5 (AI-5), em 1968, no Rio, ao falhar o jato de água do veículo que dispersava manifestantes, gritou: "O brucutu brochou!" Esteve preso no início de 1969. Na Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro, que o expulsou e teve de readmiti- -lo, denunciou o analista didata Leão Cabernite, acobertador do cliente Amílcar Lobo, que dava assistência médica a torturadores em aão. Segundo o professor de Literatura e escritor Antonio Candido, "ninguém, como ele, sabia falar e escrever a palavra mais certa... Foi luminoso e é insubstituível". Do seu único livro, "Minérios Domados", editado pela Rocco em 1993, dois de seus poemas foram denúncias políticas: "A Cólera-Esperança", sobre o golpe de 1964; "As Rosas Possíveis", a dor pela amiga torturada. ¨:::::::::: O Paliteiro Francês Em 1886, o engenheiro francês Gustave Eiffel (1832-1926) venceu um concurso que escolhia um monumento a ser lançado durante a Exposião Universal de Paris. A construão demorou dois anos, envolveu 300 operários e foi concluída com festa há 120 anos, em 31 de março de 1889. Feita com 7.300 toneladas de ferro, a Torre Eiffel era provisória e tinha data de validade: seria demolida em 1909. No que dependesse de muitos intelectuais franceses, que diziam que a obra era um “paliteiro” e um “monstrengo”, ela teria sido derrubada antes. Mas, no começo do século XX, a construão se mostrou uma ótima base para a sustentaão de antenas de rádio. Nas décadas seguintes, o local se tornou um dos monumentos mais visitados do mundo, com 6 milhões de turistas por ano. ¨:::::::::: Não custa Saber Observe as frases cuja regência não está de acordo com o uso da língua portuguesa: 1. A decisão do governo não agradou o povo brasileiro -- certo: não agradou ao povo brasileiro. 2. Devemos agradecer os fregueses pela preferência -- certo: agradecer aos fregueses a preferência. 3. Ele almejava a uma carreira melhor -- certo: almejava uma carreira melhor. 4. Eu lhe amo -- certo: eu a amo. 5. A populaão de São Paulo aspira a um ar muito poluído -- certo: aspira um ar poluído. 6. Ele não aspirava nenhum cargo público -- certo: a nenhum cargo público. 7. Um médico particular está assistindo ao velho cantor -- certo: assistindo o velho cantor. 8. Assistimos o jogo pela televisão -- certo: assistimos ao jogo pela televisão. 9. Contratamos dez meninas para atender ao telefone -- certo: atender o telefone. 10. O governo não atendeu os anseios do povo -- certo: não atendeu aos anseios do povo. ¨::::::::: Mentes que Brilham “Azy tem uma vida mental rica”, diz Rob Shumaker a respeito do animal que estuda e de quem é amigo há 25 anos. “Os orangotangos estão no mesmo patamar cognitivo dos grandes primatas africanos, chegando a superá-los em algumas tarefas. Azy não só comunica seus pensamentos por meio de um tabuleiro de símbolos abstratos, como também entende a perspectiva de outro indivíduo e toma decisões lógicas e meditadas que revelam agilidade mental. Os orangotangos preservam tradiões culturais: alguns bandos fabricam ferramentas para extrair insetos de buracos em árvores e outros usam folhas grandes para se proteger da chuva. Também recorrem a elas para resguardar as mãos quando escalam um tronco espinhoso. E chegam a juntar folhas em um maço para acalentá-lo, como se fosse boneca. O que um elefante vê ao fitar a si mesmo em um espelho? Ele próprio, aparentemente -- uma rara façanha cognitiva, antes identificada apenas em seres humanos, primatas superiores e golfinhos. Os elefantes asiáticos primeiro exploram o espelho como se fosse mais um objeto. Em seguida, porém, eles podem se dar conta de que estão vendo a si mesmos. Aí se movem de maneira atípica e, repetidas vezes, tocam um sinal pintado em sua cabeça, que jamais veria sem o espelho.

