õieieieieieieieieieieieieieieo õ o õ PONTINHOS o õ o õ Ano L -- n.o 334 o õ janeiro-março de 2010 o õ Instituto o õ Benjamin Constant o õ Diretora-Geral do IBC o õ Sra. Érica Deslandes o õ Magno Oliveira o õ Fundador de Pontinhos o õ Prof. Renato o õ M. G. Malcher o õ Responsável por o õ Pontinhos o õ Kate Q. Costa o õ Imprensa Braille o õ do IBC o õ o õ Av. Pasteur, 350-368 o õ Urca, Rio de Janeiro, o õ RJ -- Brasil o õ 22290-240 o õ Tel.: (21) 3478-4457 o õ o õ Brasil um País de Todos o õ*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?o Sumário Seção Infantil A Vovó Conta Histórias: O Peixe Luminoso :::: 1 A Pulga e o Carneiro :::::::::::::: 6 O Negrinho do Pastoreio ::::::::::::: 8 Divertimentos: O que É, o que É? ::: 10 Só Rindo ::::::::::::: 12 Vamos Aprender: Qual é a Capital da Etiópia? :::::::::::::: 15 Para você Recitar: Oração da Girafa ::::: 16 Zoologando: O Urso ::::::::::::::: 16 Historiando: Os Elefantes do Parque Nacional Kruger :::::::::::::::: 17

Seção Juvenil Narrando a História: O Trágico Destino de um Império :::::::::::: 19 El Libertador :::::::: 22 Tribos Perdidas :::::::: 23 Não custa Saber :::::::: 25 Não Apontar para as Estrelas :::::::::::::: 27 Nosso Brasil: As Ruínas de São Miguel das Missões ::: 29 Aleijadinho e suas Obras ::::::::::::::::: 30 O Dinheiro através dos Tempos :::::::::::::::: 31 Curiosidades :::::::::::: 32 Saladão Musical :::::::: 34 Ecoando: Salvando Pinguins :::: 37 Quebra-Cabeça :::::::::: 40 Conhecendo o Mundo: Mais Secos e Hostis que qualquer Lugar da Terra ::::::::::::::::: 43 O Vale Sagrado de Spiti ::::::::::::::::: 44

Como Surgiu a Tradição de Brindar? ::::::::::: 45 Ameno e Instrutivo: No Começo, o Planeta era Quente e Seco :::: 46 Onde o Irã não Usa Véu ::::::::::::::::::: 47 É Útil Saber: Gratidão :::::::::::::: 49 Última Viagem :::::::: 54 A Pequena História do Teatro ::::::::::::: 58 O Dicionário Esclarece ::::::::::::: 62 Fontes de Pesquisa ::::: 64 Ao Leitor :::::::::::::: 64 :::::::::: Seção Infantil A Vovó Conta Histórias O Peixe Luminoso Yvo Calvino Há muito, muito tempo, um velho e sua esposa viviam numa casa junto ao mar. Com o passar dos anos, todos os seus filhos morreram, condenando o velho casal à pobreza e à solidão. O velho mal ganhava para viver, catando lenha na floresta e vendendo-a na aldeia. Um dia, na mata, encontrou um homem de longas barbas. -- Conheço todos os seus problemas -- disse o estranho -- e quero ajudá-lo. Deu ao velho uma pequena bolsa de couro e, quando este olhou dentro dela, desmaiou de espanto: a bolsa estava cheia de ouro! Quando voltou a si, o estranho havia desaparecido. Então o velho jogou a lenha fora e correu para casa. No caminho, começou a pensar: -- Se eu contar à minha esposa sobre esse dinheiro, ela vai gastá-lo todo -- disse a si mesmo. Quando chegou a casa, não mencionou nada à esposa. Em vez disso, escondeu o dinheiro sob um monte de estrume. No dia seguinte, ao acordar, o velho viu que a esposa havia preparado um esplêndido desjejum, com pão e chouriço. -- Onde você arrumou dinheiro para tudo isso? -- perguntou à esposa. -- Ontem você não trouxe lenha para vender -- ela disse --, de forma que vendi o estrume para o fazendeiro lá de baixo. O velho fugiu gritando desolado. Então, tristemente, foi trabalhar na floresta, resmungando consigo mesmo. No fundo da mata, encontrou novamente o estranho. O homem das longas barbas riu. -- Sei o que você fez com o dinheiro, mas ainda quero ajudá-lo. Então deu ao velho outra bolsa cheia de ouro. O velho correu para casa, mas, no caminho, de novo começou a pensar. -- Se eu contar à minha esposa, ela vai esbanjar esta fortuna... E ele, então, escondeu o dinheiro na lareira, sob as cinzas. No dia seguinte, ao acordar, viu que sua esposa havia preparado outro delicioso desjejum. -- Como você não trouxe lenha, eu vendi as cinzas para o fazendeiro lá de cima. O velho correu para a floresta, arrancando os cabelos de desespero. No fundo da floresta, encontrou o estranho pela terceira vez. O homem de longas barbas sorriu tristemente: -- Parece que você não está destinado a ser rico, meu amigo -- disse o estranho --, mas ainda quero ajudá-lo. Deu ao velho uma grande sacola: -- Pegue estas duas dúzias de rãs e vá vendê-las na aldeia. Então use o dinheiro para comprar o maior peixe que encontrar -- nada de peixe seco, moluscos, chouriço, bolos ou pão. Apenas o maior peixe! Dizendo isso, desapareceu. O velho correu à aldeia e vendeu as rãs. Com o dinheiro na mão, viu coisas estupendas que poderia comprar no mercado e achou peculiar o conselho do estranho. Apesar disso, decidiu seguir as instruções à risca e comprou o maior peixe que encontrou. Voltou para casa muito tarde para limpá- -lo, de forma que o pendurou do lado de fora da casa, nos caibros do telhado. Então ele e sua esposa foram dormir. Naquela noite, caiu uma forte tempestade e o velho e a mulher podiam ouvir as ondas reboando nos penhascos sob sua casa. No meio da noite, alguém bateu à porta. O velho foi ver quem era e deu de cara com um grupo de jovens marinheiros, dançando e cantando à entrada. -- Obrigado por salvar nossas vidas! -- disseram ao velho. -- Do que estão falando? -- ele perguntou. Então os pescadores contaram que haviam sido surpreendidos no mar pela tempestade e não sabiam para que lado remar, até que o velho acendeu uma luz para eles. -- Uma luz? -- perguntou. Então eles mostraram. E o velho viu seu peixe pendurado no caibro, brilhando com uma luz tão forte que poderia ser vista a milhas ao redor. Desse dia