õieieieieieieieieieieieieieieo õ o õ PONTINHOS o õ o õ Ano L -- n.o 333 o õ outubro-dezembro de 2009 o õ Instituto o õ Benjamin Constant o õ Diretora-Geral do IBC o õ Sra. Érica Deslandes o õ Magno Oliveira o õ Fundador de Pontinhos o õ Prof. Renato o õ M. G. Malcher o õ Responsável por o õ Pontinhos o õ Kate Q. Costa o õ Imprensa Braille o õ do IBC o õ o õ Av. Pasteur, 350-368 o õ Urca, Rio de Janeiro, o õ RJ -- Brasil o õ 22290-240 o õ Tel.: (21) 3478-4457 o õ o õ Brasil um País de Todos o õ*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?o Sumário Seção Infantil A Vovó Conta Histórias: O Reformador do Mundo ::::::::::::::::: 5 O Riacho ::::::::::::: 7 Cobra-Grande ::::::::: 8 Divertimentos: O que É o que É? :::: 10 Só Rindo ::::::::::::: 13 Vamos Aprender: Significado dos Nomes Próprios ::::::: 15 Para você Recitar: Cavalinho Branco ::::: 16 Zoologando: Código dos Direitos dos Cães :::::::::::::: 17 Historiando: Minha Viagem à Lua ::::::::::::::::::: 19 Seção Juvenil Narrando a História: Barbas no Poder :::::: 22 Dom João Tomou Banho ::::::::::::::::: 23 Manequinho :::::::::::::: 25 Conhecendo nossos Escritores: Monteiro Lobato :::::: 28 Himbas, Matriarcas do Deserto ::::::::::::::: 29 Não custa Saber :::::::: 31 Nômades do Quirguistão ::::::::::: 32 Nosso Brasil: Maceió: 60 Quilômetros de Praias, 365 Dias de Sol por Ano ::::::::::::::::::: 34 Elefantes Têm Medo de Abelhas ::::::::::::::: 37 Curiosidades :::::::::::: 39 À Prova de Fugas :::::: 41 Ecoando: A Missão do Peixe-do- -Paraíso :::::::::::::: 43 Como Surgiu a Lin- guagem Humana? :::::::: 44 Conhecendo o Mundo: Lugar de Gaivotas :::: 46 Quais São as Árvores Mais Altas do Mundo? :::::::::::::::: 48

Ameno e Instrutivo: A Conquista do Polo Sul ::::::::::::::::::: 50 É Útil Saber: O Caso de Mimi :::::: 53 Poesia :::::::::::::::: 54 As Estrelas da Bandeira Brasi- leira :::::::::::::::::: 54 Superar-se, o mais Importante :::::::::::: 55 O Garoto Bom da Taquara ::::::::::::::: 61 As Origens da Festa de Natal :::::::::::::: 69 O Dicionário Esclarece ::::::::::::: 70 Fontes de Pesquisa ::::: 72 ¨ ::::::::: No ano de 2009 a Revista Pontinhos comemorou 50 anos de existência. A princípio era apenas um suplemento infantil da Revista Brasileira para Cegos; posteriormente tornou-se uma revista à parte. Publicamos aqui o primeiro frontispício e o sumário de Pontinhos de 1959, ano de sua fundação. Pontinhos Suplemento infanto-juvenil da Revista Brasileira para Cegos Setembro de 1959 Ano I -- n.o 1 Educar recreando -- instruir divertindo -- convencer esclarecendo

À memória de José Álvares de Azevedo, adolescente cego, em cujos méritos esteve o fator decisivo para a fundação do Instituto Benjamin Constant, é dedicado tudo o que, de útil, Pontinhos tenha a ventura de realizar em benefício de outros cegos. ¨ ::::::::::

Sumário de Pontinhos de 1959: O Aparecimento de Pontinhos :::::::::::: José Álvares de Azevedo, um Apóstolo do Bem ::::::::::::::: A Vovó Conta Histórias :::::::::::: Apresentação das Personagens de "Os 12 Trabalhos de Hércules" :::::::::::: O Vovô Narra a História: Dom Pedro I -- Os Hinos da Indepen- dência :::::::::::::::: Convívio com os poetas: Conselho de Amigo ::: Passatempo ::::::::::::: De Grão em Grão... ::: Curiosidades e Ensi- namentos ::::::::::::::

Conselhos de Três Amigas: Gramática, Higiene e Boas Maneiras ::::::::::::: Ameno e Instrutivo: Usos e Costumes Ho- landeses -- O Rea- lejo :::::::::::::::::: Para o seu Aplauso: Lição de Pontualidade e Cumprimento do Dever :::::::::::::::: Fontes de Consulta :::: O Dicionário Esclarece :::::::::::: ¨ ::::::::::

