õieieieieieieieieieieieieieieo õ o õ PONTINHOS o õ o õ Ano XLX -- n.o 319 o õ Janeiro-Junho de 2005 o õ Instituto o õ Benjamin Constant o õ Diretora-Geral o õ do IBC o õ Sr.a Érica Deslandes o õ Magno Oliveira o õ Fundador de Pontinhos o õ Prof. Renato o õ M. G. Malcher o õ Responsável por o õ Pontinhos o õ Kate Q. Costa o õ Imprensa Braille o õ do IBC o õ Av. Pasteur, 350-368 o õ Urca, Rio de Janeiro, o õ RJ -- Brasil o õ 22290-240 o õ tel: (0xx21) 2543-1119 o õ Ramal 145 o õ Brasil um País de Todos o õ*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?*?o Sumário Seção Infantil A Vovó Conta Histórias O Gaviãozinho Embur- rado ::::::::::::::::::: 1 A Verdade :::::::::::: 4 O Burro Vestido com a Pele do Leão ::::::: 5 Divertimentos: O que É, o que É? ::: 6 Só Rindo ::::::::::::::: 9 Vamos Aprender: Os Menores Países do Mundo ::::::::::::::::: 11 Para você Recitar: O que É que eu Vou Ser? :::::::::::::::::: 11 Zoologando: Ele não Bebe Água :::::::::::::::::: 12 Historiando: Tribunal Divino :::::: 13 Seção Juvenil O Vovô Narra a História: Pensar Pesado :::::::: 16 Os Astecas ::::::::::: 19 Conhecendo Nossos Escritores :::::::::::: 20 As Caixas de Deus ::::: 22 Como Surgiu a Escova de Dentes ::::::::::::: 23 Nosso Brasil: Raposo :::::::::::::::: 25 Por que Agosto Tem má Fama? :::::::::::::: 31 Antepassados em Con- serva :::::::::::::::::: 32 Curiosidades A Lição :::::::::::::: 34 Todo Cuidado é Pouco ::::::::::::::::: 36 Mar Sem Vida :::::::::: 38 Ecoando: Enfim o Plástico ::::: 41 O Exemplo Fala Mais Alto :::::::::::::::::: 43 O Queijo ::::::::::::::: 45 Conhecendo o Mundo: Monte Saint- -Michel ::::::::::::::: 46 Afrodite :::::::::::::::: 48 E eles Passaram! ::::::: 50 Ameno e Instrutivo: Quem Inventou o Fogo? ::::::::::::::::: 52 Planta de Dois Se- xos?!? ::::::::::::::::: 53 Nem Sequer uma Agu- lha :::::::::::::::::::: 54 Eclipse Providen- cial ::::::::::::::::::: 56 É Útil Saber: A Incrível Jorna- da ::::::::::::::::::::: 58 A Origem dos Blocos de Rua :::::::::::::::: 61 Uma Olhada no Espe- lho :::::::::::::::::::: 61 Páscoa É... :::::::::: 64 Mãe, Presente de Deus :::::::::::::::::: 65 Ecologia :::::::::::::: 66 Que Varinha de Con- dão :::::::::::::::::::: 68 O Dicionário Esclarece ::::::::::::: 69 Fontes de Pesquisa ::::: 72 Ao Leitor :::::::::::::: 72 :::::::::: A Vovó Conta Histórias O Gaviãozinho Emburrado Desde que haviam saído do ovo, Gaviãozinho e seu irmão faziam as mesmas coisas: comiam e dormiam. Mas alguns dias depois dessa vida, Gaviãozinho pensou: "Por que é que eu não posso voar como o papai e a mamãe?" A partir desse dia, ele ficou emburrado. Queria voar e conhecer de perto o mundo que via lá do alto de seu ninho. Um mundo muito verde e muito azul. E, emburrado, Gaviãozinho perdeu a fome. Seus pais traziam comida para o ninho; como sempre, ele já não comia mais. O pai falava sério, com a cara brava, ameaçando até castigo. Mas tudo em vão. A mãe pedia, com a voz doce e amiga, porém também nada conseguia. Gaviãozinho já não queria mais saber de comer e agora tampouco dormia. Ele queria voar e não passar os dias comendo e dormindo como seu irmão. E olhando para ele, que dormia, pensou: "Será que eu também sou assim tão feio?" Observou as penas de seu corpo, o mesmo cinza que via nas do irmão. Em nada se pareciam com as de seus pais, tão lindamente coloridas. Mais chateado ainda, Gaviãozinho firmou a greve de fome. Até que um dia, ao acordar, levou um tremendo susto. Seu irmão não tinha mais aquelas feias penas cinzas. Ao contrário, vestia-se do mesmo colorido exuberante de seus pais. E, batendo com vigor as asas crescidas, deixou o ninho, voando com destreza. -- Oba! -- exclamou Gaviãozinho. -- Se ele pode, então eu também posso! Pela primeira vez, depois de muito tempo, ele sorriu. Finalmente ia poder voar! Mas, ao tentar bater as asas, caiu sentado, morto de cansaço. Mal conseguia respirar. Gaviãozinho estava doente e fraco por não comer nada há muito tempo. Os pais continuaram cuidando dele. Traziam comida e o observaram dia e noite. Quando um dormia, o outro estava alerta. Quando um saía, o outro ficava por perto. Gaviãozinho passou a agir diferente. Só queria saber de comer e dormir, só para crescer e ficar forte, só para um dia poder voar. E, observando o seu irmão lá no alto, tão gracioso no bater de asas, se arrependia dos dias em que, emburrado, deixara de comer e dormir. Agora, quando o seu irmão pia lá no alto, feliz da vida por poder voar, Gaviãozinho responde ainda no ninho: -- Pera aí, maninho. Pera aí, que eu também já vou! *** A Verdade Conto Judaico "Um dia, a Verdade andava visitando os homens, sem roupas e sem adornos, tão nua como o seu nome. E todos que a viam viravam- -lhe as costas de vergonha, ou de medo, e ninguém lhe dava as boas-vindas. Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, rejeitada e desprezada. Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente, num traje belo e muito colorido. -- Verdade, por que estás tão abatida? -- perguntou a Parábola. -- Porque devo ser muito feia, já que os homens me evitam tanto! -- Que disparate! -- riu a Parábola. -- Não é por isso que os homens te evitam. Toma, veste algumas das minhas roupas e vê o que te acontece. Então a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola e, de repente, por toda a parte onde passava era bem-vinda, pois os homens não gostam de encarar a Verdade nua; eles a preferem disfar- çada. *** O Burro Vestido com a Pele do Leão Fábula de Esopo Certo burro vestiu uma pele de leão, que encontrou no caminho, e encheu de susto todos os animais, que fugiam ao vê-lo. O asno felicitava-se por se ver tão temido e respeitado, e até seu amo, que andava procurando-o, por julgá-lo perdido, se atemorizou quando o viu de longe; mas depois, reparando numa das suas grandes orelhas, que aparecia sob a pele do leão, tirou-lhe o disfarce, deu-lhe uma sova, pôs-lhe a albarda, e montou nele. Se o ignorante pretende mostrar-se sábio, a orelha o revelará como o burro da fábu- la. :::::::::: Divertimentos O que É, o que É? 1. Quando um homem merece ser jogado no lixo? R: Quando ele é pão-duro. 2. O que pode gritar num re- cinto fechado cheio de pes- soas, sem que nenhuma o es- cute? R: O pensamento. 3. Qual o alimento preferido das artistas que sonham com o sucesso? R: O ovo estrelado. 4. Qual a contradição pre- sente na expressão "gelar os ossos"? R: Só sentimos isso quando estamos fritos. 