em diante, o velho, todas as noites, pendurava o peixe para trazer os jovens pescadores de volta, e eles dividiam o produto de sua pescaria com ele. E assim ele e a esposa viveram confortavelmente e gozando de grande estima até o fim de seus dias. ¨*** A Pulga e o Carneiro Certo dia, uma pulga que morava no pelo macio de um cachorro sentiu um agradável cheiro de lã. -- Que será isso? Deu um salto e viu que o cachorro adormecera encostado à pele de um carneiro. -- Esta pele é exatamente o que preciso, disse a pulga. -- É mais espessa e mais macia, e principalmente mais segura. Não corro o risco de ser encontrada pelas patas e pelos dentes do cachorro, que a toda hora me procuram. E a pele do carneiro deve ser, certamente, mais agradável. Então, sem mais pensar, a pulga mudou-se de casa, saltando das costas do cachorro para a pele do carneiro. Porém a lã era espessa, tão espessa que era difícil atravessá-la para chegar até à pele. Tentou e tornou a tentar, separando pacientemente os fios, procurando laboriosamente um caminho. Finalmente atingiu as raízes dos pelos, mas eles eram tão juntos que ficavam praticamente encostados uns nos outros. A pulga não encontrou sequer um furinho através do qual pudesse atingir a pele do animal. Cansada, banhada em suor e profundamente desapontada, a pulga resignou-se a voltar para o cachorro. Porém o cachorro não estava mais lá. Pobre pulga! Chorou dias a

fio de arrependimento por seu erro. *** O Negrinho do Pastoreio O Negrinho do Pastoreio é uma lenda meio africana, meio cristã. Muito contada no final do século XIX pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no sul do Brasil. Nos tempos da escravidão, havia um estancieiro malvado com negros e peões. Num dia de inverno, fazia frio de rachar e o fazendeiro mandou que um menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros recém-comprados. No final da tarde, quando o menino voltou, o estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e deu uma surra tão grande no menino, que ele ficou sangrando. -- Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece -- disse o malvado patrão. Aflito, ele foi à procura do animal. Em pouco tempo, achou-o pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu, e o cavalo fugiu de novo. Na volta à estância, o patrão, ainda mais irritado, espancou o garoto e o amarrou, nu, sobre um formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem marca nenhuma das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora e, mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropi- lha. ::::::::::

Divertimentos O Que É, o Que É? 1. O que é que, quanto mais quente, mais fresco é? R: Pão. 2. Qual é a entrada da saída? R: A porta. 3. Qual a dança que a polícia persegue? R: Quadrilha. 4. Amar sem ser amado, que tempo é? R: Tempo perdido... 5. Tem cara e não é gente, tem coroa e não é rei? R: A moeda. 6. O que é que tem peitos mas não usa sutiã? R: Os pés. 7. O que é que está na sua frente e você não vê? R: O futuro. 8. Qual o tecido que, lendo de trás para a frente e de frente para trás, é a mesma coisa? R: Tafetá. 9. O que é que tem pescoço mas não tem cabeça? R: A garrafa. 10. Que lençol você não pode dobrar? R: O lençol d'água. 11. Como é que você pode passar sete dias sem dormir e não sentir nem um pouco de sono? R: Dormindo à noite. 12. O que é que todos desejam, no entanto querem livrar-se dele assim que o obtêm? R: Um bom apetite. 13. Quem ganha a vida sem trabalhar um dia sequer? R: O vigia noturno. 14. Qual o começo de tudo? R: A letra "T". 15. Por que uma garota bonita, porém inculta, parece açúcar mascavo? R: Porque é doce mas não é refinada. 16. O que é que para estar certa tem que estar parada? R: A balança. 17. O que disse um olho para o outro? R: Entre nós dois alguma coisa está cheirando. 18. O que é que só vale quando está adiante? R: O zero. 19. Por que aquele homem amargurado se atirou ao mar? R: Para afogar as mágoas. 20. O que é que as meninas têm, os meninos não têm, não está na morte e existe na vida? R: A letra "A". 21. O que é que para cortar tem que falar? R: A conversa. ¨*** Só Rindo Minha mãe levou minha filha Julia, de 5 anos, ao culto de sua igreja, que começava às 7:cj h. Já era quase meio-dia quando o pastor, para finalizar o sermão, perguntou a todos: -- Alguém gostaria de fazer um pedido ao Senhor? E Julia, mais do que depressa, levantou sua mão. -- O que você quer, minha filha? -- Um misto quente e um copo grande de refrigerante. Aula de Inglês O professor de inglês pergunta ao Joãozinho: -- Joãozinho, o que significa "open the window"? -- Professor, essa pergunta é de informática. -- Não senhor! significa abra a janela. -- O professor volta a perguntar: -- Diga agora o que significa "close the window"? O menino responde: -- Espera aí, professor! Agora é informática! -- Ô burrice! O significado é: feche a janela. E para terminar: Joãozinho, o que quer dizer: "good morning"? -- Agora o senhor não me pega. Significa: deixe a janela entreaberta. Um dia, a amiga de minha mãe, grávida de oito meses, veio nos visitar. Meu irmão de 3 anos adorou pôr a mão na barriga da mulher para sentir o bebê chutando. De manhã, acordou com o estômago embrulhado. -- Mamãe, devo ter um filho na barriga! -- gritou. -- Estou sentindo chutes! Um dia, após levar meus filhos ao colégio, fui, como era de costume, ao mercado. Quando abri a carteira para pagar as frutas e verduras, ela estava vazia. Nenhum dinheiro! Na volta das aulas, pedi às crianças: -- Por favor, não tirem dinheiro sem me avisar! Numa outra vez, já no mercado, feitas as compras, abri a carteira e só encontrei um bilhete: “Mãe, peguei o seu dinheiro.” ¨:::::::::: Vamos Aprender Qual é a Capital da Etiópia? A Etiópia, localizada no nordeste do continente africano, tem o nome oficial de República Democrática da Etiópia e sua capital é Adis- -Abeba. Seu relevo é montanhoso, formado pelos planaltos da Etiópia e da Somália. ::::::::::