Seção Infantil A Vovó Conta Histórias O Reformador do Mundo Monteiro Lobato Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em todas as coisas. O mundo para ele estava errado e a natureza só fazia asneiras. -- Asneiras, Américo? -- Pois então?!... Aqui mesmo, neste pomar, você tem a prova disso. Ali está uma jabuticabeira enorme sustendo frutas pequeninas, e lá adiante vejo uma colossal abóbora presa ao caule de uma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabas para a aboboreira e as abóboras para a jabuticabeira. Não tenho razão? Assim discorrendo, Américo provou que tudo estava errado e só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo. -- Mas o melhor -- concluiu -- é não pensar nisto e tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha? E Pisca-Pisca, pisca-piscando que não acabava mais, estirou-se de papo para cima à sombra da jabuticabeira. Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com o mundo novo, reformado inteirinho pelas suas mãos. Uma beleza! De repente, no melhor da festa, plaf! Uma jabuticaba cai do galho e lhe acerta em cheio no nariz. Américo desperta de um pulo; pisca, pisca; medita sobre o caso e reconhece, afinal, que o mundo não era tão malfeito assim. E segue para casa refletindo: -- Que espiga!... Pois não é que se o mundo fosse arrumado por mim a primeira vítima teria sido eu? Eu, Américo Pisca-Pisca, morto pela abóbora por mim posta no lugar da jabuticaba? Hum! Deixemo-nos de reformas. Fique tudo como está, que está tudo muito bem. E Pisca-Pisca continuou a piscar pela vida a fora, mas já sem a cisma de corrigir a natureza. ¨*** O Riacho Fábula Um riacho da montanha, esquecendo-se de que devia sua água à chuva e a pequenos córregos, resolveu crescer até ficar do tamanho de um rio. Pôs-se então a atirar-se violentamente de encontro às suas margens, arrancando terra e pedras a fim de alargar seu leito. Mas quando a chuva acalmou a água diminuiu. O pobre riacho viu-se preso entre as pe- dras que arrancara de suas margens e foi forçado a, com grande esforço, encontrar ou- tro caminho para descer até o vale. Moral: Quem tudo quer, tudo perde. ¨*** Cobra-Grande Mito da Região Norte do Brasil, Especialmente Pará e Amazonas É uma das mais conhecidas lendas do folclore amazônico. Conta a lenda que em uma tribo indígena da Amazônia, uma índia, grávida da Boiuna (Cobra-Grande, Sucuri), deu à luz duas crianças, que na verdade eram cobras. Um menino, que recebeu o nome de Honorato ou Nonato, e uma menina, chamada de Maria. Para ficar livre dos filhos, a mãe jogou as duas crianças no rio. Lá no rio eles, como cobras, se criaram. Honorato era bom, mas sua irmã era muito perversa. Prejudicava os outros animais e também as pessoas. Eram tantas as maldades praticadas por ela que Honorato acabou por matá-la para pôr fim às suas perversidades. Honorato, em algumas noites de luar, perdia o seu encanto e adquiria a forma humana transformando-se em um belo rapaz, deixando as águas para levar uma vida normal na terra. Para que se quebrasse o encanto de Honorato era preciso que alguém tivesse muita coragem para derramar leite na boca da enorme cobra, e fazer um ferimento na cabeça até sair sangue. Ninguém tinha coragem de enfrentar o enorme monstro. Até que um dia um soldado de Cametá (município do Pará) conseguiu libertar Honorato da maldição. Ele deixou de ser cobra-d'água para viver na terra com sua família. ¨ :::::::::: Divertimentos O que É, o que É? 1. O que é que tem olho mas não vê, tem junta mas não se move e tem pé mas não anda? R: A cana. 2. Tem cabelo mas não tem piolho, tem casco sem ser navio, tem água sem ser rio? R: O coco. 3. Dama de branco vestida, quanto mais alegre está, mais chora sentida? R: A vela. 4. Venho vestido de frade mas nunca faço oração, branco de neve é meu hábito e cor de ouro meu coração? R: O ovo. 5. Sou um rapaz elegante, de cinturinha apertada, tocando o meu violino à espera da bofetada? R: O mosquito. 6. Abre a boca e mostra os dentes de cor clara e escura, porém só fala se alguém mexer a dentadura? R: O piano. 7. Seis mortos esticados, cinco vivos passeando, os vivos não dizem nada, os mortos estão falando? R: O violão. 8. A mãe é verde, a filha encarnada, a mãe é mansa, a filha é braba? R: A pimenta. 9. É feio, ninguém o nega, mas pacato e inofensivo; por prazer, ninguém o pega, deixa-o sempre livre e vivo? R: O sapo. 10. Docemente, vagarosa, ela chega tão branquinha! Feliz, se for calorosa! Tristonha, se for sozinha? R: A velhice. 11. São duas, sempre ao dispor dos seus donos para

agir; se movidas com amor, podem muito produzir? R: As mãos. 12. Sou fiel naturalmente, porém se alguém me trair, está claro, minha gente, que deixarei de existir? R: O segredo. 13. A ferramenta exibindo e um *H* pondo entre o laço, todo mundo fica rindo das peraltices que eu faço? R: O palhaço. 14. Animal robusto e belo, se uma das letras perder, é um metalzinho amarelo que todos desejam ter? R: O touro e o ouro. 15. Sem tanta velocidade... Ninguém consegue um momento, detê-lo bem, na verdade... Corre mais que o pró- prio vento? R: O pensamento. 16. Qual o amigo verdadeiro para um grande sofrimento só ele, um tenaz obreiro, nos trará o esquecimento? R: O tempo. 17. Quando por nós recebida, guardamos muito vivente: Quando por nós desferida esquecemos facilmente? R: A ofensa. 18. São duas lindas janelas iluminadas em cores! Travessas, saltam por elas, as alegrias e dores? R: Os olhos. 19. Com seu jeito silencioso, alma aberta a toda gente, ele é um amigo precioso e o que diz, jamais desmente? R: O livro. 20. Trago veneno comigo, levo o mal de rua em rua... Separo amigo de amigo e não há quem me destrua? R: A intriga. ¨*** Só Rindo Daniel, de quatro anos, sempre conseguia atender ao telefone antes de todo mundo. Um dia, decidi ver se ele reconhecia minha voz. Depois que ele atendeu, falei: -- Oi, Daniel, quem sou eu? Seguiu-se um breve silêncio e então um grito: -- Mãe, a vovó está no telefone e não sabe quem ela é. No dia internacional da mulher, estava conversando com meus alunos do jardim-de-infância sobre as conquistas das mulheres: poder dirigir, trabalhar... Após alguns segundos, uma das crianças voltou- -se para mim e perguntou: -- Professora, a senhora trabalha? Minha mulher é professora em uma escola de natação e sempre recebe seus alunos com uma touca de silicone na cabeça. Um dia, ela fazia compras quando viu um aluno de quatro anos acompanhado da mãe. Ao vê-la, a mãe disse: -- Olhe filho! Sua professora de natação! E o aluno, com ar de superioridade, disse: -- Mãe, você não conhece minha professora. Ela não tem cabelo. ¨:::::::::: Vamos Aprender Significado dos Nomes Próprios Laerte, do grego, levantador de pedras. Hélcio, do latim, corda que puxa. Filomena, do grego, aquela que precisa ser amada. Edna, do anglo-saxão, amiga próspera. Jandira, do tupi, abelha que faz mel. Gregório, do grego, o vigilante. Anísio, do grego, completo, perfeito. Yolanda, do grego, flor de violeta. Suzana, do hebraico, a pura. Amauri, do germânico, homem que trabalha. ¨:::::::::: Para você Recitar Cavalinho Branco Cari Salles Meu cavalinho branco, correndo sem parar, Eu quero, meu cavalo, comigo viajar. Vou ver as novas terras cercadas pelo mar. Que tenham montes verdes onde o sol vai brilhar Depois de andar bastante, eu quero então voltar. Pra minha casa amiga onde tenho meu lar. Abraçar meus queridos, rever o meu pomar, Brincar com meu cãozinho que está a me esperar. ¨:::::::::: Zoologando Código dos Direitos dos Cães Como vocês, os cães também têm um Código de Direitos. Olha só o que eles querem: 1 -- Desejo um osso grande e fresco cada semana como sobremesa; prometo não o enterrar no jardim. 2 -- Desejo água limpa numa vasilha limpa duas vezes por dia. 3 -- Desejo um bom lugar para dormir: seco, ventilado, mas não com correntes de ar. 4 -- Desejo uma coleira que não me machuque o pescoço, mas que também não seja tão frouxa que me caia da cabeça. 5 -- Desejo um lugar sossegado para passar os dias de festa em que soltem fogos. 6 -- Desejo que toda criança que me atira pedras ou vira minhas orelhas seja ligeiramente repreendida por seus pais. 7 -- Desejo que as pessoas me julguem como um cão, o que realmente sou. 8 -- Desejo que todos tenham em mente que, se algo faço com a boca, muito maior número de coisas eles fazem com as mãos; portanto, não necessitam ter medo dos dentes de um cão. 9 -- Desejo que minha mente e meu corpo sejam treinados de modo a poder servir para qualquer serviço. 10 -- Desejo ser considerado como pessoa da família, pois darei meu sangue para protegê-la, e que meu dono seja meu melhor amigo. ¨ ::::::::::