O polvo-gigante-do-pacífico tem personalidade própria, usa ferramentas e reconhece indivíduos. Dotado de cérebro volumoso e tentáculos ágeis, os polvos são conhecidos por fechar suas tocas com pedras e se divertirem lançando jatos de água em alvos de plástico e nos pesquisadores -- a primeira brincadeira que se conhece de um invertebrado. E podem também exprimir emoões básicas por meio de mudanças de cor. O golfinho-nariz-de-garrafa tem capacidade de comunicaão e comportamento mimetizador. Imitadores magistrais, dotados de excelente memória e boa compreensão de vocabulário e sintaxe, os golfinhos são ágeis em termos cognitivos e comportamentais. De acordo com Louis Herman, “eles possuem grande cérebro generalista, como o nosso, e podem ma-

nipular seu mundo para obter o que querem.” ¨:::::::::: Nosso Brasil De Jeri a Lenóis Apesar de esta reportagem abordar grandes estradas no Brasil, o caminho entre Jericoacoara -- CE -- e os Lenóis Maranhenses -- MA -- não tem estrada. Nem sequer uma rota única, definida ou sinalizada. A ligaão entre esses dois pontos, isolados por eles mesmos, é uma aventura que só pode ser feita num veículo com traão nas quatro rodas, em passeio que pode ser contratado em Jeri mesmo. Quem se aventura nessa “não-estrada” descobre um dos recantos mais selvagens do país. E diverso: são cerca de 400 quilômetros, passando por praias com pinta de cartão- -postal, mata virgem repleta de fauna e dunas de areia alvíssima. Primeiro, Jericoacoara. Aqui você pode contratar o jipe e o jipeiro para a viagem. Mas nada de pressa. Nesse pedaço do extremo oeste cearense, o mar cor verde intenso, típico dessa costa, combina com lagoas de água doce e gigantes dunas. Numa delas, é obrigatório o ritual de ver o pôr-do-sol de um mirante natural. Será impossível, ou tolo, fazer a viagem Jeri- -Lenóis sem ficar, pelo menos, dois dias aqui. Ao sair das praias de Jeri, as próximas paradas podem acontecer nos vilarejos de pescadores, as únicas habitaões locais. As barras de rio são atravessadas por balsas rústicas, movidas a vara -- e são muitas no caminho, pois o caudaloso Rio Parnaíba espalha-se aqui no seu delta até chegar ao oceano. A mudança de paisagem das praias cearenses para a mata exuberante do delta, evidencia-se ao chegar a Parnaíba, a principal cidade desse trecho do Piauí. É hora de deixar seu carro de lado para passear pelos igarapés a bordo de uma voadeira, o veloz barquinho de alumínio que passa pelos canais mais estreitos. A bordo dessa embarcaão, dá para avistar muitos macacos- -prego, jacarés-de-papo-amarelo e os guarás, aves vermelhas que são símbolo do lugar -- e fazem o espetáculo ao voar no entardecer. Para ir do Delta do Parnaíba a Barreirinha, no Maranhão, um bom trecho de asfalto precede os terríveis quilômetros finais antes dos Lenóis Maranhenses. Terríveis para o carro, que fique claro: são buracos, dunas, lagoas, lodo e até um mangue fossilizado no caminho. Vilas engolidas pelas dunas são a prova real da dureza da região. Mas o desgaste do visitante, se houver, vai se desfazer na paz dos Lenóis, nas suas dunas de areias brancas e em seus lagos de água doce de cor esmeralda. ¨::::::::: Casal nas Nuvens Rogério Durat Terminou a solidão da girafa Beija-Céu, 17 anos, 4 metros e 90 centímetros de altura. Após uma cansativa viagem que mobilizou batedores, policiais rodoviários e equipes de técnicos em instalaões elétricas e telefônicas, Zagallo, 9 anos, 5 metros e 10 centímetros de altura, desembarcou no Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. O macho, que chegou para se tornar a cara-metade da carioca, veio de São Paulo, onde vivia desde 2003, depois de um ano de planejamento e licenças do IBAMA, Polícia Rodoviária Federal e das companhias de trânsito de ambas as cidades. A odisseia enfrentada por Zagallo para encontrar Beija-Céu, torna a história ainda mais, digamos, romântica. Foram gastas 37 horas no deslocamento entre os zoológicos das duas capitais. Um pequeno grupo de pessoas, entre elas o tratador paulista de Zagallo e um especialista carioca, que foi a São Paulo antecipadamente para se familiarizar com o animal, levou duas horas até convencê-lo a entrar no caminhão que o transportaria. Para isso foi preciso muita habilidade: os dois tratadores, falando e oferecendo comida, conseguiram fazer Zagallo subir no veículo. “Foi até rápido”, disse Valdir Ramos Junior, biólogo coordenador do setor de mamíferos do Riozoo. “Você sabe, ninguém empurra uma girafa.” Zagallo foi instalado num contêiner acolchoado e sem teto, que teve sua