5. O que de fato impede um país de progredir além do ponto em que ele atualmente está? R: A fronteira. 6. o que é que corre em volta do pasto inteiro sem se me- xer? R: A cerca. 7. Por que um relógio é como uma pessoa chata? R: Porque é cheio de nove horas. 8. Qual é a casa onde as tensões se resolvem na mão? R: A casa de massagens. 9. Qual é o nome daquela es- tranha a quem chamamos na rua? R: Psiu! 10. O que é que nasce com a morte e morre no nascimento? R: O dia e a noite. 11. Qual é a diferença entre o dia e a noite? R: Uma tarde. 12. Qual é a atriz que tem no nome água, terra e fruta? R: Marília Pêra. 13. O que é feita para andar e não anda? R: A rua. 14. Por que Lula ganhou a eleição? R: Porque ele é o parente mais próximo do "polvo". 15. O que é que tem casa de um lado só? R: A camisa. 16. O que é que tem quatro pernas, dois rabos e voa? R: Dois passarinhos. 17. Qual o animal que não fecha os olhos? R: O peixe. 18. O que é que o tucano não pode fazer quando fica amua- do? R: Biquinho. 19. O que é que separa o ja- caré de uma fruta? R: A sílaba ré. 20. Qual a inscrição que o garotinho atrevido colocou no banheiro das meninas? R: "Qualquer dia pinto por aí!..." *** Só Rindo No Exército um recruta reclama da comida: -- A minha sopa está cheia de terra! E o capitão: -- Você não veio aqui para servir a Pátria? -- Vim para servi-la e não para comê-la! Eu era professora de uma turma excepcionalmente inteligente e estudiosa, da escola elementar. Costumava chamar carinhosamente os alunos de "meus pequenos querubins". Um dia perguntei-lhes se sabiam o que era querubim. Várias mãos se levantaram e uma criança respondeu: -- Um escravo. Seu Juvenal ficou intrigado quando viu o Joãozinho com uma melancia na cabeça: -- Pra quem você tá levando essa melancia, Joãozinho? -- É pra Mariazinha... É que ontem eu dei uma cerejinha pra ela e ela me deu um beijinho... A mãe do Joãozinho pega o danadinho dentro do galinheiro, dando chocolate para as bichinhas comerem. -- Mas, meu filho, que diabo que ocê está fazendo? -- Ora, mãe, estou experimentando, que é para ver se elas começam a botar ovos de Páscoa... ::::::::::

Vamos Aprender Os Menores Países do Mundo Vaticano -- 0,44 quilômetro quadrado Mônaco -- 1,95 quilômetro quadrado Nauru -- 21,20 quilômetros quadrados Tuvalu -- 24,00 quilômetros quadrados San Marino -- 60,50 qui- lômetros quadrados :::::::::: Para você Recitar O que eu Vou Ser? Bete quer ser bailarina Zé quer ser aviador. Carlos vai plantar batata, Juca quer ser ator. Camila gosta de música. Patrícia quer desenhar. Uma vai pegando o lápis, A outra põe-se a cantar. Mas eu não sei se vou ser Poeta, doutora ou atriz. Hoje eu só sei uma coisa: Quero ser muito feliz! :::::::::: Zoologando Ele não Bebe Água Nos desertos, a chuva é rara. Existe pouca água à disposição dos seres que ali vivem. Os dias são muito quentes e as noites são frias. O rato-canguru é um animal que vive no deserto. Ele não bebe água. Obtém água dos alimentos que come, além da água que se forma durante a respiração. Esse animal não produz suor, urina muito pouco e suas fezes são secas. Durante o dia, vive escondido em tocas profundas, onde a temperatura não é alta como na su- perfície. ::::::::::

Historiando Tribunal Divino Há longo, longo tempo, compareceram ao Tribunal Divino dois homens recém-chegados da Terra. Um trazia o sinal da muleta em que se apoiara; outro mostrava as marcas da coroa que lhe tinha adornado a cabeça. Fariam prova de humildade para voltarem ao mundo ou seguirem além... Postos, um a um, na balança, o primeiro acusou enorme peso. Era ainda presa fácil de lutas inferiores, parecendo balão cativo. O segundo, no entanto, revelava grande leveza. Poderia viajar em demanda dos cimos. Inconformado, contudo, disse o primeiro: -- Onde a justiça divina? Fui mendigo paupérrimo, enquanto ele... E, indicando o outro: -- Enquanto ele era rei... passei fome, ao passo que ele muita vez o vi no banquete lauto. Esmolava na rua, avistando-o na carruagem. Conheci a nudez, reparando-o sob o manto dourado, quando seguia em triunfo... vivi entre os últimos, ao passo que, ele sempre aparecia como o primeiro entre os primeiros... O outro baixou a cabeça, humilhado, em silêncio... Mas o amigo sereno, que representava o Senhor, falou persuasivo: -- Viste-o na mesa farta, mas não lhe percebeste os sacrifícios ao comer por obrigação. Notaste-o de carro; entretanto, não lhe observaste o coração agoniado de dor, ante os problemas dos súditos a que devia assistência. Fitaste-o sob o dourado manto, nos dias de júbilo popular; todavia, não lhe contemplaste as chagas de sofrimento moral, diante das questões insolúveis... Conheceste-o entre os maiorais da Terra; entretanto, não sabes quantos punhais de hipocrisia e de ingratidão trazia cravados no peito, embora fosse obrigado a sorrir... Além disso, na posição de soberano, podia ferir e não feriu, humilhar e não humilhou ninguém, prejudicar e não prejudicou, desertar e não desertou... Na situação de mendigo, não foste lançado a semelhantes problemas da tentação... Diante do companheiro triste, o ex-monarca recebeu passaporte para a ascensão sublime. Sozinho e em lágrimas, perguntou, então, o ex-mendigo: -- E agora? O ministro angélico abraçou-o, sensibilizado, e informou: -- Agora, renascerás na Terra e serás também rei. :::::::::: O Vovô Narra a História Pensar Pesado Isaac Newton, um dos homens mais cerebrais da História, foi também um dos mais esquisitos. Usou o poder de presidente da *Royal Society* de Londres para hostilizar cientistas rivais. Queimava pestanas sobre equações 22 horas por dia. O que é mais curioso num homem enaltecido como o pai da ciência moderna: tinha fascínio pela alquimia. Suas excentricidades, porém, são uma curiosidade perto da magnitude de sua grande descoberta, a lei da gravidade. Durante décadas, os melhores cérebros da Europa vinham tentando explicar a força que mantinha os corpos celestes em órbita. Em 1666, a inspiração bateu em Newton, então com 23 anos, quando viu uma maçã cair da árvore no quintal da casa de sua mãe. A mesma força que atraiu a maçã para o chão, percebeu ele, mantinha a Lua girando em torno da Terra. Newton concebeu a fórmula matemática que define a atração gravitacional entre dois objetos. Ele fez outras descobertas que também lhe garantiriam