Historiando Minha Viagem à Lua Júlio Verne Não sei se já lhes contei que, uma vez, um dos meus parentes afastados me convidou para uma aventura marítima. Ele desejava descobrir a Terra dos Homens Gigantes. Chegamos aos mares do sul sem nenhuma novidade. Nada aconteceu de especial, a não ser que conhecemos uma ilha na qual homens e mulheres voadores faziam cambalhotas e dançavam valsa no espaço. No quinto dia após termos passado as ilhas tailandesas, um tufão ergueu nosso barco a milhares de metros acima do mar. Um vento expandiu nossas velas e nós fomos subindo, subindo... Viajamos uma semana de barco pelo céu. De repente, encontramos uma terra brilhante e redonda, solta no espaço. Era uma ilha sideral. Atracamos em um porto e descobrimos que o planeta era habitado. Vimos grandes seres montados em pássaros de três cabeças. Estes habitantes nos informaram que aquele lugar era a Lua. Sendo eu um viajante atento e fiel ao que os meus olhos veem, resolvi anotar em meu caderninho tudo o que fosse interessante. As árvores da Lua, em vez de darem frutos como as nossas, dão várias espécies de homens e mulheres. De uma árvore, nascem os arquitetos, de outra brotam as advogadas, em outras mais adiante, desabrocham os artistas. Os lunáticos trazem a cabeça debaixo do braço e, quando precisam pensar ou conversar, a colocam em cima do pescoço. Constantemente esquecem a cabeça em casa e aí só fazem o que o corpo manda. Em função disso, os governantes da Lua não têm o pensamento no lugar e não pensam no povo. As pessoas importantes ficam soltas no espaço, dançando entre um cometa e outro, enquanto muitas árvores de homens e mulheres apodrecem. Mas existem os lunáticos que, mesmo sem cabeças, carregam grandes regadores de água e tomam cuidado para que as árvores não murchem. Dessa maneira, sempre estão nascendo homens e mulheres novos, que saem dos seus galhos e já começam a fazer coisas, a construírem pontes, a namorarem e, desse jeito, a vida na Lua continua. Poderia ainda descrever muitas situações que presenciei, mas não quero correr o risco de inventar nada e ser

chamado de mentiroso. Descrevo apenas aquilo que vi. ¨:::::::::: Seção Juvenil Narrando a História Barbas no Poder Há meio século, na virada de 1958 para 1959, Fidel Castro começou a marchar 760 quilômetros rumo à capital de Cuba. Ao saber que o presidente Fulgêncio Batista havia fugido nas primeiras horas de primeiro de janeiro, o líder atravessou o país a bordo de jipes e tanques. No caminho, foi saudado pelo povo eufórico -- para quem, dessa vez, o ano-novo prometia vida nova. No dia 8, o comandante fez uma entrada triunfal em Havana. Com isso, sacramentou a vitória surpreendente de um pequeno grupo de barbudos revolucionários que em 1957 haviam se instalado na remota área de Sierra Maestra. Nas semanas seguintes à tomada da capital, Fidel dormiu três horas por dia. Quando saía às ruas, era aclamado por multidões em êxtase. Começava assim o governo do jovem advogado de quase dois metros de altura, que só deixaria a liderança de Cuba depois de instituir uma ditadura e permanecer 49 anos no poder. ¨ *** Dom João Tomou Banho -- Más línguas dizem que Dom João VI passou 50 anos sem tomar banho. O rei de Portugal tinha verdadeira aversão à água, só superada quando o ilustre morador da corte portuguesa, na Fazenda Real de São Cristóvão, foi obrigado a colocar o pé no mar em 1817 por ordens médicas, depois de ter sido picado por um carrapato que infeccionou-lhe a perna esquerda. As águas limpas e medicinais da Baía de Guanabara, na Quinta do Caju, levaram Dom João a fazer do local e do solar do comendador Tavares Guerra, rico comerciante de café, uma extensão da sua fazenda, iniciando assim o povoamento do bairro. Reza a tradição que a curiosa história sobre Dom João VI foi o pontapé inicial para a chegada de moradores portugueses ao bairro, estabelecendo-se em casas elegantes e em chácaras. Aos poucos, o Caju foi perdendo sua magia. A criação da colônia de pescadores, a instalação de indústria de armazenamento e de contêineres, a migração de mão-de-obra barata vinda do Nordeste e a construção posterior da Linha Vermelha e da Ponte Rio- -Niterói contribuíram para a degradação do bairro. ***