altura aumentada por uma estrutura de madeira, com dobradiças que permitiam a diminuião de tamanho em caso de necessidade durante a viagem. A caixa terminava um pouco acima de sua cabeça, para que ele não tivesse muitos estímulos no caminho e permanecesse calmo. Vista, só para o céu. Lá dentro foram colocados 50 quilos de alimentos. A estrutura, somada à carroceria do caminhão, tinha 5 metros e 70 centímetros de altura e foi acomodada numa carreta de 3 metros e 20 centímetros de largura por 18 metros de comprimento. Segundo Ramos Junior, foi a mais alta carga viva já transportada entre dois Estados no Brasil. Atrás, num micro- -ônibus, seguiam veterinários, biólogos e os tratadores. A carreta atravessou o perímetro urbano de São Paulo a 20 quilômetros por hora, escoltada pela polícia e por equipes das companhias de trânsito e de eletricidade -- em alguns trechos foi preciso desligar e suspender cabos de alta-tensão, de telefonia e TV por assinatura para que Zagallo passasse. Na estrada, a velocidade dobrou. Houve momentos difíceis na altura do município paulista de Jacareí, quando uma tempestade forçou uma parada não prevista. A subida da Serra das Araras também foi complexa, por causa da pista íngreme que obrigou a nova reduão de velocidade. O mais complicado, porém, aconteceu, já no Rio, na passagem sob um viaduto nas imediaões da Ilha do Fundão. Foi a única ocasião em que se diminuiu a altura da caixa e a girafa, com a cabeça de fora, pôde apreciar a paisagem. “Entre sua cabeça e o viaduto, a distância era de um palmo”, conta o biólogo que acompanhou a aventura. Durante o trajeto, veterinários mediam a pressão arterial do animal. Para apresentar Zagallo a Beija-Céu, o Jardim Zoológico estima ter gasto em torno de 70 mil reais. Tanto esforço parece estar valendo a pena. Três horas depois da chegada, ele foi levado para sua nova casa, um cercado ao lado de onde vive a fêmea. Quem presenciou a cena garante: Zagallo atravessou a área com passos firmes, aproximou- -se de Beija-Céu e, por cima da cerca, cumprimentou-a carinhosamente com um beijinho. Depois deu uma volta por sua nova casa, examinando todos os cantos. Se o namoro caminhar bem, eles poderão partilhar o mesmo cercado. O cio da espécie acontece a intervalos de quinze a vinte dias e dura 48 horas. Com quinze meses de gestaão, nasce um filhotinho de 1 metro e 80 centímetros de altura. O provável casal se muda para um viveiro mais amplo, com espaço para alojar as futuras crias. Mesmo na nova casa, um problema vai permanecer. Zagallo e Beija-Céu não têm um local privado, longe dos olhares curiosos, para seus encontros. Só falta acontecer no horário das visitas. ¨ ::::::::::

Curiosidades As Dez Mercadorias Mais Bizarras Usadas Como Dinheiro Fumo -- Romênia, entre 1985 e 1989. Antes de o presidente Nicolae Ceausescu chegar ao poder na Romênia, os cigarros não tinham valido tanto! Tudo começou com a política de exportar quase tudo que era produzido no país. Resultado: as poucas mercadorias que so- bravam eram muito caras, e o dinheiro perdia valor. Isso gerou um mercado paralelo, em que os produtos eram comprados com maços de cigarros. A moeda pagava de alimentos e bebidas a prostitutas! Conchas -- Costa da África, da pré-história até 1809. Duráveis, bonitas e fáceis de contar, as conchas se tornaram comuns em muitas regiões da costa da África como dinheiro. Alguns índios das Américas do Norte e do Sul também a usavam como moeda. A mais utilizada na África, por exemplo, era a concha de cauri, um tipo de molusco. Cinquenta cauris valiam cerca de 1 penny, o centavo inglês. Elas só começaram a perder lugar para o dinheiro quando começou a ficar difícil achar conchas com o mesmo tamanho, textura e cor. No Sudão, os cauris foram usados para pagar impostos até 1809, quando foram substituídos pelo papel- -moeda. Peles de animais -- Canadá e Estados Unidos, séculos XIV e XV. Nos países muito frios, as peles de animais sempre foram um objeto de desejo. No Canadá, as luxuosas peles de castor eram trocadas por roupas e chapéus com comerciantes da Europa. Já em algumas colônias americanas, a pele do cervo era a preferida. Cada pele de cervo era conhecida como *buck*, termo que até hoje é usado como gíria para o dólar. O uso das peles como dinheiro não foi muito longe. No Caribe, na África, na Ásia e na América do Sul, com o clima mais quente, não tinham a menor serventia. Daí, acabaram deixando de ser usadas como moeda. Dentes de baleia -- Ilhas Fiji, indefinido. Nas ilhas Fiji e em outros arquipélagos vizinhos, os dentes