Para você Recitar Oração da Girafa Senhor, eu vejo o mundo de tão alto, que não consigo habituar-me às suas miudezas! Ouvi dizer que gostais dos humildes... Conversa de comadres! Tenho muito mais facilidade em crer na vossa grandeza. Eu me alimento de coisas elevadas. Gosto tanto de me ver tão perto do céu. A humildade? Conversa de comadres! Amém! ¨:::::::::: Zoologando O Urso Uma das coisas que mais me irritam é ouvir falar “amigo urso”. Sou até muito legal! Quem fala tem é inveja da minha força e da minha beleza. Dizer que sou pesadão, lento, é outra mentira. Viro “bicho” quando me atacam e dou cada corrida nos meus inimigos! A verdade é que sou muito inte- ligente. :::::::::: Historiando Os Elefantes do Parque Nacional Kruger Os elefantes costumam despertar emoções fortes. Lembro-me de ficar em pé através do teto solar de um Land Rover para fotografar um elefante macho na Tanzânia. O animal virou-se e apoiou as presas no capô do jipe. Eu me abaixei enquanto ele enfiava a tromba pelo teto, a centímetros do meu rosto. Ele me tocou no ombro esquerdo e farejou o meu pescoço. Seu hálito quente invadiu o interior do jipe. Em seguida afastou-se. Esse contato deixou-me sem fôlego. Anos depois, eu estava em um helicóptero no Parque Nacional Kruger, na África do Sul. Enquanto o piloto seguia um elefante, o guarda- -florestal Douw Grobler inclinou-se para fora e disparou seu rifle na cabeça do animal. “Tiro certeiro”, disse, acrescentando que o fizera “para proteger a biodiversidade do parque. Gostaria muito que houvesse outro jeito de fazer isso". Os elefantes estavam proliferando demais, até mesmo para a imensidão do Kruger. O guarda estava apenas cumprindo seu dever em uma operação de redução demográ- fica. ::::::::::

Seção Juvenil Narrando a História O Trágico Destino de um Império Fábio Marton Repleta de desertos imensos e planícies sem fim, a Mongólia é um país praticamente sem agricultura. Apenas 0,76 por cento de seu território é bom para o plantio. Também tem poucos habitantes: são 2,9 milhões de pessoas, ou 1,7 por quilômetro quadrado ê12 vezes menos que no Brasil). Para piorar, um antigo território, a Mongólia Interior, é controlado pela China há mais de 300 anos. É nessa região, rica em petróleo e gás natural, que fica a maior base espacial chinesa. Mas onde foi parar o grande Império Mongol, que chegou a dominar cerca de 20 por cento da área da Terra? Hoje, estátuas de Temujin Borgijin, o Gêngis Khan (1162-1227), estão espalhadas por todo o país. Seu rosto estampa de notas de dinheiro a garrafas de vodka. Mas o grande conquistador, que transformou um amontoado de tribos em um reino quatro vezes maior que o Império Romano, é apenas lembrança. Nos 782 anos que se passaram desde a morte de seu líder máximo, a Mongólia perdeu território e poder. Mas a decadência não foi imediata. Dois anos após a morte de Gêngis Khan, o terceiro filho do conquistador, Ogedei (1186-1241), levou adiante a campanha de conquista: aniquilou a dinastia Jin, no nordeste da China, e tomou Moscou, a Polônia e quase toda a Hungria. Ogedei estava às portas de Viena e de Veneza, no ano 1241, quando morreu. A demora na sucessão, que só se completaria em 1246, freiou o avanço na Europa. O império começou a ruir a partir de 1260, quando Ariq Boke se tornou imperador na ausência do irmão, Kublai Khan (1215-1294). O conquistador retomou o trono, mas, após sua morte, o reino se dividiu. Começou então uma série de conflitos com os chineses, que, a partir de 1644, dominariam a Mongólia até o início do século XX. Em 1911, os mongóis recuperaram a independência. Em 1924, uma revolução comunista fez do país um satélite da União Soviética. Essa nova situação perdurou até 1990, quando a democracia foi restabelecida, o que não significa que a nação esteja perto de reviver os tempos áureos. Pelo contrário: nesses 19 anos de autonomia, a Mongólia se tornou financeiramente dependente de seu grande adversário histórico, a China. ¨*** El Libertador Como todo rapaz rico, antes e depois dele, o herdeiro de cafezais venezuelanos Simon Bolívar foi passear pela Europa. Lá, em 1799, inspirado em Voltaire, Locke e Rousseau, o jovem idealista decidiu que libertaria sua terra natal do jugo espanhol, que já durava 300 anos. Seu sonho? Uma “sociedade de nações irmãs (...) fortes o bastante para resistir às agressões estrangeiras”. Estimulado pela invasão napoleônica da Espanha em 1810, Bolívar -- que logo se tornaria famoso como libertador do norte da América do Sul -- desencadeou uma série de campanhas ferozes. Em 1821 libertou a Venezuela. Nos quatro anos seguintes expulsou os espanhóis do Equador, do Peru, da Colômbia e da Bolívia. Sua “Gran Colombia” não durou muito. Veio a guerra civil e a Venezuela separou-se em 1829. El Libertador, porém, deixou marca indelével na região, estabelecendo um padrão para as modernas democracias da América Latina. :::::::::: Tribos Perdidas Os bushmen, ou sans, são peritos em envenenamento. Sua ciência ensinou que a larva de um escaravelho do deserto, misturada ao látex e esfregada na ponta de uma flecha, mata um antílope em 24 horas. Eles