Manequinho O Manequinho está nu. Mas nem sempre é assim. Símbolo da cidade de Bruxelas, a pequena estátua em bronze de apenas 61 centímetros mantém um guarda-roupa de matar de inveja qualquer um. São mais de 750 trajes que o rapazinho veste desde meados do século XVIII em datas especiais ou em comemorações. A mais antiga de todas foi um presente do rei Luís XV da França para se redimir com Bruxelas, então capital dos Países Baixos, ao saber que seus soldados haviam roubado a estátua como troféu de guerra. Do fundo do baú do Museu da Cidade, surgem a camisa, a calça e o chapéu de plantador de café brasileiro que o Manequinho vestiu em 1968, segundo os pesquisadores do museu, para comemorar os 75 anos da União dos Torrefadores de Café. -- As roupas são colocadas sob encomenda. Podem ser dadas pelo governo de outro país, por um time de futebol, uma associação, uma empresa, enfim, por quem quiser marcar uma data especial. Durante o verão, ele usa muitas roupas. No inverno, são no máximo cinco -- conta Jacques Stroobants, que por 30 anos foi o encarregado oficial de vestir o Manneken-Pis, como ficou conhecida a fonte de água que é representada pelo pipi do Manequinho e já se chamou Fonte de Juliano. O primeiro Manequinho era de madeira -- A história do Manequinho original é bem mais antiga e data do século XIV, quando uma fonte de madeira em formato de um menino fazendo pipi foi colocada na Rue de L'Étuve, próxima à Grand Place, no centro de Bruxelas. Suas origens são controversas. Há quem diga que a estátua foi o pagamento da promessa de uma mãe que conseguira reencontrar o filho perdido. Outra versão da história: teria sido uma homenagem ao Duque Godofredo II de Brabant. Em 1142, uma tropa inimiga deste nobre de apenas dois anos de idade o teria aprisionado em um cesto e pendurado em uma árvore. De lá, a criança teria urinado sobre os adversários, que acabaram perdendo a batalha. São várias as lendas. O que se sabe de fato é que, em 1619, a estátua foi substituída por outra, de bronze, feita pelo artista Jerome Duquesnoy. Em 1918, o Manequinho tinha apenas 11 trajes diferentes. Depois da Segunda Guerra Mundial, começou a receber roupas de regimentos militares, organizações e governos de outros países. Como o Manequinho brasileiro, já foi alvo de roubo algumas vezes e chegou a encarar cenas de vandalismo. A coleção de roupas do Manequinho poderá ser visitada no Museu da Cidade de Bruxelas (Maison Du Roi). ¨:::::::::: Conhecendo nossos Escritores Monteiro Lobato No Brasil, merece destaque Monteiro Lobato ê1882- -1948ã, autor de obras im- portantes da nossa literatura infantil e criador de personagens que ficaram famosas, como Emília, Narizinho, Pedrinho e outras, que viviam suas aventuras no Sítio do Pica- -Pau-Amarelo. Lobato interessou-se pelas fábulas e publicou um livro em que reescreveu, em linguagem atual, as fábulas de Esopo e de La Fontaine. A novidade desse livro está nos comentários que as personagens do Sítio do Pica-Pau-Amarelo fazem sobre as fábulas. Esses comentários mostram que as fábulas, muitas vezes, podem ter diferentes sentidos; por isso, elas devem ser lidas com senso crítico. ¨:::::::::: Himbas, Matriarcas do Deserto Besuntadas de banha de boi, elas comandam um dos últimos povos nômades da África. Somadas as horas em voo e por terra, você precisará de, no mínimo, cinco horas para encontrar um grupo de himbas partindo de Windhoek, capital da Namíbia. Bastam um jipe e um monomotor, e você estará apto a cruzar o temível deserto do Namib, um dos mais inóspitos do planeta. Os himbas estão entre os últimos povos nômades da África. Saíram da Etiópia há 500 anos e vieram parar numa região isolada da Namíbia, vizinha de Angola. Alguns falam português, aprendido em escolas do outro lado da fronteira. Há duas formas de encontrá-los: numa aldeia ou numa de suas longas caminhadas em busca de água para o gado. Chegam a varar até 80 quilômetros de deserto atrás de oásis -- que são mais raros aqui do que no Saara. Para se proteger do sol e da areia, as mulheres cobrem-se com peles de cabras e untam o corpo com um óleo avermelhado, mistura de banha de boi e uma pedra local. Além de vaidade, a exuberância do figurino revela também quem é que manda por aqui. As moças comandam uma sociedade matriarcal que lhes dá direito a ter relações sexuais com quantos homens quiserem. São cerca de 12 mil e vivem no norte da Namíbia e no sul de Angola. ¨:::::::::: Não Custa Saber “A plateia não ficou satisfeita com o resultado do concurso de poesias anunciado pelo juri.” Com certeza, o que ficou faltando foi o acento na palavra *júri*. Como qualquer paroxítona terminada em *i* e *is*, é acentuada. Frase correta: A plateia não ficou satisfeita com o resultado do concurso de poesias anunciado pelo *júri*. “O rapaz deu o *veredito* à noiva: casarão no mês que vem.” Coitada! Certamente, ele a está enganando. A palavra não é *veredito*. A forma correta do vocábulo é *veredicto*, com *c*. Em tempo: *veredicto* é de origem latina e significa verdadeiramente dito. Período correto: O rapaz deu o *veredicto* à noiva: casarão mês que vem. ¨:::::::::: Nômades do Quirguistão Sobreviventes da fúria de Gengis Khan, hoje vivem em tendas e caçam com águias. Cento e cinquenta quilos de lã. Essa é a medida para a construção de uma *yurta*, a tenda onde os nômades quirguizes vivem, entre ovelhas e iaques. Sua estrutura é feita de varas de madeira, cobertas por lã e peles. Lá dentro, tudo é forrado de tapetes de feltro prensados à mão. No fogão a lenha, prepara-se o chá dos visitantes e o coelho abatido nas caçadas com águias treinadas.

Os cavalos são meio de transporte e diversão. No jogo mais concorrido, os cavaleiros disputam uma carcaça de bode enquanto trotam numa arena. Outra prática a cavalo é o roubo de noivas, hoje proibida por lei, onde uma jovem donzela é literalmente sequestrada e persuadida ao matrimônio. Essa vida nômade surgiu no século XIII, depois que tropas de Gengis Khan destruíram e incendiaram as cidades quirguizes. Quando a reforma agrária soviética obrigou os pastores a se fixarem à lavoura, muitos fugiram para as montanhas Tien Shan, na fronteira com a China. Esses picos cobrem cerca de 94 por cento do território do Quirguistão. Escondem 3 mil lagos, alimentados por geleiras monumentais, e também alguns lendários caravançarais, os albergues fortificados onde pernoitavam as caravanas da Rota da Seda. Viajantes a pé são recompensados pelos lagos mais recônditos, de um azul leitoso, como o Ala- -Kul. E o pernoite numa *yurta*, aquecido pela lã de ovelhas. ¨:::::::::: Nosso Brasil Maceió: 60 quilômetros de Praias, 365 Dias de Sol por Ano Os alagoanos que porventura não puderem voltar a Maceió nos próximos anos, certamente, sentirão falta da cidade. E não só dela, pois a cidade é um excelente ponto de partida para dezenas de lugares dignos de longas férias. Além de ou- tras belas cidades de Alagoas, Maceió está a apenas 285 quilômetros de Recife e 305 de Aracaju. Quem tiver tempo pode alugar um carro e visitar essas outras pérolas do Nordeste, onde poderão fazer a mesma coisa que na capital alagoana: nada. Vamos por partes. Já no século XVI os habitantes da atual Alagoas criavam problemas para a administração federal. Eram índios caetés, que resistiam à colonização. Anos depois vieram as brigas contra os holandeses e o quilombo de Palmares e, já no século passado, a resistência ao governo republicano. Poder-se-ia concluir que essa tendência a causar problemas federais seja herança histórica. Não é nada disso, o alagoano é hospitaleiro e trabalhador. Fundada em 1815, a capital Maceió é uma cidade que conseguiu preservar muito de sua notável arquitetura colonial. Isso inclui ladeiras, igrejas e casarões antigos. Algumas dicas: a Catedral Metropolitana, a igreja de Bom Jesus dos Navegantes, de 1870, e a de Nossa Senhora de Bom Jesus do Rosário, 1829. O Museu de Arte Sacra e o Teatro Deodoro registram um tempo que não volta mais. As fotos do álbum podem ser sacadas dos mirantes do Bebedouro, Gunga, São Gonçalo e da Sereia. De qualquer maneira, é principalmente pelas praias da capital que o turista fica boquiaberto. Todas elas fazem bonito. A relação das praias é imensa, condizente com os 60 quilômetros de litoral da chamada Grande Maceió. O clima é praticamente o mesmo durante o ano todo: verão. A temperatura média da água é de 28 graus. ¨ ::::::::::