fama imortal. Suas três leis básicas do movimento plantaram os alicerces da física moderna. Foi o primeiro a mostrar que a luz branca é a mistura de todas as cores. O cálculo diferencial, forma avançada de matemática que Newton inventou para estudar variações, é hoje uma ferramenta essencial em campos como a Economia e a exploração espacial. Isaac Newton (1642-1727) -- Homem profundamente religioso numa época de grandes descobertas científicas, Isaac Newton queria saber como funcionava o universo de Deus. Sua busca deu-nos a Lei da Gravitação Universal, o cálculo, uma nova teoria da cor e da luz e as três leis do movimento que formam a base da mecânica moderna. Brilhante e criativo, o físico e matemático inglês, sintetizou as descobertas de Galileu, Kepler e outros, estabelecendo e transformando a ciência física. Newton descreveu a si mesmo: "Parece que fui apenas um menino brincando na praia e descobrindo de vez em quando um seixo mais liso, uma con- chinha mais bonita, enquanto o grande oceano da verdade lá estava, inexplorado, diante de mim." ***

Os Astecas Os astecas desenvolveram um enorme império na região que hoje conhecemos como México. A capital, Tenochtitlán, é hoje a Cidade do México. Ela era a maior cidade do Ocidente na época do descobrimento da América, em 1492. Com cerca de 400 mil habitantes, Tenochtitlán era maior que Londres, Paris, Lisboa, Veneza ou qualquer outra cidade européia. Os astecas eram altamente desenvolvidos tecnologicamente. Na Cidade dos Deuses, junto a Tenochtitlán foram construídas dezenas de pirâmides. A capital ficava em cima de um grande lago e era toda cortada por canais, como Veneza. Os astecas desenvolveram uma forma de agricultura aquática que era desconhecida pelos europeus. "Eles acreditavam que um grande Deus viria pelo mar. Quando os espanhóis chegaram, com suas caravelas, eles achavam que os europeus eram deuses", afirma o pesquisador Marco Villa. Pobres índios. Depois da conquista, os espanhóis destruíram quase toda a cultura asteca. Os astecas eram muito religiosos. Para celebrar seus deuses, eles organizavam grandes sacrifícios. Irghh! "Mas, como isso era comum na cultura deles, as pessoas iam felizes para seus sacrifícios." E eles eram capazes de sacrificar pessoas, só para que o dia sucedesse à noite. Acredite, se quiser. *** Conhecendo Nossos Escritores Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1922), mestiço, carioca do bairro de São Cristóvão, abandonou os estudos depois do falecimento do pai. Foi um romancista que demonstrou desde o primeiro livro, "Recordações do Escrivão Isaías Caminha" (1909), um temperamento ressentido e inconformado com o mundo. "O Triste Fim de Policarpo Quaresma" (1915), um dos seus livros mais conhecidos, mostra o contraste da vida suburbana com a dos moradores de Botafogo. Faleceu no Rio de Janeiro, deixando uma extensa obra. Citamos: "Vida e Morte de Gonzaga de Sá" (1919); "Numa e a Ninfa" (1915); "Clara dos Anjos" (iniciado em 1904); "Histórias e Sonhos" (1920) e "O Homem que Sabia Javanês" e "Bagatelas" -- editados em 1923. ::::::::::

As Caixas de Deus Tenho em minhas mãos duas caixas que Deus me deu para guardar. Ele disse: "Coloque todas as suas tristezas na preta, e todas as suas alegrias na dourada." Eu entendi suas palavras e, nas duas caixas, tanto minhas alegrias quanto minhas tristezas, guardei. Mas, embora a dourada ficasse cada dia mais pesada, a preta continuava tão leve quanto antes. Curioso, abri a preta. Eu queria descobrir porquê e vi, na base da caixa, um buraco pelo qual minhas tristezas saíam. Mostrei o buraco a Deus e pensei alto: "Gostaria de saber onde minhas tristezas podem estar". Ele sorriu gentilmente para mim e disse: "Meu filho, elas estão aqui comigo." Perguntei: "Deus, por que deu-me as caixas? Por que a dourada inteira, e a preta com o buraco?" "Meu filho: a dourada é para você contar suas bênçãos. A preta é para você deixar ir embora suas tristezas." :::::::::: Como Surgiu a Escova de Dentes O primeiro instrumento identificado como uma escova de dentes não passava de um pequeno graveto, mais ou menos do tamanho de um lápis, com as pontas desfiadas, formando uma escova. Com cerca de cinco mil anos, o apetrecho foi encontrado em uma tumba egípcia. No final do século XV, os chineses criaram a primeira escova com aparência semelhante à que temos hoje. O acessório era confeccionado com pêlos de porco, amarrados em varinhas de bambu ou pedaços de ossos, e tornou-se muito popular na Europa. As famílias dividiam o uso de uma única escova entre todos os membros, o que trazia problemas. Os pêlos acumulavam umidade e mofavam, originando doenças bucais, que eram passadas para toda a família. Além disso, as extremidades pontiagudas das cerdas feriam as gengivas. A escova com cerdas de náilon, como as que usamos, foi criada em 1938, nos Estados Unidos. Desde então, elas se tornaram amigas diárias de todos nós, certo? Bem, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 1997 mostrou que metade da população brasileira na época, cerca de 85 milhões de pessoas, nem tinha escova de dentes. ::::::::::

Nosso Brasil Raposo No norte fluminense, um saudável reduto de amor e paz sob as buganvílias. Deixe a fantasia correr solta e imagine um lugar aprazível, de uma tranqüilidade silenciosa, muitas árvores e flores, charretes cruzando a rua e dezenas de casais de velhinhos passeando de mãos dadas, olhos brilhando na redescoberta do amor. Assim é Raposo, uma pequena cidade do norte fluminense, com uma população que não ultrapassa mil e quinhentos habitantes, e cujas águas medicinais atraem levas de turistas, principalmente de faixa etária mais elevada, em busca do equilíbrio para a saúde. Os jovens, em menor quantidade, também aparecem, interessados em um contato mais próximo com a natureza. A calma do lugar encanta os visitantes que, quase sempre voltam. Por isso, é difícil encontrar alguém em Raposo que esteja pela primeira vez na cidade. Em Raposo tudo é tranqüilo, o ar é respirável, não falta leite nem carne. E estamos livres daquela violência insuportável. Lá isso é verdade. O soldado Mota, único policial do lugar, não lembra mais quando aconteceu o último assalto. Ladrão só mesmo de galinha. A preocupação de todos é beber muita água para a vida correr mais saudável. Há águas para todas as indicações: a magnesiana regula o intestino e