de baleia eram extremamente valiosos: além de serem difíceis de extrair -- imagine o trampo para arrancar um dente de uma baleia! --, eles eram muito utilizados em cerimônias e festas sagradas, o que aumentava ainda mais o seu valor. Um dente de baleia podia comprar de alimentos a vestimentas. O problema é que os dentes só tinham valor para os habitantes das ilhas -- eles não serviam para o escambo com outros povos e outros países. Não demorou muito para que os dentes deixassem de ser usados no comércio. Bacalhau -- Noruega, Idade Média. Como é mais comum nas águas bem geladas, o bacalhau dá aos montes nos mares da Noruega, maior produtor da iguaria no mundo. Lá, o bacalhau seco se transformou em moeda de troca por volta do século VIII. Os noruegueses trocavam o peixe por outros produtos com os comerciantes locais, que depois vendiam o bacalhau para o sul da Europa. A demanda pelo peixe salgado bombava nas datas religiosas, como a Quaresma, e às sextas-feiras, quando a Igreja condenava o consumo de carne. Boi -- Grécia, séculos IX e VIII a.C. Os animais vivos, de búfalos a ovelhas, sempre foram produtos valiosos. Mas o gado é, de longe, o animal mais usado como dinheiro, da história. Os gregos foram os primeiros a usar bois como moeda no período de Homero. O gado também foi usado como dim-dim na Irlanda e em muitas regiões da Índia e da Ásia. Os pastores pagavam desde escravos a esposas em cabeças de gado. Não é à toa que os termos “pecuária”, relativo ao gado, e “pecuniário”, relativo à grana, têm a mesma raiz em latim: *pecu*, significa dinheiro. Sal -- Roma, entre 509 e 27 a.C. Por ser relativamente raro e útil para temperar e conservar os alimentos, o sal era muito valorizado entre os povos da Antiguidade, que logo começaram a usar o condimento como dinheiro. Na China, no Norte da África e nos países do Mediterrâneo, o tempero era moeda de troca para várias mercadorias. Muitos comerciantes arriscaram a vida para escavar lajes de sal no deserto do Saara, fonte de um dos sais mais puros do mundo. A palavra salário, que indica até hoje o pagamento mensal dos trabalhadores, deriva justamente disso: *salarius*, em latim, significa “de sal”. Mulheres -- Irlanda, entre os séculos VIII e IX. As mulheres reclamam que ninguém dá valor a elas, mas daí a serem vendidas há uma grande diferença! Na antiga Irlanda, as moças eram trocadas por alimentos e terra com os vikings, que depois revendiam o “produto” a comerciantes de escravos no Mediterrâneo. As mulheres ruivas e loiras eram as mais cotadas. Os homens irlandeses também eram escravizados, mas valiam bem menos. ¨:::::::::: Casa de Rui Barbosa Residência Preserva Objetos Pessoais do Jurista -- Nascido na Bahia em 1849, Rui Barbosa mudou-se para o Rio de Janeiro aos 30 anos, ao ser eleito na Assembleia Legislativa da Corte Imperial. Começava então uma carreira bem-sucedida e variada -- ele foi jurista, jornalista, diplomata, deputado, ministro da Fazenda e duas vezes candidato à presidência da república, além de presidente da Academia Brasileira de Letras e orador reconhecido internacionalmente. Rui morreu em 1923, e no ano seguinte o governo brasileiro comprou a casa em que ele passou a maior parte da vida ao lado da esposa, dona Maria Augusta, e dos cinco filhos do casal. Quatro anos mais tarde, em 13 de agosto de 1930, o presidente Washington Luís inaugurou no local o primeiro museu-casa do Brasil. Foi nessa ocasião que cada aposento recebeu um nome, de forma a listar os momentos mais marcantes da vida do jurista. Foram conservados móveis, objetos da família comprados e presenteados e a ex- tensa produão intelectual de Rui, reunida em arquivos. São obras sobre história, ciências, literatura, filosofia, direito, homeopatia, fenômenos psíquicos e oceanografia, além de coleões jurídicas de dezenas de países. Para facilitar o acesso, os am- bientes estão dispostos em quatro áreas: social, íntima, de trabalho e de serviço. Os livros também estão disponíveis para consulta, com prévio agendamento. Bem preservada, a casa é mantida como se Rui Barbosa e a família pudessem voltar a qualquer momento. Casa neoclássica -- Construída em 1850, em estilo neoclássico e com amplos am- bientes, é uma das casas mais antigas da primeira ocupaão do bairro de Botafogo. Em homenagem à esposa, Rui deu à casa o nome de Vila Maria Augusta. Jardim histórico -- Os 9 mil metros quadrados de área verde são mantidos como eram há um século. Muitas árvores foram plantadas e cultivadas pelo próprio Rui Barbosa. Entre as preferidas dele, destacam-se a