Elefantes Têm Medo de Abelhas Cristine Gerk O som do inimigo é ouvido de longe, e o grupo que descansava tranquilamente debaixo de uma árvore depois do almoço se alvoroça. Desesperado, deixa o lugar em apenas 10 segundos. A cena é comum no mundo animal, mas os protagonistas da trama são um tanto inusitados. As vítimas assustadas são elefantes, os maiores bichos do planeta, e os tenebrosos algozes são ninguém menos que um enxame de abelhas. O medo poderia ser usado para proteger os gigantes. Os pesquisadores que descobriram esta curiosidade acreditam que colmeias posicionadas em locais estratégicos podem servir para afugentar os bichos e reduzir os conflitos entre os homens e os mamíferos -- nos quais, na maioria das vezes, os gigantes levam a pior e acabam morrendo. -- Se pudéssemos usar abelhas para reduzir a invasão de elefantes em plantações e a destruição de árvores, seria um passo significativo para uma coexistência sustentável entre homens e elefantes, sobretudo na África -- disse a zoologista Lucy King, da Universidade de Oxford. Os cientistas já desconfiavam que os elefantes temiam as abelhas. No Quênia, notaram que os bichos destruíam muito mais as árvores de acácia com colmeias, vazias ou cheias, do que as sem. No Zimbábue, pesquisadores registraram que os elefantes inventavam novas trilhas para fugir de locais habitados pelos insetos. Para fazer justiça aos paquidermes, as abelhas nativas no Leste e Sul da África são muito agressivas, especialmente perto das colmeias. Enxames já conseguiram matar até búfalos. -- As pessoas se espantam ao pensar que criaturas tão grandes podem ter tanto medo de pequenas abelhas, mas a picada das africanas é muito dolorosa para humanos, e eu falo por experiência própria -- contou Lucy. -- Então, é impossível não pensar que quando atingidos em áreas próximas ao olho, atrás da orelha ou na tromba os animais sofram muito. ¨:::::::::: Curiosidades Os lobos-guará do Caraça Os lobos-guará que vivem no Santuário do Caraça, a 120 quilômetros de Belo Horizonte, têm uma desconfiança que é instintiva. Há anos, eles repetem o ritual diário de receber alimentos dos padres do Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens, fundado em 1775. Mesmo assim, chegam de mansinho, parecem amedrontados. Depois, saem em silêncio. Assistir ao jantar dos lobos é um dos privilégios do Caraça, que fica num grande parque em zona de transição entre a Mata Atlântica e o cerrado, com muitas coisas para se fazer na natureza. Trilhas de diferentes níveis de dificuldade levam a cachoeiras e a grandes formações rochosas. O risco de topar com um lobo-guará no meio do caminho, de surpresa, é pequeno: eles são animais tímidos mesmo. Papagaio salvo pela memória -- Um papagaio que tinha se perdido no Japão foi devolvido à sua casa pela polícia, depois de conseguir pronunciar o nome de seu dono e onde ele vivia. As autoridades o capturaram e levaram para uma clínica veterinária. Depois que o pássaro repetiu várias vezes o nome do dono e o endereço, a polícia conseguiu devolvê-lo. Formado por cinco ilhas, o Arquipélago de Abrolhos, no Sul da Bahia, foi descoberto pelo navegador Américo Vespúcio, em 1503. Preocupado com os recifes do local (que hoje fazem a alegria dos mergulhadores), ele anotou numa carta o seguinte alerta para futuros navegantes: “Quando te aproximares da terra, abre os olhos.” ¨::::::::: À Prova de Fugas Alcatraz recebeu os mais perigosos criminosos. Cercada por águas geladíssimas e fortes correntes marítimas, a prisão federal de Alcatraz ganhou fama de ser a mais segura do mundo, não por acaso. Fugas eram praticamente impossíveis. Não só pela localização, na ilha de mesmo nome na baía de São Francisco, a 2 quilômetros da costa da Califórnia (Estados Unidos), mas também por seu forte esquema de segurança. Havia um guarda para cada sete detentos e seis torres de aço para os vigias do lado externo. A penitenciária de segurança máxima, apelidada de A Rocha, foi construída em 1934 e abrigou os criminosos americanos mais perigosos até 1963, quando foi fechada devido a seus altos custos de manutenção, que a tornaram inviável financeiramente: cerca de 10 milhões de dólares por mês, pelo menos duas vezes mais que o de prisões comuns. Trinta e quatro presos tentaram fugir de Alcatraz. O caso mais famoso ocorreu em 11 de junho de 1962. Foi quando os ladrões de bancos Frank Morris e John e Clarence Anglin burlaram o sistema de segurança. Até hoje, não se sabe se eles conseguiram chegar em terra firme. Mas, como seus corpos não foram encontrados, o caso acabou ganhando fama -- tanto que virou até filme, *Fuga de Alcatraz*, de 1979. Desde 1972, a ilha foi aberta para o turismo. Hoje, recebe anualmente cerca de um milhão de visitantes todo o ano. ¨:::::::::: Ecoando A Missão do Peixe-do- -Paraíso Depois de onze anos de pesquisa, a médica veterinária Márcia Jones da Costa concluiu estudo sobre a importância para o meio ambiente de um peixe capaz de sobreviver em águas poluídas e que se alimenta de mosquitos e larvas transmissores de doenças. O *Macropodos opercularis*, conhecido como peixe-do-paraíso, tem no alto da cabeça uma estrutura óssea chamada labirinto, que possibilita um tipo de respiração alternativa. Ele sobe à superfície, capta oxigênio do ar com a boca e o envia ao labirinto. Cada peixe destes ajuda a limpar o meio ambiente, pois devora 140 larvas de mosquito por dia. ¨:::::::::: Como Surgiu a Linguagem Humana? Luiz Carlos Cagliari Embora não exista uma resposta fechada para a pergunta, há alguns experimentos e teorias que sugerem que o início do processo se deu entre os antepassados do *Homo sapiens*, há 1,5 milhão de anos. A hipótese mais considerada pelos especialistas para o início da linguagem