sabem a idade e o sexo de um animal, só pelas pegadas. Sobrevivem à escassez de água hidratando-se com raízes, melões e a chuva guardada em cascas de ovos de avestruz. Eles são remanescentes de uma rotina vivida há 10 mil anos, sem agricultura ou pastoreio. Hoje, depois de séculos de expulsão e extermínio, os recursos exíguos lhes impuseram adaptações, como poços de água, algumas cabras e ajuda estatal para não morrer de fome. Dos cerca de vinte grupos sans restantes, os que tiveram mais sucesso em conservar as tradições foram os ju'hoansis na Namíbia. Eles comandam a Reserva Nyae Nyae, caso raro em que o governo garantiu a posse de terras à tribo. Aos forasteiros que chegam, eles ensinam a rastrear elefantes e permitem que assistam a uma dança de transe. Em Botsuana, foi o contrário. O governo, acusado de querer explorar diamantes numa reserva bushmen, proibiu a caça, aterrou os poços e mandou a tribo para assentamentos. Só nos últimos dois anos, depois de uma vitória judicial, as tribos estão retornando à sua terra. Muitas acreditam que o turismo pode salvá-las da extinção. Onde estão: no Deserto do Kalahari, espalhados por Botsuana, África do Sul e Namíbia. Há alguns em Angola, Zâmbia e Zimbábue. Quantos são: entre 85 e 100 mil. ¨:::::::::: Não custa Saber “Todos reclamam da adolescente, acusando-a sempre de *desmancha-prazer*.” A menina deve ser mesmo desagradável. Há substantivos compostos que são usados sempre no plural, e esse é um deles. Período correto: Todos reclamam da adolescente, acusando-a sempre de *desmancha- -prazeres*. “O rapaz, durante a discussão com a namorada, manteve a *fleugma* de sempre”. É sempre bom manter a serenidade. A palavra *fleugma* consta do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras e do dicionário Houaiss. O dicionário Aurélio registra apenas *fleuma*. Você decide! As duas estão certas. “O rapaz não *subtendeu* o que a namorada tentava lhe demonstrar”. Assim, ninguém poderia *subtender*. Observe: *subtender* -- estender para baixo; *subentender* -- perceber, supor. Período correto: O rapaz não *subentendeu* o que a namorada tentava lhe demonstrar. ¨:::::::::: Não Apontar para as Estrelas Apontar para uma estrela, segundo o conceito popular, poderia causar o surgimento de uma verruga na extremidade do dedo infrator. Qual a origem dessa crendice? É fácil de entender. O calendário judaico é regido pela lua, e o despontar da primeira estrela marca o início de um novo dia, especialmente se esse dia for o Shabat. Antes da expulsão da Espanha de 1492 e da conversão forçada de Portugal de 1497 era comum que as crianças judias, ao entardecer das sex- tas-feiras, ficassem procurando no firmamento o brilho da primeira estrela, indicativa da chegada de um dia muito especial. Era a Estrela D'Alva, também conhecida como Vésper, que, na realidade, não é exatamente uma estrela, mas o Planeta Vênus, que, por brilhar com mais intensidade, se destaca dos outros corpos celestes. Quem apontasse primeiro provavelmente ganharia a admiração dos mais velhos e, quem sabe até, algum presente. De uma hora para outra esse gesto simples passou a ser denunciador da condição judaica, e a primeira coisa que as precavidas mamães fizeram foi assustar seus filhos com a possibilidade do surgimento de uma baita verruga na ponta do dedo. A Inquisição, felizmente, já acabou há bastante tempo, mas a crendice ainda persiste em muitas regiões desse imenso país. Por isso, não se preocupe quando vir uma criança ou adulto apontando para o céu. Mesmo porque já se sabe que as verrugas são causadas por vírus e os dermatologistas dispõem de eficazes tratamentos para erradicá-las. ¨:::::::::: Nosso Brasil As Ruínas de São Miguel das Missões Foram sete as missões de padres jesuítas na região de fronteira entre o Rio Grande do Sul, a Argentina e o Uruguai, nos séculos XVII e XVIII. A intenção era catequizar os índios guaranis e, para isso, os padres católicos ergueram grandes igrejas e cruzes. Dessa incursão corajosa restaram, em São Miguel das Missões, as ruínas da antiga Igreja de São Miguel (1687). Ela é hoje Patrimônio Histórico e Cultural pela UNESCO. Quando anoitece, um espetáculo de luzes dá vida à construção, junto com um show ao ar livre que conta a saga dos padres e dos nativos. ¨:::::::::: Aleijadinho e suas Obras Tem gente que faz de tudo para ver de perto uma estátua de Rodin, mas nunca se aproximou da obra de Aleijadinho. Sem querer desmerecer o mestre escultor francês, os trabalhos do artista do barroco mineiro Antonio Francisco Lisboa (1730-1814) não ficam nada a dever. A grandiosidade é ainda mais evidente na Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. Os doze profetas esculpidos em pedra-sabão desafiam o tempo e os visitantes com as expressões que parecem vivas. Em Ouro Preto, Aleijadinho foi autor do projeto da Igreja de São Francisco de Assis e esculpiu, entre outras coisas, o belo lavabo da sacristia. Colado nessa igreja fica o museu dedicado ao artista. ¨:::::::::: O Dinheiro através dos Tempos A história do dinheiro no Brasil é cheia de reviravoltas. A gente sempre quis ter: comida, roupas, terras -- e coisas que pertenciam a outras pessoas. Há 10 mil anos, como não existia dinheiro, a solução era darmos algo que tínhamos de bastante valor em troca do que queríamos. De lá para cá, muita coisa foi usada para fazer essas negociações: bois, provavelmente a primeira forma de moeda, conchas, muito usadas na China e na Austrália, sal, que os gregos trocavam por escravos, sementes de cacau, adotadas