serve para reumatismo, artritismo e diabete; a sulfurosa, para alergias, distúrbios da nutrição e magreza constitucional; é indicada ainda para tratamentos de beleza: as pessoas fazem vigorosas massagens nas mãos e nos pés. A alcalina para os males do fígado e rins. A história da descoberta das águas medicinais de Raposo é, no mínimo, curiosa. Conta a lenda que, no princípio do século XX, em uma noite de temporal, as pessoas que estavam na sede da fazenda de Seu Raposo de Medeiros começaram a ouvir estranhos barulhos. Parecia que a Terra roncava. Apavorados, todos fugiram. Só ficou Zé Pinto, homem corajoso, que rogou a proteção divina e cravou um facão na terra. Então jorrou água, tida como milagrosa, e que depois se constatou, através de análises laboratoriais, ser realmente medicinal. Logo surgiu a estância que recebeu o nome de seu proprietário. A cidade é mínima, não dispõe nem mesmo de um restaurante. Toda a sua atividade econômica, que praticamente se resume ao turismo, acontece na arborizada Avenida Augusto Martines Toja, onde estão os hotéis Raposo e São Francisco e os parques de águas. Na mesma alameda, debaixo das frondosas mangueiras, se instalam os vendedores de mel e camisetas. Quando o vento sopra mais forte, a palha dos tetos das bancas fica colorida com as pétalas das buganvílias que se libertam do alto das árvores. Quem for a Raposo deve se adaptar à rotina da cidade. Os madrugadores poderão dar um pulo ao curral e participar da ordenha. Após o café, é obrigatório um passeio a pé pelos arredores, com uma chegadinha rápida em um dos parques de águas. Depois, muitos aproveitam o silêncio para botar em dia a leitura. Mas ainda falta muito tempo para o almoço, e os aventureiros encontrarão um ótimo programa no aluguel de charretes ou cavalos. No alto de uma sela, sacolejando o corpo ao ritmo das passadas do cavalo, ou no banco da charrete, deixando-se embalar pelo balanço, chega-se até a Fazenda Rapadura, a meia hora da cidade, onde ainda há fabricação artesanal de açúcar e melado, além de rapadura, é claro. Mais distante um pouco é a Fazenda Santa Rita, a uma hora, onde o turista verá quatro jacarés em cativeiro. Hoje quase extintos, os jacarés já foram muito comuns na região. Depois do almoço, feita a digestão, novamente caminhar. Quem quiser, pode alugar uma bicicleta e movimentar as pernas. Com o sol forte, outra boa opção é aproveitar a piscina do hotel. Há uma cachoeira perto, muito bonita mas também perigosa. Vale apenas como passeio. Os homens mais bem dispostos e amantes da bola poderão se candidatar a uma vaga na pelada que se joga todos os dias. A bola voa de um lado para o outro, vigorosamente movimentada pelos craques locais. De noite, nos salões dos hotéis, os sanfoneiros animam os bailes. Os sucessos das décadas passadas despertam lembranças. Ao som de antigas polcas e valsas, os pares vão deslizando em passos curtos e ágeis. Quem não dança, aprecia e curte o som. Mas há também quem prefira um jogo calmo de sueca ou buraco. Na praça, o povo da cidade assiste à televisão doada por um político local. Daqui a pouco estará na hora de dormir. O sono é gostoso, nenhum barulho para incomodar. No dia seguinte, acordar cedo para aproveitar tudo de novo. :::::::::: Por que Agosto Tem má Fama? Cairo Ramos Herdamos a tradição dos nossos colonizadores portugueses. No século XVI, época das grandes navegações, era nesse mês que as caravelas iam ao mar. Assim, as namoradas dos navegadores jamais casavam em agosto já que, além de não poder desfrutar da lua-de-mel, poderiam passar rapidamente da condição de recém-casadas para a de viúvas. Segundo o escritor Mário Souto Maior, a tradição se consagrou com a frase "casar em agosto traz desgosto", que foi resumida para nossa conhecida "agosto, mês do desgosto". A fama do mês agourento cresceu no século XX, graças a acontecimentos como o suicídio de Getúlio Vargas, (24-08-1954), e a renúncia de Jânio (25-08-1961). Mas a fama de agosto não é exclusividade da cultura luso-brasileira. Os romanos, no século I, acreditavam que um dragão passeava pelo céu noturno em agosto (mês, aliás, batizado por eles em homenagem ao imperador Augusto). O monstro nada mais era do que a constelação de Leão, mais visível nessa época do ano. :::::::::: Antepassados em Conserva Como os faraós eram embalsamados -- Os antigos egípcios não tinham uma única fórmula para fazer múmias. "Havia vários procedimentos, que variavam de acordo com a classe social da pessoa e seus costumes", afirma o egiptologista Arnaldo Brancaglion, do Museu de Arqueologia e Etnologia-MAE, da USP. A técnica de mumificação mais comum começava com a retirada do cérebro, pelo nariz ou por uma abertura no crânio. Depois, era feito um corte na virilha esquerda, onde o embalsamador enfiava a mão para retirar todos os órgãos. O coração raramente era extraído, mas quando isso acontecia, ele era substituído por um amuleto em forma de escaravelho. Os órgãos ficavam guardados em um vaso chamado canopo, colocado perto da múmia. O corpo era, então, lavado com substâncias aromáticas e seu interior forrado com sachês de sal grosso, para sugar toda a umidade. Após um mês com esses sachês, o corpo era lavado com óleo e recheado. Faraós e pessoas ricas eram estofados com tecidos virgens. Já os pobres eram forrados com as roupas que haviam usado em vida, terra ou serragem. Depois disso, a incisão era fechada com uma placa de ouro, para evitar a invasão do corpo por maus espíritos. Durante cada uma dessas etapas da mumificação, eram lidas preces do Livro dos Mortos, que ensinava como o ritual deveria ser feito. O próximo passo era enfaixar o corpo, a começar pelos dedos dos pés ou das mãos. Em busca da eternidade -- O ritual egípcio de mumificação reunia técnicas químicas, com ingredientes especiais para limpeza e conservação. Por último, a múmia era encerrada em um caixão e guardada numa tumba, onde o corpo permanecia preservado por mi- lhares de anos. :::::::::: Curiosidades Arame retorcido Norueguês -- Quem inventou o clipe de papel? Foi o norueguês Johann Vaaler. Desde o final do século XVIII, procurava-se um artefato capaz de manter unidas as folhas de papel, mas faltava um material adequado, suficientemente maleável. Na segunda metade do século XIX, o arame de aço passou a ser produzido em maior quantidade e, como é possível moldá-lo em vários formatos, mostrou