é a antropológica. Segundo ela, o processo resultou da necessidade de o homem, além de se comunicar socialmente, garantir sua sobrevivência. E por que o homem precisou falar? Ora, porque ele queria estabelecer seu individualismo. Queria que o outro homem, que passou a viver ao seu lado na comunidade, não roubasse sua comida ou sua mulher. Calcula-se que o surgimento da linguagem humana tenha se iniciado há 1,5 milhão de anos, com os hominídeos que antecederam o *Homo Sapiens*. O primeiro registro de símbolos em cavernas é de 30000 a.C. A língua humana da qual se tem o registro mais antigo é a suméria, de cerca de 3500 a.C. Criação egípcia, os hieróglifos datam de 3000 a.C. A escrita dos chineses foi desenvolvida um milênio mais tarde. As primeiras plaquetas de barro encontradas com anotações dos sumérios, apresentavam pictogramas, ou seja, sequências de desenhos para passar a mensagem. É a escrita cuneiforme. ¨::::::::: Conhecendo o Mundo Lugar de Gaivotas Com 35 mil habitantes, a charmosa San Martin de los Andes é a cidade-base de quem vai esquiar em Chapelco. Está a apenas 30 quilômetros da fronteira com o Chile e, com chalés de madeira e lojinhas de chocolate, parece uma cidadezinha europeia encravada na Patagônia Andina. Fica em um vale, cercada pela Cordilheira dos Andes, à beira do lago Lácar e do Parque Nacional Lanín, onde se encontra o vulcão Lanín ê3.777 metros de altura), que não está extinto, apenas dormindo. Os primeiros habitantes da região -- que era conhecida como Pucaullhuê, ou “lugar de gaivotas” -- foram índios, que tentaram, em vão, defender as terras do exército argentino em 1883. Não houve batalhas, mas acordos. Fundada em fevereiro de 1898 como um destacamento militar, San Martin começou a receber colonos holandeses e sírio-libaneses. Naquela época, a economia se baseava na indústria madeireira. No fim da década de 30, no entanto, foi criado o parque nacional e a cidade precisou buscar outra atividade econômica. Foi então que San Martin descobriu seu potencial turístico. Mas o primeiro meio de elevação do Cerro Chapelco foi construído somente em 1963. Nos anos 80, a cidade passou a crescer cerca de mil habitantes por ano. ¨:::::::::: Quais São as Árvores mais Altas do Mundo? Seria necessário empilhar quatro estátuas do Cristo Redentor para chegar ao topo da árvore mais alta do mundo. O cartão-postal carioca mede 30 metros, o que representa pouco mais de um quarto da sequoia-sempre-verde, que, com até 115,55 metros, é considerada a árvore -- e, em consequência, a criatura terrestre viva -- mais alta do mundo. Mas nem sempre esta espécie foi considerada a maior. A disputa pela árvore mais alta do mundo já rendeu discussões, principalmente entre Estados Unidos e Austrália. Cada um alegava que o maior exemplar estava em seu próprio território. Segundo Gregório Ceccantini, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), a justificativa para essa disputa estava na precariedade das técnicas de medição de outrora. Uma delas era a escalada. O pesquisador ia até a árvore, se pendurava nela e depois de horas obtinha uma medida. “A escalada não permite chegar completamente ao topo”, diz o professor. Essa imprecisão deu margem para que os australianos defendessem como mais elevadas, a altura de seus eucaliptos, e americanos, de suas sequoias. Quem apareceu com a solução foi a Eastern Native Tree Society. Para tanto, contou com a ajuda de um equipamento mais moderno: a sonda a laser. Além de definir a sequoia- -sempre-verde como a mais alta, a sociedade pôs fim aos boatos de exemplares com mais de 150 metros de altura. E, mesmo depois de desmistificadas as lendas, as alturas ainda impressionam. ¨:::::::::: Ameno e Instrutivo A Conquista do Polo Sul Estava tudo pronto para a expedição de Roald Amundsen ao Ártico, quando uma notícia do *The New York Times* desapontou o norueguês, terrivelmente. “Robert Peary descobre o polo Norte, depois de oito tentativas em 23 anos”, dizia a manchete de 7 de setembro de 1909, referindo-se à empreitada bem-sucedida do oficial da Marinha norte-americana. Conhecido por sua obsessão pela calota polar, o explorador nórdico foi procurado pelo jornal para dar sua opinião. “O que quer que tenha sobrado do Polo Norte será suficiente para todos nós”, respondeu. Era mentira. Para Amundsen, o sonho de ser o primeiro a alcançar o norte geográfico estava perdido. Se quisesse manter sua reputação como explorador, teria de se voltar para uma nova conquista sensacional -- e a última fronteira do planeta que permanecia à espera de um desbravador era o Polo Sul. Por um ano, Amundsen cuidou dos preparativos para o seu novo desafio em segredo, providenciando 52 cães para trenós, trajes esquimós, quatro homens e 1 tonelada de suprimentos. O sigilo da operação era seu trunfo para superar um concorrente já inscrito na corrida ao Polo Sul, o inglês Robert Falcon Scott. Só quando estava em seu navio Fram, a caminho da Antártida, Amundsen revela- ria ao mundo o seu real objetivo. Duas decisões de Amundsen se mostraram fundamentais para vencer a corrida. A primeira foi a opção de levar cães bem treinados, em número suficientemente grande para permitir que alguns deles fossem abatidos durante a jornada no gelo para servir de alimento. A segunda, ter escolhido uma rota mais curta no gelo, embora mais acidentada e desconhecida. Em 14 de dezembro, alcançou o Polo Sul ao lado de Olav Bjaaland, Helmer Hanssen, Sverre Hassel e Oscar Wisting. Um mês depois a equipe de Scott chegaria ao mesmo ponto, extenuada por ter de arrastar os pró- prios trenós, e encontraria no local a bandeira norueguesa. Fracos demais, Scott e seus dois últimos companheiros de travessia morreram no retorno da expedição, a apenas 18