lichi e os pés de jambo, sapoti e pitanga. Águia de Haia -- Em 1907, o jurista foi convocado para participar da II Conferência Internacional da Paz de Haia, na Holanda. Sua atuaão como orador foi elogiada no exterior. Por isso, no Brasil, recebeu o apelido de Águia de Haia. Por coincidência, já havia no centro do jardim de sua casa uma escultura de bronze que representa uma águia dominando uma serpente. Milhares de livros -- Foi a chance de reunir todos os seus livros em um mesmo cômodo que fez com que Rui comprasse a casa. No entanto, depois de 28 anos acumulando obras, o espaço ficou pequeno para com- portar os 23 mil títulos, e alguns deles foram parar em outros quartos. Na biblioteca ficou parte da coleão, além da escrivaninha onde Rui revisou o projeto da Constituião de 1891. Piano meia-cauda -- Na sala de música, já se apresentaram as pianistas brasileiras Magdalena Tagliaferro e Guiomar Novais. O nome do espaço, sala Buenos Aires, faz referência à nomeaão de Rui como embaixador extraordinário para representar o Brasil nas comemoraões dos 100 anos da independência da Argentina, em 1916. ¨:::::::::: Ecoando Medicina Cruel Há 3 mil anos a medicina oriental utiliza a bile de ursos para o tratamento de pro- blemas cardíacos e febre. A crença no poder curativo do líquido amarelo-esverdeado mantém ativa a produão de 7 mil quilos do remédio, vendido em forma de cápsulas, talcos, colírios, elixires e xampus. O mercado da cura, porém, é sinônimo de crueldade e maus- -tratos para os animais. As 250 fazendas que se dedicam ao ramo na China, mantêm aprisionados 7 mil ursos malaios, que chegam a atingir 1 metro 50 centímetros de altura e 150 quilos. Eles vivem em gaiolas de 1 metro e 90 centímetros de altura por 80 centímetros de largura. A extraão da bile é feita por meio de um cateter implantado em sua vesícula. Além de muito dolorido, o processo reduz a vida do animal, que chega, no máximo, aos 10 anos de idade. ¨:::::::::: Mausoléu do Imperador Qin Pirâmide subterrânea era defendida pelos famosos guerreiros Xian -- Quem olha de longe vê apenas um morro coberto por vegetaão rasteira na província de Xian, na China. Mas, por baixo da terra, existe uma majestosa pirâmide, construída para que Qin Shiuangdi ê260-210 a.C.) tivesse em morte todo o poder e a riqueza que gozou em vida. Não é por acaso que alguns historiadores acreditam que o nome China vem de Qin -- que se pronuncia “tchin”: ele unificou o país, tornou-se seu primeiro imperador e deu início à construão da Grande Muralha. É perto de sua tum- ba que ficam os guerreiros de Xian, que em 2003 foram trazidos para São Paulo e vistos por 800 mil pessoas. Segundo o historiador Sima Qian, cujos registros do século II a.C. são a principal fonte de informaões sobre a construão, mais de 700 mil pessoas de todos os cantos do país trabalharam nas obras, que demoraram 38 anos. Embora já venha sendo investigado há muitas décadas, o mausoléu continua envolto em grande mistério, isso porque ninguém entrou ali. As escavaões são proibidas, porque não há garantias de que elas não causariam sérios e irremediáveis danos à estrutura da construão. Tudo o que se sabe é sustentado pelos textos de Qian e por investigaões feitas com sondas. Ostentaão e terror -- De acordo com antigos relatos, o palácio teria riquezas e ossadas. Camuflagem artificial -- O morro que fica por cima da obra não é natural: foi construído ali com a técnica do “solo batido”, na qual trabalhadores escavam uma outra região, empilham a terra e chegam a fincar plantas e árvores sobre o morro. Hoje essa pilha de terra tem 46 metros de altura, mas acredita-se que, há mais de 2.200 anos, ela possa ter alcançado 100 me- tros. Passagem para alma -- No topo do mausoléu existe uma câmara fechada. Os arqueólogos especulam que ela tenha servido como um corredor de passagem para a alma do imperador. ¨:::::::::: Conhecendo o Mundo Corrida contra o Destino Esqueça padrões, definiões, parâmetros, e aceite: Tichit é uma cidade. Sim, são apenas muros de pedra espalhados aleatoriamente num pedaço do Deserto do Saara, no sul da Mauritânia. Os crânios de camelos pelo chão assustam. O vento levanta grossas rajadas de areia e, vez por outra, não é possível ver o que se passa logo ali. Mas Tichit ainda tem um punhado de gente, um comércio agonizante e histórias pra contar: lá pelo longínquo século XII, a cidade africana foi um importante centro de compra de sal -- especiaria tirada de um lago, hoje seco -- e chegou a abrigar 5 mil pessoas. Tichit tem até uma espécie de prefeito. Foi a