ser ideal para o intento de Vaaler. Ele criou vários tipos de clipe, mas, como na Noruega não havia um órgão de patentes, acabou registrando o invento na Alemanha, em 1900. Os noruegueses se orgulham tanto dessa criação que mandaram erguer um monumento em homenagem a ela e ao seu inventor na forma de um clipe gigante, na cidade de Oslo, em 1989. O objeto chegou a ser usado durante a II Guerra Mundial pelos integrantes da resistência antinazista da Noruega. Eles o fixavam na lapela do casaco como um símbolo de patriotismo e da união dos países contra as forças de ocupação. Mas há quem acredite que seria também uma forma de provocação aos alemães, que gostariam de car- regar o mérito pelo invento. *** Quem inventou a Pilha? -- Numa aula de anatomia, Luigi Galvani tirava a pele de um sapo quando ele se mexeu. Tratava-se de corrente elétrica formada pelo contato do bisturi de aço com a bancada de zinco. A partir desse princípio, o físico italiano Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta estudou diferentes reações provocadas por metais. Em 1800 criou a pilha elétrica, com discos de prata e zinco intercalados por folhas de papelão satura- das em água salgada. *** Há muitas crianças e até gente grande viciadas em televisão. Passam horas e horas acompanhando a programação, ficando como que hipnotizadas diante da atração que a telinha exerce. Curiosamente, isso também acontece com alguns animais. É o que mostra Willie, um enorme gorila de 20 anos, residente no zoológico de Atlanta, Estados Unidos. Ele ficou furioso quando um ladrão roubou o aparelho de TV que havia sido colocado em sua cela. O animal só se acalmou quando a população da cidade lhe deu de presente um novo aparelho, em cores. *** Onde está localizado o Monte Ararat? – O Monte Ararat está localizado na Turquia, no extremo norte da Europa. Seu cume atinge aproximadamente 5.156 metros acima do nível do mar e, segundo a Bíblia, é o local onde a Arca de Noé aportou no fim do dilúvio. *** Qual a relação entre o telefone celular, o marca-passo, o aspirador de pó e o zíper? A resposta é a origem. Todas essas invenções surgiram na Suécia, um dos países com maior número de patentes per capita. *** Se um ser humano fosse lançado ao espaço sideral, sem nenhuma proteção, não explodiria, e tampouco congelaria. Na verdade, os cientistas calculam que a exposição ao vácuo não causaria nenhum dano imediato, mas após 2 minutos sem oxigênio, ele morreria por asfixia. *** Enquanto o brasileiro tenta se refrescar com roupas curtas, homens e mulheres enfrentam o calor dos desertos africanos, debaixo de muito mais do que os sete véus. Será que esse povo gosta de sofrer? Na verdade, eles põem aquele monte de roupas para criar uma espécie de camada isolante contra a temperatura externa. Seus corpos podem estar a 38 graus, mas o frescor é maior que no deserto. Assim, transpiram menos e podem caminhar maiores distâncias sem correr o risco de se desidra- tarem. :::::::::: Mar sem Vida Nele não existe vida, porque a quantidade de sais minerais é muito grande. Nenhum animal ou vegetal consegue sobreviver em suas águas. Na verdade, nem é mar, é um grande lago salgado. O Mar Morto fica situado entre a Jordânia e Israel, numa grande depressão, a 390 metros abaixo do nível do mar. Embora não contenha vida, o Mar Morto oferece grande contribuição para as atividades do homem. Dele são extraídos muitos minerais como potássio, magnésio, bromo, ácido clorídrico e sal de cozinha. Ele também é um ponto turístico muito visitado no Oriente Médio. As pessoas se divertem muito em suas águas, porque, em razão de sua densidade, é fácil flutuar, até para quem não sabe nadar. Segundo a Bíblia, no local onde fica o Mar Morto, há muito tempo existiram duas cidades, Sodoma e Gomorra, que foram destruídas por Deus, por causa da depravação de seus habitantes. :::::::::: Ecoando Enfim, o Plástico Quem mais lucrou com a invenção do plástico foram os elefantes. Por séculos, o marfim foi um material usado para quase tudo, de cabos de faca a bolas de bilhar. A partir de 1880, o baixo estoque de presas combinou-se com a popularidade do bilhar e disso resultou uma crise. A maior fabricante de bolas de bilhar dos Estados Unidos, a Phelan e Collender, ofereceu 10 mil dólares em ouro -- uma bela fortuna na época – para o “gênio inventivo” que criasse o substituto sintético do marfim. Suspense entre os paquidermes do mundo inteiro. E em suspense ficariam por muito tempo. Só um quarto de século mais tarde, em 1907, Leo Baekelanbd, inventor de origem belga que amealhara uma fortuna com o papel fotográfico de revelação rápida, fez a combinação certa de fenóis e aldeído fórmico. Surgiu assim o primeiro plástico sintético, o baquelite. Ele era impermeável, resistia ao calor, à eletricidade e aos ácidos. Era ótimo para fazer bolas de bilhar e adequado também às nascentes indústrias automobilística e eletrônica. Uma grande vantagem era a versatilidade do novo material, e ele passou a ser usado em tudo, de telefones a banheiros, de cinzeiros a peças de avião. Por décadas, muitos profissionais técnicos recém-formados em busca de um campo de trabalho seguro, tinham na indústria do plástico a melhor opção. Trinta anos depois, o material miraculoso transformou-se num mercado mundial de 260 bilhões de dólares, que emprega, 1,4 milhão de pessoas. Vivemos num mundo de plástico e ele não é tão ruim assim. :::::::::: O Exemplo Fala Mais Alto As sandálias do discípulo fizeram um barulho especial nos degraus da escada de pedra que levavam aos porões do velho convento. Era naquele local que vivia um homem muito sábio. O jovem empurrou a pesada porta de madeira, entrou e demorou um pouco para acostumar os olhos com a pouca luminosidade. Finalmente, ele localizou o ancião sentado atrás de uma enorme escrivaninha, tendo um capuz a lhe cobrir parte do rosto, de forma estranha. Apesar do escuro, ele fazia anotações num grande livro, tão velho quanto ele. O discípulo se aproximou com respeito e perguntou, ansioso pela resposta: -- Mestre, qual o sentido da vida? O idoso monge permaneceu em silêncio. Apenas apontou um pedaço de pano, um trapo grosseiro no chão, junto à parede. Depois apontou seu indicador magro para o alto, para o vidro da janela, cheio de poeira e teias de aranha. Mais do que depressa, o discípulo pegou o pano, subiu em algumas prateleiras de uma