quilômetros de um depósito de comida. ¨:::::::::: É Útil Saber O Caso de Mimi Todos os dias, a bichana vinha até a oficina de um mecânico para compartilhar com ele sua marmita de comida. Certa vez, mal-humorado por causa de um serviço complicado, o homem espantou-a dizendo que não tinha o que comer naquele dia. A gatinha foi em- bora, mas voltou pouco depois com um camundongo que havia caçado e depositou-o aos pés do mecânico. Ele já não podia reclamar de falta de alimento. Comovido, o homem embrulhou o “presente” num jornal e guardou-o para não magoar Mimi. "Dia Mundial dos Animais -- 5 de outubro" ¨ ***

Poesia Oldemar Barbosa de Freitas Filho -- 11 anos Poema, dilema, esquema maravilhoso. Faz o poeta ficar orgulhoso, alegria, que contagia. Texto de alma pura, que tem um remédio que tudo cura. Escrevo esta poesia, fonte além da magia. Que a alma do poeta, esteja sempre reta. E que seus sentimentos, tenham seu próprio alimento: “O Amor”. "Dia da Criança -- 12 de outubro" ¨ *** As Estrelas da Bandeira Brasileira As estrelas dentro do círculo azul, na bandeira brasileira, representam os estados e o Distrito Federal. Contudo, o que poucos sabem é que as estrelas reproduzem o céu carioca do dia 15 de novembro de 1889, o dia da Proclamação da República. A nossa foi inspirada na bandeira do Império, sendo colocado o círculo azul com a faixa branca no lugar do símbolo da monarquia. "Dia da Bandeira -- 19 de novembro" ¨ *** Superar-se, o mais Importante Cathy Allison Minha filha Emma, de 1 ano e 7 meses, está dançando na ponta dos pés, com os braços graciosamente erguidos, e meu coração quase explode de alegria. Ela nunca viu uma bailarina, mas saltita pela sala como uma profissional. Só falta a saia de tule. Toda mãe fica admirada com as proezas dos filhos, mas o orgulho que sinto das danças de minha filha tem um sentido ao mesmo tempo doce e amargo. Eu nasci com uma deficiência congênita chamada *pé torto* e passei a maior parte da infância me submetendo a cirurgias para corrigi-la. Quando não estava engessada, presa a uma cadeira de rodas ou às muletas, meu jeito engraçado de andar e as feias cicatrizes nos pés e nas pernas me afastavam das outras crianças. A aula de educação física era um pesadelo. Eu deixada de lado, humilhada e emocionalmente torturada por ser diferente. O sofrimento de ter os pés deformados destruiu minha autoestima e fez com que eu me sentisse uma eterna exilada. Quando ganhei um prêmio de declamação na 7ª série, a maravilhosa sensação de conquista foi destruída por um colega de turma que atribuiu a minha vitória à compaixão que -- segundo ele -- o júri havia sentido por mim. Mas, no 2º ano do ensino médio, minha família se mudou para a cidadezinha de Smithville, em Ontário, para onde meu pai transferia sua empresa. Pela primeira vez, eu estava cercada de pessoas que nunca tinham me visto numa cadeira de rodas. Quando uma amiga me confidenciou que seu namorado achava sensual o meu jeito de andar, fiquei estupefata. De repente, meu claudicar se tornava atraente. Pela primeira vez saí com um garoto, experimentei meu primeiro beijo e aprendi a enorme lição de que tudo pode mudar. Saber que as diferenças desprezadas por algumas pessoas são aceitas por outras levou-me a uma série de descoberta sobre mim. Passei apenas dez meses em Smithville, mas essa experiência me transformou para sempre. Entendi que, embora meus pés não sejam como os das outras pessoas, não sou menos gente nem menos digna de amor por causa disso. Dois anos depois, tive um dos momentos mais bonitos da minha vida quando o rapaz que se tornaria meu marido beijou as cicatrizes dos meus pés. Naquele momento eu soube que queria partilhar a vida com ele e construir uma família a seu lado. Ter filho é um extraordinário ato de fé, mesmo nas piores circunstâncias. O medo de que minha filha nascesse com esse mesmo problema era o motivo de muita dor de cabeça. Quando Emma finalmente nasceu, a primeira pergunta que fiz foi: -- Os pés dela são normais? A parteira sorriu. -- Sua filha tem pés lindos -- respondeu, afastando a manta que envolvia Emma para me mostrar dez dedinhos perfeitos. -- E são tão compridos que você vai gastar uma fortuna em sapatos. Lembro-me da vergonha de não poder usar sandálias. Certa vez, chorando numa loja, na frente do vendedor, quando nenhuma das delicadas sandálias de verão me caiu bem nos pés, e ele por fim trouxe um modelo marrom, pesado, horroroso, com tiras grossas. Implorei à minha mãe que me comprasse uma das sandálias bonitas, e ela, tocada pelas lágrimas, cedeu. As tiras me cortavam as cicatrizes, fazendo com que os pés sangrassem, mas, mesmo assim, eu continuava a usá-las, desesperadamente, desejando ser, de algum modo, transformada por aquela elegante sandália. Sou muito grata pelo fato de que Emma poderá fazer o que bem entender, seja dançar ou correr. Quando ela estiver mais velha, vou lhe contar o sofrimento que as diferenças podem causar, pois quero que ela aprecie cada indivíduo pelo que ele é. Hoje tenho osteoartrite em ambos os tornozelos e, todos os dias, sinto dor ao andar, mas faço questão de caminhar e dançar com minha filha. Dançamos juntas ao som de Billie Holiday e Nina Simone, rodopiando pela sala com alegria no coração -- e nos pés. "Dia Internacional das Pessoas com Deficiência -- 03 de dezembro." ¨ ***