ele que tive de recorrer para barganhar diesel e seguir viagem, quando acompanhava o Rally Paris-Dakar, considerada a mais dura corrida de carros do planeta. Sem pressa, afinal não estava ali competindo, gastei saliva, enquanto tentava mostrar tranquilidade diante do negro alto, de turbante, mas empobreci 500 euros para conseguir 50 litros de com- bustível. Enchi o tanque e segui em frente, sempre com a ideia de que a prova -- na qual equipes de ponta gastam milhões de dólares -- parece um tanto esquisita ao cruzar vilarejos pobres da África. O povo local, no entanto, gosta e abre as portas para a caravana sobre quatro rodas. Exceto uns que xingam, e outros, mais radicais, que promovem ataques e lançam ameaças terroristas. No começo deste ano, o terrorismo venceu: foi o culpado pelo cancelamento da largada, pela primeira vez desde que a prova nasceu, em 1979. O medo de novas ameaças fez o aparentemente impossível: transferir Dakar para a América do Sul. A largada, no dia 3 de janeiro, e a chegada, quinze dias depois, acontecem em Buenos Aires. O roteiro inclui a Patagônia, Argentina, e o Atacama, no Chile. Tudo muito interessante, mas muito menos exótico do que o roteiro anterior pela África, onde é preciso tomar banho de balde, dormir muito longe da civilizaão, comer sempre com areia na boca e cruzar vilarejos como Tichit. Agora, acompanhar a mítica prova ficou tão fácil como pegar um voo para Buenos Aires. O Paris-Dakar, quem diria, veio até nós. ¨::::::::: Quais São os Animais mais Barulhentos? O som mais ensurdecedor que você já ouviu foi num show de *heavy metal*? Ou numa pista de aeroporto durante uma decolagem? Ou nas avenidas movimentadas de uma grande cidade? Pois esses barulhos são pouco mais que sussurros, se comparados a alguns sons que os animais são capazes de produzir. Para ter uma ideia: a média do volume de um show de rock é de 100 decibéis, um avião a jato pode alcançar -- se você estiver bem próximo das turbinas -- os 160 decibéis, e a poluião sonora das metrópoles chega a 80 decibéis. Já a baleia-azul, em um só grito, vai aos 188 decibéis. E ela não é a única. E qual é a razão para tanto escândalo no reino animal? São várias e vão desde a tentativa de uma baleia macho atrair uma fêmea, até um simples cumprimento entre elefantes. Além disso, o que pode dar novos contornos -- e potencializar -- o volume do som desses bichos é o meio pelo qual eles transmitem sua mensagem, que pode ser a água, o ar e até a terra. Eleger o mais barulhento do mundo é fácil: a baleia vence em todos os aspectos. Mas há outros bichos que, se não levam a medalha de ouro no grito em altura, fazem bonito no barulho à distância. Bugio -- *Alouatta*. Intensidade: 130 decibéis. Distância que atinge: 4 quilômetros. Motivo: o ruído mais alto jamais produzido por um animal terrestre é usado pelo bugio para comunicar ao resto do grupo a sua localizaão e, também, para alertar sobre ameaças ou invasões do território por outros bandos. Hábitat: América Central e América do Sul. Rã-touro -- *Rana catesbelana* Intensidade: 70 a 90 decibéis. Distância que atinge: 800 metros. Motivo: como forma de proteger e também mostrar quem manda é que as rãs machos “mugem” tão alto. O nome touro, aliás, vem da similaridade com o barulho emitido pelo bovino. Hábitat: América do Norte. Elefantes africanos e asiáticos -- *Loxodonta* e *Elephas* Intensidade: 90 a 103 decibéis. Distância que atinge: mais de 10 quilômetros. Motivo: é sabido que os elefantes se comunicam por longas distâncias por meio de infrassons, as vibraões terrestres que ocorrem quando o paquiderme bate os pés no solo -- a mensagem transmitida pode ser um alerta de perigo ou um simples cumprimento. Contudo, a maior parte dos sons produzidos por esses gigantes é audível para os seres humanos. Hábitat: África e Ásia. Leão -- *Panthera leo* Intensidade: 114 decibéis. Distância que atinge: 8 quilômetros. Motivo: os leões machos rugem para afastar seus rivais e marcar território. Já as leoas usam o barulho para proteger a cria e chamar a atenão dos machos. Hábitat: África. Foca-elefante-do-norte -- *Mirounga angustirostris* Intensidade: 100 decibéis. Distância que atinge: 7 quilômetros. Motivo: assim como as baleias, as focas-elefantes machos emitem um barulhento chamado para as fêmeas na época do acasalamento. A diferença é que o som é mais parecido com o do elefante -- por isso o nome. O ruído também mostra domínio aos rivais. Hábitat: América do Norte, principalmente na costa da Califórnia. Hiena -- *Crocuta crocuta* Intensidade: 70 