pelos maias e pelos incas e até tulipas, dadas na Holanda como dote de casamento. No Brasil, já usamos açúcar, tabaco e até notas estrangeiras, no século XVII, o florim holandês foi fabricado em Recife, além de um sem-número das nossas próprias moedas, que perdiam valor ra- pidamente. :::::::::: Curiosidades Reinos de Opulência e Excentricidade O nababesco tempo dos marajás parece estar em seu capítulo final, mas a história da Índia guardará o registro de suas extravagâncias. Em 1905, o marajá de Baroda foi de navio a Nápoles em companhia de suas vacas sagradas. Ele reservou todos os quartos do hotel para fazer uma festa, que incluía vacas acomodadas nos jardins. Já o marajá Madho Singh II ê1911-1970ã acreditava que morreria se tivesse um filho de suas nove esposas oficiais. Assim, nunca tocou nas esposas. Mas tinha 7 mil concubinas. O diamante Estrela do Sul -- achado por uma escrava no Brasil em 1853 -- foi comprado pelo marajá de Baroda por 400 mil dólares e passou a enfeitar as princesas indianas. Já o marajá de Junagadh construiu, por volta de 1920, aposentos em seu palácio para abrigar seus 800 cães. Ele gastou cerca de 50 mil dólares numa festa de casamento para um de seus cachorros. O marajá Jagat Singt II construiu no século XVIII um palácio suntuoso numa ilhota, só para contrariar o pai. ::::::::::

Saladão Musical Orquestra usa verduras e legumes para fazer um som “gostoso”. Você gostava de brincar com a comida durante as refeições, mas sempre levava bronca dos seus pais por causa disso? Sinta-se vingado com a Orquestra Vegetal: um grupo de 11 músicos que usa verduras e legumes para fazer música. São flautas de cenoura, reco-recos feitos de nabo e talos de alho-porro -- Stradivarius que nos perdoe -- que dão um violino e tanto. O saladão sonoro começou em Viena, Áustria, em 1998, e desde então percorre Europa e Ásia em turnês cheias de frescura. No bom sentido, claro. É que, para o som sair legal, os instrumentos precisam estar fresquinhos -- antes das apresentações, o grupo vai até a feira para comprar as matérias-primas. Segundo o líder da orquestra, Ernst Reitermaier, o ideal é que os legumes sejam grandes e tenham bastante água dentro, pois isso resulta num som mais delicado. Entre uma música e outra, os instrumentos ficam descansando dentro de baldes (para que não sejam ressecados pela iluminação do palco). O grupo, que tem dois CDs gravados, faz um som muito estranho, que parece uma mistura de jazz e música eletrônica -- é possível ouvir algumas músicas em ~,www.gemueeorchester.org~, Ao final do show, em vez de quebrar guitarras no palco, a banda reaproveita parte dos instrumentos orgânicos. Depois de dar aquela “canja” no palco, a Orquestra Vegetal oferece outro tipo de sopa, literalmente: serve à plateia um caldão de vegetais. Ou seja: mesmo se você não gostar da música, pelo menos não vai embora para casa de barriga vazia. BRAVO! Algumas invenções malucas que vão ao palco: Flauta de pepino -- uma engenhoca multicolorida e multivegetal; além de pepino, tem pedaços de cenoura e pimentão. É a responsável pelos solos da orquestra. "Chocalho" de verduras. Bastões de alho-porro -- esfregados um contra o outro, os dois talos fazem um som de fundo para encorpar o ritmo da música. Tambor de abóbora. Clarinete de nabo -- tem um som mais anasalado, e mais forte do que a flauta de pepino. Bate-bate de tomates. Berinjela “clap” -- a berinjela é fatiada e seus pedaços ficam pendurados. Quando ela é apertada, os pedaços batem e produzem um som de palmas. Sacou o “clap”? ¨:::::::::: Ecoando Salvando Pinguins Veterinários gaúchos lutam para recuperar animais vindos do sul da Argentina e que encontraram em seu caminho um mar de óleo. Um contingente de nada menos que 95 pinguins de Magalhães, impregnados de óleo, neste momento estão recebendo tratamento especial no Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM), que funciona há oito anos nas dependências do Museu Oceanográfico da cidade gaúcha de Rio Grande. Geralmente levados por pescadores, os animais permanecem ali, sob os cuidados dos oceanógrafos e veterinários do centro, até recuperar a plena saúde, o que às vezes chega a demorar até sessenta dias. “As aves são aquecidas, por meio de sondas até que a tem- peratura do corpo, 39 graus volte a se estabilizar”, explica o veterinário Rodolfo Pinho da Silva, coordenador do CRAM. “Depois cuidamos da alimentação. Começamos com soro, até que elas consigam ingerir peixes; só então fazemos os exames de sangue.” A etapa seguinte são os banhos. Todo o óleo grudado nas penas é retirado; porém essa operação acaba desestruturando o chamado “fraque” do pinguim. A partir daí começa o período de recuperação, com o estímulo de uma glândula que faz o animal produzir seu próprio óleo. Além de limpar, essa substância protege as penas da umidade e conserva a temperatura do corpo. Quando os animais recuperam o peso normal, de 15 a 35 quilos, são devolvidos ao mar. Os animais resgatados e tratados em Rio Grande fazem parte de um contingente de mais de 1 milhão de pinguins de Magalhães (espécie que habita o sul do continente), que todos os anos, no início do inverno, chegam às praias do Rio Grande do Sul. Embora venham nadando (trata-se da única ave marinha que não voa), mesmo assim beneficiam-se dos ventos das Malvinas e da Patagônia. Como ainda são jovens e frágeis, muitos pinguins não resistem aos ataques dos predadores (focas, leões-marinhos, tubarões e orcas). Os mais resistentes sobrevivem, mas acabam chegando muito debilitados à praia, por causa dos derramamentos de óleo provocados por um predador mais implacável -- o homem. ¨:::::::::: Quebra-Cabeça Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de minorá-los. Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para suas dúvidas. Certo dia, seu filho de sete anos, invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou fazer com que o filho fosse brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair sua atenção. De repente deparou-se com o mapa do mundo. O que procurava! Com auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços, juntou um rolo de fita adesiva e o entregou ao filho, dizendo: -- Você gosta de quebra-cabeça? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Faça tudo sozinho. Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Algumas horas depois, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente: -- Papai, já terminei! Já fiz tudo! No princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que jamais tinha visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz? -- Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu? -- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que, do outro lado, havia uma figura de homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei e não consegui. Foi aí que me lembrei do homem; virei os recortes e comecei a consertar o homem, que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo. Conserte, primeiro, o homem; assim, estará consertando o mundo. ::::::::::

Conhecendo o Mundo Mais Secos e Hostis que qualquer Lugar da Terra Ana Lucia Azevedo Poucos lugares são tão hostis à vida quanto os desertos de Atacama (Chile) e Taklimakan (China). Novos estudos revelaram que eles são mais extremos do que o imaginado. Uma pesquisa da Universidade de Edimburgo, Escócia, mostrou que o Atacama tem condições hipersecas há 40 milhões de anos, milhões de anos a mais do que qualquer outro deserto. Há locais onde o homem nunca viu água, pois não cai uma mísera gota, nem umidade, há 120 mil anos. Já Talimakan, mais distante do mar do que qualquer outro lugar do planeta, está em mutação -- para pior. Suas tempestades de areia estão mais severas e frequentes. O resultado são doenças respiratórias na China e nuvens de poeira que se espalham pelo globo. ¨*** O Vale Sagrado de Spiti Em cima de montanhas que se elevam a 4.000 metros de altitude, as únicas ligações do Vale do Spiti com o mundo parecem ser suas frágeis pontes suspensas unindo os vilarejos da região. Este impressionante vale indiano, no Estado de Himachal Pradesh, ao norte de Nova Delhi, próximo à conflituosa região da Caxemira, é pouquíssimo povoado e a religião budista está integrada aos afazeres da vida diária. Os principais pontos de encontro dos moradores são os mosteiros, muitos deles construídos antes do ano 1000, e uma escola de artes budistas fundada recentemente pelo dalai-lama. Chegar a Spiti é uma bênção: só se consegue alcançá-la quando a neve do Himalaias resolve dar uma tregua às inóspitas e sinuosas estradas indianas que cruzam este vale sagrado. ¨:::::::::: Como Surgiu a Tradição de Brindar? Ao erguer suas taças de vinho, os povos antigos faziam uma oferenda simbólica a seus deuses. Os relatos mais antigos de brindes remontam aos gregos e fenícios. Para saciar a sede das divindades, os romanos adotaram o hábito de derramar um pouco da bebida no chão -- algo como o costume de dar um gole de cachaça “pro santo”, comum no Brasil. Além disso, o brinde selava o fim de conflitos. O vencedor dava o primeiro gole para provar que não iria envenenar o adversário e, ao bater um copo no outro, os romanos achavam que os venenos se depositariam no fundo das taças. Na ameaça de intoxicação também está uma das hipóteses sobre a origem da exclamação “saúde!”, que acompanha os brindes: na Grécia antiga, isso poderia ser uma promessa de que a bebida estava boa. :::::::::: Ameno e Instrutivo No Começo o Planeta Era Quente e Seco O planeta era tão quente quando surgiu, há 5 bilhões de anos, que tudo o que estava ao redor dele permanecia no estado de vapor. Era impossível ter algo na forma líquida, como as gotículas que constituem as nuvens. As primeiras apareceram por volta de 2 a 3 bilhões de anos atrás e tinham uma composição bem diferente da que conhecemos hoje. Nelas não havia apenas água, pois muitos tipos de gases ainda permaneciam suspensos no ar. Assim, as primeiras chuvas que lavaram o nosso planeta eram formadas pela mistura de vários elementos químicos. E, como as nuvens eram muito carregadas, não tinha chuvisco, caíam sempre tempestades. Essas, aos poucos, foram criando os rios e oceanos. ¨:::::::::: Onde o Irã não Usa Véu Na vastidão remota dos Montes Zagros, quem vai reparar se o povo segue os preceitos do Islã? Não há um endereço fixo para achá-los. Claro, são nômades. Há pelo menos um milênio, os "lurs", talvez descendentes dos primeiros habitantes da Pérsia, cruzam a Cordilheira Zagros com suas ovelhas, cabras e camelos. No verão, ficam nas planícies baixas, onde cultivam trigo. No inverno, caminham por 25 dias até pastagens mais altas. Para onde vão, levam suas tendas de pelo negro de bode. Para topar com um "lur" é preciso vagar pelas estradas perdidas no meio das montanhas, a 2.500 metros de altitude, com paciência. Virtualmente, ninguém viaja sozinho pelo silêncio dos 1.600 quilômetros dos Montes Zagros, menos ainda estrangeiros. Antes do século XX, a ordem era manter-se bem longe desse território do qual raros forasteiros voltavam vivos. Mesmo hoje, poucos