pesada estante forrada de livros. Conseguiu alcançar a vidraça, começou a esfregá-la com força, retirando a sujeira que impedia a transparência. O sol inundou o aposento e iluminou, com sua luz, estranhos objetos, instrumentos raros, dezenas de papiros e pergaminhos com misteriosas anotações. Cheio de alegria, o jovem declarou: Entendi, mestre. Devemos nos livrar de tudo aquilo que não permita o nosso aprendizado. Buscar retirar o pó dos preconceitos e as teias das opiniões que impedem que a luz do conhecimento nos atinja. Só então poderemos enxergar as coisas com mais nitidez. Fez uma reverência e saiu do aposento, a fim de comunicar aos seus amigos o que aprendera. O velho monge, de rosto enrugado e ainda encoberto pelo largo capuz, sentiu os raios quentes do sol a invadir o quarto com uma claridade a que se desacostumara. Viu o discípulo se afastando, sorriu levemente e falou: -- Mais importante do que aquilo que alguém mostra, é o que o outro enxerga. Afinal, eu só queria que ele colocasse o pano no lugar de onde caiu. :::::::::: O Queijo Por volta de seis mil anos antes de Cristo já existia queijo na Mesopotâmia, hoje conhecida como Iraque. Os povos nômades da região armazenavam leite em bolsas feitas de estômagos de mamíferos, que contêm resíduos de uma enzima chamada renina. Ela serve para coagular o leite durante a digestão de crias ainda em fase de amamentação. Até hoje, mesmo as grandes indústrias usam a renina como coalho para a fabricação de queijos: cerca de dez litros de leite resultam em uma peça de um quilo. O gorgonzola surgiu no Vale do Pó, norte da Itália, por volta do ano de 880 d.C. Já a mozarela apareceu em 1500 também na Itália. :::::::::: Conhecendo o Mundo Monte Saint-Michel Na divisa entre a Bretanha e a Normandia, no noroeste da França, fica o Monte Saint-Michel, que os franceses chamam de "Merveille de l'Occident -- Maravilha do Ocidente”. Nesse pequeno monte rochoso, localizado num areal perto da praia, foi erguida uma imensa abadia em estilo gótico. Nessa região, as marés variam em até 15 metros, o que faz com que o Monte Saint-Michel fique isolado duas vezes por dia, ao sabor dos fluxos do mar. Foi o bispo da cidade vizinha de Avranches que, ainda no século VIII, construiu ali um pequeno oratório, após, segundo ele, São Miguel ter-lhe aparecido numa visão mística. O lugar cresceu à medida que aumentava o número de devotos do santo, até se transformar num monastério completo, com abadia, nave central, criptas e dormitórios para os monges. Contornando os muros da abadia, a cidade também cresceu, fomentada pela peregrinação dos fiéis. A construção da grande abadia que se vê hoje com três andares, foi iniciada em 1228, depois que um incêndio destruiu completamente o antigo oratório. Também essa abadia passou por vários incêndios que quase a destruíram por completo, mas desde 1874 vem passando por restaurações que pretendem devolver a ela a beleza e a magia de sua fase medieval. :::::::::: Afrodite Os novos deuses reinaram por aproximadamente três mil anos e havia muitos deles, mas os principais eram os olímpicos. Afrodite era a deusa do amor e era belíssima. Os deuses antigos diziam que ela havia nascido da espuma das ondas que arrebentavam na praia e daí vem seu nome, pois *aphros* em grego significa espuma. Alguns dizem que, após a castração do Pai de Cronos, o Céu, algumas gotas de sêmen caíram no mar e, então, o mar deu à luz a bela Afrodite. Já o poeta Homero diz que ela é filha de Zeus e da antiga deusa Dione. Independentemente de sua origem, Afrodite era a mais bela dentre mortais e imortais. Sua pele era branca como a espuma; seus olhos eram mais profundos do que o mar; seus cabelos loiros brilhavam como a luz do Mediterrâneo e ela espalhava à sua volta um maravilhoso perfume de flores. Assim que Afrodite saiu do mar, o vento Zéfiro a instalou numa linda concha de madrepérola e soprou a embarcação até Citera e depois à Ilha de Chipre. Seu cinto de ouro, dado pelas Horas, tornava-a irresistível e, ao ser apresentada ao Olimpo, foi imediatamente batizada como "deusa da beleza e do amor". Zeus deu-a a Hefesto, em gratidão pelo serviço que ele lhe prestara, forjando os raios. Desse modo, a mais bela das deusas tornou-se esposa do menos favorecido dos deuses. Suas aves preferidas eram os pombos e os cisnes, e a rosa e o mirto eram as plantas a ela dedicadas. Quanto ao seu casamento, foi o mais mal-sucedido da mitologia, rendendo o apelido de "deus dos cornos" a Hefesto. Segundo Afrodite, o amor não era apenas encanto e prazer, mas englobava crueldade, ciúme e vingança. :::::::::: E eles Passaram! Um homem e sua esposa saíram para fazer uma visita a certo amigo cuja casa ficava a uns quilômetros da sua. Pelo caminho, lembraram-se de que deviam atravessar uma ponte muito velha e tida como insegura. A mulher começou a ficar preocupada. -- Como é que vamos atravessar essa ponte? -- perguntou ao marido. -- Não vou ter coragem de passar por ela, e não há barco para nos levar à outra margem! -- Oh! -- exclamou o homem. -- Não havia pensado nessa ponte. De fato, não é seguro passar por ela. Já imaginou se ela desaba enquanto a atravessamos? Poderíamos morrer afogados! -- Ou suponha: -- continuou a esposa. -- Que você pise numa tábua podre e quebre a perna; quem é que vai cuidar de mim e das crianças? -- Não sei. -- respondeu o homem. - Que seria de nós se eu quebrasse a perna? Talvez tivéssemos que passar fome até morrer! E assim foram indo. Os dois continuavam preocupados, imaginando toda sorte de infortúnios que lhes poderiam advir, até que chegaram à ponte. Aí descobriram que uma ponte nova acabara de ser construída e puderam cruzá-la em plena segurança. Vale repetir as palavras de Thomas Jefferson: "Quanto já nos custaram os males que nunca aconteceram!" :::::::::: Ameno e Instrutivo Quem Inventou o Fogo? Ninguém! O fogo já existia muito antes de aparecerem os primeiros homens. Isso porque ele pode se produzir sozinho na natureza. Numa tempestade, por exemplo, grandes faíscas de eletricidade cortam o céu: são os relâmpagos. Acontece que alguns relâmpagos podem atingir o chão e incendiar o mato seco ou as árvores: é fogo do céu! Como o homem aprendeu a fazer fogo? Observando os incêndios naturais, os homens pré-históricos tiveram a idéia de apanhar galhos de árvores em chamas. Assim, puderam manter acesas as fogueiras para