decibéis. Distância que atinge: 13 quilômetros. Motivo: as hienas “riem” -- seus sons agudos são denominados como risadas pelos zoólogos -- alto e ruidosamente quando são ameaçadas, perseguidas ou atacadas. Hábitat: Ásia e África. ¨::::::::: Ameno e Instrutivo O Microscópio O microscópio foi inventado por Robert Hooke, em 1665. Esse invento trouxe muitos avanços para a Ciência, pois tornou possível a observaão de coisas minúsculas. Hooke observou, no seu microscópio, pedaços finos de cortiça, que eram compostos de pequeninas caixas. Ele chamou essas pequenas caixas de células, que pareciam os quartos -- também muito pequenos -- dos monges daquela época. Atualmente, o microscópio está muito aperfeiçoado e podemos ver muito além do que Hooke via. Com o microscópio podemos observar, por exemplo, seres vivos formados de apenas uma célula, que são os micróbios ou micro-organismos. ¨::::::::: Uma Lenda Muçulmana Reza uma lenda muçulmana que os gatos caem de pé devido a uma bênão que um deles recebeu ao salvar a vida de Maomé. Se, sob o catolicismo, os gatos conheceram dias de cão, na cultura islâmica há relatos de que a vida de Maomé teria sido salva por seu felino de estimaão. “Conta-se que o profeta estava em casa, e, sem que ele percebesse, uma cobra se aproximou para atacá-lo. Seu gato conseguiu matá-la antes do bote. Também se fala que o profeta o teria acariciado na cabeça e abençoado, e, por isso, a partir daquele dia, os gatos começaram a cair sempre em p”, diz Branca- glion. A amizade felina também influenciou a cultura nipônica. No Japão, o gato Maneki- -Neko -- aquele das boas-vindas, com uma das patinhas levantada -- é símbolo de boa sorte. Reza a lenda que, há muitos anos, esse gato estava parado na frente do templo de Gotoku-ji. Ao ver um senhor feudal, teria acenado e atraído o homem para dentro, livrando-o de um raio que cairia logo depois. A partir desse dia, Maneki-Neko passou a ser considerado a encarnaão da deusa da misericórdia. ¨::::::::: É Útil Saber Floresta -- O mais Rico Ecossistema Responsáveis pela qualidade de vida de nosso planeta, as florestas representam o ecossistema mais rico em espécies animais e vegetais. Destruí-las significa um risco irreparável. Quando alertamos sobre o problema da extinão de várias espécies animais, é preciso ressaltar que uma de suas causas é a destruião das florestas. Afinal, como é possível um bichinho viver longe de seu hábitat natural? Se uma floresta é destruída, colocamos em risco sua fauna e flora. Com a diminuião das espécies carnívoras, acontece o inevitável crescimento dos herbívoros que, quando se alimentam, provocam a extinão de novos tipos de vegetais. Uma verdadeira bola de neve. Vamos aproveitar a semana para prestar atenão nos detalhes e entender que as pequenas providências são importantes. "Dia de Proteão à Floresta -- 17 de julho" ¨*** Oraão do Amigo e da Amiga Senhor, eu te dou graças pelo amigo e pela amiga que me deste. Tu ficas ao meu lado, através de tua presença. Olhando para teus olhos, descobri o sentido profundo que se oculta no teu próprio olhar! Deixando-me cativar pelo teu contagiante sorriso, aprendi também a sorrir. Ouvindo tuas confidências sinceras, aprendi a escutar tua voz. Recebendo tantas provas de carinho, aprendi a amar as pessoas que convivem comigo. Partilhando a vida, a fé, os erros, as lágrimas e as alegrias, eu te admirei no rosto sereno do meu amigo e da minha amiga. Graças te dou, meu Deus, porque te revelas em gestos tão humanos. Posso experimentar a tua ternura na pessoa deste amigo e desta amiga que me amam. Faze que sejam muito felizes e que eu te encontre sempre na transparência de nossa amizade. Amém! "Dia do Amigo -- 20 de julho" ¨*** Quantas Vezes... Pai, quantas vezes tu me ensinaste para que o mundo não me reprovasse. Quantas vezes tu me exemplaste para que o mundo não me castigasse. Quantas vezes tu me fizeste chorar para que hoje eu pudesse sorrir. Meu pai! Pelo propósito que o tempo é posto Sinto o quanto te amo Vejo as rugas no teu rosto Vejo os teus cabelos brancos. Pai, hoje sinto tuas mãos lentas e vagareza nos teus passos, mas tua memória é boa e de muitas experiências. Em teus lábios, palavras amigas ainda acho. Pai, quantas vezes me disseste não para que hoje o mundo me dissesse sim. Pai, a tua conversa é como uma faculdade de muitas palavras na qual me perco e me encontro, não como o filho pródigo, mas como o filho do teu propósito. "Dia dos Pais -- #;o domingo de agosto" ¨*** Minha Escola Benedicta de Mello Minha escola! Existia só aquela no tempo