O Garoto Bom da Taquara Patrícia Schaffer A cena é comum: vestida com roupas humildes, a mulher implora num armazém para levar um litro de leite e pagar depois. O comerciante não aceita. Nesse momento, um garoto de 8 anos e cabelos encaracolados entra no estabelecimento. Ao perceber o que está acontecendo, pede à senhora que aguarde alguns minutos. Sai correndo pelas ruas da Taquara, cidade de 60 mil habitantes, localizada a 70 quilômetro de Porto Alegre, até chegar à pedreira onde o irmão mais velho trabalha. Lá, conta ofegante a história que presenciou e diz que precisa fazer alguma coisa, que aquela senhora deve ter uma família e que ela não pode ficar sem leite em casa. Volta para o armazém com o dinheiro do leite, que lhe havia sido dado pelo chefe do irmão. Naquele dia, o garoto Cristiano Pinheiro Fedrigo chegou, sozinho, a uma conclusão: se cada um fizer a sua parte, o mundo pode ser melhor. Cristiano nunca teve muito dinheiro em casa. O pai, Gentil, já falecido, trabalhava numa pedreira; a mãe, Nedy de Fátima, é doméstica. Mesmo sem dinheiro, Cristiano cresceu tentando encontrar soluções criativas para ajudar as pessoas. Aos 13 anos, usava o tempo livre para consertar bicicletas. Não queria ver nenhuma criança do Morro da Pedra, onde morava, perdendo aulas por falta de meio de transporte. O Morro da Pedra está situado no interior da Taquara, e a escola mais próxima fica a cinco quilômetros dali, Como não havia bicicleta para todos, ele organizava um rodízio -- quem estudava à tarde, emprestava a bicicleta aos alunos do turno da manhã, e vice-versa. Um dia, conversando com o patrão de sua mãe, o consultor americano Fritz Louderback, o menino confessou: o que ele mais queria era ver as crianças pobres na escola. Louderback ficou surpreso com a maturidade e a consciência social de Cristiano, que já trabalhava, estudava e parecia se preocupar mais com os problemas dos outros do que com os dele mesmo. Logo o americano estava doando bicicletas a quem ainda não tinha e contando a história a um amigo, o médico quiroprático Everett Langhans, também americano, que mora na cidade gaúcha de Novo Hamburgo e que se dispôs a prestar atendimento gratuito às crianças do Morro da Pedra. “A vontade de ajudar foi contagiante”, diz Langhans. “Cheguei lá para conhecer as pessoas e orientá-las e já percebi uma mudança. Elas se encheram de entusiasmo e começaram a ter iniciativa para realizar tarefas simples, como arejar as roupas de cama ao sol, para evitar doenças.” Se não fosse Cristiano, pessoas como Langhans nunca teriam ido ao Morro da Pedra, e os moradores de lá continuariam conformados diante das dificuldades. Mas com Cristiano, eles ganharam esperança. O garoto, hoje com 18 anos, pensa em tudo, até nas atividades de lazer para meninos e meninas da vizinhança. “Como eu gosto de jogar futebol, pensei que eles também iriam gostar; então organizei um time infantil”, explica o tímido adolescente. A timidez de Cristiano parece só ganhar espaço na hora de contar seus feitos. Toda noite ele bate à porta dos vizinhos para ver se estão precisando de alguma coisa. Aproveita para conferir a higiene bucal das crianças e a frequência na escola. Quando é para fazer o bem aos outros, ele não tem vergonha de pedir. Para sua dentista, apresentou uma proposta: “Sei que a senhora precisa trabalhar e que muita gente precisa de dentista. Quem sabe a senhora consegue oferecer seus serviços a um preço menor?” A dentista concordou. Foram Histórias assim, de garra e simplicidade, vindas de um rapaz pobre, que levaram os americanos Fritz Louderback e Everett Langhans a inscrever Cristiano na World of Children, organização americana que premia aqueles que lutam para ajudar crianças do mundo inteiro. Eles enviaram um DVD aos Estados Unidos mostrando a rotina e os cuidados de Cristiano com os vizinhos mais pobres. “Ficamos sabendo que o pessoal da comissão que escolheu os vencedores chorou ao ver as imagens”, revela o médico Langhans; não deu outra: ao lado de médicos, professores e fundadores de entidades que prestam atendimento a menores, Cristiano foi o único jovem a receber um prêmio de 15 mil dólares. De uma hora para outra, lá estava ele, em novembro de 2005, para a cerimônia de entrega do prêmio. Andou por Nova Iorque com motorista particular e foi levado à sede da UNICEF, onde se viu na presença de celebridades como o campeão de boxe Muhammad Ali e o ex-prefeito da cidade, Rudolph Giuliani. “Um dos assessores de Muhammad Ali veio me perguntar no que poderiam me ajudar”, diz Cristiano, ainda surpreso. “Na hora, lembrei que muitos estudantes perdem aulas simplesmente porque não têm relógio.” Sem hesitar, o assessor perguntou de quantos relógios ele precisava. O garoto tentou responder, modestamente, que 14 seriam suficientes. Mas, como estava nervoso e se atrapalhou com o idioma, o *fourteen* (catorze) soou como *fouty* (quarenta), e Cristiano acabou voltando para o Brasil com 40 relógios presenteados pelo boxeador. Ele garante que encontrou donos para todos. Cristiano orgulha-se de ter nos americanos Louderback e Langhans aliados definitivos. Ele não está mais sozinho: são os três, juntos, que pensam numa solução para os problemas da comunidade. Um dos próximos projetos é disponibilizar, num sítio que lhes foi cedido, aulas de equitação e banhos de água quente para uma população carente que, mesmo no rigoroso inverno da serra gaúcha, é obrigada a tomar banho frio em casa. Os “padrinhos” americanos também querem que o garoto estude medicina, e o incentivam a investir nos estudos o dinheiro do prêmio que recebeu da World of Children. Por enquanto, o que está decidido é que ele viajará de novo este mês para Nova Iorque, onde deverá ficar dois anos estudando inglês. Cristiano está mais preocupado, no entanto, com o futuro das crianças do Morro da Pedra: “Se elas não estudarem, seu destino será trabalhar pesado nas pedreiras da região. Quero mostrar que o ideal é estudar para buscar um emprego e um

futuro melhor.” "Dia da Bondade -- 20 de dezembro." ¨*** As Origens da Festa de Natal Nos tempos do Império Romano (do Século I a.C. ao século IV d.C.) Havia uma festa consagrada ao Sol, sempre no fim de dezembro. Quando o cristianismo começou a dominar a Europa, o clero achou por bem dar um cunho religioso ao evento. Assim, passou-se a celebrar o nascimento de Jesus. A data precisa do nascimento de Jesus não é conhecida. A opção para comemorar o Natal no dia 25 foi feita pelo Papa Júlio I, no século IV, para haver coincidência com a tal festa do Sol. O hábito de dar presentes às crianças vem do norte da Europa. Os brinquedos eram feitos artesanalmente pelos parentes. Depois, nas grandes cidades, o comércio passou a usar a festa de Natal para estimular a venda de brinquedos. São Nicolau (ou Santa Claus) que, de acordo com a tradição europeia, distribuía os presentes, ganhou no Brasil o nome de Papai Noel. Os alimentos típicos da festa (peru, nozes e castanhas) também são ligados às tradições europeias. O hábito de montar a árvore de Natal surgiu na Alemanha. No interior do Brasil, são celebradas festas religiosas, do meio de dezembro até o dia 6 de janeiro: são as congadas, os reisados e o bumba-meu-boi. "Natal -- 25 de dezembro." ¨ :::::::::: O Dicionário Esclarece adaptar -- acomodar; ajustar; amoldar; adequar algozes -- carrascos; verdugos colossal -- enorme; agigantado; vastíssimo; fenomenal controversas -- contestadas; sujeitas a dúvidas discorrendo -- expondo; discursando êxtase -- enlevo; deslumbramento; arrebatamento frenéticos -- agitados hominídeos -- família à qual pertence a espécie humana e cujo único representante atual é o homo sapiens inusitados -- desconhecidos; esquisitos lunáticos -- maníacos; sujeitos à influência da lua paquidermes -- que têm a pele espessa; elefantes redimir -- remir; perdoar; resgatar tetrápodes -- que têm quatro pés; quadrúpedes vandalismo -- ação de destruir ¨ :::::::::

Fontes de Pesquisa Jornal O Fluminense Jornal O Globo Jornal do Brasil Revista O Globo Revista Aventuras na História Revista Boa Viagem Revista Caça-Palavra Revista Caminhos da Terra Revista Galileu Revista Superinteressante Livro "As Aventuras do Barão de Munchausen" Livro "Mitos da Região Norte" Livro "Sítio do Pica-Pau- -Amarelo" Folheto do "Departamento de Linguística da UNESP" ¨ ::::::::::