se aquecerem, para terem iluminação e cozinhar a caça. Só mais tarde é que eles mesmos aprenderam a produzir faíscas, batendo duas pedras uma na outra, mais ou menos como funciona um isqueiro. *** Planta de Dois Sexos?! Algumas das plantas com flores têm, dentro do próprio corpo, os órgãos reprodutores masculino, antera, e feminino, estigma. Ou seja, elas são, ao mesmo tempo, macho e fêmea! Uma planta de dois sexos -- ou hermafrodita, como chamam os cientistas -- evita ao máximo se autofecundar. É sempre melhor para a sobrevivência de sua espécie que ela se reproduza com outras flores. Se ela se autofecundar, irá produzir uma nova planta igual a ela. No entanto, reproduzindo-se com outra, nascerá um indivíduo diferente das duas. Portanto, para evitar a autofecundação, seu antera fica bem longe de seu estigma ou eles amadurecem em tempos di- ferentes. :::::::::: Nem sequer uma Agulha O guru Nanak confiou uma agulha a um homem rico, pedindo-lhe que a mesma lhe fosse devolvida no outro mundo. Sem refletir a respeito do assunto, o homem aceitou. Chegando em casa, entregou a agulha à sua esposa, dizendo-lhe: -- Guarde esta agulha em segurança com você. Eu tenho que devolvê-la ao guru Nanak quando ele for se encontrar comigo no outro mundo. -- Como é que você vai fazer uma coisa dessas? -- indagou a esposa. -- Pode lá você levar o que quer que seja quando for entrar na vida futura? O bom senso começou a se manifestar no homem rico. Voltou imediatamente até o guru e lhe disse: -- Por favor, pegue esta agulha de volta porque eu não vou poder levar nada deste mundo. Compadecido, o guru olhou para ele e disse: -- Dunichand –- era esse o seu nome --, então qual é a utilidade que os seus milhões vão ter para você? E você ainda gasta seu tempo em acumular mais. Quando é que você vai estar pronto para a jornada inevitável? A mensagem acertou em cheio o coração de Dunichand. Caiu aos pés do guru dizendo: -- Vejo-me embarcando de mãos vazias para a jornada eterna. Diga-me: o que devo fazer? -- Repita o nome de Deus e gaste seus milhões a serviço daqueles que sofrem, disse-lhe o guru Nanak. :::::::::: Eclipse Providencial Conhecidos dos astrônomos desde a Antigüidade, os eclipses sempre espalhavam o pânico entre as pessoas. Certa vez, o navegador genovês Cristóvão Colombo ê1451- -1506ã escapou de morrer de fome aproveitando-se desse medo. Em 1502, ele partira em busca de uma passagem marítima para a Ásia. Atropelado por tempestades que avariaram sua frota, aportou na atual Jamaica. Sem poder retornar, Colombo convenceu os nativos de que estava ali em nome de Deus e, enquanto esperava por ajuda, eles deveriam trazer- -lhe alimentos. No entanto, o socorro demorava, e os índios decidiram parar de levar comida aos forasteiros. Sem alternativas, Colombo teve uma idéia: Ao consultar um livro de Astronomia, descobriu que dali a alguns dias haveria um eclipse da Lua. Então, chamou os nativos e lembrou-lhes que estava em missão divina e que Deus iria castigá-los pela rebeldia. Como prova, enviaria um sinal do céu. Naquela noite, a Lua nasceria cor de sangue. De fato, foi o que ocorreu, e em seguida a sombra da Terra a encobriu. Aterrorizados, os índios foram ao navio pedir perdão. Fingindo entrar na cabine para falar com Deus, o navegador só saiu quando o eclipse estava no fim, para dizer que o Senhor os perdoaria. Mas com a condição de que eles continuassem a trazer alimentos. Naquele instante, o eclipse terminou, a Lua voltou a brilhar e a estratégia de Colombo funcionou. :::::::::: É Útil Saber A Incrível Jornada Daisy Mora, de 9 anos, é a filha mais velha de uma família de seis irmãos. Ela vive num vilarejo a 70 quilômetros de Bogotá, na Colômbia. Diferente de outras crianças, Daisy não pode ter preguiça de ir à escola. Depois de acordar, essa menina atravessa um rio encravado num penhasco de 400 metros de altura! Tudo isso porque ela mora no meio da cordilheira dos Andes, uma cadeia de montanhas que corta a América do Sul. A aventura não pára por aí. Além de carregar os cadernos e livros numa pequena mochila, a garota também leva, num saco de estopa, o seu irmãozinho Jamid, de 5 anos. Ai, que medão! Chegando ao outro lado, Daisy tem de encarar outra preocupação: frear. É aí que entra em cena o sistema de breque que o pessoal da região inventou, com forma de estilingue. Durante a travessia, Daisy e Jamid alcançam uma velocidade aproximada de 30 quilômetros por hora. Como os cabos são de aço, a roldana solta faísca o tempo inteiro. Há doze cabos como esse. Uns servem apenas para subir, e outros, apenas para descer. Atravessar o abismo parece simples, mas Daisy e as outras pessoas do vilarejo têm de ser mais do que valentes. Apoiadas em uma roldana, elas descem dependuradas num cabo como se estivessem no bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro. Só que com pouquíssima proteção. A altura da montanha carioca é bem parecida: são 396 metros. De um lado para o outro, a distância pode chegar a 1 quilômetro. A volta é ainda mais difícil. Nela, a garota tem de agarrar novamente aquele "estilingue" e fazer força, como se estivesse praticando rapel, um esporte em que o atleta escala uma montanha apoiado numa cadeirinha. Com a ajuda da roldana, ela vai se puxando até chegar ao outro lado. Sorte que a subida não é muito pesada. Ufa! Isso sim é que é gostar de estudar. "Dia da escola" -- 19 de

Janeiro. *** A Origem dos Blocos de Rua Foi o português José Nogueira de Azevedo Prates, o Zé Pereira, que trabalhava como sapateiro na cidade do Rio de Janeiro, o responsável pelo aparecimento dos blocos de rua. Em 1848, ele saiu tocando bumbo pelas ruas da cidade, fazendo com que a população se juntasse a ele, formando um bloco popular. Em 1889, no Rio de Janeiro, o desfile dos blocos foi oficialmente autorizado. "Carnaval" -- 40 dias an- tes da Semana Santa. *** Uma Olhada no Espelho Aos 3 anos. Se olha no espelho e se vê uma rainha! Aos 8 anos. Se olha e se vê uma “Cinderela. Bela Adormecida". Aos 15 anos. Se olha e se vê como "Cinderela, Bela Adormecida, líder de torcida" ou, se está ficando mocinha, se vê gorda, com espinhas, horrível. "Mamãe eu não posso ir à escola com essa aparência!" Aos 20 anos. Se olha e se vê "muito gorda, muito magra, muito baixa, muito alta, cabelos muito encaracolados, muito lisos", mas decide que vai sair, de toda forma. Aos 30 anos. Se olha e