se arriscam a dirigir por essa imensidão remota sem um segurança local. E, ainda assim, é preciso dar conta de todos os seus passos às incontáveis barreiras policiais ao longo do caminho. Os "lurs" são muçulmanos xiitas. Mas, por coerência com a vida áspera que levam, praticam sua religiosidade de forma, digamos, prática. Seus templos recebem os doentes e também podem servir de corte às contendas legais. Seu folclore valoriza as aventuras de seus ancestrais e os heróis de cada tribo. E as mulheres, nos seus afazeres diários. Onde estão: na Cordilheira de Zagros, no sudoeste do Irã. Quantos são: os "lurs" somam 1,3 milhão; metade deles é pastor nômade. :::::::::: É Útil Saber Gratidão O que se segue é um lembrete sobre todas as coisas boas que temos em nossas vidas e que, com uma frequência até excessiva, achamos que são coisas asseguradas. Espero que o texto lhe seja de proveito. Sonhei que tinha ido para o Paraíso e que um anjo me guiava mostrando tudo. Entramos lado a lado em um grande salão escuro, cheio de anjos. Meu guia parou em frente à primeira seção e disse: -- Esta é a Seção de Recepção. Aqui são recebidas todas as petições para Deus em forma de reza. Dei uma olhada em torno e vi que era um lugar ex- tremamente agitado, com muitos anjos selecionando petições escritas em volumosas folhas e pedaços de papel de gente de todas as partes do mundo. Daí, passamos por um longo corredor até alcançar a segunda seção. O anjo me disse, então: -- Esta é a Seção de Embalagem e Entrega. Aqui, as graças e bênçãos que as pessoas pediram são processadas e entregues aos viventes que as pediram. Notei, mais uma vez, que todos ali andavam muito ocupados. Havia muitos anjos trabalhando pesado naquele posto, já que muitas bênçãos haviam sido solicitadas e estavam sendo embaladas para entrega na Terra. Finalmente, na extremidade do comprido corredor, nos detivemos à porta de um posto de trabalho de dimensões muito pequenas. Para minha grande surpresa, somente um anjo estava sentado ali e nada tinha a fazer. -- Esta é a Seção de Reconhecimento -- meu amigo anjo admitiu para mim em voz baixa. Ele parecia embaraçado. -- Como é que não há trabalho aqui? -- perguntei. -- É triste -- suspirou o anjo. “Depois que as pessoas recebem as bênçãos que pediram, muito poucas enviam seus reconhecimentos.” -- E como é que uma pessoa faz para reconhecer as bênçãos de Deus? -- tornei a perguntar. É simples -- respondeu o anjo -- diga apenas: Obrigado, Deus. -- E que bênçãos devem ser reconhecidas? -- indaguei mais uma vez. -- Se você tiver comida na geladeira, roupa no corpo, um teto e um lugar para dormir, você pode se considerar mais rico do que 75 por cento das pessoas que habitam o seu mundo. Se tiver dinheiro no banco, na sua carteira e algum trocado guardado, você está entre os 8 por cento mais afortunados do planeta. E se você tiver o seu próprio computador, é parte de 1 por cento das pessoas no mundo a terem tal oportunidade. Além disso, se você acordou nesta manhã com mais saúde do que doença, você é mais abençoado do que muitos que não conseguirão, inclusive, sobreviver a este dia. Se nunca passou pela experiência do medo na batalha, da solidão na prisão, da agonia na tortura e das dores da fome, está à frente de 700 milhões de pessoas na Terra. Se você puder levantar sua cabeça e ainda sorrir, é porque não faz parte da norma -- ao contrário, você é um caso único para aqueles que convivem com a incerteza e o desespero.” Se você leu esta mensagem, está recebendo uma bênção dupla, pois alguém está pensando em você como alguém especial e mais abençoado do que mais de dois bilhões de pessoas no mundo, que nem mesmo podem ler qualquer coisa. Tenha um ótimo dia, conte as bênçãos recebidas e, se desejar, passe esta mensagem adiante para lembrar a um outro ou a uma outra como vocês são abençoados. SHALOM UVRACHÁ! "Dia da Gratidão -- 6 de janeiro" ¨*** Última Viagem Era tarde da noite, quando o taxista recebeu o chamado. Dirigiu-se para a rua e número indicados. Tratava-se de um prédio simples, com uma única luz acesa no andar térreo. Por isso, saiu do carro, foi até a porta e tocou a campainha. Uma senhora idosa, pequena, franzina, com um vestido estampado, abriu a porta. Equilibrava-se em uma bengala e, na outra mão, trazia uma pequena valise. Ele olhou para dentro e percebeu que todos os móveis estavam cobertos com lençóis. -- Pode me ajudar com a mala? -- Disse a senhora. Ela forneceu o endereço e pediu: -- Podemos ir pelo centro da cidade? -- Mas o caminho que a senhora sugere é o mais longo -- observou o taxista. -- Não tem importância -- afirmou ela, resoluta -- não tenho pressa. Desejo olhar a cidade, pela última vez. Estou indo para um asilo, porque não tenho mais família e o médico me disse que morrerei breve. O taxista, que começara a dar a partida, desligou o taxímetro, sutilmente. Olhou para trás, fixou-a nos olhos e perguntou: -- Aonde mesmo a senhora gostaria de ir? E ele a levou até um prédio, na área central da cidade. Ela mostrou o edifício onde fora ascensorista, quando era ainda mocinha. Depois, foram a um bairro onde tinha morado, recém-casada, com seu marido. Apontou, mais adiante, o clube onde tinha dançado, com seu amor, muitas vezes. De vez em quando, ela pedia que ele fosse mais devagar ou parasse em frente a algum edifício. Assim, as horas passaram e ela manifestou cansaço: -- Por favor, agora estou pronta. Vamos para o asilo. Era uma casa cercada de arvoredo e, apesar do horário, ela foi recepcionada, de forma cordial, por dois