em que estudei, jovem, tranquila. Por sabê-la dos cegos a pupila, dia por dia se me fez mais bela. Minha casa de luz!... Vamos ouvi-la: estranha claridade há dentro dela. Muita gente disputa-lhe a tutela... Como eu a soube amar e sei senti-la! Poucos a compreendem; mas segura no ideal de trabalho e de cultura, é secular, cem anos faz agora. Quanta alegria e garbo na fachada! E lá por dentro... quanta dor guardada!... -- Muita gente é feliz assim: por fora! "Dia do Aniversário do IBC -- 17 de setembro" ¨*** Árvores Dependendo do local e do tamanho das árvores, um hectare de floresta pode absorver aproximadamente seis toneladas por ano de dióxido de carbono, principal gás causador da mudança climática. Além de ajudar na mitigaão do aquecimento global, as árvores oferecem infinitas recompensas: Oxigênio -- Dependendo da espécie, uma árvore adulta pode liberar oxigênio suficiente para uma família de quatro pessoas. Ícones culturais -- Árvores simbolizam as aspiraões humanas, continuidade entre as geraões, a união entre o céu e a terra. Em muitas culturas, acredita-se que as árvores abriguem espíritos e as almas dos antepassados. Muitas pessoas plantam árvores para marcar aniversários e mortes. Terra e água potável -- Mais de dois bilhões de pessoas -- um terço da humanidade -- dependem de áreas florestais para preservar suas águas. Em locais onde as raízes das árvores se entrelaçam dentro da terra, retendo entre si o solo e suas copas, elas suavizam o impacto das chuvas no terreno destas áreas. E, assim, as águas da chuva infiltram-se facilmente no solo em direão aos lenóis aquíferos, alimentando rios e córregos. Já as áreas desflorestadas podem perder 90 por cento das águas de chuvas, já que, ao invés de penetrar no solo, correm diretamente para os rios e oceanos. Bem-Estar -- Apesar de parecer óbvio, o poder restaurador das árvores está sendo estudado cientificamente, só agora. Pesquisas recentes confirmam que brincar ao ar livre aumenta mensuravelmente a saúde das crianças, além do seu poder de concentraão. As pessoas que, do seu local de trabalho, veem uma árvore, demonstram maior produtividade do que as que são privadas desta visão. "Dia da árvore -- 21 de setembro" ¨:::::::::: O Dicionário Esclarece aleatoriamente -- casualmente anexou -- juntou atípica -- fora do normal barganha -- permuta cateter -- instrumento cirúrgico que se introduz em qualquer órgão oco do corpo humano cognitivo -- ato de conhecer contêiner -- grande caixa para armazenamento e transporte de mercadorias ecossistema -- sistema de inter-relaão entre os seres vivos e o ambiente em que vivem ex. solo; ar; água; etc... escambo -- troca hectare -- medida agrária, equivalente a dez mil metros quadrados jurisdião -- território sobre o qual o juiz exerce sua autoridade mensuravelmente -- o que se pode medir metabolismo -- conjunto de reaões que ocorrem em uma célula do organismo mitigaão -- suavizaão; atenuaão nipônica -- japonesa odisseia -- narraão de aventuras extraordinárias, peripécias ogro -- bicho papão; ente fantástica polinizadores -- transportadores do pólen de uma flor para outra politeísta -- aquele que crê em mais de um Deus renascentista -- que se refere à Época do renascimento similares -- da mesma natureza tutela -- encargo ou autoridade conferida a alguém para administrar os bens e dirigir a pessoa de um menor que está fora do pátrio poder, e para representá-lo ou assisti-lo nos atos da vida civil; proteão, amparo ¨:::::::::: Fontes de Pesquisa Jornal do Brasil Jornal O Dia Jornal O Globo Jornal Pôr-do-Sol Livro de Fábulas Livro de Português de Sérgio Nogueira Livro Ou isto ou Aquilo de Cecília Meirelles Revista Aventuras na História Revista Caminhos da Terra Revista Galileu Revista Mundo Estranho Revista National Geographic Revista Próxima Viagem Revista Seleões Revista Superinteressante ¨ ::::::::::

Ao Leitor Solicitamos aos leitores de Pontinhos abaixo mencionados, que nos enviem seus endereços completos, para evitar que suas revistas voltem. Favor verificar se estão retidas no correio. ADEVOSC -- Associaão dos Deficientes Visuais de Santa Catarina. André Coimbra L. de Castro. Argemira da S. Sadim Biblioteca Braille Hellen Keller do Núcleo Braille. CAP Tocantins. Cássio Rabello Talassi. Denilson Dantas de Moraes Guiomar Rodrigues Fortes. Ionara Rosa da Silva. Isabel Jurcones. Joaquim Faleiros. José de Paula Santos. Leonardo Batista Peris. Lindomar de Souza Costa. Maria das Graças de Souza. Mary Silva Gontijo. Mercedes dos Santos Sá. Pedro Henrique Soares Pessoa. ¨ :::::::::::