se vê "muito gorda, muito magra, muito baixa, muito alta, cabelos muito encaracolados, muito lisos", mas decide que não tem tempo de consertar; então, ela vai sair de qualquer jeito. Aos 40 anos. Se olha e se vê "muito gorda, muito magra, muito baixa, muito alta, cabelos muito encaracolados, muito lisos", mas diz: "Ao menos estou limpa", e sai, de todo jeito. Aos 50 anos. Se olha e se vê "Eu sou", e vai para onde bem entende. Aos 60 anos. Se olha e se lembra de todas as pessoas que nem mesmo podem mais se ver no espelho. Sai, e conquista o mundo. Aos 70 anos. Se olha e se vê com sabedoria, alegria e habilidade. Sai e aproveita a vida. Aos 80 anos. Nem se preocupa em olhar no espelho. Simplesmente coloca um chapéu roxo e sai para se divertir com o mundo. Talvez todas nós devamos pegar aquele chapéu roxo um pouquinho mais cedo. Ponha em sua vida toda essa boa vibração do dia de hoje e, com certeza, todos os dias serão maravilhosos. Parabéns pelo seu dia! "Dia Internacional da Mu- lher" -- 8 de março *** Páscoa é... Páscoa é ser capaz de mudar, É partilhar a vida na espe- rança, É lutar para vencer toda sor- te de sofrimento. Páscoa é dizer sim ao amor e à vida, É investir na fraternidade, É lutar por um mundo melhor, É vivenciar a solidariedade. Páscoa é ajudar mais gente a ser gente, É viver em constante liberta- ção, É crer na vida que vence a morte. Páscoa é renascimento, é re- começo, É uma nova chance pra gente melhorar As coisas de que não gostamos em nós. Para sermos mais felizes por conhecermos A nós mesmos mais um pouqui- nho e vermos Que hoje somos melhores do que fomos ontem. Feliz Páscoa!!! "Páscoa" -- 40 dias após o Carnaval *** Mãe, Presente de Deus Para completar o homem, Deus fez a mulher... Mas para participar do milagre da vida, Deus fez a Mãe. Para liderar uma casa, Deus fez a mulher... Mas para edificar um lar, Deus fez a Mãe. Para estudar, trabalhar e competir, Deus fez a mulher... Mas para guiar a criança insegura, Deus fez a Mãe. Para os desafios da sociedade, Deus fez a mulher... Mas para o amor, a ternura e o carinho, Deus fez a Mãe. Para fazer qualquer trabalho, Deus fez a Mulher... Mas para embalar o berço e construir um caráter, Deus fez a Mãe. Para ser princesa, Deus fez a mulher... Mas para ser Rainha, Deus fez a Mãe. "Dia das Mães" -- #;o Do- mingo de Maio *** Ecologia Existe, hoje em dia, uma palavra que se incorporou ao vocabulário cotidiano, e que é dita e repetida, lida e ouvida a todo o instante. Palavra tão comum quanto pai, mãe, escola, Coca-Cola, hambúr- -guer, vídeo, moto, *skate*, *rock*, computador, CD, *laser*. A palavra é Ecologia. O que significa? Numa definição sumária, ecologia é o estudo do ambiente em que vivemos. A origem da palavra se encontra no grego. Eco vem de *oikos*, que quer dizer casa, lugar, lar, meio. A ecologia estuda a relação dos seres vivos entre si e a ligação com o meio ambiente. Ecologia conduz imediatamente a outra palavra, igualmente importante: Ecossistema, uu seja, o sistema onde há equilíbrio entre tudo, onde cada elemento tem sua função, do verme minúsculo ao paquiderme gigante, de uma fibra a uma árvore. Estudando o ecossistema, descobrimos que nada é gratuito na natureza. Tudo tem sua função, seja um mosquito, uma cobra, um rato, uma barata, um pântano. O que acontece quando um coureiro -- aqueles bandidos que, em Mato Grosso, assassinam animais para vender peles -- mata jacarés indiscriminadamente? Resulta num aumento considerável do cardume de piranhas. Este aumento representa, por sua vez, a diminuição -- ou quase extinção -- de uma série de espécies de peixes que são comidos vorazmente pelas piranhas. Portanto, altera-se o equilíbrio da fauna nos rios. E assim por diante. "Dia Mundial do Meio Ambiente" -- 5 de junho *** Que Varinha de Condão... Ilka B. Laurito Que varinha de condão você usou para abrir meu coração? Eu não sou real princesa de irreal conto de fadas, nem você é filho do rei. Mas qual foi a poção mágica e o licor de feiticeiro que você me fez beber? Toda vez que eu sopro a voz no murmúrio do seu nome, nos meus lábios cantam pássaros... brotam flores... nascem pérolas... Não me chamo Cinderela. Mas como é que o seu amor coube direitinho no meu pé?... "Dia dos Namorados" -- 12 de junho :::::::::: O Dicionário Esclarece abadia -- mosteiro governado por abade ou abadessa albarda -- sela rústica para bestas de carga alicerces -- bases; fundamen- tos alquimia -- a química da Ida- de Média que procurava o elixir da longa vida e a ma- neira de transformar qual- quer metal em ouro amealhava -- economizava; pou- pava apetrechos -- quaisquer obje- tos necessários à execução de algo ascensão -- subida; elevação cativo -- que não goza de li- berdade cimos -- os pontos mais altos; píncaros; auge; apogeu coagular -- solidificar; transformar o sangue líquido em massa sólida confins -- extremo longínquo demanda -- ação judicial; pro- cesso; causa; litígio enaltecido -- exaltado; eleva- do estratégia -- arte de traçar planos de uma guerra fomentada -- estimulada; pro- motora do progresso e desen- volvimento forasteiros -- que ou quem é de fora; estrangeiros forjando -- fazendo; fabrican- do; inventando fuso -- peça que serve para fiar e enrolar o fio gravitacional -- andar em vol- ta de um ponto fixo, atraí- do por ele imigrante -- pessoa que passa a viver em outro país magnitude -- grandeza; impor- tância papiros -- plantas utilizadas para escrita no antigo Egi- to paquiderme -- de pele espessa, Exemplo: o elefante partilhar -- dividir em par- tes; tomar ou ter parte em pergaminhos -- pêlos de cabras, etc., preparados pa- ra servir de escrita pornográfico -- que trata de coisas ou assuntos obscenos ou licenciosos querubins -- anjos seixo -- fragmentos de rocha dura; pedra solta sumária -- resumida; breve; feita sem formalidades; sim- ples versatilidade -- que tem qua- lidades várias num determi- nado ramo de atividades :::::::::: Fontes de Pesquisa Almanaque Abril. Jornal do Brasil Jornal O Dia Jornal O Fluminense Jornal O Globo. Livro As Grandes Invenções Revista Época Revista Caminhos da Terra Revista Coquetel Revista Mitologia Grega Revista Seleções Revista Veja Revista Superinteressante :::::::::: Ao Leitor Solicitamos, aos leitores de Pontinhos, que nos enviem seus endereços completos, para evitar que suas revistas voltem. Favor verificar se estão retidas no correio.