atendentes. Logo depois, já numa cadeira de rodas, ela se despediu do taxista. -- Quanto lhe devo? -- Nada -- disse ele -- é uma cortesia. -- Você tem que ganhar a vida, meu rapaz! -- Há outros passageiros -- respondeu ele. E, sensibilizado, inclinou-se e a envolveu em um abraço afetuoso. Ela retribuiu com um beijo e palavras de gratidão: -- Você deu a esta velhinha um grande presente. Deus o abençoe. Naquela madrugada, o taxista resolveu não mais trabalhar. Ficou a cismar: E se tivesse, como muitos, apenas tocado a buzina duas ou três vezes e ido embora? E se tivesse recusado a corrida, pelo adiantado da hora? E se tivesse querido encerrar o turno, de forma apressada, para ir para casa? Deu-se conta da riqueza que é ser gentil, dedicar-se a alguém. Dois dias depois, retornou à casa de repouso. Desejava saber como estava a sua passageira. Ela havia morrido, na noite anterior. "Dia do Idoso -- 23 de fevereiro" ¨*** A Pequena História do Teatro Tânia Brandão O teatro surgiu na Grécia antiga e era diferente do atual. Os gregos assistiam às peças de graça, mas não frequentavam o teatro quando quisessem. Ir ao teatro era um compromisso social. Assim como havia rituais religiosos e assembleias para decidir os rumos das cidades, existiam os festivais de teatro. Dedicados à tragédia ou à comédia, os festivais eram financiados pelos cidadãos ricos. O governo pagava aos mais pobres para ir às apresentações. Os festivais dedicados à tragédia ocorriam em teatros de pedra, ao ar livre. Embora alguns atores fizessem sucesso, os grandes ídolos eram os autores. As apresentações duravam vários dias e começavam com uma procissão em homenagem ao deus Dionísio, protetor do teatro. Atores e um coro participavam das apresentações. Os atores usavam sapatos de sola alta, roupas acolchoadas e máscaras feitas de panos engomados e pintados, decoradas com perucas e capazes de amplificar as vozes. No Império Romano -- que sucedeu à civilização grega -- o teatro entrou em declínio. Os romanos preferiam o circo, na época voltado para lutas entre gladiadores e animais. No início da Idade Média, em 476, o teatro quase sumiu. Na Europa, as cidades entraram em declínio e as pessoas retornaram ao campo. A Igreja Católica, que detinha o poder, combatia o teatro, pois considerava pecado imitar o mundo criado por Deus. Naquela época, apenas alguns artistas percorriam as cortes de reis e nobres, como malabaristas, trovadores e imitadores. No século XI, a produção agrícola cresceu, o comércio se expandiu, cidades e feiras ressurgiram, a população aumentou... E o teatro reapareceu. Na Igreja! Para divulgar seus ensinamentos, ela passou a usar recursos tea- trais nas missas. Logo surgiram representações do nascimento e da morte de Cristo dentro da Igreja e fora dela. As cortes de reis e os salões de nobres levaram as pessoas a apreciarem o teatro como diversão. No fim da Idade Média e no início do Renascimento, foram criados teatros privados e públicos. Passou- -se a pagar para ir ao teatro. Na Itália, surgiram duas tradições teatrais: a *commedia erudita*, que encenava nos teatros textos de grandes autores, e a *commedia dell'arte*, na qual a trama era apenas esboçada e os artistas representavam com improviso os papéis. Atores e atrizes, em geral, faziam o mesmo personagem a vida toda e viajavam com uma carroça e um tablado. Já o teatro inglês não admitia mulheres. Os homens representavam os papéis femininos. As mulheres tinham de usar véus ou máscaras para assistir aos espetáculos pois o teatro era considerado impróprio para elas. O mais famoso teatro inglês era o Globo, de William Shakespeare, construído em 1594. Shakespeare é considerado o maior

autor de teatro de todos os tempos. "Dia Universal do Teatro -- 21 de março" ¨:::::::::: O Dicionário Esclarece ajuda estatal -- ajuda, socorro e auxílio que não é particular, mas sim do governo barroco -- estilo de arquitetura rebuscada biodiversidade -- diversidade ou variedade de espécies vivas de uma região ou de toda a Terra cavalo baio -- cavalo de pelo castanho cismar -- pensar insistentemente em; ficar absorto em pensamentos declínio -- ruína; decadência difusão -- divulgação; propagação de ideias estancieiro -- proprietário de fazenda exíguos -- insuficientes; escassos hostis -- agressivos; grosseiros indelével -- que não se pode apagar; indestrutível jugo -- sujeição; domínio; submissão; opressão lavabo -- ato de o sacerdote católico lavar os dedos ao celebrar a missa; oração que ele diz nessa ocasião minorá-los -- diminuí-los; aliviá-los; suavizá-los oceanógrafos -- aqueles que se dedicam ao estudo da oceanografia oceanografia -- estuda os mares, suas correntes, sua fauna e flora peritos -- experientes proliferando -- multiplicando-se remontam -- voltam à origem de algo tropilha -- cavalos com o mesmo pelame; pelo ::::::::::

Fontes de Pesquisa Almanaque Abril Jornais: O Dia O Fluminense O Globo Livros: Oração dos Animais Revistas: Aventuras na História Caminhos da Terra Mundo Estranho Superinteressante Saara Veja Folheto: Clube Militar Casa da Moeda do Brasil ¨:::::::::: Ao Leitor Solicitamos aos leitores de Pontinhos abaixo mencionados, que nos enviem seus endereços completos, para evitar que suas revistas voltem.

Favor verificar se estão retidas no correio. Valdemar Rodrigues do Nascimento Zoraide Marques Herrera Emílio Antoniete Neto Olga Choairy Salem Rivaldo de Souza José de Paula Santos Ana Cláudia Goulart Nunes Juvanil Sebastião de Oliveira Biblioteca Pública Municipal João Palma da Silva ::::::::::